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História Efeito Borboleta - O Children


Escrita por: Kashi_

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 43 - O Children


43 — O Children

Harry POV

Eu me sentia cheio de dor, e embora não fosse física, eu não achava que conseguiria aguentar continua em pé por muito mais tempo.

Ver Sirius, ao contrário do que qualquer pessoa poderia imaginar, não foi apenas alívio e amor.

Foi como reviver a morte dele. Relembrar do segundo exato em que ele passou pelo véu, lembrar da raiva que veio, lembrar de como aquilo me quebrou por dentro.

Assisti-lo desaparecer, sem poder fazer nada para ajudar, com aquela angústia me sufocando a ponto de eu querer morrer.

A ponto de torcer para que Voldemort acabasse comigo, e que eu não precisasse existir em um mundo onde meu padrinho não estava mais.

Ver a mim mesmo destruir o escritório de Dumbledore, gritar com ele, sentir raiva e rancor. Pensar nas injustiças que aconteciam comigo, e sentir meu coração sendo esmagado por aquela sensação que me fazia sentir falta de ar.

Eu agradeci Ronald por ter dado a deixa para que eu e Sirius saíssemos da presença de todos, e segui pelo corredor dos quartos, até abrir a porta e entrar dentro de um dos que estava desocupado.

Sirius me seguia, e me segurou pela cintura no exato momento em que eu senti minhas pernas falharem, e percebi não aguentar meu próprio preso.

Tentar manter meu emocional firme na frente dos outros não estava sendo fácil, e assim que chutou a porta para fechar, Sirius me guiou até a cama, me fazendo sentar ali e se ajoelhou no chão, de frente para mim.

— Você precisa respirar fundo, Harry. Vamos lá. Respire — Pediu, tirando meus óculos, afastando meu cabelo do rosto, e eu tentei obedecer, sentindo os soluços rasgando minha garganta, queimando com força.

— Sirius, eu...

— Não, não fale. Apenas respire — Insistiu, e eu assenti, mal notando as lágrimas fugindo por meus olhos, até sentir ele as secar, com a expressão séria — Vamos, garoto, respire comigo — Disse, soltando e puxando o ar devagar para me incentivar, e eu concentrei minha atenção em fazer apenas isso.

Flashs de memória se passavam por minha mente, de como tudo tinha sido dolorido e difícil desde que o perdi, e tê-lo ali ainda parecia ser algo que eu havia sonhado. Algo irreal.

Ele se ergueu, sentando ao meu lado assim que eu consegui recuperar o ar, e passou os braços ao meu redor, me apertando contra si.

— Estou aqui agora, Harry — Disse baixinho, e eu assenti, ainda sentindo-me tremer.

— Eu não consigo parar de pensar em quando... quando você...

— Não pense nessas coisas. Vamos conversar, te distrair. O que acha disso?

Assenti, vendo ele sorrir e me encarar com os olhos cinzentos, de uma forma que eu havia sentido muita falta, enquanto ajeitava os óculos no meu rosto novamente.

— Porque está namorando um Malfoy? — Foi a primeira coisa que ele disse, me fazendo rir em meio a toda aquela confusão de sentimentos.

— Sirius!

— Achei que soubesse, nós odiamos os Malfoys! — Disse, em tom preocupado.

— Nós quem?

— Todo mundo, Harry — Insistiu, negando com a cabeça, e isso me fez rir.

— Remus parece achar ele legal — Murmurei, apenas para que ele continuasse falando aquelas bobeiras.

— Você confia em Remus? — Ele rebateu, arqueando a sobrancelha — Ele entrou em um portal que poderia fazê-lo morrer para me tirar de lá, sem saber se funcionava. A opinião de Moony vale muito pouco agora! Ele é — Girou o dedo ao lado da cabeça, fazendo um som engraçado para indicar a insanidade do marido.

— Eu duvido que você diz isso na frente de Remus — Falei, vendo ele rir com diversão.

— Se você falar que eu disse isso, vou negar. Em quem você acha que ele vai acreditar? Em você, ou no marido dele?

