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História Drowned - Só Restam as Duvidas


Escrita por: Andynyxx

Notas do Autor


Essa fic é provavelmente a mais dificil que vou postar. Vi muita gente reclamando a luta ErzaxEileen que realmente tinha algumas falhas, mas, no meio disso tudo, talvez por eu ser uma idiota sentimental, percebi que quase ninguem falou sobre como essa historia toda foi triste e pesada.
Escrevi essa fic antes da saga acabar, então se vc está lendo isso depois de fev de 2017 e algo nao bate com a realidade é porque a saga dos spprigans ainda não acabou no manga
Em fim, isso realmente mexeu comigo e eu precisava escrever algo que mexeu tanto com meus sentimentos.
<3

Capítulo 1 - Só Restam as Duvidas


Fanfic / Fanfiction Drowned - Só Restam as Duvidas

 

As coisas estavam voltando ao normal rápido demais.

Eu queria ser otimista e dizer que estava bem com essa situação, mas a verdade é que eu queria que alguém, qualquer pessoa, demonstrasse que também estava sentindo, que também sentia que nada seria igual ao que era.

Ou talvez isso estivesse só em mim.

Quase uma semana havia se passado, todos estavam trabalhando duro na reconstrução da guilda, eu sempre ajudava, mas dessa vez não. Por que estavam todos agindo como sempre? Por que eles estavam rindo e brincando, meu deus, o mestre tinha morrido! Natsu tinha perdido quase metade de seu poder ao ‘’escolher’’ a semente do dragão, Lucy carregava o peso do que sua mãe havia feito, tudo estava tão escuro, então por quê? Por que eles continuavam apenas fingindo estar tudo bem? Eu era assim também, sempre segurando tudo, mas desse vez, tenho certeza que não vou conseguir.

Eu sumi de lá, talvez ele estejam procurando por mim, talvez Mira, como a nova mestra, tenha apenas dito que eu ‘’precisava de um tempo’’ e então tudo voltaria ao normal. Mas não era assim. Eu não ‘’precisava de um tempo’’. Eu estava em Alvarez.

Hoje eles iriam enterra-la. Eu estava tentando não pensar sobre isso e passei os últimos cinco dias me preparando pra apenas fingir e fingir ainda mais. Então aquela carta chegou. Com uma letra refinada e precisa, escrito em tinta preta estava a data e o local, e a palavra ‘’Venha’’.

Eu entendi, é claro. Não precisava de muito, talvez por isso eu estivesse andando por aquelas ruas tão calmamente, ninguém havia me falado uma palavra, as pessoas apenas me olhavam e se encolhiam no canto. Acho que infelizmente, minha origem estava estampada em meu rosto.

Quando cheguei ao local as portas se abriram pra mim, estavam todos ali, pessoas demais. Burocracia? Amizade? Duvido muito do segundo, mas tudo o que sei é que eu me sentia desconfortável demais naquele lugar.

-Você veio. –Zeref, o imperador, me olhava, mantendo um sorriso de canto. Lutei pra me manter no lugar, precisava me lembrar que ele era o garoto parado a minha frente e não a entidade maligna que durante toda minha infância foi o nome que cravaram na minha mente, como causador de todo meu sofrimento. Ok, e talvez ele fosse maligno, assim como todos ali eram, mas eu não sentia medo. Mesmo que tenhamos declarado oficialmente que éramos guildas inimigas e mesmo com a ameaça velada de que nos atacaríamos a qualquer momento, eu não sentia medo. Eu sabia que Zeref não mandaria nos atacar e nós não atacaríamos, pelo menos não no momento. Ainda assim, com aquelas pessoas me olhando, como inimigos que éramos, silenciosamente contrários a ordem de seu líder, eu não sentia medo. Eu me senti sozinha.

O salão era grande, a luz opaca do local era tudo o que impedia a completa escuridão, já que não entrava luz de fora. No meio do círculo estava um caixão branco, a madeira tinha detalhes de flores escarlates entalhados nas laterais. Olhei, ao mesmo tempo em que senti o olhar de todos eles sobre mim, mas não consegui me aproximar. Os spprigans estavam todos lá, dispostos em círculo e senti pesar em mim o ódio, o desprezo deles, e talvez um olhar de pena ali no meio. Agora me pergunto por que eu havia mesmo vindo. O que eu queria ali? Respostas? Vingança? Eu queria prestar condolências que sequer eram reais, ou eu queria só despejar minha frustração naquela mulher que agora nem ao menos podia responder?

-Conseguimos encontrar o corpo no meio dos escombros, nossos magos de cura fizeram um trabalho duro pra tirar os ferimentos e manter o corpo, pra que ela fosse enterrada.

-Atitude superficial.

