Camila Cabello
Acordei espreguiçando-me e de muito bom humor, o que não era tão comum assim, ainda mais por todos os dias eu ser acordada com barulhos do lado de fora, causados por meus amigos e companheiros de trabalho. Sentei na cama e puxei meu travesseiro para abraça-lo, repassei minhas lembranças da noite anterior: Lauren tinha sido extremamente preocupada, atenciosa e carinhosa, além do mais, ela revelou que gosta de mim, não há nada que deixe uma mulher mais feliz do que pizza, chocolate e saber que a pessoa que se gosta, também sente algo. Passei a mão no cabelo, verificando o quão embaraçado ele estava e olhei para o criado mudo onde meu celular estava aceso, puxei e li a mensagem de Lauren. “A noite passada foi maravilhosa, pergunto-me quantas fugas da realidade ainda posso realizar para você se sentir no mínimo um pouco melhor? Ainda não encontrei um número, mas encontrei uma outra fuga, foge comigo?”
E novamente eu me senti bem e em casa, senti a ida boa que eu sempre levei em Nova York, só que agora mais completa, agora sentindo algo alem de amor pelo trabalho, sorri e respondi apenas com um “para qualquer lugar”.
Após toda a manhã e tarde assinando papéis, finalmente toda minha equipe uniu-se em minha frente, marquei uma pequena reunião dez minutos antes da troca de plantão, cheguei e sentei em minha mesa, observando cada rosto conhecido, todos claramente cansados.
- Boa tarde equipe.
- Bom tarde. –Todos responderam quase juntos.
- Convoquei a todos aqui hoje para parabenizar a equipe maravilhosamente empenhada que vocês são. Admiro a união que vocês têm, o tato para o que estão fazendo, isso é incrível, fico feliz de estar a frente de toda operação que realizamos. Obrigada por toparem virem para cá com o laboratório, isso é muito importante. Conversei com o tesoureiro e nós estaremos cedendo uma bonificação a cada um de vocês. Estou acompanhando todas as investigações e sinto-me realmente impressionada com a capacidade de vocês. Obrigada por toda a dedicação, tenham uma ótima noite de trabalho e de descanso para quem está indo para casa. –Todos saíram comemorando, com um sorriso no rosto, cruzei meus braços e fiquei observando meus funcionários, eles realmente eram bons.
- Mila? –Levei um susto ao perceber que Dinah estava ao meu lado. –Calma mulher, esta sendo perseguida para tanto susto?
- Como você é idiota Dinah! –Ri e dei um beijo em sua bochecha, sentei em minha cadeira e observei-a sentar na cadeira em frente a minha mesa.
- Sempre! –Ela riu e colocou uma pasta em minha frente. –Caso da Erica Sanches.
- Encerrado?
- Encerrado, adivinha quem foi à peça fundamental? Euzinha!
- Como assim?
- Cheguei até o suspeito que ninguém desconfiava. –Ela se jogou para trás, deitando na cadeira. –Ela era uma stripper de uma grande casa noturna, e ela estava grávida, sendo que a casa é claramente contra DST e gravidez. Eu estranhei a casa de strippers de luxo aceitarem uma garota grávida, foi ai que fomos atrás do Senhor Moustache, ele tentou o tempo todo se mostrar abalado com a perda, mas ele não esperava que seu DNA ficasse alojado em arranhões na nuca da vitima e na vagina dela. Eram quatro diferentes espermas, sendo o dele o mais “fresco”. Durante o interrogatório, Normani me ligou avisando dos arranhões encobertos pelo cabelo e então o suspeito confessou.
- Nossa Dinah, você foi ótima. –Sorri com sinceridade. –Gosto desse seu jeito detalhista, ninguém nunca nota que por trás de tantas brincadeiras, existe alguém extremamente detalhista.
- Obrigada Mila.
- Dinah, irei assinar essa papelada, você poderia ir representando o laboratório nessa audiência?
- Você está falando sério? –Ela me olhou com a boca aberta.
- Por que não estaria? Você é competente, assumiu o caso e foi incrível, na audiência apenas quem vive o caso consegue espaço.