— Ele te conhece bem, então provavelmente vai acreditar em mim — Rebati, divertido ao me arrastar para o meio da cama, vendo ele fazer o mesmo, ambos cruzando as pernas e ficamos ali, por breves instantes apenas aproveitando aquele momento entre nós por um instante silencio, sem saber por onde começar a conversar.

— Eu senti sua falta, garoto — Disse por fim, me arrancando um sorriso.

— Também senti a sua. O tempo todo. Moony te contou? Que estávamos certos e que Snape era um traíra?

— Contou. Fiquei chateado quando soube do que aconteceu a Dumbledore — Disse, suspirando baixo com pesar — Queria ter estado lá para dizer que eu avisei.

Abafei uma gargalhada com a mão, indignado que fosse a primeira coisa a vir na mente de Sirius ao pensar na morte de Dumbledore e ele balançou os ombros.

— Então... você se casou com Remus — Comecei, ansioso.

Havia algo extraordinário em ter Sirius ali, ainda mais agora que sabia esse novo detalhe sobre ele.

Desde que me aproximei de Draco, uma das coisas mais difíceis foi não ter ninguém ali para poder conversar sobre a forma que eu me sentia diferente, então isso me fez ansioso quase imediatamente, ainda mais por ele (e todos os outros do acampamento) ter dito que sempre desconfiou que eu pudesse ser gay.

— É — Sorriu com simplicidade ao bagunçar os próprios cabelos, demonstrando ficar sem jeito — Nunca conversamos sobre eu e Remus — Ele disse, em tom de culpa.

— Não. Você nunca me disse nada. Eu... só percebi muito depois. Quando... ele disse que eu precisava ajudar Draco, porque ele era um Black que poderia ser salvo.

— Moony só diz besteiras — Resmungou, embora tenha demonstrado alguma emoção no olhar.

— Eu só percebi depois dessa conversa — Admiti, e ele sorriu minimamente.

— Não havíamos contado a ninguém, embora a maioria da Ordem desconfiasse. Depois que ele foi morar comigo no Largo do Grimmauld... bem, acho que ficou óbvio para a turma antiga, que sabia do nosso relacionamento antes de eu ser preso.

— Porque nunca me contou nada? Nenhum de vocês?

— É complicado, Harry — A frase saiu como um suspiro.

— Me conta. Por favor?

Ele sorriu muito fraco, mas assentiu.

— Nós começamos a namorar antes de seus pais. E depois da guerra...

— Eu quero saber tudo — Insisti, desespero por qualquer coisa que me distraísse, e ele pareceu sentir meu tom de voz, porque assentiu ao indicar que nos acomodássemos nos travesseiros, puxando o cobertor para nos enrolar, deitados lado a lado, um de frente para o outro.

— Em Hogwarts, Moony já estava caidinho por mim desde sempre...

— Você estava caidinho por ele desde sempre? — Rebati, vendo ele rir.

— Descobri que estava apaixonado por ele quando... eu e seu pai estávamos bêbados na casa dos gritos. Moony estava bravo conosco por algo que não lembro, e não foi aquele dia. Só... eu e seu pai. Ás vezes fazíamos isso. Nos afastávamos dos outros, para ter um momento nosso. E... eu perguntei a ele,como tinha certeza que estava apaixonado por sua mãe. Na época ela ainda evitava e brigava com ele o tempo todo.

Sorri ao pensar nisso. Ao pensar em meus pais com aquelas briguinhas infantis, até descobrirem que se gostavam.

— E as coisas que ele me disse...

— Te fizeram pensar em Remus — Adivinhei, e ele assentiu.

 — Descobri muito tempo depois, que ele mentiu nessa conversa. Que só disse o que eu queria ouvir, porque já desconfiava do que eu sentia por Remus.

Sorri, tentando pensar em como seria vê-os jovens e apaixonados, todos juntos.

— Eu comecei a ignorar Moony depois disso.

— Que tipo de estratégia era essa? — Perguntei divertido, vendo ele rir.