-Ela já estava morta, não é? Mas Eileen era vaidosa, tenho certeza que ela não queria ter a imagem do ‘’Desespero Escarlate’’ abalada.

-Superficial. –Ergui minha mão em direção a onde ela estava, ainda assim estava muito longe pra alcançar.  –Por que teve todo esse trabalho?

-Tenho consideração pelos meus servos, Erza. E ela foi o mais próximo de uma amiga que tive em muito tempo. Teria sido bem melhor se ela não tivesse enlouquecido, é claro. –Eu tive que rir, Zeref aparentemente não tinha nenhum senso do que falar.

-Alem do mais. –ele continuou, sentando-se no trono que até então eu não tinha percebido ali. –Ela precisa de alguém pra chorar sua perda.

-Não vou chorar. –eu disse, e estava convicta disso. As paredes deviam ter frestas, porque vento frio começou a passar pela minha pele, a medida que eu me aproximava de onde ela estava.

Ela era tão linda. Éramos muito parecidas sim, e embora eu não me achasse bonita, algo nela me fazia pensar que não existia ninguém tão belo. Imaginei se ela teria me dito isso. Será que ela seguraria meu rosto e diria pra eu me amar mais? Em outras circunstâncias, o que teria sido de nós? Eu parei bem a sua frente, o mais perto que podia. As lagrimas não vinham, eu não queria chorar, eu só sentia um imenso vazio que corroía qualquer coisa dentro de mim. Eu estava me sentindo uma casca oca que seria quebrada ao mínimo toque e eu nem ao menos sabia por que. Nós não nos conhecemos por quase vinte anos, vinte e seis pra ela, e mesmo assim aquela sensação de perda não me deixava.

Não me entenda mal, eu não estava sendo indiferente, eu apenas sabia que se eu vacilasse enquanto ela despejava o ódio dela em mim, então nada me faria levantar novamente. Eu precisava ser forte por nós duas. Eu precisava pensar por ela, porque no momento em que ela falou a primeira palavra, percebi que era um sentimento rancoroso quem estava falando por ela.

Não é minha mãe –eu pensei. Era uma mancha, um espectro de muita dor e sofrimento que estava descarregando tudo o que segurou por tempo demais. Então eu penso: Eu serei como ela? Algum dia vou usar alguém pra despejar tudo isso que está preso aqui dentro de mim?

Tentei toca-la, mas minha mão parou no ar; eu tinha esse direito?

Me abaixei, sentei no chão, apoiei a cabeça no joelho, meus dedos tocaram a superfície fria do caixão, tateei até encontrar a mão dela, que não estava sobre o peito, mas sim ao lado do corpo. Suas mãos estavam frias, é claro, mas eram mãos humanas, com unhas grandes demais e algumas escamas, mas era pele humana, como era triste, perceber que tudo o que ela queria, só tinha alcançado na morte.  Segurei sua mão o mais forte que pude, como teria sido se eu tivesse nascido há quatrocentos anos? Ou se ela estivesse sã o bastante há vinte e sete anos e eu tivesse ficado com ela. Quantas vezes eu teria segurado aquela mão? Quantas vezes aquelas mãos teriam me tocado, me acariciado antes de dormir, talvez?

Esse sentimento veio de repente, bateu em mim com tanta força que meus pulmões se contraíram pela dor externada. Agora as lágrimas vieram, acho que eu estava me tornando mais humana em muito tempo também. Tentei não fazer barulho, mas provavelmente eu não consegui.

-Ah, por favor. –ouvir uma voz vagamente familiar exclamar. –Por que ela está chorando, as duas nem se conheciam!

-Não seja apático, Ajeel. –Zeref disse, sem perder seu tom irônico, mas com um pouquinho de empatia.

–Ela não está chorando pelo que foi. –Uma mulher se intrometeu. –Ela está chorando pelo que nunca será. Ou pelo que poderia ter sido, se quiser usar de nostalgia.

Mordi o lábio, estava longe demais pra tentar revidar, mas meu silencio, misturado agora ao da sala, talvez tenha gradecido a moça. Ela estava tão completamente certa, que tive vontade de gritar.

É verdade que passamos menos de duas horas juntas, naquele campo de batalha. Mas depois de ela falar o que sentia, depois de me bater, eu pensei, tive esperança de poder confortá-la. Até mesmo quando ela perdeu o resto de sanidade e se tornou dragão, mesmo com minhas pernas tremendo, eu tentei ser forte por nós.

Quando ela atravessou o próprio peito com a espada, foi como se eu estivesse acordando. Quando ela disse que meu sorriso a tinha parado, eu quis sorrir pra ela ainda mais. Quando ela disse que me amava, eu tive vontade de gritar que eu queria ama-la também.

