1. Spirit Fanfics >
  2. Drunk Uchiha >
  3. Sóbrio

História Drunk Uchiha - Sóbrio


Escrita por: sarada-sama

Capítulo 3 - Sóbrio


Minha cabeça doía. Havia uma sensação incômoda em meus olhos, mas eles estavam tão pesados, a última coisa que eu desejava era ter de abrí-los. Respirar parecia difícil, era cansativo e me enjoava.

Entreabri um olho e a claridade me cegou por alguns segundos. Mas que diabos? Como assim claridade? Eu nunca... Repito!... Nunca deixo as cortinas abertas quando durmo. Então por que… Ah sim! As memórias voltando aos poucos. Eu via imagens confusas e embaçadas, algumas nem conseguia distinguir, mas me lembrava do bar, da aposta e que eu perdi! Merda! Naruto é um cara morto!

Tentei tapar os olhos com as mãos, mas não foi muito eficaz. Resmunguei e resolvi levantar, afinal, já deveria ser tarde. Eu chutaria que tinha perdido o horário do almoço. Virei a cabeça procurando pelo relógio no criado-mudo ao lado da cama e me arrependi amargamente, tudo rodou, parecia que minha cabeça havia acabado de ser atingida por um soco da Sakura!

Porra, Sakura!

Virei a cabeça rápido procurando por ela. Xinguei quando a dor aguda se repetiu. Tentei me sentar e com algum esforço eu consegui.

Ao lado da minha cama havia um copo com suco de tomates, eu presumi, e uma aspirina. Mas não havia nem sinal dela.

Por isso a janela estava aberta. Ela tinha ido embora.

Não saberia explicar o sentimento que aquilo me trouxe. Eu havia acordado sozinho depois de tudo, e não estava feliz com esse fato, muito pelo contrário.

…..

Porra Teme! Você tá horrível! — Aquela hiena vestida de laranja berrou à centímetros do meu ouvido. A voz estridente dele parecia fazer meus tímpanos sangrarem. Minha cabeça latejou como se um martelo batesse nela de dentro para fora. Apertei as mãos em punhos. Calma Sasuke, conte até dez, respire, ele é retardado mesmo! Dizia a mim mesmo, tentando não usar um chidori.

Massageei as têmporas tentando manter o autocontrole. Será que Naruto, após tanto tempo vivendo com Jiraya, não conseguia imaginar que quando se bebe demais, se acorda com uma ressaca daquelas no dia seguinte? Provavelmente ele não assimilou isso.

— Qual é Sasuke-teme, seu mal educado, não vai nem resmungar pelo menos? — Ele simplesmente não parava! Kami! Melhor seria se calasse aquela maldita boca antes que eu a arrancasse da sua cara feia!

— Dobe... — Pausei e respirei fundo antes de continuar — Cala essa boca!

Meu aviso estava dado.

— Ué, que bicho te mordeu? — Seria perfeito se ele tivesse entendido a deixa. Já disse uma vez e repito, Naruto perde chances incríveis de ficar quieto. Inferno!

— Naruto, Sasuke está de ressaca! — Meu ex-sensei esclareceu, sentando-se ao nosso lado e escorando um braço preguiçosamente sobre o balcão do Ichiraku Ramém. Se eu não fosse eu, teria agradecido Kakashi com um abraço. Aliás, de onde ele apareceu? Há segundos atrás eu estava sozinho sentado esperando pela minha primeira refeição do dia, às 15:30 já que eu havia acordado em plena tarde, e um segundo depois estava acompanhado a contragosto pelo projeto de Hokage e o líder da Vila, que deveria, na minha humilde opinião, estar trabalhando neste horário. Por que estavam ali?

— Sério? — O Dobe questionou, risonho — Poxa, parece que a Sakura-chan acabou mesmo com você, Sasuke-teme! — Ele terminou a frase e bateu a mão sobre o balcão, estourando em risos escandalosos. Eu engasguei com a saliva.

— Como é? — Perguntei em meio a minha crise de tosse, tentando inutilmente recuperar o ar em meus pulmões. Como ele poderia saber? Sakura não contaria, ou contaria? Mas se era pra sair espalhando para a Vila inteira que transamos, por que diabos ela fugiu da minha cama daquele jeito? Não, este tipo de coisa não era do feitio da Haruno.

— Ora, ela ganhou a aposta baka! Do que achou que eu estava falando? — Vi os olhos azuis do Dobe me esquadrinharem, buscando qualquer detalhe que revelasse meus pensamentos. Felizmente, eu sempre fui muito bom em ser inexpressivo, mesmo de ressaca.

