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História É normal querer apertar a bunda do melhor amigo? - Ar é como oxigênio, então vamos sair


Escrita por: JMINK

Notas do Autor


Cara, eu não sei o que que tá acontecendo mas acho que tô em crise criativa. Aí eu fico desesperada, bem louca da cabeça mesmo e começo a postar tudo o que tem no meu computador. Gente????????????? Isso não é normal não.

Tentei trazer algo diferente pra tag de namjin porque jesus cristo que habita os céus, se vocês tiverem fic namjin colegialzinha pra me indicar, pode jogar. Sem tragédia, sem sofrimento, sem aquele monte de drama bla bla bla.

Gente, tem umas coisas que o Seokjin pensa que são um pouco absurdas e, por Deus, não é a minha opinião, o que eu acho, e afins, ok?

Eu curto demais uns clichês colegiais, então vocês me perdoam. Espero que gostem, boa leitura <3

Capítulo 1 - Ar é como oxigênio, então vamos sair


Entre uma janela para outra janela, não havia diferença, certo? Bem, se você pensou “Oh, sim. Claro que não há diferença”, acredite, esse seu pensamentinho está completamente errado. Ora bolas, é muita ignorância para uma pessoa só pensar dessa maneira.

E quer saber o por quê? Porque todas as vezes em que eu passava na frente da janela do meu melhor amigo, seja de carro ou a pé - na grande parte das vezes era na sola da bota mesmo, - era uma sensação diferente que me apossava, e não, não era igual das outras vezes quando não se tratava da janela do quarto de Kim Namjoon.

Aquela janelinha de grades brancas, com as cortinas amarelas voando para fora do quarto num ritmo lento, como aqueles de filme dramático num conceitual romântico, mostrando de vez em quando as estantes fixas nas paredes coloridas recheadas de livro que ele tanto gostava de ler e reler - sim, tenho quase certeza que Namjoon já leu todos aqueles livros diversas vezes por considerar isso um talvez costume, ritual diário quando não se tem nada para fazer. E definitivamente, aquela janela branquinha no alto da casa de Namjoon não tinha similaridade nenhuma com as outras, era única, tinha sua própria particularidade.

A unitariedade que eu via nela poderia ser pelo simples fato de ela ser bem bonita, com aqueles vidros limpinhos raramente fechados, com as grades brilhando quando a luz do sol refletia pelas tardes, pela toalha verde que ele insistia em pendurar após um banho, ou simplesmente por ser a janela do quarto de Kim Namjoon, o meu melhor amigo.

Existe alguma pesquisa científica especializada em saber do porque existe essa diferença na janela da casa do sujeito? Não, mas deveria ter.

Nós nos conhecemos desde o início do sexto ano, daquela maneira bem normal onde você chega e fala E aí, cara. A gente poderia se juntar pra pregar umas peças na professora tipo pendurar o apagador na porta” e a pessoa que geralmente deveria se recusar, falando que aquela atitude fazia parte de uma conduta de uma cidadão de má índole, - a pessoa, no caso, era o Namjoon - aceitou de bom grado, me sorrindo, fechando aquele pacto silencioso com um aperto de mãos feito empresários de uma multinacional rica. Nem parecíamos duas crianças que iríamos parar algumas semanas depois juntos na diretoria, porém com um sorriso e de mãos dadas, o companheirismo presente, intocável.

Desde então, somos amigos. A história de nossa amizade é linda, emocionante, gosto de me lembrar dela todas as noites antes de deitar a cabeça no travesseiro. Às vezes é só peso na consciência, porque, veja bem, nós aprontamos demais, nossas mães tinham que estar nas salas de aula sentadas ao nosso lado quase toda a semana. Imagine o desgosto de ter o próprio candidato ao cargo de diabo como filho.

