História E se for você? - Azul é sua cor.

 

_ Vamos ter que ficar esperando aqui o dia todo? - Molly questiona dentro do carro.

 

Todos os amigos esperavam a filha do pastor chegar na escola, queriam ter o prazer de ver Alex fracassar na primeira oportunidade mas a garota não parecia com medo ou frustrada, ao contrário, estava tão distraída no banco de trás que só abriu a porta com rapidez quando o observou duas bicicletas se aproximando.

 

_ Pensei que elas usassem o ônibus daqui para vir - Molly ri no banco da frente, Gansey está no banco do motorista terminando de fumar.

 

Alex contorna o carro se apoiando na janela entreaberta do garoto, seus olhos se fixam nela mas depois desviam. Ele ainda não sabia esconder muito bem seu interesse.

 

_ Pronta? 

 

Alex ergue uma das sobrancelhas, desviando das cinzas do cigarro.

 

_ Acha que ela vai recusar? - A garota sorri, apoiando as mãos no queixo como uma menininha frágil - É só um bar, só isso…

 

_ Vause, ela é filha do pastor! - Nicols revira os olhos - O que te faz pensar que ela vai aceitar ir para o bar do Joe com a gente? Afinal, que plano estupido é esse?

 

Alex pisca os olhos depressa fazendo uma encenação.

 

_ E quem você acha que sou para levar a pobre garotinha a lugares perigosos e inapropriados? Serei o anjo da guarda dela, Nicols! Na verdade, sua falta de confiança em mim me ofende, sabia? - Alex sorri deixando os amigos e ajeitando a saia no corpo.

 

A garota atravessou o estacionamento da escola sobre os vários olhares em direção a ela, parecia convencida demais que Lizzie daria atenção a ela. Alex observou a garota prender a bicicleta no ferro com uma corrente e depois apertar o cadeado contra ele. O ombro de Alex bateu contra Lizzie com força a fazendo se desequilibrar e cair de joelhos no chão.

 

_ Meu Deus, desculpe! - Alex se abaixou rapidamente, ajudando a garota a recolher o material do chão. - Não vi você, passei tão rápido que nem percebi… - Alex mordeu os lábios escondendo um sorriso maroto entre eles.

 

Lizzie percebeu a atitude mas não disse nada, ficou no chão sem saber o que dizer.

 

_ Não foi nada…

 

_ Machucou? Sempre tenho um curativo no bolso - Alex puxou o adesivo da blusa se aproximando um pouco mais de Lizzie.

 

_ Não precisa… - A garota tentou se levantar mas Alex não deixou.

 

_ Sei que você disse que queria distância de mim, mas fui eu quem fiz isso. Posso ver? 

 

Lizzie encarou Alex com confusão não entendendo a gentileza gratuita dela, mas esticou o joelho quando Alex pediu, a deixando puxar a meia do uniforme que protegeu a pele contra um arranhão mais intenso, só um pequeno corte tinha acontecido. Alex puxou a meia e assoprou o machucado, puxando o adesivo com desenhos coloridos entre os dedos e colocando sobre a pequena ferida. 

 

Lizzie ainda continuava encarando Alex sem entender nada daquilo quando falou:

 

_ Eu disse que não foi nada - Os olhos azuis dela encontraram o rosto vermelho de Alex.

 

Por um momento Lizzie observou como ela não parecia tão insuportável como se mostrou antes.

 

_ Bem, agora pelo menos você tem um pedaço meu com você por aí.

 

Lizzie levantou quando o sinal tocou e Alex segurou seu ombro, se apoiando nela.

 

_ Sabe, hoje eu e meus amigos vamos para o bar do Joe, posso te buscar na sua casa…

 

_ O que? - Lizzie cruzou as sobrancelhas na direção dela.

 

_ Olha, você teve uma impressão péssima de mim, aquele dia na aula de química eu estava irritada mas acredite não era com você - Alex se apressou em dizer - E disse para minhas amigas que você parece ser legal e não foi justo como te tratei aquele dia…

 

_ Então está me chamando para sair com vocês? - Lizzie ergueu as sobrancelhas com desconfiança.

