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História É por amor - Recolhendo o coração estilhaçado


Escrita por: LadySilence

Notas do Autor


Olá queridos(as) leitores(as) :3

Atenção: o capítulo deixará o coração de vocês batendo mais rápido que o normal (ou não, né... '-')
Eu, particularmente, perdi o fôlego enquanto escrevia especialmente o finalzinho do capítulo u.u

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▼ Notas:

► Ohayou: Bom dia.

► Gomen ne: Desculpa/Me desculpa.

► Asaka: Cidade onde as meninas moram, fica em Saitama.

► Parque Ueno: Fica no bairro Taito em Tokyo.

► Sha Tin: É um dos 18 distritos de Hong Kong (China)

► Hinode: Cidade onde Sakura morava no passado (assim como Sasuke, Hinata e Ino"apenas no colegial")
Fonte: Wikipédia
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♪ ♬ A música do capítulo é Last Night, Good Night - Yanagi Nagi. ♬ ♪


Boa leitura!

Capítulo 11 - Recolhendo o coração estilhaçado



Entretanto, mesmo que tivesse usado de sua máscara de gelo para apartar aquela amiga de outrora, a vida em breve iria se encarregar de arrebatá-lo para dentro de um labirinto inescapável, cheio de armadilhas que iriam fazê-lo sofrer ainda mais, por ciúmes e por amor.

(...)



Os primeiros raios do sol, que aos poucos nascia no longínquo horizonte tornando o céu outrora negro em uma mescla de tons alaranjados, levavam sua luz diretamente aos olhos fechados da menina que dormia sentada, encostada em um canto de seu quarto, incomodando-a:

— Hã? — ela abriu os olhos inchados e vermelhos, com dificuldade. — Acabei dormindo aqui... — notou e custosamente levantou-se, sentindo as consequências por ter dormido daquela forma, em suas costas que estavam doloridas.

Pôs-se a caminhar desleixadamente rumo à porta, deixando o cômodo em que estava em direção ao banheiro, para lavar o rosto e esfregar os olhos, em uma tentativa de disfarçar o cansaço eminente em seu olhar.

Assim que chegou a seu destino, a menina adentrou o banheiro e projetou-se em frente ao espelho, observando o seu rosto:

— No que estou pensando?! Não posso continuar com essa cara de tristeza... Aquelas três não merecem me ver dessa maneira, muito pelo contrário, elas merecem o melhor de mim! — concluiu derrubando algumas lágrimas que brotaram nos olhos e não conseguiu segurar, engolindo o choro. — Droga... — aparou as mãos debaixo da torneira enchendo-as com a água fria que caía e jogou em seu rosto pálido, esfregando-o posteriormente.

Quase vinte minutos depois a jovem de cabelos róseos deixou o banheiro e passou a caminhar sorrateiramente rumo às escadas, para não acordar as outras que ainda dormiam, afinal ainda eram seis horas da manhã do último domingo do mês de março. A partir de segunda-feira o tão esperado mês de abril começaria e traria consigo a cerimônia de abertura do primeiro semestre na universidade, portanto as jovens precisavam aproveitar aquele dia para descansar bastante.

Ágil, rapidamente a garota chegou ao térreo e seguiu pelo corredor, em direção aos fundos da casa. Como a cozinha era o último cômodo daquela residência, a partir dela dava para chegar ao pequeno jardim, que provavelmente era o lugar onde o precioso amigo canino descansava, sobre a madeira áspera do alpendre:

— Hoshiko? — ela abriu cautelosamente a porta e sussurrou o nome do cão, que prontamente ergueu-se do chão onde estava deitado e caminhou até a sua dona, esfregando a sua cabeça nas pernas dela. — Bom dia, amigão! — ela agachou-se e o abraçou. — Desculpa acordá-lo tão cedo, mas estou precisando da sua companhia... Venha, vamos fazer um monte de doces! — ela contou adentrando novamente a cozinha, sendo acompanhada pelo fiel amigo.

