História DUPLE (Larry A.B.O.) - Quit (Alternative Chapter)

"I can't quit you...
Yeah, I'm gonna regret it..." - Ariana Grande

Narrador's P.O.V.

Durante as madugadas o menino aproveitava para passear, e assim clarear um pouco sua mente...

Harry tinha esse costume de sair durante as primeiras horas da madrugada e vagar sem rumo quando se via perdido em meio à um turbilhão de pensamentos. Quando nada parecia estar em seu devido lugar, ele simplesmente andava por aí enquanto organizava cada coisinha em sua mente de forma que, talvez, quando voltasse para casa, se sentisse um pouco melhor.

Styles estava cansado. Ele estava cansado de tudo e de todos. Estava cansado de seu colégio. Estava cansado de sua família. O cacheado já não aguentava mais ser apenas um "menino prodígio" que tinha sua vida praticamente regida por alheios, mas nunca por si mesmo. A pressão sobre ele era enorme e isso o desgastava ao ponto do de olhos verdes se ver sem forças para lutar por si só.

No fundo ele sabia que estava doente, porém se recusava a acreditar. Harry sabia o que era, afinal já teve aquilo antes, mas ainda se recusava a acreditar! Em sua mente era impossível ele estar doente e ele não iria simplesmente aceitar, mas era um fato: Harry estava doente! O peso em sua mente era muito menor se comparado ao em seu peito.

Styles sentia dor por querer chorar e não conseguir...

Ele sofria e se engasgava com tudo o que era reprimido e se amontoava em sua garganta, lutando para sair...

Ele se sentia completamente vazio, perdido e sozinho, mesmo rodeado de várias pessoas.

Esse era Harry Edwards Styles.

Mesmo estando completamente desnorteado, uma única voz ainda era capaz de soar com clareza em sua mente. Louis, o belo menino de olhos azuis, havia se tornando um pilar para Harry. O garoto achava surpreendente a maneira como Tomlinson tão rapidamente se tornou uma parte importante de sua vida. Ele não se via mais sem sua "preciosa pérola", como gostava de chamá-lo.

No fundo ele sabia que sua relação com Louis não era, nem de longe, saudável. Bom, talvez a relação fosse, porém eles consideravelmente não eram. Havia um certo sentimento de obsessão de ambos por ambos, e isso não era bom, mas Harry não dava a mínima. Ele não media as consequências que aquilo poderia causar e não se importava com a dor que poderia sentir.

Ele não se importava com nada além de Louis!

Em algumas poucas semanas, depois de se conhecerem por acaso, os garotos viraram amigos e logo se apaixonaram. Tudo de forma rápida, intensa, quase destrutiva. Styles agradecia aos céus por ter Louis em sua vida. Ele se surpreendia por ter conseguido se tornar amigo do garoto tímido e antisocial que fazia questão de afastar todos de si por achar que não era bom o suficiente para ninguém, mas ele agradecia todos os dias por isso.

Tomlinson pensava que faria mal as pessoas, que seria um estorvo, porém o cacheado não pensava assim. Ele conseguia enxergar Louis muito além do que o próprio menino se enxergava, e isso o fez se apaixonar rápida e furiosamente pelo garoto dos olhos azuis. Todos os dias eles conversavam por mensagem e, por morarem longe um do outro, não tinham muita opção, mas eles não se importavam. Ao menos Harry não. Ele apenas queria de alguma forma cuidar de Louis, mesmo que o mais novo não o compreendesse. Tomlinson não compreendia o motivo de alguém como Harry querer algo com alguém como ele, e por muitas vezes não acreditava nas palavras do cacheado, por mais que ele tentasse. Ele se julgava inútil, um peso, e sempre tinha medo de acabar magoando Styles, mesmo que este sempre o dissesse que estava tudo bem.

Afinal, para Harry, estava tudo bem!

Ele apenas queria de alguma forma poder amar seu precioso Louis!

Mesmo com tudo isso, mesmo com todas as palavras, todos os gestos, Tomlinson se afastou de Harry. Isso deixou o garoto completamente devastado! O mais novo era importante demais para ele, e havia se tornado uma âncora para Styles, mesmo que não soubesse. O de olhos verdes se sentia triste, confuso, irado, e ao mesmo tempo destruído. No dia em que Louis mandou sua última mensagem, um pedido de desculpas e um desejo de boa sorte, ele estava em seu colégio. Seria apenas mais um dia normal onde Harry seria novamente o centro das atenções, receberia dezenas de elogios e logo voltaria para a solidão de sua casa, apenas para, como de costume, conversar com Louis até que ambos pegassem no sono. Tudo normal, a não ser por aquela mensagem...

