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História É Errado Te Amar? (em revisão) - Sentimentos e Emoções Em Conflito


Escrita por: Akisa-sann

Capítulo 19 - Sentimentos e Emoções Em Conflito


Havia algo errado...

Willian podia sentir, mas não sabia dizer o quê exatamente, apenas sentia-se mais inquieto que o normal, como se estivesse esperando uma má notícia. Ele estava na cozinha preparando alguma coisa comestível para comer com Ethan quando ouviu a porta da entrada principal se abrir e então passos apressados na sala; o garoto franziu as sobrancelhas, afinal tinha certeza que Ethan lhe dissera que iria para seu quarto e não embora. Ele sentiu vontade de ir olhar, mas não queria acreditar que o garoto fugiria, então deu de ombros e continuou o que estava fazendo, ignorando a sirene de alerta em sua cabeça. Quando finalmente terminou de preparar a comida, subiu cauteloso as escadas e ao se aproximar ouviu vozes vindas do quarto. Imediatamente seu corpo tensionou, afinal não podia ser quem ele achava que era, certo?

Engoliu em seco se aproximando sorrateiramente do cômodo, percebendo que a voz que se sobressaía era realmente de quem ele menos queria ouvir: Érika. Ela estava mesmo ali? Tinha mesmo ido até sua casa? Por quê? Não achava que ela sabia que Ethan estava ali, então deduziu que ela havia ido até lá conversar ou algo do tipo, afinal nem mesmo o próprio Ethan sabia que iria até lá naquele dia... Intuição feminina era uma coisa macabra.

Ele chegou à entrada do quarto e espiou dentro, seu coração falhando uma batida. Ethan, ainda de roupão, estava sentado em posição de lotos encarando uma Erika chorosa, também sentava ao seu lado na cama. Uma pontada de medo do que ela podia ter dito correu fria por sua espinha, mas em questão de segundos aquele sentimento foi substituído por uma subta raiva da garota por continuar se metendo na sua vida sem ser chamada.

Willian continuou imóvel em seu lugar, junto à porta, até que o garoto percebeu sua sombra na porta e olhou para aquela direção. Ele não sabia como podia ser gratificante a cara de espanto de Erika até vê-la. Ela se levantou rapidamente encarando-o, mas continuou em silêncio. Ele colocou a bandeja com a comida na estante e os encarou muito sério, Ethan não lhe olhava nos olhos. No meio do quarto ele parou.

— O que você está fazendo? — perguntou à garota.

— Willian... — Ethan começou a falar se levantando também.

— Você fique quieto! — o garoto tornou a se sentar e fechou a boca.

Erika engoliu em seco olhando para Willian, que permanecia imóvel olhando para os dois, ela tinha lágrimas nos olhos enquanto Ethan apenas encarava de volta e Willian sentia o peso do mundo sobre as costas. Finalmente aquela situação toda parecia começar a ficar clara em sua cabeça. Agora Erika sabia de quem ele estava gostando e se ela estava ali, com certeza tinha um bom motivo, porque ela era muito orgulhosa para ir até sua casa simplesmente pedir para voltar para ele. E ainda tinha arrastado Ethan para toda aquela bagunça que era a sua relação com a garota. Suspirou e tornou a caminhar até a porta.

— Eu não sei porque você veio até aqui, mas vá embora, Érika! Esse é o pior momento pra você estar aqui. — Erika lhe encarou com raiva.

— Como você pode estar fazendo isso comigo, Willian? — ela lhe olhava com olhos cheios de ressentimento e preocupação — Você já se esqueceu o que aconteceu ano passado? Esqueceu o que eu tive que fazer por você?

— Não Erika, eu não esqueci, mas nós não vamos falar sobre isso agora, certo? Por favor, vá embora.

— Você tem ideia do tamanho da humilhação que eu passei por você esse último ano? — suas lágrimas misturadas àmaquiagem manchavam seu rosto de preto — Você sabe o que vai acontecer se continuar com essa loucura, não sabe? Você não é mais uma criança, pare de agir como uma! E se alguém descobrir? Meu esforço não significa nada pra você? Você esqueceu do nosso acordo? Você não pode fazer isso comigo!

— Erika... não teremos essa conversa novamente, e não aqui, então, por favor, só saia. Você não é minha mãe, então não haja como se fosse. — no fundo, Willian sabia que ela não estava ressentida pelo namoro ter acabado, nunca tinham se amado daquele jeito mesmo, estava mesmo era preocupada com ele, afinal eram doze anos de amizade; ela o conhecia bem demais, e também a sua condição.

— O que você disse, seu babaca? Nós três sabemos que eu sou a melhor opção no momento! Seus pais não gostam de mim, mas pelo sou uma mulher, assim como sua querida mãe quer, essa foi a condição dela para não te arrastar com ela para aquele fim de mundo que ela mora, não foi? "Não vamos chamar atenção", esse foi o combinado.

— Erika...

— Você pode fazer o que quiser com esse... garoto idiota, mas não termine o nosso namoro. Vamos manter o disfarce pelo menos por agora Este é seu último ano na escola e depois eu terei a desculpa perfeita para dar aos meus pais de que estamos namorando a distância, e você vai estar na faculdade, não vai ter tempo para bobagens como namoro, então não vai levantar suspeitas mesmo estando em um relacionamento com Ethan.