— Hn. Nada. — Claro, a aposta. Pera aí! A aposta! Isso me lembra que… — Eu vou te matar! — Rosnei, levantando-me da cadeira num rompante e com a minha velocidade ninja segurei o Dobe pelo pescoço levantando-o do chão.

— Sas...ke! Calma lá! — Apertei mais os dedos e vi seu rosto começar a ficar vermelho. Ele havia parado de falar, pelo menos. Já era um progresso! Minha vontade naquele instante era partir aquele idiota ao meio, mas Kakashi intercedeu por ele. — Sasuke, solte. Não vale a pena. — Sua calma era impressionante, ele sequer tinha se dado ao trabalho de se mover, permanecia escorado no balcão como se sua vida se limitasse a isso. Velhote folgado.

Aos poucos, com muito custo, meus dedos afrouxaram o aperto na garganta do Uzumaki e assim que o soltei ele fez uma cena, tossindo e choramingando, dizendo que contaria à Sakura o quanto eu o machuquei e que Hinata era muito jovem para ser viúva. Mereço!

Sobre Sakura, eu não havia visto ela o dia todo. Não que eu estivesse acordado há muito tempo, mas ela quase nunca deixava passar uma oportunidade de reunirmos o time 7 para comer ou só jogar conversa fora no Ichiraku. Das duas uma: ou ela estava em uma cirurgia de alto risco e não sairia tão cedo, o que era pouco provável considerando que ela estava de folga e nenhuma missão de risco foi solicitada esta semana além daquela da qual nós mesmos voltamos ontem; ou ela estava deliberadamente fugindo de mim por causa da noite passada. Algo me dizia que era a segunda opção.

Qual é Sasuke-teme, que mau humor! Além do que, você pode escolher se vai pagar a aposta de dia ou de noite! — O baka disse, como se isso fosse de algum modo me confortar. “Oh, nossa, obrigado Naruto, como você é solidário, agora vá se ferrar!” Preferi não dizer tais palavras. Ele não compreenderia. Ignorei apenas.

— Ne, Kakashi-sensei, que estranho a Sakura-chan não estar aqui com a gente! — Engoli em seco — Ela sempre gosta de comer em equipe. — O Dobe observou, detalhista demais para o feitio dele.

— Yare, yare Naruto. Muito estranho! — O velhote disse e com a maior cara de pau do mundo olhou em minha direção com um sorrisinho malicioso que nem mesmo a máscara poderia esconder antes de perguntar com ar de inocência: — Sasuke, sabe se aconteceu algo com ela?

Foi então que eu percebi que ele sabia. Kakashi sabia o que estava acontecendo, ou melhor, o que tinha acontecido entre eu e a Sakura. Mas como? Ele não seria tão tarado a ponto de nos seguir e observar tudo? Além do que, se passaram horas desde o momento em que ela saiu me carregando do apartamento do Naruto até nós, de fato, transarmos. A não ser que… bom, é tão óbvio que chega a ser ridículo! Ele planejava isso desde o começo! Por isso ele mandou Sakura me deixar em casa! Por isso não se ofereceu para cuidar da minha bebedeira! Como ele poderia ter tanta certeza de que daria certo?

Não respondi a pergunta, não havia necessidade. Ele já sabia a resposta muito antes de perguntar.

— Era claro como água, se é o que você está se perguntando Sasuke! — Kakashi alfinetou como se lesse meus pensamentos. O encarei e ele se mantinha na mesma posição preguiçosa, com o mesmo sorrisinho por baixo da máscara. — Você pode ser bem transparente para alguém que o conhece bem.

Eu? Transparente? Ah, dá um tempo! Se existe uma coisa na qual eu sou bom é em ser inexpressivo e mascarar emoções. Meu autocontrole nunca falha. Bem, exceto ontem à noite!

Mas o pior foi perceber que ele estava insinuando que algum tipo de sentimento que eu supostamente tinha pela minha colega de cabelos róseos e belíssimas curvas, como eu tive o prazer de descobrir noite passada, era algo fácil de ser notado. Tudo bem, eu admito, ela me deixava meio avoado, sua proximidade me agitava e tudo mais, mas nunca demonstrei nada disso, creio eu.

— Minna, do que vocês estão falando? — Naruto inquiriu, obviamente confuso com o diálogo deveras esquisito que eu estava tendo com o Hatake. Ele não foi respondido. Primeiro, ele iria quebrar pelo menos alguns ossos do meu corpo ao descobrir que eu dormi, bem, muito mais que dormi, transei com Sakura, e segundo, eu teria de dar muitas explicações complicadas que ele levaria semanas para entender.

Kakashi apenas olhou para mim, então olhou para Naruto, deu um risadinha safada e tirou do bolso alguns ienes, ele nem tinha comido nada, mas pagou mesmo assim. Acho bom, já que na maioria das vezes isso não acontece e acabo pagando a conta dos folgados! O problema é quando Naruto também resolve dar um calote! Ele come por um esquadrão ninja inteiro!

