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História Dual Blades - Yhita


Escrita por: Kimishita

Capítulo 48 - Yhita


“Foi por causa disso que recebeu o apelido de Mãos de Sangue?”

Minha irmã havia contado algo a respeito de uma história assim, mas ninguém sabia com certeza o que houve.

- Agora só falta eu.

Todos ali prenderam a respiração ao ouvir Kimishita falar, até o velho se ajeitou melhor na cadeira.

“Porque toda essa curiosidade sobre a rainha?”

Eu sabia sobre a morte dela e ouvi boatos que o rei estava envolvido e o príncipe e futuro rei que era Kimishita fugiu, mas era só isso, porque querer saber mais?

- Todos aqui sabem o que foi dito para o povo sobre a morte de minha mãe?

- Por envenenamento, e que mataram o culpado logo em seguida. - quem respondeu foi Chilbora.

- Isso mesmo, mas tem uma coisa que nem eu sei, em quem botaram a culpa?

- Na serva espiã. – falou Morasta triste.

Kimishita parou um pouco analisando se deveria continuar.

- Já esclarece muita coisa para mim, bem, voltando agora. Espero que nenhum de vocês aqui tenham acreditado nessa mentira que foi dita na época. Pois bem vou contar a verdade que aconteceu. Minha mãe se suicidou.

- Não! – Lisbeth colocou a mão na boca.

- Isso mesmo, acho que vocês três já sabiam não é? – Kimishita apontou para Bertrold, Chilbora e Morasta.

- Sim. – responderam os três.

- Irei voltar um pouco na história para explicar melhor. Quem aqui conheceu meu avô?

Morasta e Chilbora ergueram as mãos.

- Eu não o conheci pessoalmente, mas ouço muito sobre ele no exército. – disse minha irmã.

- Também só ouvi falar. – disseram Lisbeth e Bertrold.

- Ele faleceu quando eu tinha quatro anos, minha avó morreu antes de minha mãe estar grávida de mim. A única vez que eu e meu avô nos víamos era nas refeições. Ele nunca participava das rezas e cultos. Lembro que eu tinha medo dele pois uma vez deixei água cair em seu pé e ele me bateu. Minha mãe chegou e fez que parasse, ele também só não bateu nela pois meu pai não permitiu tendo uma enorme discussão depois. Quando ele faleceu lembro que nem eu e meu pai derramamos uma lágrima. Meu pai se tornou rei e eu príncipe. Minha mãe plantou um pé de cedro quando se casou, toda tarde ela lia histórias para mim embaixo da sombra que a árvore fazia. Comecei a usar a espada com cinco anos e meu domínio sobre ela crescia cada vez mais. Quem me ensinou o básico da espada fora meu pai, mas meu primeiro mestre foi Chilbora. – Kimishita disse isso olhando para ele que retribuiu com um aceno de cabeça e um sorriso.

- Em poucos anos você já era um oponente ao meu nível.

- Admita que eu sempre fui melhor que você – Kimishita mostrou a língua de modo brincalhão – Morasta também era um grande amigo e me ensinou algumas golpes.

Ambos piscaram um para o outro.

- Agora uma pessoa que muito importante em minha infância foi você Lisbeth.

Ela ficou vermelha, e parecia ter se acalmado após discutir com Kimishita.

- Eu e meus pais nos dávamos muito bem, lembro que quando pequeno sempre que sentia medo ia deitar junto a eles.

O velho deu uma risada.

- Eu era criança, é normal que tivesse medo – Kimishita apontou para o velho – porém tudo aconteceu de uma só vez. Lisbeth e sua família estavam hospedados em nosso castelo fazia alguns dias e iriam partir pela tarde, foi então quando Lisbeth me convidou para ir ficar alguns dias em seu castelo.

- É verdade, lembro que você saiu na hora procurando seus pais para pedir se poderia ir.

- Exato. Primeiro procurei por todo lugar meu pai, mas não o encontrei, enquanto estava correndo avistei minha mãe ao longe no corredor. No mesmo momento em que me viu ela procurou se eu sabia onde estava meu pai. Disse que não sabia e logo em seguida pedi permissão para ir junto da família de Lisbeth para o reino vizinho, mas ela negou. Sem entender o motivo eu fiquei nervoso, desde que comecei a ficar mais velho minha estava cada vez menos presente em minha vida, eu já nem me lembrava qual foi a última vez que ela leu para mim. Também tinha as vezes em que ela entrava na floresta e simplesmente sumia voltando só mais tarde e nunca falava o que estava fazendo lá. Não aguentando tudo isso e ainda pelo fato de eu ser um adolescente com os hormônios a flor da pele gritei com minha mãe e disse que ela poderia morrer que eu não sentiria falta. Ela então começou a chorar pedindo desculpas e então saiu correndo.

- Kimishita não me diga que você brigou com sua mãe por minha causa?! – Lisbeth levantou com a voz alterada.

Ele olhou para os lados e disse baixinho:

- Foi um dos motivos.

Sem acreditar no que ouviu Lisbeth caiu sem forças no chão.

- Ésla morreu por minha cul...

- Não foi sua culpa!

Kimishita também se levantou com a voz alterada.

- Por favor deixe-me terminar.

Nesse momento Morasta também se levantou.

- Não estou me sentindo bem, acho que vou lá fora.

- Nessa chuva? Nem pensar. – Chilbora o segurou pelo braço.

- É sério, eu tenho qu...

- Não quer saber o que aconteceu com a rainha? – perguntei para ele que me olhou aflito.

- Já estou melhor. – disse Morasta que se sentou com uma cara preocupada.

- Continue Kimishita. – Bertrold fez sinal para ele prosseguir.