Mas quando ela caiu, quando Wendy me perguntou como estava me sentindo e quando o chão começou a tremer, com o Universo One se desfazendo, quando eu olhei pra seu corpo imóvel eu realmente percebi, percebi que tudo aquilo era minha culpa, de novo.

De novo. De novo.

-Me desculpa, mãe. –eu sussurrei, não queria que eles estivessem ali, queria que aquele momento fosse só nosso. Eu me sentia tão pequena e sozinha com todos aqueles olhos em cima de mim. Eu só queria me desculpar devidamente. –Sabe, eu sou uma pessoa horrível. Todos estão tentando ser fortes na guilda, mas eu não sei se consigo. Meus amigos sofreram tanto tempo por meu egoísmo, um deles morreu pela minha fraqueza, Jellal se culpa até hoje, porque não fui capaz de ajuda-lo, agora o mestre se foi e o pessoal da guilda espera que eu realmente tome alguma atitude. E você também. Eu estou tão cansada, mãe. –Sua mão ainda era rígida ao meu toque, mas eu não queria solta-la. –Estou tão cansada de ser culpada pelo sofrimento de todos a minha volta, estou tão, tão cansada de sempre perder todo mundo. Mãe, eu realmente não aguento mais.

Tentei imaginá-la se sentando, como se estivesse acordando num sábado de manhã e me ouvindo desabafar, tentei imaginar que ela acariciava minha cabeça e dizia que tudo ia ficar bem, pra eu não me culpar tanto, mas é claro que isso não ia acontecer.

Será que teria acontecido? Minha vida toda eu não pensei sobre ter uma mãe. Só fui entender esse conceito quase aos dez anos, e então eu estive ocupada demais tentando sobreviver. Mas agora, meu único sangue no mundo estava frio, dentro de um caixão, prestes a ser enterrado pra sempre. É muito egoísta eu querer que ela esteja aqui? Sei que é, ela já sofreu muito por mim. Estou tentando não jogar minhas frustrações em cima de você, mãe, mas está sendo difícil.

-Ela te amava muito. –Zeref estava ao meu lado. Tentei entender por que o grande Mago negro do qual todos, inclusive eu, temiam, estava tentando me consolar. Então olhei em seus olhos e vi culpa. Ele estava mesmo sentindo a morte dela. Provavelmente o que sentia por mim era muito mais pena que consideração, e eu odiei perdidamente aquilo, odiei que ele me fez vir aqui. Agora havia um buraco no meu peito e ele não seria capaz de preencher. Por isso é muito mais fácil fingir. Eu estaria em casa, prendendo minha dor em mim, mas estou aqui, me sentindo perdida demais, dolorida demais, sozinha demais.

Eu me levantei, secando as lágrimas, olhei o corpo da minha mãe, por uma ultima vez, tive certeza de como ela me amou, e de como tudo teria sido diferente em outras circunstancias. Eu não consigo odiá-la. Sinto muito por não ter sido parte da sua vida, mas uma coisa tenho certeza: Você nunca mais vai sair de mim.

Sai com as mãos em punho ao lado do corpo, cabeça baixa. Ainda sentia certo desprezo, mas era a ultima coisa que me importava.

-Pode vir visita-la quando quiser. –Zeref disse, e eu não pude dizer se estava debochando ou não. Mas quando as portas se abriram estava tudo tão cinza lá fora, que tive certeza que nunca mais voltaria aquele lugar.

 

*------------*---------------*

 

O Monte do Sol tinha esse nome porque se sentasse lá durante o dia, poderia se sentir tão próximo a ele, que parecia poder tocar o ceu. Entretanto, hoje estava nublado e a pedra na qual me encostei estava molhada e fria.

Mira sentou ao meu lado, arrumou o vestido e suspirou.

-Como você... ?

-Fui te procurar no seu quarto e achei o bilhete. Você não é boa em esconder as coisas.

-Sou sim, boa demais, todos somos.

-Algum dia as coisas vão voltar ao normal? –Mira perguntou, eu deitei minha cabeça em seu colo. Provavelmente ela era a única que poderia me entender, a única que não precisava de proteção.

-Todos eles dependem de nós, precisamos segurar as pontas, então, sim.

-Tudo bem chorar as vezes, Erza. Tudo bem gritar se você quiser também.

-Eu estou tão cansada, Mira. –Ela sorriu, e beijou minha testa. Pelo modo como segurou minha mão, percebi que ela também estava. Nós duas estávamos chorando, silenciosas demais pra interferir até mesmo no barulho do vento, porque depois disso, voltaríamos a fingir.

 E tudo voltaria ao normal. 


Notas Finais


não sei o que dizer pq escrevi e postei isso chorando, auhsuahsu então, espero que tenham gostado <3


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