Fazendo o mínimo barulho possível, ela começou a preparar os doces que tanto amava fazer, principalmente em seus dias tristes, para quem sabe, esquecer-se de suas dores e recuperar ao menos o sorriso caloroso que os seus lábios costumavam ostentar.

As horas transcorreram-se tranquilas e quando menos a garota esperava, olhou para o relógio analógico posto à parede da cozinha, vendo que o mesmo já apontava às nove horas daquela manhã de domingo.

— Nossa... Elas já vão acordar! Preciso limpar essa bagunça! — ela acabou de colocar a última assadeira sobre a mesa e levou a mão às costas, para desamarrar o avental.

De repente, passou a escutar o som de passos escandalosamente pesados, vindo da direção do corredor e instantaneamente a jovem de cabelos castanhos escuros abriu a porta da cozinha abruptamente, ocasionando um forte barulho:

— To com fome! — ela anunciou olhando com água na boca, para os doces sobre a mesa.

— B-Bom dia, Tenten-san... — a rosada cumprimentou assustada.

— Ah, é... Bom dia Sakura! — a jovem caminhou até a mesa, sentando-se em uma das cadeiras. — Foi você que fez tudo isso? Miam... Miam... — indagou contemplando aquela visão.

— S-Sim... — esboçou um meio sorriso.

— Ohayou, Sakura-chan... — saudou a morena de olhos aperolados que sonolenta, surgiu repentinamente na cozinha e correu até a garota de cabelos róseos, abraçando-a apertado. — É tão bom acordar com o cheirinho dos biscoitos que você faz... Obrigada, Sakura-chan! — agradeceu esboçando um enorme sorriso caloroso.

— Não Hinata-san, eu é que agradeço por estar aqui com vocês... — retribuiu e desta vez, sorriu com a alegria que antes não tinha.

Logo a jovem Hyuuga sentou-se à mesa e começou a comer, acompanhando Tenten que já comia há tempos. A garota de cabelos róseos que observava as duas preciosas amigas apreciando o que ela fazia de melhor, sentia algo reconfortante aos poucos aliviar a tensão que antes parecia sufocá-la. Entretanto, aquele momento tão fraterno dissipou-se em poucos instantes:

— HINATA! — a loira extremamente furiosa, berrou da porta de seu quarto. — Seus malditos gatos fizeram de novo... NA MINHA PANTUFA! — rugiu agarrando os longos cabelos claros e quase os arrancando em um ataque de nervos.

— Vish... — a garota de olhos aperolados levantou-se da cadeira e foi de fininho até o corredor, olhando para a porta do quarto da amiga. — Você descobriu da pior maneira, foi? — indagou temerosa.

— EXATO! Eu pisei na merda, literalmente... — a jovem retirou um dos pés da pantufa e ergueu-o na direção da amiga, revelando o excremento.

— N-Né, Ino-chan... Dizem que pisar na merda atrai boa sorte... — foi interrompida pela outra que surtou.

— Você está de brincadeira, né? — inquiriu olhando irritada para a morena. — Se pisar na merda desse sorte... Já era para eu ser a dona do mundo! — vociferou sarcástica. — Porque os seus monstrinhos adoram fazer os meus sapatos de pinico! — completou a reclamação, mancando até o banheiro, de forma que não sujasse o chão.

— Gomen ne... Vou tomar mais cuidado com aqueles três danados! — prometeu dando meia volta e regressando à mesa.

— Vocês se amam tanto assim? — inquiriu a menina chinesa, que até então estava quieta, entretida com os biscoitos quentinhos que dissolviam em sua língua.

— Nháaa... Você não viu nada, Tenten-chan! Até que hoje a Ino-chan foi boazinha e não tentou enfiar eu e os meus gatinhos dentro da máquina de lavar! — expôs com um sorriso despreocupado.

— A Ino-san já tentou fazer uma coisa dessas? — perguntou a rosada que estava calada até o momento, chocada.

— Sim e muito pior, mas acho que como vocês estão comendo é melhor eu nem contar! Ino quando fica furiosa se torna assustadora! — contou voltando a comer como se nada tivesse acontecido.