Ignorei meu ex-sensei, até ele passar por mim, tocar em meu ombro e dizer como se sua sabedoria fosse lendária: — Você deveria dar o próximo passo. — Me deu tapinhas nas costas e revirei os olhos. Qual é? Tapinhas nas costas? Humpf, mereço! — Eu gostaria de ver como você vai contar pra ele! Como gostaria! — E indicou a figura do Dobe, debruçada sobre o balcão do Ichiraku com os olhos apertados nos encarando, tentando com afinco descobrir o que estávamos escondendo. Me limitei a não responder. Não sou obrigado. O tarado Master da Vila me dando conselhos amorosos! Onde já se viu!

…..

Idiota! É a única descrição que eu tenho para mim mesmo neste instante. Por quê? Ora, porque por algum motivo inexplicável eu involuntariamente dei ouvidos ao Hatake, mas não consegui ir até a casa dela. E quando me dei conta de que eu estava travado e não conseguia manter meu autocontrole só de pensar em encarar uma Sakura possivelmente magoada, ou pior, talvez chorando, me senti um bosta e acabei sentado neste banco de madeira molenga que range quando me mexo, escorado neste balcão engordurado e enfiando sakê goela a baixo. Uma vez me disseram que o melhor jeito de curar uma ressaca é com uma nova bebedeira, então estou tirando a prova. O cheiro de bebida ainda faz meu estômago revirar pois me recordo brevemente do amargor do vômito na boca, mas faço um esforço extra e continuo virando copo atrás de copo. Me sinto perdido e detesto não deter o controle sobre uma situação. O pior é que isso acontece com certa frequência quando se trata de Sakura.

Sakura talvez seja uma das missões rank-S mais difíceis que já executei. Primeiro porque não sei se sou digno de cumprí-la e depois, se der errado pode ser que eu acabe mais quebrado do que nunca. E não falo só fisicamente, embora eu não descarte a possibilidade de ela de repente se cansar de mim e de todas as complicações emocionais que vem de brinde e resolver quebrar todos os ossos do meu corpo. Acho que eu já teria feito isso comigo se estivesse no lugar dela.

Enquanto me concentro em remoer minhas frustrações, ouço o som de outro banquinho molenga sendo arrastado próximo a mim. Seria algo que eu ignoraria se não conhecesse tão bem aquele chakra e aquele perfume. O perfume que eu senti no meu travesseiro quando acordei sozinho na minha cama e que eu reconheceria em qualquer lugar a quilômetros de distância. Me arrepiei inteiro. Meu sangue correu rápido nas veias. Os meus países baixos recordando e se animando instantaneamente.

Eu realmente não esperava encontrar ela aqui. Não mesmo.

Ela não havia percebido minha presença ou sabia dissimular muito bem. Aproveitei para beber da sua imagem. Não estava um caco como eu, mas eu pude notar o cabelo meio bagunçado, com alguns fios rosa caindo sobre o rosto. A expressão vazia. Aquele olhar não era o dela. Ver aqueles orbes verdes sem o costumeiro brilho acabava comigo.

— Uma dose para a moça. — Eu pedi ao balconista e a vi estremecer. Ela reconheceu minha voz, eu tive certeza, seus olhos verdes esquadrinharam meu rosto por alguns instantes, analisando meu estado e se desviaram para a bebida que acabara de lhe ser servida. Ela tentou se levantar, segurei seu braço e ela não me olhou, mas também não ofereceu resistência, ajeitou-se novamente no banquinho e pegou o copo à sua frente entre os dedos. Girou o líquido antes de virar de uma vez.

— Como está hoje Sasuke? — Ela iniciou a conversa. Senti falta do sufixo “kun” no final do nome, senti falta da animação ao pronunciá-lo, senti falta de como soara noite passada sendo sussurrado por aqueles lábios, que agora proferiam as palavras como se fôssemos dois estranhos.

 Não preciso responder...  — Ela bufou e eu continuei — Basta olhar.

A Haruno nada disse. Pediu outra dose e a sorveu como se fosse água.

— Não esperava te encontrar aqui. — Soltou de repente, mas sem tom de surpresa.

— Digo o mesmo! — Rebati e ela sorriu sarcástica.

— Aqui é meu lugar de me sentir péssima, vá procurar o seu! — Alfinetou.

— No momento, eu não preciso de um lugar para isso! — Pausei e meus olhos correram por seu rosto. Ela tentava esconder, mas eu via tristeza ali. Ela estava arrependida? Merda! — O que eu preciso acho que acabei de perder.