— Não era estratégia, era pânico. Eu só... ignorava ele. Ficava longe. Fingia não ouvir quando ele falava. Me apavorava estar perto dele, e obviamente isso o magoou. Nessa época sua mãe e ele eram próximos, porque os dois eram monitores. É claro que ela notou o que estava acontecendo, muito depressa. Lily era muito intrometida — Resmungou, revirando os olhos.

Sorri, fascinado ao vê-lo tão nostálgico a falar de meus pais.

Havia tanto amor nos olhos de Sirius ao falar deles, que eu quase podia sentir suas presenças ao nosso redor.

Era caloroso e cheio de vida.

— E embora ela não aturasse Prongs... ela se importava com todos ao redor o suficiente para passar por cima disso e ir falar com ele sobre nós dois.

Sorri, vendo ele assentir.

— Foi ai que a história dos dois começou, de verdade.

Eu ri, pelas simples vontade de rir, assentindo e esperando o restante.

— Prongs não tinha vergonha na cara, nos vendeu por um sorriso de sua mãe.

Isso nos fez rir juntos, e eu tentava imaginar o quanto deveria ter sido engraçado na época, ainda que Sirius soasse contrariado.

— Contou tudo a ela. Que tinha certeza que eu estava apaixonado, e que tinha tentado me jogar para Moony e eu surtei. Lily era facilmente vencida por uma história de amor. Aceitou se juntar a ele para bolar um plano para nos fazer ficar juntos.

— Mesmo detestando ele?

— Seu pai foi um romântico incurável, Harry. Adorava formar casais por toda parte. Ele acreditava, desde sempre, nessa coisa de almas gêmeas. Isso conquistava qualquer pessoa. Sua mãe não poderia ser imune ao charme dele, quando Prongs estava com os olhos sonhadores e cheio de amor.

Sorri, assentindo ao tentar pensar.

Será que era como eu me sentia por Draco?

Meus pais iriam gostar de nos ver juntos?

Meu pai diria que somos almas gêmeas?

— Eles se encontravam escondidos, e tentavam bolar planos para nos unir. Ficaram semanas fazendo isso. Sem contar para ninguém. Tinham ideias malucas, e... foi quando sua mãe começou a conhecer ele de verdade. Foi quando ela soube quem ele era, e... bem, a magia aconteceu.

— Eles colocaram algum plano em prática?

— Planejar coisas era uma besteira que Prongs inventava para passar tempo com sua mãe, garoto. Ele nos conhecia desde pirralhos, sabia desde o começo o que precisava fazer para que nós ficássemos juntos. Ele só... nos usou por um tempo para estar com sua mãe. Ele sabia que era a chance perfeita dela ver que ele havia mudado. Que não era mais o cara de antes. Quando ela finalmente aceitou ir em um encontro com ele, então Prongs soube que era a hora certa.

— O que ele fez? — Perguntei ansioso, e Sirius riu.

— Um dia, quando estávamos só nos três no dormitório, ele apenas disse ‘Moony, Padfoot... Vocês estão apaixonados um pelo outro’ E então saiu e nos trancou ali dentro. O seu pai era um idiota — Reclamou, negando com a cabeça, divertido.

— E vocês só... ficaram juntos?

— Sim. Desde aquele dia. Começamos a namorar algumas semanas depois. Seus pais vieram logo em seguida. Depois que terminamos a escola, eu e Remus fomos morar juntos. E ele me pediu em casamento, no meu aniversário. Dois dias depois, descobrimos que sua mãe estava grávida. E todos nós queríamos você de terno no casamento, então decidimos esperar. Tudo ficou complicado depois disso. E... então eu fui preso.

— Eu sinto muito — Murmurei, e ele assentiu.

— Não vamos falar de coias difíceis agora — Insistiu, com um sorriso simples ao mexer no meu cabelo — Quando eu fugi com o hipogrifo... Moony se demitiu na manhã seguinte e veio me procurar. Era estranho. Nenhum de nós conseguia falar sobre isso, ser sincero. Pedir desculpas. Foi tudo... estranho.