 

_ Na verdade a escola inteira costuma se reunir ali e hoje meu amigo vai tocar com a banda dele, é uma forma de você sair da bolha - Alex sorriu na direção dela - Fazer novos amigos, vai ser legal.

 

As duas começaram a caminhar em direção a entrada enquanto Alex tentava convencer Lizzie sobre a banda que tocaria naquela noite, e para sua sorte a garota também gostava de rock.

 

_ Não sei… - Lizzie disse envergonhada - Tem bebidas, meu pai não vai gostar disso…

 

_ Você não precisa beber, na verdade eu te proíbo de fazer isso! - Alex apontou o dedo para Lizzie que riu - Eu busco você, na verdade eu levaria sua irmã também, ela não é mais velha? Seu pai com toda certeza vai te deixar ir se ela for junto. 

 

_ Você também tem uma irmã mais velha?

 

_ Irmão. Nossa, o Dean sempre foi um protetor contra meus pais! Aprenda a usar a sua a seu favor também, Lizzie!

 

As duas riram ao mesmo tempo e Lizzie só percebeu que já estava no corredor da sua sala quando Alex entregou sua mochila a ela.

 

_ O joelho está melhor?

 

_ Sim, não foi nada…

 

_ Caso precise trocar - Alex entregou a ela outro curativo colorido - Faz assim, conversa com sua irmã e depois você me diz que horas eu busco vocês, tá bem? 

 

Lizzie concordou e Alex seguiu seu caminho no corredor. Antes da garota entrar na sala, Alex assobiou chamando sua atenção.

 

_ Seu pai vai gostar de mim! - Disse, sorridente. - ACREDITE!

 

Lizzie ficou ali parada observando Alex ir em direção a outro corredor e depois sumir de vista. É claro que ela duvidava muito que seu pai fosse gostar do jeito de Alex ou até mesmo dos amigos dela, mas existia algo dentro de Lizzie que insistia em querer sair, fazer coisas diferentes, ter novos amigos e conhecer tudo aquilo que ela ainda não teve oportunidade.

 

Não existia " meu pai não vai me deixar ir ao bar hoje " apenas existia a voz que dizia alto e claro em sua cabeça " eu e Polly vamos ao bar do Joe, hoje." 

 

E ela gostava muito de como essa voz agia sobre suas emoções.

 

(...)

 

 _ Polly, por favor! - Lizzie cruza os dedos como se implorasse - Sabe que o papai não vai me deixar ir se você não for..

 

_ Alex Vause é da mesma turma que eu em biologia, conheço ela o bastante para querer distância! - Polly revira os olhos enquanto busca a bandeja no balcão. 

 

A garçonete observa as duas garotas com cara de tédio.

 

_ Duas caixas de leite, por favor - Lizzie estende a bandeja para a mulher que adiciona também um pacote de biscoitos - É egoísmo demais, sempre faço tudo por você!

 

_ E eu não faço? 

 

As duas se sentam em uma mesa afastada no refeitório da escola enquanto o olhar de Polly está na mesa à frente. Arche sorri na direção dela e a garota fica corada.

 

_ Chama ele - Lizzie cutuca sua salada de frutas com a colher.

 

Polly pisca algumas vezes abismada em direção a irmã.

 

_ Ficou louca? Ele jamais aceitaria e não me rebaixaria ao ponto… 

 

Lizzie observou os olhos da irmã e depois virou o rosto na direção do garoto que agora parecia distraído demais com os amigos.

 

_ Eu chamo! - Lizzie sorriu vendo a oportunidade de fazer a irmã se render ao convite. - Estamos na mesma turma de teatro, Arche é o quebra nozes esse ano e eu a fada açucarada, chamo ele na próxima aula e digo que você vai também…

 

_ Acha que ele aceitaria ir? Sabe, por causa de mim… - Os olhos de Polly brilham em direção ao garoto.

 

Lizzie achava irritante a atitude dos dois pois sabia que tanto Arche como a irmã nutriam interesses em comum, mas nenhum conseguia assumir isso de forma clara e essa era a chance de fazer Polly tomar coragem de uma vez por todas e claro, ajudar ela própria a se enturmar e fazer novos amigos. 