— Você é realmente muito idiota! — Os cabelos rosados balançaram quando ela sacudiu a cabeça em negação. Riu irônica, mas o riso não chegou aos olhos, que se perderam em meu rosto por alguns segundos antes de ela finalmente dizer. — Você só perdeu uma aposta Uchiha. Não é o fim do mundo. Não vai morrer por isso.

Então ela achava que era isso? Que eu havia perdido meu orgulho? Sakura, Sakura, você não entendeu nada mesmo.

— Eu não falava disso! — Minha voz soou mais baixa, quase num sussurro. Mas ela me ouviu a julgar pela pele arrepiada do seu braço descansando sobre o balcão do bar, a poucos centímetros do meu.

Virei minha dose. Meus olhos se prenderam no seu rosto. Ela percebeu meu olhar, mas não me encarou de volta, apenas mandou outra dose para dentro.

Ótimo! Que ajuizados somos nós! Fizemos merda por transar meio bêbados, agora cá estamos, machucados, loucos para repetir a noite passada, mas bebendo mais porque ninguém sabe como agir! 

Isso é uma droga!

Eu preferia ser um nukenin e ser caçado novamente a ter de ver aquela expressão em Sakura. E eu não sei exatamente o porquê dela ter sumido hoje de manhã, nem por quê está tão puta comigo. Eu nunca entendi de mulheres! Ela nunca pareceu tão complicada. Eu nunca me senti tão idiota.

— Sakura. — Respirei fundo. Seus olhos fixaram-se em mim. — Me desculpe.

Ela franziu o cenho. — O que?

— Me desculpe. — Pausei. Ela ainda me olhava como se eu tivesse sério retardo mental. — Por ontem à noite.

Esclarecimento tomou sua face. Ela finalmente havia entendido meu ponto. Suas sobrancelhas rosadas franziram-se em direção ao cenho, num misto de confusão e raiva. Ela bufou e bateu no balcão com a mão em punho e eu ouvi o estalar da madeira sob sua força.

— Você é um idiota! Um grandessíssimo idiota Uchiha! — Ela me olhava salivando de ódio. Eu não entendia porra nenhuma.

— Mas que merda eu fiz agora? Acabei de pedir desculpas!

— Exatamente! — Ela jogou a dose de sakê na minha cara antes de largar alguns ienes no balcão e sair pela porta como um furacão. Fiquei lá molhado e confuso, encarando a madeira partida do balcão do bar que ela havia quebrado. O atendente, que vira toda a cena, encheu outra vez o meu copo, mas antes de se afastar disse-me: — Hey amigo, você é realmente um idiota.

…..

Bônus: Narração do ponto de vista do Kakashi.

— Kakashi-sensei, é melhor você me soltar’ttebayo! Eu vou matá-lo, mas você é velho e não quero ser responsável pela morte do Hokage! — Exclamou o loiro enquanto tentava livrar-se dos braços carregados com chakra envoltos em torno de seu corpo. O Hatake já começava a suar tentando segurar seu ex-aluno, que parecia mais obstinado que o normal, e olhe que isso é muito se tratando do Uzumaki.

— Naruto, isso é entre eles dois. Você não pode interferir, idiota! Sempre soube que isso aconteceria um dia. — O ninja mascarado tentava trazer um pouco de razão àquela cabeça de vento, que no momento estava explodindo de ódio direcionado ao seu outro pupilo.

Merda. Ele sabia que quando isso acontecesse Naruto ficaria insano. Eles iriam querer se matar. Destruir metade da vila só porque o Uchiha não conseguiu resistir aos charmes de sua garotinha de cabelos rosa, que já não era mais uma garotinha. Às vezes, ele mesmo tinha vontade de bater em Sasuke por deflorar sua amada Sakura. O problema é que a Haruno sempre quis isto, o que tornava tudo mais complicado, porque a determinação do fogo não se aplicava somente ao campo de batalha e foi eficiente considerando que Sakura conseguiu fazer Sasuke finalmente fazer alguma coisa a respeito dos hormônios fervilhantes dos dois.

Em toda sua experiência com a saga Icha Icha, o Hatake aprendera a reconhecer o desejo nos olhos das pessoas a quilômetros de distância. Se tratando de Sasuke, muitos não notariam, mas ele era quase um pai para aquele garoto confuso e fechado, conhecia-o melhor que o próprio Uchiha e via muito nitidamente quais eram as vontades mais insanas do rapaz em relação à sua ex-aluna.

Sakura, por sua vez, nunca escondeu que sempre quis Sasuke. Ele sabia que, embora o rapaz soubesse dos sentimentos da garota, passariam-se séculos até que ele aceitasse os seus e resolvesse tomar uma atitude a respeito. Era difícil explicar a um Uchiha que ele estava completamente apaixonado há tempos e não sabia. Eles são teimosos!