Naquela época, ele tinha o sonho de ser o presidente do nosso país - e talvez dominar o mundo - quando, na verdade, tinha talento para ser o próximo herdeiro do inferno. E eu? Era apenas um garoto que sonhava ter uma loja de doces, mas não para ser rico por conta das vendas e sim para comer todos, um por um.

E agora, no último ano do ensino médio, isso não mudou muito. De fato, não aprontamos mais como antes, não colocamos mais insetos na bebida dos coleguinhas e nem grudamos chiclete mascado na cadeira da professora, mas continuamos juntos como bons amigos que somos. Ou melhor, quase exatamente isso se não fosse por Suzy.

Mas quem é Suzy? Bem, ela é nada mais, nada menos que a namorada de Namjoon, claro que na minha cabeça. Ele me garantia que os dois não tinham mais nada desde o final do primeiro ano, porém não deixaram de ser bons amigos e andarem juntos, o que de fato não pode ser verdade. Quando se termina com alguém, um namoro precoce que não durou nem três meses completos, geralmente o indicado é querer distância, cortar relações. É o certo, está na lei e eu como o bom cidadão que sou apenas sigo sem contestá-la.

Porém, Namjoon não segue leis, ele faz o que bem entender. Isso inclui continuar sendo amigo, namorado, - seja lá o que os dois são um do outro - de Suzy. Ela tem uma personalidade agradável, é estável, calma, porém eu não consigo gostar nem um pouquinho dela, no mínimo o desaforo de ficar meros cinco minutos em sua presença era como suportar horas a fio escutando o CD que você mais odeia, ruim pra chuchu. A razão para a minha tolerância com relação a ela ainda é um mistério até para mim mesmo​, mas Namjoon gosta dela - ao menos, é o que ele demonstra quando fica cheio de risinhos perto da garota - e passa a maior parte de seu tempo ou trocando mensagens com Suzy ou ao seu lado, saindo para qualquer lugar que ambos gostassem.

— Suzy me pediu para ir jantar na casa dela hoje, o pai dela vai cozinhar. Você tem noção do quanto ele cozinha bem? — ele falava animado do meu lado, enquanto estávamos​ sentados no paralelepípedo da calçada do parquinho em frente a sua casa, vigiando para que os irmãos​ mais novos de Namjoon não sumissem em meio às outras crianças. Com um menear de cabeça, continuei com minha atenção voltada ao celular, mais especificamente no catálogo de empregos que acabei encontrando em uma das minhas buscas na internet.

A ideia de Namjoon ficar indo até a casa de Suzy quase todo o final de semana era ridícula ao meu ver. Além do mais os pais da garota gostavam até demais dele e provavelmente têm a mesma ideia fixa que eu sobre os dois ainda terem alguma coisinha, devem dar forças para aquela garota tentar ficar com ele de novo. Entretanto, se eu falasse para Namjoon sobre o meu desgosto para com aquele assunto, geraria uma briga desnecessária e no fim acabaríamos brigados, com ele na casa de Suzy, consequentemente passando ainda mais tempo lá.

— Jin, você está me ouvindo? — perguntou ao notar meus olhos sobre a tela luminosa, os dedos subindo e descendo vasculhando o artigo, com uma falsa expressão de interesse. A verdade é que, o que eu pudesse fazer para fugir do assunto “ex-namorada do Namjoon” eu faria sem pensar duas vezes. — O que você acha? Eu deveria ir?

Desfoquei minha atenção rapidamente do aparelho, arqueando uma sobrancelha.

— Irá mudar alguma coisa o que eu acho? 

 Ele me encarou ofendido, revirando os olhos.

— Lógico! Quem é melhor que o melhor amigo para dar conselhos? — fora minha vez de revirar os olhos, voltando a rolar os dedos pela tela. — Seokjin!

— Estou ocupado, Namjoon. — o jeito era me fingir de interessado pela porcaria do anúncio na internet, porém o que eu queria mesmo fazer era dizer para o meu melhor amigo que a garota ainda confundia as coisas e que se continuassem naquele ritmo logo o namoro iria ser reatado.

