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História ÉGIDE - hiato - He didn't need to say a word, just seeing him was magic


Escrita por: _sungay e thaenie

Capítulo 3 - He didn't need to say a word, just seeing him was magic


CAPÍTULO DOIS
Ele não precisava dizer uma palavra, apenas vê-lo era mágico. 






 

┬┴┬┴┤✿├┬┴┬┴

 

O som distinto das sinetas viajou por toda a arena, fazendo o silêncio se tornar presente à medida que as outras portas eram erguidas.

O olhar escuro desviou-se dos acinzentados e o ômega segurou mais firmemente os braços da cadeira acolchoada. Seu nervosismo estava o consumindo e seu general tocou seu ombro, como se tentasse acalmá-lo.

— Se acalme, não demonstre que isso tem algum poder sobre si. — Jimin manteve seu olhar fixado em um ponto distante, incapaz de sequer olhar para o sangue manchado nas paredes rochosas.

Seth deu um riso soprado e se inclinou para frente, empurrando uma das concubinas de seu lado. — Se sente enjoado pelo sangue? Ômega. —O seu status saiu depreciadamente dos lábios do rei de Tukh.

— Oh, não! — Virou se e sorriu através do véu que cobria o seu rosto. — Obrigado por se preocupar. — Agradeceu com um pequeno reverenciar de cabeça, sendo imitado pelo alfa.

Jimin odiava aquele homem. O jeito egocêntrico e rude de Seth não lhe agradava, mas mesmo assim nunca faltou com respeito. Seth adorava provocar os ômegas ou ele era o favorito, porque um ômega era uma das criaturas que podiam conceber vidas e jamais tirá-las.

Antes mesmo de ele nascer, Faura foi atacada por Tukh, suas terras foram varridas pela dor e pelo sofrimento. O sangue vívido escorria pelos ferimentos profundos dos soldados e manchava as vestes das crianças.

Seu território antes puro e vívido foi eivado pela maldade humana. As pilhas de corpos que foram queimados e devolvidos a natureza foi desesperador, fazendo a população de Faura mudar para sempre.

A cada alfa existiam nove ômegas. E para poderem se proteger, seus pais acabaram por distanciar-se dos demais reinos, separando-os da enraizada maldade que prevalecia em seus povos.

Quando nasceu, sua mãe lhe impedia de ir através das árvores, olhar ou se aventurar nas regiões que estavam em volta da vasta floresta, Como o Deserto de Tukh e o Norte Ártico.

Jimin ainda era capaz de lembrar-se das pedras que foram carregadas por seus pais e moradoras, construindo uma grande muralha que revestia até a última árvore. Aduzindo a paz e a calmaria prevalecer por todo o reino novamente.

Eram raras as vezes que o ômega deixava a proteção de Faura e ainda mais raro ele se mostrar para os outros reis. Seth insistia em uma coalizão que Jimin não cultuava, o rei de Tukh era tudo que poderia existir em uma pessoa, mas fiel não era uma de suas qualidades.

Ficou sabendo através de viajantes que o Deserto de Tukh havia construído uma grande arena, que era capaz de abrigar cinquenta mil pessoas em suas arquibancadas. Entre essas conversas ele descobriu que o rei e os senhores -submissos a sua regência- colocavam seus soldados para lutar até a morte, como se medissem o poder através do sangue derramado e com isso, Seth se mantinha no comando.

Fora inesperado receber um convite para as terras de Tukh, ainda mais improvável ser convidado para o desenfadar dos dirigentes. Seth realmente parecia desesperado para tê-lo ao seu lado.

Seu ânimo era grande e Yoongi reprovou sua euforia, mas Jimin era curioso e gostaria de conhecer outro lugar fora de suas terras, o que sempre lhe fora negado.

— Não há pelo que estar tão alegre. — Yoongi se revirou nos lençóis e o olhou. — Você sabe como é a personalidade de Seth. — Apoiou seu braço no travesseiro e observou as escrituras no tecido serem erguidas pelos braços do ômega.