- Claro que posso Mila, obrigada. –Ela estava visivelmente animada, alguém sempre a barrava em Nova York, mesmo quando eu mandava, aqui era diferente, todas as atenções eram voltadas para mim, então ela iria assumir. Assinei os papeis em minha frente, passando o olhar rapidamente e devolvi para minha amiga, ela logo se despediu e retirou-se. Puxei meu celular e abri a mensagem de Lauren. “Em 30 minutos esteja com alguma roupa nem um pouco formal e que seja leve, te encontro na porta do quarto”, olhei para o relógio e percebi que eram 17:00, levantei ajeitando algumas coisas e fui para o meu quarto, preparei uma calça de moletom um pouco mais justa e uma regata, fui para um banho rápido.
Ouvi alguém bater na porta e fui até ela abrindo rapidamente.
- Quase uma britânica, Jauregui. – Sua risada foi audível e senti meu rosto estremecer.
- Quase! E você está linda. –Olhei seu look, ela estava de jeans e jaqueta, passei a me sentir uma idiota por colocar meu moletom.
- Obrigada, mas não era algo, não-formal?
- É sim, você vai entender. –Ela me puxou levemente pela mão, fui seguindo-a pela casa até o elevador, onde novamente ela acionou o botão do terraço.
Lauren segurou firme minha mão e saímos para o terraço, ele agora tinha uma rede protetora ao seu redor, estranhei e continuei andando, ela tomou a frente me soltando. Gelei ao vê-la abaixar a calça, mas logo meu corpo relaxou ao notar que a mesma estava com um shorts soltinho, ela colocou a calça e a jaqueta na cadeira, retirou seu coldre e colocou junto, me chamando. Aproximei-me aos poucos e percebi que ela estava com sua camiseta de vôlei “Jauregui 7”.
- Eu te ensinou a jogar e você me ensina algum experimento, que tal?
- Você está me zoando porque sabe que sou péssima. –Revirei o olho.
- Na verdade eu não quero passa vergonha com minha garota sendo péssima no esporte que me saio melhor. –“Minha garota”, senti meu corpo estremecer, soltei um leve sorriso e balancei a cabeça.
Ela me puxou pela mão, pegou uma bola que estava no canto do terraço e me soltou.
- Camila, você tem ao menos noção de saque, bloqueio, manchete? –Balancei a cabeça negativamente. –Droga, sua situação é pior do que eu esperava. Isso é um saque por cima, ou flutuante. –Ela jogou a bola alta e um pouco para frente, na medida em que a bola ia descendo, ela correu, deu um salto e a palma de sua mão acertou em cheio a bola, arrepiei, sentindo dor na palma da minha mão, devido ao barulho que fez, mas a bola foi lançada longe, teríamos perdido-a se não fosse à rede protetora. –Sua vez!
- Eu não vou machucar minha mão fazendo esse saquê!
- Saquê é bebida Camila Cabello, isso foi um saque, você pega essa bola e me imita. –Ela falou sério demais, peguei a bola e joguei para cima, fiquei olhando-a e me preparando para bater, mas errei o calculo e ela veio direta contra meu rosto, cai segurando minha testa. –Droga! Camz, você está bem? –Senti Lauren puxar-me pela nuca e me abraçar.
- Acho que sim, acho que morri e tem um anjo me olhando. –Sussurrei e tirei a mão do rosto.
- Palhaça, ok, você é péssima, eu aceito e não vou ter vergonha. –Ela balançou a cabeça e olhou para minha testa. –Isso talvez vá dar um galo. –Ela assoprou e passou a mão, provavelmente tirando alguma poeira.
- Sem problemas, os galos me adoram. –Ri por me auto envergonhar pelo meu péssimo jeito para esportes, exceto corrida. –Ainda posso te ensinar um experimento?
- Claro que pode. –Ela sorriu e beijou meus lábios levemente. –Você está bem mesmo?
- Talvez com mais um beijo eu fique. –Ela riu e aproximou novamente beijando-me suavemente.
- Tem um experimento que sou louca para aprender. –Ela sorriu. –Sangue do diabo.
- Você sabe os ingredientes? –Levantamos lentamente e ela me abraçou pela cintura.