E eu soube que Sirius e eu sentimos a mesma dor enquanto ele dizia aquilo, porque era óbvio o que tinha acontecido.

Doze anos depois, não havia um Prongs ali para ajudar eles a serem sinceros.

Não havia ninguém ali por eles.

Nenhum idiota para trancar os dois dentro de um quarto e dizer que ainda se amavam.

— Quando Dumbledore nos contou que você estava participando do Torneio Tribruxo, brigamos feio com ele. Os dois. Planejamos sequestrar você, até. Isso nos fez unir, por incrível que pareça. Então... as coisas voltaram ao normal depois que Dumbledore desconfiou do plano do sequestro e nos ameaçou. E quando Você-sabe-quem retornou... nós voltamos a ficar juntos. Por medo de perdemos a chance de novo.

A expressão dele era um pouco séria e distante, mas aos poucos se transformou em um sorriso simples.

— Pretendíamos nos casar nas férias. Sequestrar você da rua dos alfeneiros para que pudesse estar conosco, e levar as malditas flores.

— Vocês planejam muitos sequestros — Falei rindo, mesmo que nós dois estivéssemos muito emocionados naquele momento.

— Eu queria que você estivesse lá. Queria, Harry. Mas não fazíamos ideia de onde estava, e... foi na primeira coisa que fizemos. Apenas algumas horas depois de sairmos do véu, quando Remus já conseguia ao menos andar, depois da lua cheia. Fomos a Vegas, e nos casamos ali. Precisávamos daquela porcaria de papel, porque...

— Eu entendo, padrinho — Garanti, e ele soltou o ar devagar, mas sorriu ao fim.

— Quando tudo isso acabar, seremos uma família descente. Você vai ver — Ele disse, com certeza e segurança ao me olhar.

Isso me fez sentir um pouco mais forte para continuar. Para seguir em frente, e ficar ansioso por tudo o que viria depois.

Como seria uma vida pós guerra, com Sirius ali para cuidar de mim?

Com Draco ao meu lado?

— E... quando as coisas estiverem calmas, e eu puder provar minha inocência... Queremos fazer um casamento oficial no mundo bruxo também. Com uma festa. Colocar você em um terno, e... — Ele parou, balançando os ombros — O que acha?

— Bem... vocês vão precisar de um Potter para ser padrinho — Falei, porque foi a primeira coisa que me veio em mente, e vi ele piscar surpreso, me encarando com uma emoção tão forte, que eu me preocupei em ter sido exagerado ou ter dito besteira.

Os olhos dele se encheram de lágrimas muito rápido, e eu arregalei os olhos.

— Me desculpe! Eu só...

— Não, Harry. Não se desculpe — Falou, respirando fundo ao deslizar o corpo pra cima, até poder sentar e escorar as costas contra a cabeceira da cama, e eu fiz o mesmo — É só que... Prongs disse a mesma coisa. Quando contamos sobre o noivado.

Pisquei, surpreso e sem saber como me sentir diante disso.

— Era... uma coisa nossa. Dos marotos. Sempre nos oferecíamos para ser padrinhos uns dos outros. É claro que eu o teria escolhido, mas era sempre mais engraçado quando ele se autointitulava. Ele foi padrinho do meu porco.

— O seu porco?

— Sim, eu tinha um porco. O Pigfoot Black. Eu e Moony adotamos ele. Estavam vendendo para criação e abate. Nós adotamos, e até precisamos batizar porque Prongs quis ser padrinho. É uma longa história — Ele disse, me fazendo rir ao imaginar como deveria ser insano viver na mesma época do que os marotos jovens.

Sirius levou os dedos por meu cabelo, afastando-os para trás com cautela.

— Precisamos de um Potter para ser padrinho — Disse, e eu assenti para ele, me movendo para lhe abraçar — Está mais calmo?

— Sim.

— Agora quer me dizer por que diabos achou que era uma boa ideia namorar um Malfoy? E ele é sonserino, Harry. Você lembra disso, não lembra?