 

_ Convence o papai, ele só escuta você… - Lizzie começou a sussurrar enquanto a irmã parecia ocupada demais olhando a mesa de Arche - Se você convencer ele pode ser sua chance de conversar com Arche de forma decente…

 

_ Nos falamos uma vez por semana.

 

_ Na igreja, Polly - Lizzie revirou os olhos - Vocês só dizem "oi" um para o outro aos domingos, estou dizendo de ter a chance de conversar mesmo com ele...sozinha em uma mesa com aperitivos e música…

 

Polly encarou a irmã sorridente depois que a imagem de Arche a beijando passou pela sua mente.

 

_ Feito! - A garota ajeitou a trança no ombro e depois voltou a atenção a irmã - Mas estou dizendo, Alex não é boa companhia…

 

_ Esquece Alex, estamos falando de você.

 

Polly estava radiante ao ponto de soltar fogos para todos os lados, imaginar uma noite inteira ao lado do garoto que ela sempre quis parecia maravilhoso. Lizzie não incomodou a irmã e a deixou sonhando ali na mesa, seria mais fácil passar por ela enquanto seus pensamentos estivessem em outra pessoa naquele bar.

 

(...)

 

_ Oi! - Lizzie diz sorridente em direção ao armário onde Alex estava.

 

Ela apenas se apoiou em uma das portas observando a alegria da garota, o sorriso agora alcançava os olhos.

 

_ Conseguiu? - Disse, terminando de pegar uma chave de dentro da bolsa. - Sua irmã vai com a gente?

 

_ Sim. Depois de muita insistência ela decidiu ir, vai conversar com nosso pai, mas ela prefere que você não busque a gente… - O rosto de Lizzie esquentou no momento que disse aquilo - Nosso pai pode não deixar…

 

_ Relaxa. Espero vocês no bar, sem problemas - Alex piscou em direção a garota e depois levantou o dedo como se lembrasse de alguma coisa - Você precisa disso. - Disse ela, entregando a Lizzie um documento falso depois de tirá-lo do bolso da calça.

 

_ Piper? - A garota observou sua própria foto no documento com um ano a mais do que sua idade.

 

_ É preciso ter dezesseis para entrar lá e você só tem quinze, espero que não se importe. Roubei sua foto do anuário estudantil.

 

Lizzie demorou um segundo para responder, ainda analisando a foto.

 

_ Sem problemas - Disse por fim, não acreditando que aquilo não poderia mesmo trazer problemas algum dia.

 

_ Tente esconder isso da sua irmã quando passar pela entrada, ela pode implicar comigo e não queremos isso, não é? - Alex afastou uma mecha caída próximo aos olhos de Lizzie - Você tem olhos lindos, já te disseram isso? 

 

A garota balançou a cabeça em negação sentindo o coração disparar um pouco por causa da proximidade de Alex. Ela também queria dizer que os olhos verdes dela eram lindos, que seu rosto parecia ter sido feito por um artista e que sua pele era pálida demais as vezes mas parecia tão macia que Lizzie tinha vontade de tocar, mas preferiu não dizer nada, com medo que Alex achasse sua atitude estranha demais.

 

_ Talvez azul não seja uma cor fria como dizem - Alex soltou um sorriso fraco em direção a ela - Arrisco dizer que azul é a cor mais quente, pelo menos em você.

 

Lizzie engoliu em seco o elogio mas não pode deixar de sorrir também, sentindo o rosto queimar enquanto encarava o próprio tênis.

 

_ Tenho que ir agora, até mais tarde então. 

 

Antes de sair Alex deixou um beijo na bochecha de Lizzie que se encolheu contra um dos armários com a atitude. Enquanto a garota se afastava no corredor, ela permaneceu ali, com a mão grudada na bochecha, não sabendo explicar como se sentia em relação a tudo isso que tinha acabado de acontecer,mas ela sabia, no fundo sabia muito bem o que poderia ser aquela sensação e preferiu abafar aquilo dentro de si, trancar todas as malditas borboletas em um pote com lacre e fita adesiva.