Não posso dizer que Harry não se deixou abalar...

Afinal, como não se abalar quando uma pessoa importante para você resolve simplesmente te deixar?

Depois daquele simples textinho, o dia do cacheado virou de cabeça para baixo. Tudo passou a dar errado e em sua mente só existia lugar para Louis, Louis, e mais Louis. O dia se passou com Harry sorrindo por fora, enquanto chorava por dentro. Sua raiva acabou o afetando e fazendo com que nada que fizesse saísse como queria, e isso porque ele apenas se preocupava em, de alguma forma, falar com o mais novo.

- Ele não pode fazer isso comigo... Não pode! - Repetiu pela centésima vez enquanto limpava as lágrimas grossas que corriam por seu rosto. O coração do cacheado estava partido em milhões de pequenos pedacinhos. - Será que esse desgraçado não se deu conta de que eu o amo?!

Chuva.

As gotas pesadas de água começaram a cair, deixando o garoto completamente enxarcado. Normalmente ele se desesperaria com aquilo por odiar se molhar com a chuva, porém não se importou. Deixou suas roupas se molharem, e a água fria se misturar com as gotas quentes que brotavam de seus olhos. Talvez aquilo levasse embora toda a sua tristeza junto com a água que escorria de seu corpo para o chão e logo se perdia em um boeiro qualquer.

- Meu Deus, Louis... Você não tem ideia do quanto eu te amo! - Riu sem humor.

- Hey, garoto! Você vai ficar doente andando nessa chuva! - Um senhor dentro de um carro disse para o cacheado, porém foi ignorado pelo mesmo, que apenas seguiu sua caminhada sem rumo.

Doente...

Harry já era doente!

Quando tinha apenas 14 anos o cacheado fora diagnosticado com depressão. Na verdade não fora diagnosticado já que sua família, por ser religiosa, não acreditava naquilo, porém ele já sabia o que era. Ele já estudou sobre aquilo, e sabia o que era! A tristeza, a perda do amor pela vida, a solidão, o cansaço... Sintomas simples que passaram despercebidos aos olhos de todos que diziam amá-lo, mas que não eram despercebidos pelo menino. Aos 15, Harry conheceu a dor dos cortes e rapidamente se viciou naquilo. Ele via uma saída na dor que sentia em seus pulsos toda vez que fazia cortes profundos. Ele achava linda a forma como o sangue, sempre tão vermelho, escorria pelas feridas abertas e se misturava a água do chuveiro. Mas era sempre tudo tão rápido, um alívio tão passageiro, que logo se via obrigado a fazer mais e mais!

Styles se indignava com a maneira como ninguém notava sua dor. Ninguém notava os cortes em seus pulsos, por mais que não fizesse a mínima questão de escondê-los. Ninguém enxergava seu silencioso pedido de socorro que gritava em plenos pulmões por trás de seus olhos vazios e sorrisos forçados. Porra, como poderiam ser tão cegos?! Ele estava morrendo bem diante de seus olhos e ninguém notava? Mas, sozinho, o garoto conseguiu superar, e não se arrependida do que fez pois aquilo o tornou mais forte para enfrentar a vida.

O único problema é que um pedaço de sua alma parecia ter sido tirada de si...

Aos 18 anos, Harry havia se tornado um ser inabalável. Nada o atingia, nada o preocupava. Havia decidido toda sua vida, era bem resolvido consigo mesmo e, acima de tudo, passou a se amar mais. No colégio, virou um foco por seu jeito extroverdido e, principalmente, por seu talento. Um menino prodígio, querido por todos. Todos amavam o cacheado, porém colocavam um peso enorme sobre seus ombros.

Styles era forte, porém não era de ferro!

Lentamente ele acabou se cansando e, graças a isso, adoecendo. Toda a pressão dos amigos e do colégio o afetava. Quando sua família descobriu que ele era gay, tudo simplesmente piorou! Brigas, conflitos, discussões, ódio... Todas essas coisas se tornaram normais na vida do garoto. Estar em "casa" acabou se tornando extremamente sufocante. Isso fez Harry adoecer.

Mas aí, como um presente divino, chegou Louis!

Tomlinson era apenas um menino "normal". Se via sempre como menos que Harry, por não saber fazer tantas coisas como o cacheado sabia, porém o mais velho sempre o enxergou como alguém maravilhoso. Sempre o viu com um olhar de ternura, e lutava para passar um pouco do que via para o outro. Para ele, Louis poderia ser e fazer qualquer coisa, que ele ainda iria o querer, apenas por ser Louis. O pequeno menino tímido que tinha muitos problemas, assim como o cacheado, rapidamente conquistou espaço em seu frio e partido coração.