Foi por isso que mexeu os pauzinhos. Mandou a Haruno cuidar do rapaz depois de ele ter posto para fora metade do peso corporal após a bebedeira da aposta. E como imaginava, funcionou. Os dois se entenderam na cama. Mas não se entendiam fora dela.

Era inacreditável que, depois de todo este progresso que ele, Hatake Kakashi mediou como um bom cupido e conhecedor do mundo das safadezas, seus dois alunos estúpidos tinham voltado a estaca zero. E pior, agora Sakura estava triste e o Uchiha insuportavelmente depressivo e irritado. O clima estava insuportável, e ficou ainda mais quando Naruto descobriu que seus dois melhores amigos haviam transado e ele era o último a saber.

 Kakashi-sensei, você não vê? Esse baka se aproveitou da Sakura-chan! Sasuke, seu maldito, eu te considerava um irmão, mas isso não significa que você pode comer a minha irmã! — O Uzumaki continuava berrando sua indignação a plenos pulmões. Como se adiantasse, a merda já estava feita mesmo.  Ele transou com a nossa Sakura-chan! Tem que me ajudar a matá-lo!

— Yare, Naruto, eu também não fico muito confortável com a ideia! — Era verdade, Sakura era como uma filha e pais sempre são ciumentos em relação à suas garotinhas se envolvendo com o sexo oposto. — Mas você sabia que isso aconteceria. Eles não conseguiriam ficar muito tempo sendo amigos. Nunca foram só isso! — Disse as palavras olhando fixamente para Sasuke, que estava escorado há alguns metros dali, encarando a água corrente embaixo da ponte do Time Sete, como se nada estivesse acontecendo. Kakashi sabia que não era pura indiferença. O olhar perdido não deixava escapar a tristeza nos olhos negros.

— Eu sei, mas continuo com raiva! — O loiro se desvencilhou de seus braços e bufando, andou em direção ao Uchiha com o dedo indicador em riste.

— Você poderia ficar com ela, baka! Mas você só a machuca, e eu tenho vontade de te fazer em pedaços todas as malditas vezes que a ouço chorar ou que vejo tristeza em seus olhos! Ela é minha família assim como você e se você não consertar sua merda eu vou te matar! — Berrou a plenos pulmões, ao passo que Sasuke apenas o ignorou.

Bufou e virou-se para encarar o amigo, que ainda lhe ameaçava — Eu acho que mereço a surra. — Disse antes de se virar e seguir andando, voltando a ignorar o escândalo de Naruto.

Kakashi apenas suspirou encarando as costa do moreno, onde havia o símbolo do clã Uchiha, que desapareceria de fato se Sasuke não parasse se lamentar e resolvesse agir para consertar a bagunça de seu coração e de Sakura.

…..

Sasuke POV

Outra vez a kunai passou longe do alvo. Estava arremessando a tarde toda sob a incessante chuva fria sem acertar uma sequer. Não, não estava perdendo o jeito, era só que minha cabeça não conseguia permanecer no treinamento porque meus pensamentos me levavam a outros lugares. Por isso a chuva de gelar os ossos vinha a calhar, ela afugentava em parte o calor que subia por todo meu corpo quando remoía cada segundo DAQUELA noite.

Desde então Sakura me evitava e me ignorava, e eu tentava entender onde foi que errei, embora suspeitasse que o simples fato de termos chegado aos "finalmentes" bêbados tenha algo a ver com isso. Sabia que não havia como mudar o que tínhamos feito e isso era o que mais me deixava puto.

Continuei arremessando kunai atrás de kunai, algumas até chegavam perto do alvo, mas nenhuma de fato acertava. Sakura estava me afetando de um jeito insano. Mexia até com a minha mira, que estava uma bosta para dizer o mínimo! Logo eu que nunca erro um arremesso!

Arremessei a última que me restava e teria acertado se alguém não tivesse pegado-a no ar antes que encontrasse o alvo.

Olhei a figura encapuzada de cima a baixo e a julgar pela capa cor de rosa só poderia ser a Yamanaka. Que maravilha! Mais uma pra me dizer que eu sou um idiota e esfregar na minha cara que só sei fazer a Sakura sofrer! Alguém tem que avisar a esse povo que eu já sei e me odeio por isso. — O que quer aqui? — Fui direto, sem saco para aturar as ladainhas da Ino.

— Quero conversar com você Sasuke. Suponho que saiba do que se trata. — A loira disse sem tirar a capa longa que a protegia dos grossos pingos que me encharcavam. 

Não respondi, eu sabia.