 

O único problema é que ela não podia contar isso a ninguém pois as pessoas ao seu redor iam saber sempre muito pouco sobre ela e como se sentia em relação a isso, em relação a Alex,e ao saber muito pouco, julgariam muito.

 

(...)

19:00

 

_ Lizzie, fecha minha blusa aqui atrás, rápido! - Polly corre do banheiro extremamente maquiada.

 

Às vezes a garota tinha inveja da irmã por ela chamar atenção de uma forma que ela jamais iria chamar. Enquanto Lizzie apenas fez um rabo de cavalo simples e colocou o vestido mais curto que tinha em seu guarda roupa - quase não se pode chamar de curto algo que bate a dois dedos acima do joelho - sua irmã, Polly, parecia até uma garota normal.

 

Claro que o pai implicou com as filhas sobre o bar, afinal de contas existiam bebidas e garotos em bares como esse, mas diferente de seus fiéis o pastor Jurian tentava mostrar às filhas que elas podiam confiar nele, e que a relação entre igreja e adolescência poderiam andar juntas sem problemas, sempre dentro dos limites, é claro.

 

_ Está na hora, vamos Polly! - Lizzie aperta um pouco mais o elástico no cabelo e desce as escadas, apressada.

 

A irmã acompanha Lizzie empolgada com a possibilidade de conseguir conversar com Arche a sós. Na sala, o pai encara as duas e sorri, apontando para o relógio, lembrando das duas voltarem no horário combinado. Ele até tentou se despedir mas as garotas estavam tão eufóricas que dispararam porta a fora quando o carro de Arche Willians buzinou em frente a varanda da casa. 

 

Essa seria a primeira noite que Lizzie saia para um bar com novos amigos e para ela nada poderia dar errado, absolutamente nada.

... 

 

Logo na entrada as irmãs encaram um homem grande e com barba mal feita usando uma jaqueta de couro marrom desgastada, parecia ser ele o responsável por verificar o documento. Lizzie estremeceu quando puxou o documento falso do bolso.

 

_ Não sabia que aqui tinha limite de idade - Polly sorriu em direção a Arche.

 

" Não fale nada, não abra a boca por favor" pensou a garota quando Arche inclinou a cabeça para ela, por sorte ele não fazia ideia da idade da irmã mais nova da garota que ele tentava ter uma chance.

 

Quando chegou a vez de Lizzie na fila, o homem grande que tinha o apelido " Olho de porco " preso na jaqueta, sorriu na direção dela, entregando o documento nas mãos trêmulas da garota.

 

_ Passa. - Disse ele, erguendo as sobrancelhas.

 

O coração da garota saltou da boca pois ela teve a sensação que ele sabia que aquilo era falso e nunca na vida Lizzie tinha mexido com coisas desse tipo, o único pensamento que perseguia sua mente era:

 

" E seu meu pai descobrir?" 

 

Quando as garotas chegaram à entrada do bar iluminada por luzes vermelhas e diversas mesas - incluindo de sinuca - Lizzie sentiu uma sensação maravilhosa, como se ela tivesse perdido muito tempo com coisas aleatórias desinteressantes e que esse tipo de lugar era o que ela queria a muito, muito tempo. A música era alta com a banda no palco rodeada de pessoas de diversas idades, algumas curtiam tudo das mesas e outras estavam ali jogando sinuca ou bebendo no bar. Lizzie se encantou com as mulheres sacudindo as bebidas enquanto servia doses em copos simples, tinha até alguns garotos competindo para ver quem bebia mais doses em um determinado tempo.

 

_ Liz, vou procurar uma mesa com Arche, você vem?

 

_ Preciso procurar uma pessoa antes. Já volto! 

 

A garota esbarrou em algumas pessoas enquanto procurava Alex naquele bar, alguns lançaram olhares horríveis em sua direção e outros apenas encaravam sua roupa discreta demais para a região. Lizzie começou apenas encarar o chão enquanto procurava Alex pois ao esbarrar em uma garota duas vezes maior que ela, quase apanhou, então o chão seria o melhor lugar para manter seus olhos fixos.