— Não é tão simples assim e você sabe disso, não sabe?

— Escuta, eu não estou pedindo para você continuar transando comigo, se é o que você está pensando. Também estou me fudendo para com quem você transa, estou falando de aparências, afinal não é disso que todos nós vivemos? — a esse ponto ela já parecia desesperada — Deixe as pessoas continuarem acreditando no casal perfeito que somos até o final do ano, afinal falta menos de três meses; eu vou te dar todo o apoio que eu puder depois, mas agora é um risco que nós não precisamos e nem podemos correr, Willian. Eu sei que você pode esperar um pouco mais e se esse idiota gosta mesmo de você, ele também vai te esperar.

— Erika, será que você ainda não entendeu? Eu estou exausto! — a garota apertou os lábios trêmulos nitidamente abalada com aquilo — Será que eu sou uma pessoa tão ruim assim por querer sentir que sou eu mesmo, que esta é a minha vida e não a de alguém que eu não conheço mais? Quero terminar o ano sentindo que não perdi nenhuma parte de mim no caminho, porque, porra, é assim que me sinto a cada novo ano, as vezes realmente acho que já não sei mais quem eu sou... Isso é pedir demais? Estou cansado de viver pisando em ovos, atento a tudo e a todos. Como me comporto, como falo, como me visto. Eu estou cansado pra caralho disso tudo! — o garoto sentiu a voz falhar e se calou.

— E o que você espera que eu faça?

— Eu só quero me permitir sentir essa felicidade que estou sentindo agora sem dedos apontados. Pensei que você seria a única que me entenderia, afinal você é igual, não é? Bom, pelo visto pensei errado.

— Não é nada disso e você sabe. Isso não é só sobre você, Willian. — a garota caminhou a passos largos diminuindo a distância entre os dois, as lágrimas ainda escorrendo — Não posso me casar com Sebastian, e você sabe que não é só por mim, mas por ele também. Você não entende, não é? Estamos todos no mesmo barco, somos todos iguais... Se sua mãe não lhe aceitou, o que faz você pensar que nossos pais nos aceitariam? Você sabe exatamente o que aconteceu comigo para ser obrigada a casar assim que terminar a faculdade.

Willian a encarou, ela tremia e chorava devastada, parecia muito pequena e frágil na frente dos dois garotos, que a olhavam boquiaberto e chocado para Ethan, e cheio de remorso e tristeza para Will. Ele sabia do que a garota estava falando, afinal ela era exatamente como ele, vivia de aparências desde que se entendia por gente, era obrigada a casar com alguém que não queria porque os pais não aceitavam quem a filha era e haviam arranjado um arremedo de casamento para empurrá-la no molde que haviam criado.

Tão pouco Sebastian se salvava daquela bagunça, afinal estava tão confuso quanto eles sobre quem era e o que queria se tornar. Na verdade a vida de todos ao seu redor era uma bagunça, exatamente igual a sua, e naquele momento nem podia se sentir miserável, porque não era o único com uma com problemas familiares e uma vida já toda decidida por pais manipuladores.

— Eu não posso mudar a família que nasci, então só quero aproveitar ao máximo o que estou sentindo agora. Você devia fazer o mesmo, Erika.

— Não jogue pro alto tudo o que eu consegui com tanto sacrifício, Willian... tudo o que nós conseguimos, por algo tão incerto como essa felicidade que você acha que está sentindo. Pare de ser um babaca que só pensa em si mesmo ao menos uma vez na sua vida e faça as coisas certas pelo menos dessa vez. — a garota ergueu a mão e depositou um tapa no seu peito — Não estrague tudo como você estragou antes! É por você agir assim e ser um covarde, que as coisas não deram certo com você e o Ciro. Se você continuar assim, também não terá mais a chance de me chamar de amiga e fará o Sebastian te odiar ainda mais...

— Não dou a mínima para o que o Sebastian quer. — o garoto sentiu a raiva de antes tornar a esquentar em seu peito a partir de onde a garota lhe batera — Ele já me odeia, eu não posso mudar quem sou, está bem? Me desculpa por ser quem eu sou.

— E é por você pensar assim que as coisas estão do jeito que estão com o Matthew. Você só olha para si mesmo, nunca pensa no lado das pessoas.

Ao som daquele nome, a raiva que estava apenas rondando seu corpo, finalmente reacendeu como um incêndio dentro do peito do garoto; suas pupilas dilataram e suas íris eram um mar dourado de raiva e incerteza. Ele encarou a garota como se ela fosse um verme, nem um pingo do carinho que sentia por ela naquele momento existia, se foi no momento em que ela disse aquele nome. Ethan, ainda sentado na cama, assistia a cena boquiaberto e, aparentemente, confuso, como se não acreditasse no que tinha acabado de se meter ou o que tinha sido aquela conversa.