Há um ponto, este que nomeei carinhosamente como: o meu melhor amigo é um idiota, só me dá desgosto. Isso porque ainda tem a famigerada possibilidade de Namjoon realmente querer voltar com Suzy por ainda gostar dela. Se eu arriscasse dizer algo do tipo poderia reacender a ideia na mente daquele idiota, e tudo o que eu menos queria era aquela menina no nosso pé.

Por alguma razão, o namoro dos dois me incomodava quando ainda existia e agora que não existe mais esse sentimento pareceu triplicar. É uma coisa um pouco… Idiota? Eu deveria querer ver o meu amigo com uma pessoa que o faz feliz, que ele gosta de uma certa maneira, mas a pequena noção de algo do tipo me agonia.

— E o que você tanto faz nesse celular? — sem esperar por respostas minhas, Namjoon roubou o celular das minhas mãos, levando-o até os próprios olhos, lendo com atenção o conteúdo a mostra ali. — Anúncio de emprego?

— Sim, eu estou procurando um emprego. — dei de ombros, não é nada que ele já não soubesse. — Odeio ficar dependendo dos meus pais pra tudo, quero ter minha própria renda.

Ele pareceu pensativo quando resolveu me devolver o celular, com a tela bloqueada.

— Eu conheço alguém que precisa de uns serviços. — coçou o queixo, olhando para o asfalto quente da rua. — Lá em casa… Digo, a babá do Joonjae e da Yoona pediu demissão essa semana.

Ainda não havia acompanhado o raciocínio rápido de Namjoon. O que ele queria dizer com “lá em casa precisamos de serviços”?

Ajeitando as minhas pernas, apoiando-as na calçada, fiz um gesto para que ele prosseguisse de uma vez:

— Eu posso falar com a minha mãe para te contratar como babá dos meus irmãos. O que você acha? — Namjoon sorriu abertamente, empurrando o meu ombro de uma maneira infantil, que me lembrava muito a forma como as crianças expressavam agitação por algo. O olhei confuso, franzindo o cenho e em pouco tempo a informação estava fazendo sentido na minha cabeça.

Não que eu estivesse cogitando em considerar a ideia, mas… Namjoon quer que eu vá trabalhar na casa dele? Se tem uma hora para que Deus descesse do céu para conversar com um de seus filhos; essa hora era agora, perfeita para um ser descer em cima de uma nuvem e me dar um soco por estar fazendo uma expressão tão idiota quanto a que estou sustentando nesse exato momento. Era lamentável pensar no quão Namjoon conseguia mexer comigo, ele me chamava pra tomar sorvete e eu já estava “nossa, vamos, eu preciso de sorvete porque é tipo oxigênio e ninguém vive sem oxigênio”.

— Que isso, cara. — soltei uma risada por puro nervosismo, tentando não encarar seu sorriso que a cada minuto parecia crescer emoldurando seus lábios carnudos… as covinhas ressaltavam em suas bochechas, os olhos se tornavam dois riscos minúsculos, os dentes alinhados brilhavam de tão bem escovados e… Por que estou reparando tanto na maneira como Namjoon sorri mesmo?

Mas o sorriso dele… Eu não pude evitar de sorrir junto, era como se meus lábios tivessem vida própria e se movessem sozinhos até esboçarem um sorriso acompanhado das minhas bochechas que formigavam.

— É sério, Jin. A minha mãezinha te ama, provavelmente nem vai pensar duas vezes antes de te dar o emprego de mão beijada. — era verdade, a senhora Kim me amava como se eu fosse o próprio filho dela. — Você se dá bem com Joonjae e Yoona, e o salário não vai ser ruim, dá pelo menos pra você bancar esse papo de “não depender mais dos meus pais pra muita coisa”.

— Namjoon… — as palavras morreram quando mais uma vez olhei para aqueles dentinhos alinhados, os cabelos cobrindo parte da testa e… céus, os raios fracos do sol refletindo em seu rosto deixava-o ainda mais bonito.

