História E Quanto Às Borboletas? - Capítulo 4 - Timoty James

"  Ela vai me fazer tremer sem aviso prévio
E me faz rir como se eu estivesse dentro na brincadeira"

Cold coffee - Ed Sheeran

  Normalmente tenho sonhos com palcos, guitarras e muita música, isso quando não sonho com minha mãe, mas nessa noite tive um sonho diferente, estranho por assim dizer.

  A sala era toda branca, e por mais que eu gritasse ninguém aparecia, não haviam portas ali mas borboletas começaram a surgir das paredes e voavam por toda parte, até que elas começaram e endurecer e perder a cor, e então uma a uma, foram caindo no chão, mortas. Reavaliando meu sonho, acho que na verdade era um pesadelo.

  Me sentia como um zumbi caminhando até o banheiro, o chão parecia atrai meu corpo para ele e eu decidi tomar um banho frio antes de ceder e deitar ali mesmo para dormir.

  Quando desci para a cozinha, vi que meu pai havia deixado um bilhete avisando que foi para a feira e que eu teria que me virar com o café, ou seja, iria comer leite com cereal.

  O esquema era simples, pegar a tigela e colocar o cereal antes do leite, mas acabou se complicando quando meu celular tocou me assustando e me fazendo derrubar leite no balcão.

  Quando vi quem estava me ligando naquela hora da manhã, só pude pensar em como a pessoa era sortuda por não estar na minha frente, se não uma morte iria ter acontecido. Brooke só podia estar de brincadeira comigo.

  - O que você quer Brooke?
  - Bom dia gatinho, como você está?
  - Eu estava bem, até uma certa vaca me ligar.
  - Ainda bem que eu liguei então querido, só assim para melhorar o seu humor.
  - Sonha Brooke, sonha. Agora fala logo o que você quer.
  - Liguei para saber se você prefere ir jantar em um restaurante e depois no cinema, ou ir no cinema e depois ao restaurante.
  - Prefiro ir em uma ponte e te jogar de lá.
  - Não gosto de coisas tão radicais assim amorzinho, você vai vir mr buscar hoje?
  - Olha Brooke acorda, você não é burra e já percebeu que eu não quero nada com você. Foi só uma vez garota! Me deixa em paz e para de ligar em casa, no meu celular e de deixar bilhete no trabalho do meu pai.
  - Vou passar na sua casa para conversarmos melhor, você só está um pouco confuso amor, tudo vai se resolver, você vai ver.
  - Tenho compromisso, Tchau Brooke.

  Meu pai costuma dizer que eu sou cruel com as garotas, mas eu discordo, não gosto de trata-las assim mas elas me perseguem.
  Brooke é uma boa garota, mas escolheu o cara errado para azucrinar, eu não vou poupar ela por isso.
  Assim que cheguei na escola, vi Steve perto do portão e fui falar com ele.

  - Fala cara, tudo bem?
  - Tirando a infeliz da Brooke que não me deixa em paz, tudo na boa.
  - Você deveria aproveitar ela atrás de você, tirar uma casquinha nunca é demais.
  - Se você conseguir tirar ela do meu pé, te pago 100 dólares.
  - Você tá de brincadeira?
  -Eu tô falando sério cara, mas só te dou a grana depois que ela para de encher.
  - Fechado Tim. Agora me fala, onde você foi ontem a tarde?
  - Em nenhum lugar que te interesse coleguinha, agora vamos para a aula como os bons moços que somos.

  A manhã não foi tão longa, mas tive que dar um perdido em Steve na hora do almoço, o que não o deixou muito feliz. Não vou contar para meu amigo que fui em um borboletario, e que vou continuar indo por um tempo. Pode parecer besteira, mas não quero contar para as pessoas sobre isso.
  Mandei uma mensagem para o meu pai falando que iria comer na rua antes de ir para o borboletario começar as pequisas. Ou pelo menos tentar.

                        ***

  Abigail havia dito que nos encontraríamos hoje no mesmo horário que ontem, mas o que eu não tinha esperado era que ela já estaria ali, três horas mais cedo.
  Tentei ir para trás de uma placa que tinha ali mas ela me viu antes, e não adiantou eu fingir que não a conhecia, porque ela veio atrás de mim.

  - Eiei Timoty! Me espera garoto. - com certeza não deu para fingir.
  - Oi Abby, tudo bem? O que você faz aqui fofinha? Achei que só viria mais tarde. - o rosto dela se contorceu em um tipo sem careta, e eu não sabia se era por ter chamado e ela de fofinha, por ter tentado ignora-la, ou sei lá a merda que eu tenha feito.
  - Olha eu realmente não sei o porque de você estar com essa cara de quem fez algo de errado, mas se você me chamar de fofinha outra vez, o meu punho super fofinho vai acertar a sua cara. -  Então foi chama-la de fofinha.
  - Eu não fiz nada de errado, só estou curioso por você estar aqui nesse horário.
  - Eu passo praticamente o dia aqui Timoty, seria estranho se eu não estivesse. E o que você faz aqui.
  - Estava com medo de me atrasar. - a mentira fluiu tão rápido para fora da minha boca que só percebi depois que falei, mas não foi tão convincente assim, já que Abby apenas  arqueou a sobrancelha para mim, e percebi que seria mais fácil dizer logo a verdade. - Quis chegar mais cedo para ler algumas coisa e não parecer tão ignorante perto de você.
  - Você não precisa disso para não parecer ignorante Timoty, não saber de um assunto não torna a pessoa ignorante. Eu mesmo não sei nada sobre rock como você,  você gostaria que eu passasse horas assistindo vídeos de rock apenas para não parecer ignorante para você?
  - Eu gostaria que você assistisse, mas não por esse motivo.
  -Exatamente. Já que você chegou mais cedo, vou te mostrar uma das minhas coisas favoritas aqui.

  Ela segurou em meu cotovelo e foi quase automático colocar minha mão no abdômen como minha mãe me ensinou, desde que ela morreu ninguém nunca mais segurou em mim assim. Era sensação boa andar com uma garota sem que ela pegasse na sua bunda.
  Fomos andando e ela cumprimentou todos os funcionários que encontrou pelo caminho, e todos a responderam, ela era exageradamente educada. Chegamos em frente a uma porta e ela me olhou e deu um sorriso antes de abri-la.

  A sala possuía várias estantes cheia de livros, e Abby foi direto a um ligar perto da parede, sem hesitar antes de puxar um bem grosso da prateleira. Pareci um almanaque ou algo do tipo.

  - Já devo ter lido esse livro umas cem vezes, e folheado ele umas mil. E todas as vezes acho algo novo para me impressionar.
  - E por que você quer que eu veja isso?
  - Eu tenho certeza que se você der uma chance a ele, também vai acabar se impressionando. Ele é como uma pessoa, por mais que você já a conheça a vários anos, sempre acaba se impressionando de novo e de novo.
 
  Não pude evitar sorrir quando Abby começou aquela papo de pessoas, era a cara dela pensar assim. Eu nunca tentei conhecer alguém o suficiente para que essa coisa de se impressionar de novo e de novo acontecesse.
   Nos sentamos ali mesmo no chão, e ela foi folheando o livro enquanto me explicava algumas coisas sobre as borboletas que apareciam na foto, e por incrível que pareça eu mr impressionava bastante com as curiosidades . É, talvez Abby estivesse certa, talvez fosse possível se impressionar assim.