— Eu vou te falar, mas quero deixar bem claro que minha vontade agora é de partir a sua cara e te deixar aleijado para o resto da vida por fazer a minha amiga sofrer por sua causa outra vez. — Afirmou e pude sentir que ela falava sério. A raiva nas palavras era quase palpável. Quase pedi que ela realmente fizesse isso.

— Hn. Estou ouvindo. — Ela sabia que eu ouviria e mesmo que me recusasse, ela diria igual. Que outra escolha eu tinha? Além disso, me interessava saber notícias de Sakura e quem seria melhor fonte de informações que a melhor amiga dela?

— Você deve ter algum problema mental ou sei lá o que, mas seja como for eu vou te explicar tudo ok? Apenas preste atenção! Sakura não sabe e nem deve saber que estou lhe dizendo isso, mas você é tão absurdamente lento que eu não suporto esperar que tome uma atitude por conta própria, por isso Sasuke, vou colocar tudo às claras esperando que você possa entender o que tem de fazer! — Soltou num turbilhão de palavras que eu tive de me esforçar para acompanhar. Talvez fosse alguma kekkei genkai dela falar rápido daquele jeito!

Não respondi, mas não me afastei. Ela sabia que isso significava que eu estava de acordo.

— Você fez merda e acho que já sabe disso, certo? — Pausou. Eu resmunguei concordando e ela prosseguiu — Mas eu acho que você não sabe exatamente o que fez de errado. Antes que me diga isso, quero esclarecer que a Sakura não está puta com você por ter dormido com ela, até porque o mais bêbado sem dúvida deveria ser você, então pela lógica não foi você quem se aproveitou dela, mas o contrário! — A loira riu e respirou fundo para se controlar antes de continuar. Eu apenas bufei. — Sakura está brava porque você pediu desculpas! — Disse.

Ok, agora eu não entendi mais porra nenhuma! Porque diabos ela ficaria brava porque eu eu pedi desculpas?

Acredito que minha cara deve ter revelado a confusão que acontecia em minha mente, pois a Yamanaka continuou seu sermão — Sasuke, largue de ser burro, por Kami! — Berrou, indignada. Permaneci sem entender nada. — Sei que você é meio sem jeito para essas coisas, mas o fato de ter pedido desculpas deu a impressão de que você se arrependeu de terem transado, droga! Será que você não considerou essa possibilidade? Tá tão na cara! Ela nunca vai te contar isso e ao que parece você nem pensaria se eu não tivesse vindo até aqui! — Continuou gritando, ensandecida. — Ela tá se sentido um lixo porque você é um ignorante em matéria de mulher!

Minha ficha finalmente tinha caído. Então era isso? Sakura achava que eu não queria transar com ela? Que fiz aquilo só porque estava bêbado e quando finalmente tinha recobrado a sobriedade havia me arrependido? Kami, que mulher burra! Quantos anos mais serão necessários para que ela entenda que eu nunca, repito, nunca faria algo que não quisesse, não importa quão bêbado estivesse? E por Deus como eu me arrependeria de transar com ela? Sakura me deixa duro só de pensar nela!

A bebida me deixa parcialmente desprovido do meu precioso autocontrole, porém intensifica as minhas mais profundas vontades, que de outro modo não seriam reveladas. Apenas!

— Tá me ouvindo? Eu to falando com você droga! Você precisa ir se entender com ela! Eu não aguento mais essa lenga lenga de vocês porque não suporto ver minha amiga tão triste como ela tem estado desde que isso aconteceu! — A sinceridade nas palavras da Yamanaka demonstrava o quanto se importava de fato com Sakura. Eu entendia bem isso.

Agora que sabia o que eu tinha feito de errado, poderia consertar as coisas e ter Sakura para mim de uma vez por todas. Foda-se se for egoísmo, eu a quero! Não aguento ficar longe dela! Tudo em que penso todos os dias e o tempo todo é no quanto quero ouvir ela dizer meu nome sussurrado em meu ouvido, no quanto eu quero tocá-la em todos os lugares imagináveis, marcá-la como minha, vestí-la como uma Uchiha.

— Ino... — Interrompi o monólogo da loira, que por incrível que pareça continuava falando! Alguém precisa desligar ela. — Onde ela está? — Questionei, certo de que ela saberia de quem eu falava. Eu iria achar Sakura fosse onde fosse, nem que precisasse virar cada pedra do país do fogo.

Eu tinha que dizer a ela. Ela precisava saber que eu sou um idiota e ela uma maior ainda! Eu por não entender nada de mulheres e ela por interpretar tudo errado e não entender nada de Uchihas, apesar de proclamar a plenos pulmões durante anos que amava um.

— Hospital, segundo andar, terceira porta à esquerda. Na sala dela, você sabe! — Ela disse com voz suave e sorrindo. — Boa sorte Sasuke, vê se não faz merda de novo, ou vou ser obrigada a cortar suas bolas! — Riu e já ia se virando, mas chamei seu nome e ela parou.