 

O bar do Joe era uma mistura de cigarro barato e mulheres com dinheiro grudado no seio, a sensação que dava era que tudo podia acontecer ali dentro, tudo mesmo. Quando já estava quase desistindo e voltando para a mesa com a irmã, alguém vendou seus olhos com as mãos, Lizzie se virou e encontrou Alex parada atrás dela, os cabelos escuros soltos e bem diferente de como costumava se vestir na escola. 

 

Os olhos de Lizzie encararam a saia curta dela e por um momento pensou que nada poderia ser mais curto do que roupas que ela usava na escola… bem, ela estava errada.

 

Alex era uma mistura de garota propaganda do bar do Joe e parte da família, até mesmo o faxineiro do local a conhecia.

 

_ Você demorou, pensei que tivesse desistido - Alex puxou um cigarro da jaqueta o acendendo - Eu ofereceria a você mas diriam que estou te levando para o mal caminho…

 

Lizzie puxou o cigarro da mão dela e o acendeu por conta própria, deixando a garota de boca aberta mas encantada.

 

Bem, não seria tão difícil ganhar essa aposta, afinal Lizzie Chapman era burra o suficiente para não perceber a dupla máscara de Vause. 

 

_ Vá para o mal caminho sozinha, então - Alex puxou a cintura de Lizzie lançando um braço sobre seu ombro.

 

Lizzie foi apresentada para os amigos de Alex, um a um, inclusive Molly Swan que de repente começou a tratar a garota com muita gentileza, mas ela não suspeitou de nada ao contrário, chegou a pensar que talvez pudesse vir mais vezes com eles para o bar do Joe ou até mesmo outros lugares, afinal as pessoas eram simpáticas e gentis com ela. As garotas dançaram e jogaram sinuca algumas vezes, em outras Lizzie foi a fiscal do jogo de bebidas que eles faziam entre si, afinal Alex não a deixava beber e dizia que preferia assim. 

 

Mesmo quando ela mesma insistia em fazer aquilo por conta própria, Alex negava, dizendo que não seria ela a levá-la para o melhor caminho sem volta que já existiu.

 

_ Preciso de ajuda com minha blusa - Alex se levantou do banco, chamando Lizzie com o dedo.

 

_ Eu arrumo, é só virar…

 

_ Tem gente demais aqui, vamos para lá - E então apontou para o banheiro.

 

Alex entrelaçou os dedos nos de Lizzie e caminhou com ela entre a multidão. 

 

Foi inexplicável a sensação que tomou conta da garota quando ela fez aquilo, era como se um turbilhão de sentimentos diferentes dominassem Lizzie por inteiro, e mesmo alguma parte dela dizendo que era errado achar uma garota atraente demais, a outra não ligava para nenhuma regra idiota que sua igreja tentava impor dentro dela. 

 

O banheiro era pequeno mas não impediu que Alex trancasse a porta e se encostasse nela, de forma que apenas a iluminação vermelha focasse em seus rostos. As duas estavam a centímetros de distância.

 

_ Sabe que não trouxe você aqui para arrumar minha blusa, não é Lizzie? - O sorriso maroto apareceu no rosto de Alex.

 

O coração da garota parecia bater tão rápido dentro do peito que se não existisse um pedaço de pano segurando sua pele, ela jurava que qualquer um podia sentir também. Lizzie até tentou sorrir mas não conseguiu, o nervosismo tomou conta de seu corpo.

 

_ Não precisa ficar nervosa - Alex apoiou as duas mãos em sua cintura a puxando levemente para frente - Não estou louca de achar que você também quer isso, estou? 

 

Lizzie balançou a cabeça rapidamente em negação, afinal ela queria alguma coisa também mas não sabia exatamente o que esperar… beijar uma garota teria a mesma sensação que beijar um garoto? Ela não sabia dizer, nunca tinha feito nenhuma das duas coisas. Ela até teve um namorado três anos antes, mas ele nunca beijava Lizzie, dizia estar se guardando para algo que ela nunca sabia o que era, até descobrir que ele na verdade gostava de garotos e então agradeceu por ninguém ficar sabendo desse namoro secreto.

