História Edge of desire - Parte 3 - Possibilities

BONNIBEL POV:

- Bom... vamos ao início de tudo... Sempre estudei em casa, mas depois de muita insistência, meu pai me autorizou dar sequência aos meus estudos num colégio conhecido na região... eu sempre fui muito presa pelo meu pai e suas exigências sobre ser uma princesa perfeita...

- Entendo... - ela disse, se ajeitando melhor na cama para me ouvir

- ... então no meu primeiro dia de aula, eu vi você chegando com Finn e Jake, e confesso que logo me interessei por você, quer dizer...você flutua, tem a pele mais pálida que as pessoas, olhos vermelhos... me chamou a atenção a princípio por esses motivos, mas no fundo já te achei muito bonita... - sorri sem graça e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha - e eu me apresentei na sala como a professora havia pedido e tal, sentei na frente, focada nos estudos, mas aí você fez algo que incomodou a professora e ela acabou te aproximando de mim... ou foi o destino... mas enfim... me senti mal por ver que você estava aborrecida e resolvi puxar assunto e acabei no final da aula perguntando se você queria fazer um trabalho que a professora havia passado comigo... você concordou e foi embora... e essa foi a primeira vez que eu falei com você... - a olhei, preocupada, e ela estava com os olhos estreitos, como se estivesse fazendo algum tipo de esforço.

- Eu não me lembro de nada disso...

Coloquei a mão por cima da dela e a olhei nos olhos.

- Eu sei... mas não tem problema... não mais... - me aproximei, coloquei minhas mãos no seu rosto e beijei seus lábios delicadamente.

Depois de um tempo, ela se deitou e fez um gesto para que eu deitasse em seus braços e eu assim o fiz, acariciando sua barriga por baixo da blusa e ela brincava com a ponta dos meus cabelos em silêncio.

- Você... pode continuar?

- Continuar? - a olhei

- Uhum... o que aconteceu depois? Ficamos próximas?

Suspirei e sorri.

- Se você quiser que eu pare, me fala, tudo bem? Não quero forças nada...

Ela beijou minha testa e concordou.

- Bem... no segundo dia de aula, não sei exatamente o que aconteceu, mas você resolveu fazer algum tipo de brincadeira comigo...

- Tão eu... - disse, rindo. - Espero que não tenha sido nenhum absurdo.

- Não, amor. Você simplesmente me provocou e correu com o livro que eu estava lendo, e eu corri atrás de você, até que você deu de cara com o diretor... - comecei a rir e ela riu também - mas depois eu dei um jeito de convencer ele e ele nos liberou...

- Aposto que você usou esse charme todo... - me deu um selinho.

- Na verdade eu nem me lembro o que disse, mas deu certo... durante a aula você fez mais algumas provocações, fizemos uma certa bagunça na aula e confesso que foi muito divertido. - suspirei - na saída, você roubou meus óculos e puxou assunto comigo...

- Nossa, eu sou muito idiota né? - disse, esfregando a mão no rosto e rindo - Você não me achou insuportável?

- Um pouco - disse, rindo - mas eu te achei fascinante...

- Sério? Por quê? - perguntou, me olhando os olhos.

- Não sei explicar... eu sempre fui tão séria... você parecia ser sempre tão leve, entende? Divertida, descontraída... eu não sabia o que era ser assim...

Ela acariciou meu rosto e beijou minha bochecha.

- E depois? O que aconte... AI!!! - ela se encolheu, com as mãos na cabeça.

- MARCY! que foi???

- Eu... argh... não sei... minha cabeça...

Me aproximei imediatamente e coloquei minhas mãos por cima das suas.

- Calma, olha pra mim.

- Bonni... eu não... argh...não sei... - ela falava, entre dentes, pressionando suas mãos fortemente em suas têmporas, de olhos fechados.