— Ino! — Suspirei deixando um meio sorriso surgir no rosto. — Obrigado!  

— Disponha Sasuke. — E se foi por entre as árvores do campo de treinamento. A chuva começava a cessar. Ela não me devolveu a kunai, mas não faria falta. Eu tinha outros assuntos a resolver no momento.

…..

Eu estava tão decidido, então porque diabos permanecia parado na frente da porta irritantemente branca, com o punho pronto para bater e… nada. Travado. Alguém poderia me pedir para derrotar Kaguya e Madara agorinha que eu diria sim. Matar aqueles desgraçados seria mais fácil do que pensar no que dizer quando ela abrisse a maldita porta.

Anda Sasuke, onde está sua virilidade? Você é a droga de um ninja! Como é que não consegue entrar e se entender com a única mulher que já despertou alguma coisa em você em toda sua existência?

Respirei fundo, fechei os olhos, abri novamente. É agora, chega de enrolação!

Os nós dos meus dedos tocaram a superfície fria da porta do consultório, exatamente abaixo da placa que dizia "Dra. Haruno Sakura", mas antes que eu ouvisse o som das minhas próprias batidas, veio a dor e o barulho de ossos sendo quebrados. Outra vez não! Levei a mão ao rosto e senti a umidade do sangue e o cheiro de ferrugem e sal. Merda!

— Porra! — Exclamei involuntariamente. Ouvi um ofego. Levantei os olhos e a vi, parada na minha frente, exatamente como da última vez. Sakura tinha quebrado meu nariz com uma pancada da porta. De novo!

Ela parecia tão chocada quanto naquela noite e veio imediatamente para cima de mim, com ambas as mãos envoltas em chakra verde que se espalhava pelo meu rosto e transmitia aquele calor tenro. Era quase um calmante.

— Sasuke! Me desculpe! Não senti você aqui… eu… desculpe! — Se atropelava nas palavras e por um momento ela pareceu ter esquecido que as coisas estavam estranhas entre nós. Éramos só Sasuke, o cara com um nariz quebrado e Sakura, a médica ninja curando seu paciente.

Ela me curava concentrada. Era um déjà vu, mas desta vez eu estava vestido. Embora não me importasse de estar nu outra vez como naquela noite. Ao pensar, senti o coração disparar, o sangue correr mais rápido nas veias e o calor se espalhar pelo corpo.

Meus olhos estavam fixos no rosto sério dela. Tive vontade de erguer a mão e tocar a pequena ruga que se formava entre as sobrancelhas quando ela se concentrava assim, bem acima da marca do selo que ela havia herdado da Godaime. Era tão Sakura!

Os olhos dela por um momento se desviaram do meu nariz ensanguentado e esbarraram nos meus. Então ela também estava presa no encanto. Era quase magnético, sem dúvida ela seria o pólo positivo e eu o negativo, opostos e atraídos inevitavelmente.

Kami como eu queria beijá-la!

Me aproximei e quando me dei conta já a tinha em meus braços, prensada contra a porta branca que agora tinha uma mancha de sangue. Presa entre o metal frio e meu peito quente, Sakura engoliu em seco. Por mais puta que estivesse comigo, e com razão, ela era tão vítima quanto eu dessa "coisa" que me puxava pra ela. Ela respirava pesadamente também. A cada centímetro que eu me aproximava de seu rosto, daquela boca rosada que me rendeu sonhos molhados no meio da noite e alguns banhos frios, ela hesitava antes de se afastar, numa batalha interna entre ouvir a razão e ceder às vontades mais pecaminosas de seu corpo.

Um roçar de lábios. Foi o necessário para a resistência dela ruir. Eu a beijei como tantas vezes eu quis fazer depois daquela noite, como nos sonhos eu fazia.

A boca dela tinha o segredo para mandar para longe meu autocontrole, minha frieza, meu orgulho e tudo que não fosse a vontade louca de erguê-la e arrancar todas as roupas que me impediam de ver cada centímetro de sua pele.

Eu vim para conversar, mas recebi uma portada na cara e agora um beijo de incendiar este hospital inteiro.

Por algum motivo, nós nos entendíamos muito bem assim: a minha boca conversando com a dela sem precisar de palavras.

Mas quando eu achava que ganharia mais do que as arranhadas de leve na nuca, que aliás são de matar de tesão, um ruído agudo fez Sakura se afastar às pressas e desferir um belo tapa na minha cara.

Virei-me para fuzilar o ser que havia nos interrompido e quis incinerar a pobre enfermeira, corada da cabeça ao pé, que derrubara a prancheta de metal ao nos pegar de amasso na porta. Não soube dizer o que ela gaguejou, mas arriscaria dizer que pedira desculpas.