A garota lhe olhava com olhos marejados e cheios de irritação e ele sabia exatamente o por quê. Érika era sua amiga desde os cinco anos de idade e acompanhou de perto sua relação conturbada com sua mãe e irmão; sabia também de toda a história e da pressão exercida sobre ele e tinha certeza que toda aquela birra dela não era por ter perdido o namorado e sim por medo de perder o amigo; ela estava só tentando proteger a ambos do jeito que ela achou que fosse mais eficiente, como sempre fizera, pois sempre tomava suas dores para si e muitas vezes já havia tomado a culpa de seus erros, tudo para não vê-lo ser castigado.

Também sabia o que ela quisera dizer sobre Matthew, afinal tivera a chance de mudar tudo aquilo, mas seu pueril orgulho lhe impedira e agora tudo o que tinha era a distância e as lembranças nubladas de um passado distante. Ela até tinha concordado com toda aquela loucura de "namoro de mentira" e o ajudado com seus problemas românticos, quando podia estar focando em seus próprios ploblemas amorosos, que eram quase tão complicados quanto os seus. Aquilo ele jamais poderia retribuir a ela, mas no momento estava espumando de raiva, não concordava com seus métodos e não admitia o fato de ela ter dito aquele nome na sua frente, logo ela de todas as pessoas, por isso não queria vê-la por um tempo. Em parte, porque sabia que ela realmente tinha razão sobre tudo o que tinha falado, só não queria admitir. A garota lhe encarou por um logo segundo em que o silêncio se arrastou pesada e desconfortavelmente, até que ela pegou sua bolsa e passou por ele parando a porta novamente e virando-se para olhá-lo.

— Você é tão injusto, Willian, sabia?

Com isso ela deu as costas a ambos e desceu as escadas correndo. Willian pôde ouvir ainda seus passos ecoando pela sala, e então a porta bateu com força deixando os dois garotos mergulhados em um silêncio dolorosamente frio que só era cortado pelo som da chuva que caia lá fora. Após um momento, ele também saiu do quarto sem olhar para Ethan. Chegou ao final da escada e começou a ir para a cozinha, estava passando pela sala quando teve o braço segurado com insistência, olhou para o reflexo na televisão com o coração acelerado.

— Willian, espera aí! Será que dá pra olhar pra mim?

Ele virou e olhou para Ethan, este lhe encarava com grandes e cinzentos olhos muito obstinados enquanto segurava seu braço com força. Aquele olhar dizia claramente que não aceitaria mentiras a qualquer das perguntas que viesse a fazer. Ele parecia muito decidido a entender aquela situação e, diferente do que William pensou, não parecia querer fugir dele ou ir embora e nunca mais lhe ver, pelo contrário, parecia muito decidido a ficar.

Seu roupão estava mal fechado, talvez na pressa de segui-lo e seu mamilo direito aparecia pela manga que escorregava por seu ombro. Will respirou por um momento fechando os olhos, tentava controlar a raiva que ainda agitava seu sangue e sua vontade levá-lo para sua cama e fodê-lo bem forte, até se sentir satisfeito e menos irritado. Lutava para manter seu autocontrole, que já estava quase perdido, e contra si mesmo, pois sentia vontade de bater em alguém. Afinal porque as coisas tinham saído tanto do controle? Era pedir muito apenas um pouco de paz?

— Primeiro... — o garoto começou — quero que você saiba que não me aproximei de você por nenhum dos motivos que a Erika falou. — aquela frase fez sua raiva abrandar quase cem por cento.

— Eu sei! — falou olhando para aqueles grandes olhos cinzas.

— Também não vou perguntar nada que você não queria me dizer. Eu posso esperar até que você se sinta pronto, assim como você fez comigo. Mas também não quero prejudicar ninguém. — Ethan falou lentamente como se dizer aquilo lhe custasse muita determinação — Se esse relacionamento significar problemas para vocês, não vou te culpar por querer se afastar de mim, não seria a primeira vez. Não quero ser o motivo da ruína de ninguém novamente.

— Não, não Ethan! Pelo contrário, eu estou realmente feliz de ter você aqui agora. Quero me tornar ainda mais próximo de você, de verdade. — o garoto corou levemente, mas sustentou seu olhar — Sobre a Érika... é, eu sei que ela só está tentando me proteger da forma que ela achou que seria mais eficaz. E tudo o que ela disse é verdade, mas ainda assim não posso evitar me chatear. E também, não foi só por sua causa que terminamos. Eu já não podia continuar com aquela relação, as mentiras estavam me sufocando aos poucos.

Willian não sabia o porquê, mas sua afeição por aquele garoto só aumentou naqueles três meses de convivência, e apesar de sua personalidade difícil, cada dia que passava ele ficava mais cativado. Aproximou-se do garoto e o abraçou com força e ele fez o mesmo, agarrando-se a sua cintura; ficaram assim por alguns segundos. Ele abraçava Ethan e acariciava seus cabelos, o garoto permanecia com o rosto colado a seu peito e assim permaneceu enquanto tudo o que restava ali eram dois corpos unidos, com as batidas do coração em harmonia e as respirações ofegantes, ouvindo o barulho da chuva ficar cada vez mais forte lá fora.

~ C O N T I N U A ~




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