- Marcy, fala pra mim, o que está acontecendo??? Vamos no hospital agora!! Vem, vou te ajudar!!!! - disse, levantando da cama e tentando tirar as mãos dela do rosto.

- Não...eu não...

- Marcy, vem, por favor, você precisa de ajuda!!!!!!

Tentei levantá-la, a segurando pelos braços, porém assim que ela ficou de pé, imediatamente caiu no chão e eu não consegui segurá-la perfeitamente, então caímos praticamente juntas de joelhos no chão.

- MARCY!

Tirei suas mãos do seu rosto e ela abriu os olhos, porém nesse exato momento, seus olhos vermelhos estavam completamente negros, até a parte branca de seus olhos. Não pude evitar e caí sentada no chão, assustada.

Ela ficou parada, como se estivesse vendo algo além de mim naquele quarto.

MARCELINE POV:

Eu já havia aceitado que de fato havia perdido a memória em algum momento da minha vida, afinal, era o que explicava esse vazio dentro de mim e algumas confusões mentais. Então estava ouvindo atentamente Bonni e as informações que segundo ela, eu havia esquecido, e era engraçado pois a medida que ela ia contando, por mais que eu fizesse um esforço mental enorme para me recordar, era inútil. Como eu acreditava nela, então?! Bom... eu não podia ignorar o quanto meu coração estava disparado e o quanto sentia no fundo da minha alma que tudo aquilo era a mais pura verdade.

Era incrível ouví-la contando as coisas, não só pelo fato de ser minhas memórias perdidas, mas principalmente por ser ela, a mulher que eu aprendi a amar em tão pouco tempo e pelo jeito, a mulher com quem eu já havia criado uma história maior do que eu podia imaginar, mas que estava prestes a descobrir.

Tudo estava indo perfeitamente bem, até que comecei a ter uma sensação esquisita dentro de mim, e senti uma pontada tão forte na minha cabeça que fiquei completamente desnorteada.

Bonni insistia de todas as formas para que eu pudesse ir ao médico e eu não a culpo, afinal, estava preocupada comigo. Mas eu simplesmente não tinha forças nem pra levantar. De repente, abri os olhos e tudo ao meu redor havia mudado. Não era meu quarto: era como se eu estivesse na saída do colégio.

- Mas o quê?...

Olhei para o lado e vi Bonnibel desesperada, praticamente pulando em cima de mim.

- Marceline! Devolve meus óculos sua maluca

- Hãn???? Tá louca? Eu não estou com seus... - olhei minha mão e fiquei totalmente surpresa, pois de fato estava segurando seus óculos na minha mão.

De repente, ela pegou os óculos da minha mão.

- Ai mas claro que não, tenho muitos afazeres. Não tenho tempo pra namoricos. - ela disse, colocando de volta os óculos no rosto.

- Como assim? Do quê você está...

- MARCELINE! - de repente, Bonni estava ajoelhada na minha frente, segurando meu rosto com suas duas mãos, desesperada.

- Bonni? Mas você estava...

Olhei ao redor e percebi que estava no meu quarto. Minha dor de cabeça melhorou de repente. Do nada.

- Eu vou chamar uma ambulância!!! - ela disse, tentando se levantar, mas a interrompi segurando seu braço.

- Não, espera. Não chama a ambulância.

- Como assim???? - ela me olhou, indignada.

Fiz um pequeno esforço e consegui me levantar, e ela me olhava totalmente desesperada. Sentei na cama e puxei ela pela cintura para que pudesse sentar em meu colo, e ela assim o fez, então a abracei pela cintura e encostei meu rosto em seu braço, um pouco desnorteada.

- Marcy... o quê aconteceu? - ela estava un pouco mais calma.

- Eu não sei... senti uma dor de cabeça muito forte... então... perdi as forças e...

- E...?

- E... eu não sei dizer...acho que estou ficando louca...

Ela segurou meu rosto com suas mãos e me olhou nos olhos.