— Assustador é ela revelar algo assim com essa expressão tão despreocupada, como se fosse algo comum... — pensou a menina de cabelos róseos, pasma.

Alguns minutos se passaram e a jovem de longos cabelos loiros apareceu na cozinha, com uma expressão mais calma e direcionou o seu olhar para a menina baixinha:

— Hey, Sakura... Eu até tinha me esquecido de te avisar, mas pelo jeito você já se adiantou para o festival, certo? — indagou esboçando um leve sorriso, notando todos aqueles doces.

— Festival? — inquiriu com um ponto de interrogação em sua mente.

— Sim... O festival da cerejeira! Eu tinha pensado nisso ontem à noite, mas acabei me esquecendo de dizer pra vocês... Estamos no último domingo de março, acho que não teremos outro dia para ver as flores de cerejeira durante abril! — avisou, sentando-se à mesa.

— Ah, sim... Eu realmente achei que nós iríamos, por isso fiz todos esses doces... — justificou um pouco sem graça, afinal ela acabara de mentir para sua amiga, pois não saberia explicar de outra forma os motivos que a levara a fazer tantos biscoitos, bolinhos, dentre outros.

— Ótimo! Hina e Tenten aprontem-se, pois nós vamos para Tokyo no trem das dez e meia... Afinal, precisamos chegar cedo para pegar um bom lugar para sentar! — comentou apanhando algumas bolachas, comendo-as rapidamente.

— Mas porque Tokyo? Aqui em Asaka também tem... — a menina de olhos aperolados foi interrompida.

— Hina... Nós vamos ao festival da cerejeira no parque Ueno, querida! Provavelmente noventa por cento dos nossos futuros colegas da Universidade estarão por lá, afinal, quase todos moram perto da capital! — explicou com os olhos brilhantes. — Quem sabe eu não encontre o amor da minha vida, lindo e rico, no meio de toda aquela gente! — comentou com chamas nos olhos.

— Ino-chan é uma sonhadora... — ironizou a amiga com olhos zombeteiros.

— Calada Hinata, calada! — a loira a fuzilou com o olhar.

— Desculpa! Eu não resisti! — confessou mordendo o lábio inferior, com cara de quem realmente não se arrependia.

Tenten, Hinata e Sakura acabaram caindo na risada, até mesmo Ino que se irritara a princípio, logo cedeu ao momento e deixou-se levar rindo de si mesma.

(...)



O rapaz sem camisa, encostado à parede de seu enorme quarto próximo à janela do mesmo, despertou lentamente, enquanto sentia os raios de sol que adentravam pelas vidraças, queimarem o seu rosto alvo.

— Tsc... — ele levantou-se e um pouco tonto, caminhou até a sua imensa cama ao centro do cômodo, sentando-se nela e apanhou o seu relógio de pulso sobre o criado mudo. — Dez horas da manhã... — murmurou entediado. — Detesto domingo... É incrível como esse dia consegue ser mais chato do que a Karin! — resmungou espreguiçando-se e aproveitando para estralar o pescoço. — Não! Pensando bem, a Karin consegue ser mais chata! — ele se corrigiu deixando escapar uma breve risada maléfica daquela observação e levantou-se novamente, tomando o rumo do banheiro.

A boa temperatura permitiu-lhe tomar um relaxante banho gelado, afinal, ele deveria aproveitar-se da primavera e verão para tal, pois aquele país do extremo oriente não era dos mais quentes.

Logo ele deixou o banheiro e vestiu-se. Apenas uma camisa branca comum e uma calça de moletom compunham seu visual simples e confortável.

Calçou os tênis pretos rapidamente e seguiu até uma de suas malas que estavam postas no chão da sala, próximas ao sofá, ajoelhando-se ao redor da mesma:

— Cadê... — abriu o zíper e enfiou uma de suas mãos dentro da mala enquanto a outra mão segurava a borda. — Aqui está! — ele retirou uma câmera fotográfica de dentro da mala. — Há quanto tempo, hein... — ele suspirou nostálgico recordando-se daquele objeto.