- Já estão todos na bancada. –Ela apontou para um canto ao lado da porta que até então eu não havia notado.
- Certo, eu te ensino. –Nos aproximamos da bancada e avaliei cada um dos ingredientes, preparei um Becker e uma espátula. -Misture a fenolftaleína com o álcool. –Falei apontando para ela jogar o fenol no Becker do álcool, ela o fez. –Agora mexe bem e depois joga esse líquido na água. –Coloquei dois dedos de água no Becker vazio e ela jogou a mistura dentro.-Mexa novamente e coloca amoníaco. –Ela o fez e se encantou com o liquido vermelho, peguei uma seringa, puxei um pouco da mistura e joguei em minha camiseta, deixando-a manchada, chacoalhei, fazendo com que sumisse.
- Como isso acontece Camz?
-O líquido ficou vermelho, porque a fenolftaleína muda de cor na presença de alguma substância básica, que no caso é o amoníaco). Substâncias básicas são aquelas que reagem com os ácidos, neutralizando-os, sabe? –Ela balançou cabeça positivamente. – De modo mais grosso, eles são “o contrário” dos ácidos. Quando essa mistura vermelha é jogada em alguma superfície, a amônia presente no amoníaco desaparece, e a mistura deixa de ser básica, voltando a ser neutra. A fenolftaleína, que estava vermelha, volta a ser branca.
- Mágico isso! Eu sempre acreditei em mágicas.
- E eu sempre acreditei na ciência. –Ela riu.
- Estraga prazeres!
Lauren Jauregui
- Acho que mereço um beijo por ter conseguido fazer um bom experimento?
Sorri arrancando um riso fácil dela e ganhando um beijo demorado e carinhoso, uma das mãos de Camila acariciava lentamente minha nuca enquanto eu abraçava forte sua cintura. Depois de alguns beijos igualmente carinhosos e vários selinhos era hora de voltarmos para o apartamento, já que sabíamos que vários membros da equipe estariam de plantão naquela noite, incluindo a equipe de Camila.
Desci segurando o Becker orgulhosa por ter conseguido impressioná-la aprendendo algo do seu dia a dia, Camila sorria ao meu lado e eu não tirava meus olhos dos dela. Entramos no apartamento e me aproximei de sua mesa com ela, Camila não ficaria de plantão naquela noite, mas havia parado para pegar alguns papeis em sua mesa.
- Olá meninas! – olhamos juntas para a porta e lá estava Vero vestindo uma camiseta branca, com calça do exercito e coturno
- O que você quer sombra? - Camila perguntou seca
- Me trata com respeito garotinha!
- Meninas, parem, por favor. – tentei evitar que discutissem
- Olha aqui Verônica, garotinha é você que fica 24 horas tentando se aparecer, precisa tanto de holofotes, não é mesmo?
Vero se aproximou perigosamente de Camila e entrei em estado de atenção trocando um rápido olhar com Liam que estava atento na porta da cozinha.
- Eu não preciso, mas já que eles passam a maior parte do tempo em mim, sem problemas.
Ela debruçou sobre a mesa fazendo graça e automaticamente Camila pegou o Becker de minha mão e lançou todo o liquido vermelho em sua camiseta
– Qual o seu problema Cabello? - berrou atraindo a atenção de todos
- Você é o meu único problema Verônica Iglesias! Você se acha grande coisa e não é nada, me acha a garotinha, mas a garotinha nota de longe, aliás a garotinha é capaz de preparar um sangue do diabo, que para sua informação sai só com um chacoalhar, burra. – Camila gargalhou alto demais, provocando fúria nos olhos da outra
- Só chacoalhar? Ok.
Vero puxou sua camiseta retirando-a, exibindo seu corpo bronzeado definido, com um sutiã bem destacado, foi impossível não reparar em como seu corpo havia evoluído dos tempos de escola, ela passou a chacoalhar a camiseta em frente à Camila claramente a provocando, piscou pra mim e se afastou em direção ao corredor dos quartos, porém Ally parou de braços cruzados em sua frente com aquela expressão de quem está prestes a matar alguém. Quase tremi de medo sabendo que esse alguém poderia ser eu.
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