- Marcy, me conta o que aconteceu direito. Você perdeu as forças e...?

Eu queria contar pra ela, mas aquilo tinha sido tão estranho. Ela estava ali, mas... não era aqui. Não era no meu quarto.

- Bem eu... acho que...tive um tipo de sonho...

- Sonho? Que sonho?

- Eu não sei... eu só... era como se estivéssemos em outro lugar...

- Outro lugar? Como assim?

- Era como se estivéssemos na saída do colégio.

- E o quê aconteceu?

- Eu não sei explicar... Você estava tentando pegar algo de mim e quando eu percebi, estava com seus óculos na mão.

Ela fez um estranho silêncio por um momento e me questionei mentalmente o que deveria estar pensando.

- ...e o quê mais?

- Bom... Você comentou que não tinha tempo para "namoricos"...

Ela saiu de cima do meu colo imediatamente, com as mãos tampando sua boca.

- O quê foi? Que cara é essa? -Ela ficou em silêncio. - Bonni, você tá me assustando. Foi só um sonho, certo?

Ela suspirou e sentou ao meu lado, me encarando.

- Você está mehor da dor de cabeça?

- Estou. Mas não foge do assunto! Por quê você tá toda estranha??

Ela respirou fundo e desviou o olhar.

- Marcy... eu não quero te enganar... mas talvez...só...talvez...exista uma possibilidade de você estar recuperando sua memória... de certa forma...

- Como assim?

- É que...foi exatamente o que eu te disse, no dia que você roubou meus óculos na saída do colégio...

Fiquei espantada com aquilo. Será que realmente existia essa possibilidade?

- Mas isso é... bom...certo?

BONNIBEL POV:

Era muito estranho pensar que existia a possibilidade da Marcy estar recuperando sua memória... mas não poderíamos criar expectativas, pois tudo isso poderia ser apesar uma bagunça de informações.

- ...bom, vamos observar cuidadosamente pra ver o que está acontecendo, ok? De qualquer forma, você precisa voltar ao médico.

- Eu não vou ao médico. - revirou os olhos.

- Marceline, você quase desmaiou de dor de cabeça. Isso não é normal!

- Claro que é.

- Não é não!

- Bonni, que droga, foi só uma dor de cabeça! Já passou!

- Não foi só uma dor de cabeça!!! - afirmei, me lembrando de seus olhos completamente negros.

- Então é mais o quê???

Respirei fundo.

"Eu não posso ficar dando tantos detalhes. Já é muita informação tudo isso pra ela. Eu estava assustada e preocupada, devo ter visto coisas irreais."

- ...Tem razão, tem razão. Me desculpe, amor, eu só... fiquei muito preocupada, só isso. É apenas uma dor de cabeça. - disse, em pé no meio de suas pernas, então segurei seu rosto e beijei sua cabeça.

- Será que eu estou ficando louca?

Me deitei ao seu lado na cama e a convidei com um gesto pra deitar junto comigo, e ela assim o fez.

- Não se preocupa com nada, ta bom? Você precisa descansar.

- Mas você não vai continuar a me contar sobre as memórias que eu perdi?

Suspirei.

- Talvez... depois... - Ela bufou. - Marcy, a coisa não é tão simples assim. Vamos aos poucos, pode ser?

- ...ok. - respondeu, birrenta, aconchegando seu rosto entre meus seios.

Ficamos ali, abraçadas.

"Eu não sei o que as informações da memória perdida dela causarão, mas tomarei providências pra que tudo seja com muito cuidado. Será que estou fazendo a coisa certa? Quais são os riscos que estou correndo em resgatar essas lembranças, se é que elas poderão ser resgatadas? Oh, Simon, eu queria que você estivesse aqui pra nos ajudar..."

Sinto meus olhos encherem de lágrimas ao me recordar de como ele havia morrido, então finalmente fecho os olhos e adormeço ao lado de Marceline.