É normal observar seu melhor amigo dessa maneira, não estou fazendo nada de errado.

— Aceita! — insistiu. — É depois da escola, nem vai te atrapalhar em nada.

A verdade é que não iria mesmo e como conhecedor do meu cronograma diário repleto de vários​ nada, Namjoon sabia bem disso. Passar a tarde entre ficar no quarto encarando o teto - quando na verdade se deveria estar estudando - ou com Namjoon, fazendo qualquer coisa que adolescentes inúteis costumam fazer, não era lá um programa muito bom, nada vantajoso.

Sério, quando eu digo “fazendo coisas que adolescentes inúteis costumam fazer” não estou brincando em nenhum sentido, a frase realmente tem conotação literal; passar horas conversando sobre o quanto cigarro é tóxico para a saúde - porque nós dois somos totalmente geração saúde, tenho orgulho em dizer - e como Capitão América é melhor do que Homem de Ferro, (o que discordamos bastante por termos pontos de vistas diferentes e, minha nossa, uma pessoa que acha um monte de revestimento de ferro e tecnologia melhor do que um herói de carne e osso não tem salvação. Namjoon não tem lugar reservado no céu nem em mil anos!) pois, você dizer “Tony Stark é foda pra caralho, bicho” é o passaporte mais que merecido para os braços do diabo, coisa de gente desvirtuada. Pelas barbas do profeta! Quer prova maior de nossa inutilidade do que passar horas discutindo sobre acontecimentos de HQ’s que sequer daqui à mil anos serão lembrados?

— Só vou aceitar porque não tenho nada melhor pra fazer depois da escola. — falei a verdade, ele assentiu com um olhar cético, me obriguei a não rir. — E porque gosto do Jae e da Yoon.

— Perfeito! — ignorou as minhas provocações, voltando a sua animação habitual de sempre. — Isso precisa ser comemorado ainda hoje, Jin.

— Você não ia jantar na casa da Suzy? — quem eu estava querendo enganar, até o meu tom de voz entregava que eu não estava nem um pouquinho feliz sobre ser trocado por aquela garotinha sem graça. Os passarinhos que passavam por nós hora ou outra assobiavam o meu descontentamento em canções líricas, até eles percebiam e Namjoon, não.

— Não vou mais, pensando bem é melhor ficarmos no meu quarto assistindo uma maratona de… sei lá, Capitão América? — passou as mãos pelos cabelos, puxando-os para trás.

— Suzy gosta de Capitão América? — perguntei, genuinamente intrigado.

— Não estava falando da Suzy e sim de você, idiota. — cutucou minhas costelas dando cócegas, acabei gargalhando. — Papai vai comprar pizza hoje, imagina uma sessão Capitão com pizza e refrigerante.

Os meus olhos brilharam, afinal estávamos falando de comida ali. Comida era papo sério, um ponto fraco.

Namjoon sabia que o Capitão América era o meu herói favorito dentre todos os outros, então é óbvio que ele citaria uma maratona de todos os filmes pela milésima vez — filmes esses que ele nem gostava —, mas que no fim terminaríamos vendo qualquer outra coisa menos a minha sessão favorita, aquele papo furado era apenas para me convencer.

Mas de qualquer forma estávamos falando de pizza, e bem, eu faria qualquer coisa por pizza.

— Você pede pra minha mãe vir me buscar mais tarde? Sabe como é, a cidade está cada vez mais violenta e… — parei de falar ao ouvir sua risada alta, escandalosa, só não tão ruim quanto a minha. Os tais passarinhos que citei antes haviam até fugido de tão grotesca que era a gargalhada do sujeito. — Eu estou falando sério, Namjoon! O índice de criminalidade aumentou, imagina um jovem bonito como eu andando sozinho pelas ruas de noite.

Namjoon parou de rir, recuperando o fôlego.