Há muito tempo não usava aquela máquina que ganhará ainda na infância e costumava ser sua fiel companheira em seus dias solitários, tristes e que nos anos dourados de sua adolescência, acompanhava ele e sua amiga de cabelos róseos em suas aventuras, registrando cada momento que partilhavam juntos.

Após aquele momento de transe o rapaz sacudiu a cabeça, emergindo de seus devaneios e pôs-se de pé, seguindo com a câmera preta em mãos novamente até seu quarto e sentou-se sobre sua cama, pensativo:

— No que estou pensando... Não é como se eu sentisse falta daquela época ou algo assim e quisesse encontrar ela de novo! — murmurou para si mesmo, corando as bochechas. — Tsc... Só estou sentindo falta de tirar fotos, vejamos... Vou ao parque Ueno para tirar algumas fotos do festival da cerejeira, afinal, provavelmente esse será o último dia que poderei ir vê-la, por causa da universidade! — decidiu respirando fundo e passou a seguir em direção à cozinha. — Preciso espairecer para não pensar em certas pessoas... — ele lembrou-se da rosada e sacudiu a cabeça outra vez.

Assim que chegou ao cômodo destinado, foi até a geladeira procurar algo para comer. Quase vinte minutos depois ele deixou o apartamento, desceu ao estacionamento para pegar seu carro para partir em direção ao parque Ueno, no bairro Taito, entretanto, assim que saiu com o automóvel para o exterior do prédio, a mulher de cabelos vermelhos surgiu em frente ao veículo:

— Bom dia, Sasuke! — a ruiva saudou com sarcasmo, pondo-se de braços abertos em frente ao carro, de forma que lhe bloqueasse a passagem.

— Tsc... — o moreno desceu o vidro fumê da janela do automóvel. — O que você quer? — indagou com desprezo.

— Diga-me aonde você vai! — ela exigiu caminhando até a lateral do carro, pondo-se ao lado da janela do motorista.

— Não é da sua conta... — desdenhou, olhando para o lado.

— Você já está saindo com outra né? Anda, me conta seu desgraçado! — ela deu duas bofetadas irritadiças no braço do rapaz.

— Olha só... O que eu tive com você foram momentos de embriaguez pós-farra, do contrário eu jamais teria ficado com uma mulher tão chata igual a você! Você se aproveitou de mim e eu me aproveitei de você, ponto! Estamos quites e vê se me deixa em paz! — ele ordenou levando o dedo indicador ao botão de comando, pressionando-o para fechar automaticamente a janela e partiu, deixando a garota enfurecida para trás.

— Maldição! Isso não vai ficar assim... — ela correu de forma desajeitada até um carro estacionado em frente à calçada, quase torcendo o tornozelo por causa do enorme salto que lhe ostentava. — Vou segui-lo até o inferno se preciso for, Uchiha Sasuke! — ela murmurou dando a partida no veículo, tomando a mesma direção que o garoto.

Conforme o veículo do rapaz seguia pelas ruas de Tokyo, aproximando-se do parque, ele podia observar a aglomeração de pessoas: famílias, amigos e amantes, adultos e crianças, todos estavam ali para contemplar a floração daquelas cerejeiras em harmonia, o que lhe fazia sentir novamente aquela nostalgia angustiante, e ao mesmo tempo reconfortante, que lhe obrigava a se recordar do passado — seu doce passado.

Assim que achou um lugar adequado, estacionou o seu veículo. Apanhou a câmera que estava jogada sobre o banco do passageiro e saiu de dentro do carro, fechando-o.

Com o objeto em mãos, o jovem pôs-se a caminhar pelas ruas intrafegáveis aos arredores e pelo campo do parque, observando as centenas de cerejeiras que por lá, exibiam as suas belas flores róseas no auge de sua vitalidade.

Conforme os minutos transcorriam-se o rapaz admirado com aquela paisagem a qual não avistava há anos, a não ser por fotos e pela televisão, registrava detalhadamente em sua câmera fotográfica aquele momento tão belo, daquela época do ano em seu país natal.