Quando me dei conta, só ouvi a porta se fechando, Sakura havia entrado em sua sala novamente e o clique da chave me deu uma ideia de que ela não pretendia me deixar entrar.

Que os pacientes me desculpem, eu até posso pagar depois, mas não será uma porta que vai me barrar agora!

Com um puxão arranquei a porta da sala da Haruno das dobradiças e entrei. Uma Sakura de olhos verdes arregalados me fuzilou e levantou-se da cadeira pronta para quebrar mais algum osso meu. Eu não ligaria, se isso a fizesse me ouvir.

 Isso é patrimônio público Uchiha! — Gritou arremessando uma caneta na direção da minha testa, mas eu a peguei no ar antes que me atingisse. Vantagens de ser um shinobi!

A cada passo meu em sua direção, algo daquela mesa voava contra mim. Nem o estetoscópio foi perdoado. Eu o peguei com cuidado antes que se espatifasse na parede.

— Sakura. — Comecei, controlando o tom da voz.

— Saia! — Ela berrou. — Suma da minha frente, seu… idiota! — O rosto dela estava vermelho, fervilhava de raiva. — O que você quer agora? Vai se desculpar por me agarrar agora também? Já se arrependeu?

— Sakura — Chamei outra vez calmamente. Peguei um porta retrato no ar, coloquei sobre a mesa. Eu estava cara a cara com ela. Separado pela mesa do escritório apenas. — Desculpe.

— Eu não acredito! De novo não! — Ela gritou, rindo irônica. — Some daqui Sasuke! Agora!

— Espera! Espera Sakura! Desculpe por me desculpar! — Soltei antes que ela resolvesse me tirar de lá com um soco ou algo assim. Eu realmente poderia não sobreviver se ela tentasse.

— Como é? — Ela questionou sem entender, mas ainda cuspingo fogo.

— Não foi a minha intenção que você achasse que me arrependi. — Ela cruzou os braços e fez menção de sair detrás da mesa, mas parei em sua frente, obstruindo o caminho. — O que quero dizer é que eu achei que VOCÊ tivesse se arrependido, Sakura.

— Eu? E porque você teve uma ideia dessas? — Inquiriu, olhando para qualquer ponto muito interessante na parede, mas nunca para mim.

— Você foi embora. — Respondi apenas. Vi os ombros tensos descerem, ela respirou fundo, mas nada disse.

— Quando eu acordei, você não estava mais lá. Eu sabia que você não tinha missões, estava de folga do hospital, poderia ter ficado, mas foi embora.— Ela suspirou enquanto eu prosseguia. — Por que Sakura?

Porque… eu não sabia como reagir. — Ela disse, pela primeira vez encontrando meu olhar. Vi sinceridade nas duas esmeraldas brilhantes que me encaravam. — Você estava tão bêbado… eu pensei — Ela respirou fundo antes de continuar — Eu pensei que você não se lembraria ou se arrependeria do tinha acontecido. Que eu tinha me aproveitado de você e da situação. Eu não quis ficar para ver isso.

Depois de tantos anos Sakura, eu esperava que você soubesse que não sou  do tipo que faz algo que não queira verdadeiramente. — Ela engoliu em seco, desviou o olhar e a vi mexer as mãos, de repente inquieta. Sorri com a reação. Bom sinal.

— Se eu te beijei no corredor naquela noite, foi porque eu quis. Se eu o fiz bêbado Sakura, é porque eu desejava são. — As bochechas assumiram um tom de rosada tão lindo quanto o dos cabelos. Ela deixou escapar um ofego, e ajeitou uma mecha de fios róseos atrás da orelha.

Eu rodeei a mesa até estar diante dela. Sakura deu um passo para trás, eu dei outro em sua direção, até que a tinha presa entre mim e a estante cheia de livros de anatomia, ninjustu e plantas medicinais. Ela suspirou quando meus dedos traçaram o contorno do seu maxilar, descendo em direção ao pescoço para percorrer lentamente a curvatura da nuca, entremeando-se nos cabelos cor de rosa trazendo-a para mim.

— E se eu vou te beijar agora, também é porque eu quero, mais que tudo. — E tomei sua boca na minha. Aqueles lábios eram minha perdição. Puro veneno e pura salvação.

Nenhum de nós ligava se estávamos no meio do expediente, dentro de um consultório sem porta nos pegando como dois adolescentes, porque nada mais importava a não ser aquele beijo.


Notas Finais


Minna, espero que tenham curtido mais esse capítulo!
Ainda estou finalizando os próximos, então talvez demore um pouquinho, mas tentarei acelerar!
Até mais amados!

Ja ne


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...