— Qualquer coisa eu te levo, relaxa.

— Ah, bela proteção! — debochei mesmo, nunca que eu ia deixar uma oportunidade dessas passar, bicho.

Ele me ignorou e levantou do paralelepípedo, esticando sua mão para que eu a pegasse e assim eu fizesse o mesmo e saísse do chão empoeirado. Assim o fiz, segurando sua palma grande contra a minha, sendo puxado no mesmo minuto. Passei as mãos pelas calças, me assustando quando ele conseguiu encontrar sabe-se lá como uma folha de árvore nos meus cabelos, tirando-a de lá para devolver a pobrezinha a natureza.

— Agora me ajuda a encontrar o Jae e a Yoon, não faço ideia de onde eles podem estar. — o sujeito fã de Homem de Ferro falou, sem moral nenhuma porque ele não tem. Onde já se viu ter tanto mal gostoso?

Se existir uma fila do mal gosto, Namjoon passou lá vinte vezes e depois voltou fazendo Moonwalker.

— Vai ter pizza mesmo, não é? — quis saber, só pra garantir que eu não estava sendo enganado.

— E chocolate, se você andar rápido e encontrar os meus irmãos. — bufei, mas concordei com um aceno. Oras, ele deveria me dar chocolate sem precisar querer nada em troca. Porém, como eu disse anteriormente, sua falta de moral o faz ser um apelão de primeira que nem o herói dele.

Deixando isso de lado, eu acabei o ajudando a encontrar os dois irmãos menores. Estavam escondidos em um arbusto - é estranho? É estranho - e eu acabei os encontrando como o gênio que  sou.

É aquele ditado: o que eu tenho de beleza, tenho de inteligência.

Logo nós fomos ao mercado comprar chocolate, claro. Em seguida, para a casa dos Kim que era pertinho da lojinha, Graças á Deus.

Quando pensei, alguns minutos mais cedo, que estava indo só por causa da maratona, do sofá confortável e da comida de graça, não era bem essa uma das principais vantagens. Naquela noite teve sim a pizza, teve a maratona e no fim dela, o meu melhor amigo atravessando a cidade somente para me deixar em casa.

Pela madrugada! A presença dele era a principal vantagem.

✓✓✓

Três opções poderiam resumir o que eu estava vivendo: 1) Deus estava numa brincadeira, que provavelmente como dono da razão ele deve considerar algo saudável para jovens cheios de disposição como eu, 2) a mãe de Namjoon realmente me amava por sequer se importar em saber se eu tinha as qualificações necessárias para ser babá de duas crianças, uma de três anos e a outra de cinco - olha bem pra minha cara, eu não sei nem esquentar leite sem derrubar no fogão, 3) a última opção mas não a menos provável: O universo estava conspirando contra mim. Era a terceira! Não poderia ser a segunda, não poderia ser a primeira até porque eu sou um ótimo exemplo a ser seguido e não a ser punido.

Por algum milagre divino, agora eu era o titular babá dos irmãos mais novos do meu melhor amigo. E na verdade, foi bem simples conseguir essa vaga: a senhora Kim sorriu feito uma lunática quando Namjoon contou para ela sobre os meus planos de encontrar um emprego para me ver livre das dependências dos meus pais - não totalmente, porque eu ainda precisava de um teto para morar - e me ofereceu o cargo de babá temporariamente até que eu encontrasse uma oferta melhor. É claro, ela sabe que trabalhar na casa do melhor amigo, comendo do bom e do melhor, cuidando de duas criancinhas adoráveis por uma quantia boa no final do mês não seria recusado logo por mim. Meu vício em HQ’s e em blusas rosas tinha de ser sustentado de alguma maneira.

Capitão América merece todo o espaço das minhas estantes, do meu coração, cada tostão gasto com os meus bonecos acompanhados de seus escudos da cor da bandeira do Estados Unidos era válido.