Naquele instante, do outro lado do parque as quatro amigas chegavam ao gramado debaixo das cerejeiras, para forrarem o tapete de piquenique e lá lancharem, descansarem e conversarem contemplando aquela paisagem de tirar o fôlego.

— Nossa! Esse festival é ainda mais incrível ao vivo do que o meu avô me contava em suas histórias sobre a terra onde nasceu! — expôs a jovem chinesa boquiaberta.

— Também existem cerejeiras na China, não? — a loira indagou, ajudando a morena de olhos aperolados a estender o tapete sobre a grama.

— Sim, mas não havia festivais assim no local do distrito de Sha Tin em Hong Kong, onde eu morava! — contou a menina com os olhos brilhantes, enquanto observava ao redor, deslumbrada.

— Bom, então vamos nos esforçar para esse dia ser perfeito! — pronunciou a loira esboçando um enorme sorriso para Tenten.

— Certo! — a jovem chinesa sentou-se rapidamente sobre o tapete.

Logo Hinata e Ino sentaram-se também, e Sakura que carregava a cesta de piquenique ajoelhou-se sobre o tapete, colocando os lanches de forma organizada ao centro.

— Cara, eu não me canso de comer... — comentou a garota de cabelos castanhos levando as mãos para cima da comida.

— É... Eu estou abismada pelo fato de você comer feito um leão e ser tão magra Tenten! — notou a loira irritada.

— Mas você também é magra, Ino... — observou a garota enquanto ao mesmo tempo devorava alguns biscoitos.

— Sim, mas isso é porque eu vivo fazendo dieta! — confessou enfadada. — Mas enfim, a natureza é injusta! — desistiu de levar aquela conversa adiante, para não se aborrecer.

— Né, Ino-chan... Você se lembra dos festivais da cerejeira lá em Hinode? — a jovem Hyuuga inquiriu, pensativa.

— Ah, sim... Os festivais lá eram bem pacatos, a gente só encontrava o pessoal da escola! Nem sei como eu sobrevivi durante o colegial naquele fim de mundo... — confessou soltando uma breve risada.

— Nháaa, Hinode nem era tão ruim assim! Não fale mal da minha cidade natal! — exigiu a menina de olhos aperolados, irritada. — Aliás, cerejeiras me lembram de uma coisa... Sakura-chan, quando é o seu aniversário? Já deve estar perto, pois geralmente quem recebe esse nome é porque nasceu nessa época do ano... — supôs curiosa.

— Nossa, é mesmo... A Hina tem razão! Diga-nos Sakura! — a loira pediu, reforçando o que a outra disse.

— Vinte e oito de março! — contou desinteressada e apanhou um biscoito, levando-o à boca.

— O QUE? — ambas a loira e a morena indagaram em uníssono, chocadas.

— Porque você não nos contou? — a Yamanaka perguntou furiosa.

— Eu acabei me esquecendo... Mas afinal, não é nada demais! — desdenhou, mordendo um dos biscoitos.

— Claro que é... Feliz aniversário atrasado, Sakura-chan! — a Hyuuga abraçou a amiga, logo sendo sucedida por Ino e Tenten que também abraçaram a rosada.

— Feliz aniversário atrasado Sakura... — a chinesa e a loira disseram em uníssono.

— Segunda-feira nós iremos comprar um presente pra você... — contou a jovem de olhos aperolados, no entanto foi interrompida.

— Não há necessidade meninas... Vocês já me deram o melhor presente que eu poderia querer em toda a minha vida! — ela confessou, com o rosto enrubescido.

— Nós demos, é? Quando foi isso? — Hinata inquiriu confusa.

— A amizade de vocês, foi o melhor presente que já recebi na vida! — expôs esboçando um enorme sorriso.

— Sua fofa! — as amigas disseram em uníssono e agarraram a rosada, arrebatando-a para um demorado abraço coletivo.