- Deixei que minha mãe corresse e voltei para dizer a Lisbeth que não poderia ir. Chegou à tarde e tanto meu pai quanto minha mãe não estavam quando o rei da Saxônia partiu. Eu já havia me acalmado um pouco por isso sai à procura de minha mãe para me desculpar pelo modo como falei com ela. Não tive dificuldade para encontrá-la pois ela estava parada em frente a uma porta aberta. “O que faz aqui mãe?” Foi o que perguntei antes de parar ao seu lado e ver o que ela via. Meu pai estava deitado completamente nu na cama com uma mulher que eu já vira mas não me lembrava o nome. “O senhor traiu a mamãe com outra mulher?! Você não pode deixar isso assim mãe, faça algo!” mas ao invés de gritar com seu marido ela correu. Novamente não me importei de ir atrás dela, fui tirar satisfações com meu pai, só que ele me empurrou para fora e se trancou. Instantes depois ele saiu eu entrei no quarto e a mulher que estava com ele ria sem parar. “Quem é você?!” mas ela só riu mais ainda ao escutar minha pergunta. Sai dali atrás de meu pai e após andar alguns metros o vi jogando o corpo contra uma porta tentando quebrá-la, sem sucesso ele sacou a espada e começou a golpear soltando lascas da madeira. Com raiva ele jogou a espada no chão e pegou um machado que estava próximo a uma estátua, com três golpes ele partiu a porta e entrou a toda velocidade. “Volte aqui pai! Não tente fugir...” eu passei pela porta e escorreguei. “O que é isso?” perguntei olhando para minha mão que estava vermelha ao entrar em contato com o sangue no chão, uma faca suja de sangue estava em cima da cama. A minha frente meu pai abraçava o corpo inerte de minha mãe que tinha cortes no pescoço e nos braços enquanto soluçava seu nome. “Ésla, Ésla, Ésla, Éslaaaa!!!!!” sem resposta ao chamar o nome de sua esposa meu pai se virou para mim. “Foi culpa dele! Isso tudo é culpa de meu pai!” Foi a partir desse momento que neguei que ele era meu pai e fechei todas minhas emoções para ele, a única coisa que sentia era ódio. Nos dois nos encaramos e dissemos juntos: “Ela morreu porque você foi fraco.”

“Como pode aguentar isso?” pensei quando Kimishita cessou a fala.

O velho estava em total silêncio, Lisbeth parecia um papel de tão branca, Bertrold parecia incrédulo, Chilbora não conseguia acreditar que o que ouvirá era verdade, minha irmã olhava com pena para Kimishita e Morasta suava.

- O castelo virou uma confusão enorme, porém meu pai reuniu todos e disse que que deveriam se acalmar, e olhou para mim como se dissesse que conversaria mais tarde comigo. Com vários sentimentos dentro de mim eu sai para fora e comecei a gritar enquanto corria o máximo que conseguia, até que tropecei e cai. Amaldiçoei o que provocou minha queda e ao virar para ver o que era a espada de minha mãe estava jogada embaixo do pé de cedro que ela plantará, não sei o porquê mas eu peguei a espada e voltei a correr com ela na mão cortando tudo que eu conseguia. Uma semana se passou até que eu decidi fugir. Ao pegar algumas coisas que precisava e a espada de minha mãe eu sai pela noite e quando estava para entrar na floresta vi a mulher que estivera com meu pai na cama, deixei ela pegar um pouco de distância e comecei a segui-la, mas uma voz próxima a mim me parou: “Aonde pensa que vai?” meu pai estava parado atrás de mim, as olheiras já eram bem visíveis nele. Sem dar resposta a ele comecei a atacá-lo. Eu nunca havia ganho uma luta contra ele e também nunca ouvi falar sobre alguém que ganhou dele, mas naquela noite eu prevaleci. Caído no chão ele me disse: “O que você está fazendo é uma injustiça, está culpando a pessoa errada.” Não me importei com o que ele falou e virando de costas eu corri, somente corri. Algumas horas depois quando estava quase caindo de cansaço avistei uma casa, era onde você morava velho – Kimishita apontou para Pith – nos dois quase nos matamos até você descobrir que eu era filho de Zacarias.

- Teria te matado se não fosse por isso.

- Você sempre foi muito esquentado. Você aceitou ser meu mestre, e disse que meu treinamento seria ir comprar uma cerveja para você. Indo a cidade eu percebi que não trouxera dinheiro comigo, então decidi roubar.

- Foi aí que nos conhecemos.

- Sim, Bertrold me bateu até eu ficar irreconhecível. A partir disso comecei a conhecer cada vez mais pessoas, Selka, Asterok...

- E você voltou sem minha cerveja.

- Sério que vai me cobrar depois de nove anos?

- Deveria ser grato por eu ter treinado você.

- Eu mais lutava contra os lobos e ursos do que contra um adversário de verdade.

- Esse era meu treinamento para você.

- Espera um pouco, me ajudem a entender melhor – fiz sinal para me explicarem – Você ficou bravo pois sua mãe não deixou ir para a Saxônia com Lisbeth?

- Sim.

- E depois disse para sua mãe morrer. Mais tarde ela viu seu pai com outra mulher e você também, logo em seguida ela correu, mas você ficou para brigar com seu pai, ele não deu a mínima e foi atrás de sua mãe, mas achou uma porta trancada.

- Era a porta do quarto deles.

- Ele cortou a porta e ao entrar vocês dois acharam sua mãe morta com cortes e uma faca, mas como sabiam se ela havia se suicidado mesmo? Alguém poderia estar no quarto esperando para matá-la.

- Não. Ninguém a matou.

Morasta se jogou no chão com a cabeça abaixada, ele chorava enquanto falava:

- Kimishita... eu estava ao lado de sua mãe enquanto ela se matava.



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