— Namjoon, você é retardado. — desdenhei ao ver mais uma equação de matemática montada errado, ele havia invertido os sinais e errado o resultado por essa razão. Eu já havia perdido as contas de quantas vezes tinha explicado aquela mesma equação algébrica, mas parecia que nada além de oxigênio entrava naquela cabecinha oca.

— O quê? — tirou os olhos do caderno onde fazia as contas, fitando o próprio lápis como se a culpa de todos os problemas mundiais fosse daquele pequeno objeto de grafite; a boca entreaberta feito um completo moscão, a expressão perdidinha, era até engraçado.

— Está errado. Não é assim que faz, aigo! — exclamei, apontando para o resultado errado diversas vezes. Ajeitei a minha cadeira que estava ao seu lado. Dividimos a mesma mesa naquela aula, pois além de ele não prestar atenção nas explicações eu era muito melhor com números do que ele.

— Nossa, Jin, quem é que fala “aigo”? — revirei os olhos, não era de hoje que ele ria da minha maneira antiga de expressar os meus sentimentos, no caso de agora era raiva. Pelas barbas do profeta! Eu não tenho mais moral, não é possível.

Se é que um dia tive, diga-se de passagem.

— Isso não importa. Você errou, quero saber como vai se virar na prova de amanhã. — como quem ignora o melhor amigo dono das verdades, Namjoon fechou o caderno desistindo da aula de matemática assim como havia feito com as outras matérias, - porque o sujeito é o tipo de pessoa que está nem aí pra nada, - e apoiou o rosto em uma das mãos soprando o ar, entediado.

— Vou saber me virar. — dei de ombros, se ele estava tão convicto que conseguiria tirar pelo menos uma nota digna para passar o bimestre, quem sou eu para contestá-lo? — Eu não gosto de estudar, Jin.

— Não é questão de gostar, Namjoon. — reverberei, fazendo o mesmo que o meu amigo fracassado e apoiando o meu rosto nas duas mãos.

— Não consigo me concentrar hoje. — soprou uma risada sem humor, fechando os olhos por mínimos segundos antes de voltar a abri-los. — Estou pensando.

— Pensando no quê? — franzi o cenho, ignorando o burburinho de alunos por toda a sala se propagando. O professor estava na mesa, com aquela expressão de “quero que se foda todo mundo, meu diploma já está ganho” acompanhado de seu celular e dos pornos que eu sabia que ele curtia. Deixei os problemas sexuais do meu professor de lado, voltando a me concentrar em Namjoon; aquele ser completamente alheio a situações da vida. — Está pensando na Suzy? — perguntei, com um tom de voz irritante.

— Não estou pensando nela. — voltou a fechar os olhos, piscando sonolento. Se ele pudesse estar dormindo ao invés de ficar me ouvindo falar sobre álgebra, provavelmente estaria o fazendo. — E sim, no rolê que a gente vai ter que dar pra ir na crechê para buscar os meus irmãos.

Suspirei, concordando com o seu total desânimo para aquela tarefa. Os planos traçados pela senhora Kim iam de: nós saímos da escola, vamos juntos até a creche buscar Yoona e Joonjae, de lá seguindo até um supermercado para comprar o almoço - que viria empacotado em uma suculenta caixa de comida congelada - e depois voltar para casa, passar a tarde toda fazendo vários nada.

Eu nem sei porque ela precisa de uma babá para os meninos se tinha Namjoon, o seu filho mais velho, para cuidar deles. A minha teoria a cerca disso era que o meu melhor amigo era o pior deles, ele era o que precisava de cuidados.

Namjoon é tapado pra chuchu, imagina uma pessoa distraída andando na rua agora multiplica isso somando com o fato de ele viver com aquela típica frase questionativa estampada na testa “pra quê se vamos morrer?”. Os carros tinham de desviar dele ou se não a tempos ele já estaria á sete palmos da terra. Alguém precisa ajudar esse garoto, eu já não tenho mais capacidade.