Não... Definitivamente ela sabia que não tinha motivos para permanecer triste, tampouco renegar o seu passado dourado ao lado do seu amigo de outrora, muito pelo contrário, ela deveria seguir em frente feliz e cultivar apenas as boas lembranças de sua velha amizade, independente dela não existir mais naquele instante.

Os momentos preciosos que vivenciava ao lado de suas amigas, ela guardaria para sempre em seu coração, assim como também, ela jamais apagaria de sua mente aquela doce amizade de seu passado, com o menino que morava na casa ao lado da sua.

Até mesmo, recordava-se como se fosse ontem dos momentos que passaram juntos durante os festivais de cerejeira em Hinode, os quais eles isolavam-se no meio da mata, fotografando o desabrochar das flores...



Aproximadamente quatro anos atrás:

Após o longo inverno rigoroso que se findou no começo de fevereiro, logo a primavera chegou e ganhou força ao decorrer de março daquele ano em toda a terra nipônica.

Em uma cálida manhã, o dia vinte e oito de março trouxe consigo mais um ano de vida para a menina de cabelos róseos, que solitária em seu quarto, dormia em sua cama agarrada a um cãozinho de pelúcia:

— Hey, Sakura... Acorda! — o garoto que morava na casa ao lado, que provavelmente havia invadido o seu quintal, batia nas vidraças da janela do quarto da menina.

— Hum... — a menina sonolenta o ignorou e virou-se para o canto, continuando a dormir.

— Ora, vamos... — ele percebeu que a janela estava apenas encostada e abriu a mesma, pulando-a e aproximando-se da garota que dormia. — Dorminhoca, levante-se! Hoje é o seu aniversário, temos que comemorar! — ele contou chacoalhando a menina que dormia profundamente.

— Só mais dez minutos... — ela pediu, colocando o travesseiro encima do rosto para bloquear a claridade.

— Fala sério, já são oito horas da manhã... Temos que ir ver as flores de cerejeira também! — argumentou puxando o cobertor de cima da menina que vestia o seu fofo pijama rosa claro de ursinho.

— Hoje não tem aula, Sasuke-kun... — ela resmungou abrindo os olhos lentamente e desistente, sentou-se sobre a cama. Os olhos inchados, os cabelos róseos desgrenhados e aquela cara de quem sequer sabia em que mundo estava, foram o suficiente para fazer o menino cair na risada.

— Você está hilária... — ele engasgou enquanto ria, começando a tossir.

— Isso que dá rir dos outros... Viu só como a punição vem rápida? — ela esboçou um sorriso vitorioso, pondo-se de pé e dando duas bofetadas nas costas dele, para ajudá-lo a parar de tossir.

— Okay, eu não faço mais isso! — ele prometeu assim que parou de tossir. — Mas vá logo se arrumar, pois nós temos de ir ver e fotografar as flores de cerejeira! — ele mencionou apontando para a câmera fotográfica que tinha em mãos e esboçou um sorriso de canto.

— Tudo bem, eu já volto! — ela advertiu pegando rapidamente uma muda de roupas na enorme cômoda ao lado de sua cama e caminhou em direção à porta, deixando o quarto posteriormente.

— Hum... — ele sentou-se à beirada da cama para esperá-la e notou o cãozinho de pelúcia perto do travesseiro, apanhando-o para vê-lo melhor. — Que fofo... — ele apertou o bichinho com as mãos. — Será que ela gosta de cães de verdade? Pois acho que seria um bom presente para dá-la futuramente! — murmurou pensativo e quando menos esperava, foi surpreendido pela menina que reapareceu no quarto.

— Pronto! — ela adentrou o cômodo, vestida apenas com um vestido florido leve e sandálias rasteiras, com os cabelos róseos úmidos.

— Nossa, que rápida! — ele arregalou os olhos, jogando o bichinho de pelúcia instantaneamente sobre o travesseiro da menina e pôs-se de pé abruptamente.

— Você o apertou, não apertou? — ela inquiriu com um olhar zombeteiro, referindo-se ao cão de pelúcia.