Talvez Harry tivesse se enxergado nos problemas de Louis...

Talvez por isso o amasse tanto!

De fato o de olhos azuis não era fácil de se lidar, mas isso não importava para o outro. Quanto mais conhecia o menor, mais vontade de cuidar dele Styles tinha. Tomlinson era apenas mais um menino quebrado e, de certa forma, errado, mas ele também era. Sua alma gêmea, como gostava de dizer.

- Eu... Eu não vou desistir de você, Lou... Eu não posso! - Sussurrou.

O queixo do garoto já batia por conta do frio que estava sentindo, mas ele não se importava. Não dava a mínima para nada!

Apenas continuava sua triste caminhada...

Foi quando Harry resolveu tentar algo. Correu até algum lugar para que pudesse se abrigar da chuva, e logo achou. Assim que estava longe de toda a água, puxou seu celular e torceu para que não tivesse pifado, porém, para sua surpresa, o aparelho era a única coisa seca.

- É um sinal! - Disse.

Styles discou o número dele. Sabia que era em vão, até porque o mais novo não gostava de falar, e mal o havia deixado ouvir sua voz. Louis odiava falar, e odiava mais ainda ligações, então nunca as atendia... Porém ele iria tentar! Discou o número e esperou.

Um toque...

Dois toques...

Dez toques...

Nada.

- De novo! - O cacheado estava decidido, e sabia que Louis não poderia ignorá-lo para sempre. Não poderia simplesmente o excluir de sua vida dessa forma!

Desta vez no primeiro toque a ligação foi atendida. Harry sorriu, mas não sabia muito bem o que fazer depois disso.

- Alô... - A voz de Tomlinson soou fraca do outro lado, porém foi o suficiente para fazer o coração do menino disparar.

- Louis! Meu Deus, você atendeu! - O mais velho estava quase surtando pela felicidade.

- Vou desligar...

- Não, Louis, não faz isso! Por favor! - Pediu. Ele notou que a ligação ainda não havia sido encerrada, e quando se esforçava ouvia a respiração pesada de seu... Amigo? O que Louis era seu? - Lou, você precisa me ouvir! Eu te amo, porra! Você não pode me ignorar dessa forma!

- Harry, eu não posso mais falar com você... - Sussurrou.

- Ora, e por que não?

- Porque eu vou fazer mal pra você, Harry! Logo você vai se cansar de mim como todos fazem, então é melhor eu não falar mais com você...

- Você tem noção da merda que está falando?! EU NUNCA VOU ME CANSAR DE VOCÊ! - Gritou. Novamente lágrimas começaram a rolar por seus olhos mas talvez, na verdade, elas nunca tenham deixado de cair. - Louis, eu sou completamente apaixonado por você, poxa...

- Mas você ama o Nicki. - Ralhou, lembrando do melhor amigo de Harry, o qual o cacheado era completamente apaixonado em segredo.

- Mas ele não quer nada comigo, e eu não posso ficar sofrendo pelo resto da vida! E eu não amo ele! Porra, Louis...

- Adeus, Harry.

- LOUIS, NÃ... - Sua fala foi interrompida com o som da ligação sendo encerrada.

O que ele iria fazer?

Afinal, o que ele poderia fazer a mais para provar para sua pérola que ele a amava?

Harry chorou. Apenas chorou, como nunca havia feito antes. Chorou com todas as suas forças, e deixou sair tudo o que estava se prendendo há anos. Ele estava sentindo tanta, tanta dor, que chegava a se afogar nela.

Ele iria tentar ligar de novo!

Discou novamente o número, e esperou enquanto tocava. Inconscientemente Styles estava andando de um lado para o outro, coisa que só fazia quando estava completamente nervoso.

Louis não iria atender, e ele sabia disso, porém se recusava a aceitar! Ele não poderia simplesmente desistir!

- PORRA, LOUIS!

Harry começou a andar em direção a rua, ainda com o celular no ouvido. Ele caminhou de forma distraída, sem se dar conta que, rapidamente, um veículo se aproximava.

Tudo muito rápido...

Uma freada alta foi ouvida, assustando o menino, e logo veio o baque...

Para Styles nada fazia muito sentido. Sua vida passou tão rápido diante de seus olhos que, se fosse há tempos atrás, ele diria ser impossível.

O corpo do menino foi lançado para o alto de maneira rápida, e caiu, batendo com tudo no chão, produzindo um som ensurdecedor...

Toda a dor simplesmente se dissipou quando a vida de Harry resolveu o deixar...

Mas, ainda assim, em seu último segundo ele ainda pensou no belo menino dos olhos azuis que havia conquistado um espaço importante em seu coração...

Louis.