O sinal anunciando o fim das aulas tocou e nosso caminho do sofrimento já estava sendo seguido por nossos pés cansados e um desânimo que não cabia no peito. Fizemos tudo o que tínhamos que fazer desde andar quilômetros até a escolinha infantil até ir ao supermercado comprar comida.

A Yoona era a mais agradável de todos da família Kim, a menina só se preocupava em comer e dormir, era uma versão minha só que em miniatura. Já Joonjae era mais agitado, ficava correndo pela casa e se pendurando nas coisas. Ele não gostava muito de comer e nem de ficar parado, parecia estar ligado no duzentos e vinte.

E bem, a minha pergunta interna sobre o porquê da senhora Kim querer uma babá para os seus filhos - incluindo Namjoon - teve sua resposta naquela primeira tarde. Enquanto Joonjae estava correndo pelos cantos, fugindo de uma bronca que viria por ter derrubado sua irmãzinha do sofá e Yoona chorava, massageando o bumbum dolorido, Namjoon resolvia ignorar tudo sentado no sofá com pacotes de salgadinho e latinhas de refrigerantes vazias, sem mover um único dedo para me ajudar.

Eu quase morri em um dia, mas quando este acabou não deixei de me jogar no sofá - ao lado do sujeito inútil - com as roupas sujas de comida de criança, suor, água de banho vinda da banheira de Yoona, os cabelos para o alto e uma grande vontade de fechar os olhos para não abrir nunca mais.

Se tinha alguém que estava morto, esse alguém era Kim Seokjin.

— Tem que fazer a janta ainda, Seokjin. — o desgraçado abriu um dos olhos para me encarar, bocejando antes de continuar me importunando. — Você está cheirando a desinfetante de banheiro, deveria tomar um banho também.

De onde raios Namjoon tirou que shampoo de bebê tem cheiro de desinfetante de banheiro? Nem tinha sentido ele me perguntar isso, o cheiro de suor pela correria de um dia completo impregnava cada partezinha minúscula da minha pele encobrindo completamente o cheiro bom do perfume infantil - ou o que ele julgava ser desinfetante.

— Eu tenho cara de seu empregado, idiota? — depositei um soco fraco em seu ombro, fraco porquê eu não tinha ânimo nem para levantar um dedo mas se fosse para depender da minha vontade Namjoon já estaria jogado no chão.

Ninguém debocha de Kim Seokjin e sai ileso, Namjoon. Apenas hoje, pois eu posso dizer que o tal Seokjin tinha ido dar uma volta pelo além sem previsão de retorno eis que resta apenas o meu corpo inabilitado.

— Não, mas a gente não pode morrer de fome. — dei de ombros, sem dar devida importância para a religiosidade que era comer.

— Se vira, cara. Eu tenho que ir embora… — suspirei.

Minha casa é lá onde Judas perdeu as botas, a cueca, os rins, imagina ter que fazer esse trajeto todo no meio da noite, ainda mais quando as minhas pernas se recusam a fazer qualquer coisa que não fossem ficar paradinhas, relaxando.

Eu devia ser um Deus na vida passada, porque olha as manias eu já tenho.

E como se alguma existência divina tivesse ouvido que a minha casa era o meu próximo destino: um trovão clareou os céus, iluminando todos os cantos da casa para anunciar a breve tempestade. Não pode ser isso, é perseguição comigo.

Se existe extraterrestres, alienígenas ou qualquer outra coisa que viva fora do planeta Terra e tem uma nave espacial, me abduza agora.


Notas Finais


Mas, e aí, vocês são #TeamCap ou #TeamIron? KSJDJLSKJDKSJDSDKJKDJS vou confessar que eu sou mais #TeamIron porque Tony Stark é foda, não é mesmo?

Bem, se vocês gostarem e receberem ENQABDMA (puta nome grande do caramba) com amor e quiserem uma continuação, eu juro que volto.

~beijos no mamilo esquerdo, viado


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