— C-Claro que não... — ele engoliu a seco, olhando para o lado.

— Hum... — ela fingiu que acreditou. — Pois bem, vamos à cozinha... Preciso pegar a cesta de piquenique! — ela mudou de assunto, passando a andar até o corredor.

— Ah, sim... — ele passou a acompanhá-la. — Você fez bolachas de chocolate? — ele inquiriu ansioso.

— Sim... Só vamos precisar esperar um pouquinho, pois eu deixei a massa pré-pronta ontem à noite, daí agora eu só preciso levar ao forno por alguns minutinhos... — explicou seguindo até o forno elétrico, ligando-o.

Logo os lanches ficaram prontos e os dois deixaram a casa da rosada, seguindo para uma área deserta da cidade, onde também havia várias cerejeiras nas proximidades da mata.

— Aqui está bom! — a menina anunciou, deixando a cesta ao chão para estender o tapete sobre o gramado.

— Hum... — ele a ajudou a esticar o tapete e sentou-se sobre o mesmo, a seguir. — Sakura... — ele enfiou a mão no bolso da calça, retirando uma pequena caixinha.

— Diga... — ela sentou-se também, apanhando a cesta sobre o chão e colocando-a ao centro do tapete.

— Aqui está o seu presente! — ele entregou o pequeno embrulho para ela.

— Não precisava se incomodar... — ela advertiu aceitando o presente sobre suas mãos.

— Vamos, abra para ver se lhe agrada! — ele ordenou impaciente.

— Okay... — ela puxou a delicada fita azul que envolvia o pacote, desembrulhando-o e posteriormente abriu a caixinha, revelando o pequeno relógio de pulso dourado.

— E então? Seja honesta, você gostou? — ele inquiriu ruborizado.

— Claro, é muito bonito! — ela sorriu docemente.

— B-Bom, então o coloque... — ele tomou o relógio da menina e puxou-a pela mão, prendendo o relógio ao pulso frágil dela. — Pronto! — corado, ele ergueu a câmera fotográfica que estava pendurada pela alça em seu pescoço, fingindo observá-la para disfarçar a sua expressão envergonhada.

— Né, Sasuke-kun... Obrigada por ser meu amigo! — ela agradeceu exibindo um enorme sorriso caloroso.

— N-Não precisa a-agradecer... — ele escondeu de vez o rosto por detrás da câmera, pois sabia que provavelmente suas bochechas estavam terrivelmente vermelhas e aproveitou o momento para capturar uma foto daquele sorriso que via.

— Hey, nada de fotos agora! Vamos comer primeiro, enquanto está quentinho... — ela sugeriu abrindo a cesta.

— C-Certo! — ele acatou um pouco mais calmo.

Aquela manhã findou-se sem que nenhum daqueles dois percebesse as horas passarem, pois entretidos entre conversas, doces e fotografias, eles comemoraram mais um ano de vida da menina de cabelos róseos e contemplaram o desabrochar das flores de cerejeiras naquela primavera reconfortante.



De volta ao dado presente, o rapaz de cabelos negros com sua velha câmera em mãos, caminhava pelas ruas do parque Ueno, registrando em inúmeras fotografias aquele festival que há tanto tempo não apreciava.

As horas decorreram-se rapidamente, logo abraçando o fim da tarde daquele domingo. Passo após passo, desligado do mundo, sem rumo, de repente o jovem estático, observou ao longe, a jovem de longos cabelos róseos que caminhava rumo a uma área mais vazia daquele parque e antes que ela o notasse ali, ele escondeu-se por detrás de uma das centenas de cerejeiras que havia por ali.

— Aonde você vai, Sakura? — a morena de olhos aperolados indagou, notando que a amiga se afastava do tapete de piquenique em que elas estavam sentadas.

— Começou a ventar! Vou dar uma volta por aqui perto para fotografar as flores e já volto... — ela avisou apontando para o seu celular em uma de suas mãos.

— Tudo bem então! — a jovem Hyuuga voltou a conversar com as amigas remanescentes.