Isso me fez rir ao assentir, erguendo o rosto para ele.

— Ele gosta de mim. Gosta... mesmo — Falei por fim, e ele arqueou o cenho.

— Então você gosta mesmo dele?

Sorri ao assentir, me sentindo um pouco perdido em dizer isso para Sirius.

— Sabe que eu vou odiar ele sempre, não sabe?

— Você poderia dar uma chance. Eu também pensava coisas ruins sobre ele, e...

— Ah, não. Estou fazendo isso por Prongs. Alguém precisa odiar esse garoto, então vou assumir essa.

— Imagino o quanto vai ser difícil para você não gostar de um Malfoy sonserino.

— Eu vou fazer esse esforço por você.

Nós dois rimos, e aos poucos eu me sentia melhor o suficiente para finalmente dizer algo que estava pensando.

— Draco me levou a Godrics Hollow.

O sorriso dele se desmanchou no mesmo instante, enquanto ele me encarava com uma expressão séria, até suspirar.

— Eu quis te levar, Harry. Mas era tão arriscado! Eu estava sendo procurado, então...

— Tudo bem, padrinho. Eu entendo. Só... estou te contando porque foi importante para mim. Ir até lá, e... estar onde eles também estão. Sabe... ver que foram reais. Eu vi o chalé, vi a estátua... visitei o túmulo.

— Dumbledore não deixou nenhum de nós contar onde foram enterrados. E você nunca perguntou. Ele temia que... você tentasse alguma idiotice para ir até lá.

— Se eu soubesse antes, provavelmente teria feito isso. Alguma idiotice — Admiti, e ele sorriu.

— É claro que teria feito. Você é um Potter. Eu não esperaria menos de você — Concordou, e nós apenas ficamos nos olhando por um tempo.

— Dumbledore me proibiu de te sequestrar e te levar lá — Continuou a dizer, me arrancando um sorriso mínimo.

— Quando tudo estiver... melhor... Podemos ir juntos. Eu e você — Sugeri, vendo ele mostrar um sorriso sem qualquer alegria ao assentir.

— Podemos.

— Não foi fácil para mim ir até lá — Continuei a dizer, e ele me olhava, parecendo não saber o que falar — E... acho que não foi fácil para você também.

E por um instante breve, foi como se eu estivesse na neve outra vez, vendo a pedra gelada com o nome deles.

— Um bom Prongs — Sussurramos juntos, cada um com sua própria saudade.

— Não há um dia que eu não pense nele — Ele contou, me encarando com intensidade — Mesmo com todos esses anos, eu ainda acordo e... olho para o lado. Pensando que tudo isso é apenas um sonho, e que vou acordar no dormitório da grifinória, e ver seu pai roncando na cama do lado — Disse, com um sorriso embargado — E sei o quanto é cruel dizer isso, justamente para você Harry. Que nem teve tempo ou a chance de conhecer James.

— Ninguém no mundo amou meu pai como você, Padrinho. E... poder conhecer ele pelas suas memórias... por tudo o que me conta... É a forma mais incrível de estar próximo dele.

Ele sorriu, assentindo ao respirar fundo, e nós dois tentamos nos recompor, e parar com as lágrimas e os discursos emotivos.

Nunca havíamos sido daquela forma um com o outro, mas havia aquilo.

O medo.

O pavor de perdermos qualquer segundo juntos.

— Eu... tenho que te contar algo. Vamos explicar tudo amanhã, quando todos estiverem descansados. Então darei os detalhes do que fizemos nos últimos meses. Mas... isso eu preciso te dizer agora que estamos sozinhos.

— O que houve, Harry? — Ele perguntou preocupado, um tanto sério.

Suspirei, puxando de meu pescoço a pequena saca que havia ganhado de Hagrid no meu aniversário, para guardar pequenos objetos comigo de forma indetectável.

Um pedaço do espelho que antes foi de Sirius estava ali, assim como o pomo de ouro... e o medalhão partido.