 

_ Como é? - Foi a única pergunta que ela conseguiu fazer e Alex encarou seu rosto em confusão.

 

_ Beijar uma mulher? 

 

_ Não - Lizzie respirou fundo apertando as mãos uma contra a outra - Beijar alguém.

 

Alex arregalou os olhos não sabendo como lidar com aquilo, ela nunca tinha passado por uma situação como essa. 

 

_ Você nunca beijou ninguém? - A voz saiu tão presa que ela teve a sensação de estar engasgada.

 

Lizzie agradeceu a luz daquele banheiro cheio de adesivos ser vermelha, assim Alex não podia ver como seu rosto estava mais quente que aquele lugar. 

 

_ Caralho! - Foi a única coisa que Alex conseguiu dizer quando ela negou a pergunta - Certo, não esperava por isso… - disse, coçando a cabeça - Vamos livrar você do problema,então.

 

_ Sou um problema? - Lizzie cruzou as sobrancelhas. 

 

_ Não quis dizer isso… 

 

Alex se aproximou dela mas a garota se afastou, a deixando confusa.

 

_ Feche os olhos - Lizzie sorriu.

 

_ Que? - Alex fez uma careta não entendendo nada daquilo.

 

_ Confia em mim.

 

Alex não sabia se podia realmente confiar em alguém, ela nunca confiou, nem sabia a sensação. Mesmo achando estranho a atitude da garota ela fez o que foi pedido, fechou os olhos e relaxou enquanto apenas o silêncio consumia aquele banheiro pequeno e apertado demais 

 

_ Quando eu era pequena… - Lizzie começou, passando os dedos pelo rosto de Alex - Eu tive um amigo que se comunicava com as mãos. Sabia muito pouco disso, mas ele me ensinava bem e sempre dizia do jeito dele que não podemos enxergar as pessoas com os olhos e sim com o coração…

 

Os dedos da garota percorreram toda a pele de Alex, passando entre as bochechas e os lábios. Uma sensação estranha também tomou conta do corpo de Alex que mesmo achando aquilo estranho começava a gostar do toque delicado.

 

_ Aprendi com ele que precisamos conhecer alguém com tudo o que temos e aqui dentro eu e você não temos nada, apenas esse momento e sabe… eu sempre quis saber qual era a sensação de tocar sua pele...- Quando Lizzie terminou de falar a garota abriu os olhos percebendo que elas agora estavam próximas o bastante - Nunca fiz isso antes, não sei se vou gostar ou nunca mais olhar na sua cara e me culpar dia e noite na minha cama, mas quero tentar, julgar eu mesma o que eu quero depois disso… então quero pedir uma coisa, Alex…

 

_ Pode pedir - O coração de Alex estava disparado em seu peito também, e agora ela parecia mais nervosa que Lizzie.

 

Que situação era essa? Quando ela deixou de estar no comando de alguma coisa e começou a aceitar favores? 

 

_ Me faça não me arrepender de ter entrado nesse banheiro com você. Quero descobrir quem eu sou, e se vai ser com você… quero pedir que tenha paciência, pode não ser nada para você mas vai significar muito para mim e sobre tudo o que aprendi a vida inteira.

 

Alex cruzou as sobrancelhas sentindo sua respiração tão intensa quanto a de Lizzie, sem perceber suas mãos seguraram o rosto dela de uma forma que ela jamais fez antes, sentia cada toque daquilo não só no físico mas também com algo a mais que ela assim como Lizzie, não entendia. 

 

Não dava para dizer qual das duas eram inexperientes naquele banheiro. Alex se tornou tão vulnerável quanto ela, foi como voltar a sua primeira experiência de novo, porém de um jeito… melhor.

 

Se para Lizzie aquela noite seria inesquecível para Alex também, o banheiro do Joe nunca teve uma história tão intensa como aquela e Alex sabia muito bem disso.

 

You're the fear, I don't care

'Cause I've never been so high

Follow me to the dark

Let me take you pass the satellites

You can see the world you brought to life, to life

So love me like you do, lo-lo-love me like you do

Love me like you do, lo-lo-love me like you do

Touch me like you do, to-to-touch me like you do

What are you waiting for?