A menina passou a caminhar cada vez mais para dentro do parque, misturando-se as pétalas das flores que eram carregadas pela ventania que começara pela tarde, como se daquela forma pudesse sentir fortemente a nostalgia aos poucos dissipar a sua angústia. Trazendo a ela apenas suas belas recordações e apagando todas as suas lembranças dolorosas, mesmo que apenas naquele momento, de sua mente.

O rapaz, como se estivesse sob um feitiço poderoso, passou a seguir cautelosamente a garota de cabelos róseos, de forma que ela não o notasse ali e retirou o flash de sua velha câmera, passando a fotografar aquela sua velha amiga de outrora em segredo.

No entanto, em um breve momento que o garoto olhou para o lado, avistou a mulher de cabelos vermelhos caminhando pela multidão, não muito longe de onde ele estava:

— Maldição... Eu tenho que sumir daqui, antes que aquela chata me encontre! — decidiu olhando novamente na direção da rosada, que parecia rir sozinha, enquanto sentia o vento daquela tarde de primavera dançar com os seus cabelos e as flores de cerejeira. — Só mais uma... — ele capturou a última foto e desligou a câmera. — Quanta coincidência... O destino só pode estar tirando uma com a minha cara! — ele suspirou derrotado e sorrateiramente, embora algo dentro de si mesmo tentasse obrigá-lo a permanecer, ele deixou de vez aquele lugar, pois não queria que a ruiva o avistasse ali e tampouco tinha coragem o suficiente de chegar perto da menina rosada.

Em poucos minutos ele desapareceu por entre os arvoredos do parque, rumo ao seu carro para voltar ao seu apartamento.

A garota de olhos verdes, estática, estava a alguns minutos analisando o seu redor, pensativa:

— Que sensação estranha... Eu podia jurar que tinha alguém me observando há alguns minutos atrás... — ela concluiu confusa. — Bem, deve ter sido só impressão! — supôs calmamente.

— Sakura! Venha... Está ficando tarde, nós já vamos embora! — a loira berrou devido à distância, levantando-se do tapete de piquenique e posteriormente ajudando a jovem de olhos aperolados a guardar o que sobrou do lanche, de volta na cesta.

— Já estou indo... — ela acenou para as amigas e virou-se novamente para trás, admirando mesmo que por apenas mais alguns segundos, as pétalas das flores serem carregadas pelo vento.

O cheiro, a vista, a sensação e o gosto gelado do vento soprando seus lábios, lembravam-na do quão belo havia sido o tempo que ela passara com seu velho amigo em Hinode. E reforçava em seu interior, o quão necessário era manter aquelas boas lembranças para si mesma, ignorando que o dado presente havia lhe destruído a boba esperança de que algum dia tudo voltaria a ser como antes.

Sakura guardou o celular no bolso de sua calça e passou a caminhar em direção às amigas, decidida.

A partir daquele dia, ela iria se esforçar ao máximo para recolher os cacos de seu coração estilhaçado e aos poucos reconstruí-lo, de maneira que pudesse outra vez, refazê-lo completamente, repleto com a felicidade que no passado, o menino que morava na casa ao lado da sua, em um triste dia lhe tomou.

 


Notas Finais


♬ L I N K do Y O U T U B E ♪
http://www.youtube.com/watch?v=PGUJm3TAC1g
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E aí? O que achou? Deixe sua opinião nos comentários ;)

Báh, eu sei que talvez alguns achem que a estória está enrolando demais sendo que já é o capítulo 11 e tal, mas eu peço que tenham um pouco de paciência, pois se eu fizer com que a estória corra rapidamente até chegar o momento SasuSaku tão esperado, provavelmente vocês não irão saber de muitos detalhes peculiares, especialmente do passado do Sasuke e da Sakura, o que tornou o moreno assim, os seus motivos para agir dessa forma, deixando tudo de uma forma esclarecedora :3

Enfim, agradeço de coração a todos que acompanham essa fanfic!

Kissus de chocolate e nos vemos no próximo capítulo :*


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