— Estamos destruindo objetos que contém fragmentos da alma de Você-sabe-quem. Isso o tornará mortal novamente. E... eu e Dumbledore resgatamos um medalhão, que acreditávamos ser um. Mas... era uma réplica. O verdadeiro havia sido roubado. Demoramos para rastreá-lo novamente, e aqui está — Pousei na mão dele, que me olhava confuso.

— É muita informação, Harry. Porque está me dando isso?

— Esse... era o bilhete que estava junto com o falso — Coloquei o pequeno pedaço de papel na mão dele, que me encarou confuso, e eu o incentivei a abrir o papel.

Eu notei como a expressão dele mudou, se tornando mortificado conforme ele encarava as palavras, até erguer os olhos para mim, piscando de uma forma totalmente chocada.

— Reggie? — Disse muito baixinho, tornando a encarar o bilhete, lendo varias e várias vezes seguidas.

Seus dedos se fecharam ao redor do medalhão, e eu pousei a mão sobre seu ombro, com cautela.

— Ninguém nunca soube. Do que ele fez. Do que arriscou. Mas... ele tentou fazer a coisa certa, no final. Tentou... se redimir.

Sirius assentiu, estendendo o medalhão para mim, mas empurrei sua mão de volta e ele sorriu ao entender que eu queria que ficasse com ele.

— Obrigado, garoto.

— Vou te deixar descansar agora — Falei, sentindo que ele precisava de um momento. O olhar dele sobre o medalhão era cheio de emoções fortes.

— Você pode ficar Harry — Ele disse, mas eu sabia perfeitamente que nesse momento, ele precisava de Remus, e não de mim.

— Eu vou ir...

— Vocês não nasceram grudados. Você pode dormir uma noite longe daquele cara — Resmungou arqueando o cenho, e isso me fez rir.

— Eu pretendia atualizar Moony sobre tudo o que aconteceu nos últimos tempos. Provavelmente pode levar a noite toda, então não espere acordado — Contei, e ele me encarou indignado e ultrajado.

— Você pode falar com ele amanhã! Preciso do meu Moony para dormir! — Exclamou, só percebendo um segundo depois o que tinha Dio.

Sorri em deboche, e ele revirou os olhos.

— Potters! — Resmungou baixinho, e eu sai do quarto, fechando a porta atrás de mim, sentindo que um peso havia sido removido do meu coração.

Agora sabia perfeitamente que precisava enfrentar Draco, e tinha quase certeza de que ele estava com raiva de mim.

Ele parecia não se atrever a nem olhar na minha direção desde o momento em que Sirius chegou, e ao caminhar pelo corredor de volta para a sala, eu sabia que precisaria me preparar para uma briga.

Porque eu também estava com muita raiva dele naquele momento.

Todas as vezes que me viu chorar por Sirius, jamais passou por sua mente me contar que havia uma forma. Que poderíamos ter feito algo. Que Remus estava fazendo algo.

Eu contei todos os meus segredos, deixei ele ter acesso a cada parte do meu coração, e pensar nele escondendo isso por todo esse tempo me fez sentir aquela dúvida começando a surgir, incomoda, dentro do coração.

O que mais ele estava escondendo? Será que ele mentia para mim? Será que haviam mais segredos?

Enquanto sentia essa sensação horrível de dúvida, eu fechei os olhos e respirei fundo, tentando focar em outras coisas.

Em coisas boas.

Sirius Black estava vivo, e isso era tudo o que importava.


Notas Finais


Sentiram falta do Draco na att de hoje??????????????
Espero que tenham gostado desse momento de Harry e Sirius, os gays do acampamento!
Estão com medo do final do capítulo?
Pois deveriam!
(brincadeira)
(ou não)
Vocês percebem que já estamos caminhando para os eventos finais de HP? Já passamos da metade de Harry Potter e as Relíquias da Morte!
Enfim, estão todos lendo A Divina Comédia? Tem att toda terça, e ela é muito soft!
Espero vê-los por lá!
Até a próxima!
- um bom prongs-


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