— Gi, não seja ranzinza. — Jimin resmungou com um bico nos lábios, trazendo a mensagem para seu rosto, cobrindo sua boca e movendo seus olhos diferentes para Yoongi.

O outro ômega suspirou ao ver o lupus piscar seus olhinhos em sua direção, sobressaindo ainda mais suas pequenas pintinhas sob seus cílios. — Tá, — Suspirou, sua maior fraqueza era não saber negar nada ao ômega. — mas eu e Namjoon iremos com você. — Sua voz saiu seriamente, observado Jimin se erguer lentamente ao deixar a mensagem de lado, apoiando-se de bruços em seus braços e aproximando seus rostos.

— Obrigado Gi. — Beijou suavemente os lábios finos e Yoongi apreciou os fios azulados emoldurarem o rosto ainda sonolento, sorrindo para o sorriso de Jimin.

— Ok, ok. Eu também amo você. — Agora foi a sua vez de beijar os lábios fartos, se levantando do ninho e pegando suas roupas dobradas sobre a mesinha de madeira. — Farei as preparações. Lá é extremamente quente de dia e congelante pela noite. — Vestiu calças soltas de um tecido fino e amarrou as tiras do cós em sua cintura estreita. — São três dias até capital. Você não poderá ficar sob o sol de lá.

Jimin lançou-se nos travesseiros fofos e ergueu seus braços, esticando-se no ninho. — Por quê?

— Faz muito tempo que você não fica exposto ao sol, suas viagens entre o Norte Ártico e Faura não contribuem para sua cor. — Yoongi andou descalço até o ninho e viu Jimin deitado de forma confortável, com seu vibrante cabelo azul bagunçado nos travesseiros brancos.

— Claro, claro meu amor. — Lançou um beijo para o ômega e se sentou após espreguiçar-se mais uma vez. — Irei buscar água e colherei algumas frutas para levarmos. A carne não resistiria ao mormaço.

— Ok. A margem do rio está cheia, hoje é dia da lavagem de roupas e por isso poderá haver movimentação. — Yoongi disse antes de pegar sua blusa emaranhada junto dos lençóis. — Conseguiu dormir bem?

Jimin ergueu a cabeça com um sorriso envergonhado. — Não muito, estou me sentindo um pouco inquieto.

— Seu heat ainda está muito longe.

— Sim. — O ômega de cabelos azuis encolheu os ombros. — Eu não sei o motivo por esse pressentimento.

— Coisa de lupus? — Yoongi perguntou já com um sorriso.

— Coisa de lupus. — Ele sorriu.

— Não esqueça seu lenço e cubra seus cabelos. — A mão pálida foi para os fios coloridos. — Ninguém pode saber sobre nós.

— Sim, sim! Ômegas lupus não existem. — Sorriu e piscou para o outro ômega. — Eu me banharei antes de sair, eu estou carregando o aroma das gardênias por onde passo.

— Como se a água fosse capaz de suavizar o seu cheiro. — Yoongi rolou os olhos, mas amava o cheirinho da linda flor que Jimin emanava.

— Ah, pare. Quer se esfregar mais em mim? — Sorriu e viu as bochechas pálidas de Yoongi ficarem rubras, fazendo as suas ficarem vermelhas como carmim.

— Minie! — O ômega resmungou e tocou suas bochechas quentinhas.

Jimin puxou o cobertor para cima e cobriu seu rosto. — Por que você me fez se sentir envergonhado? — Ganiu encolhendo-se sob os lençóis.

Yoongi riu ainda com as bochechas vermelhas, puxando a coberta de Jimin. — Deixe disso! Se apresse para que possamos ir antes do ápice do sol.

O lupino se levantou ainda nu e moveu-se levemente pelo ninho, se virando apenas para olhar através da enorme janela -que permitia a vista do lago cristalino onde sua moradia foi feita sobre a superfície- o céu ainda escuro, mas com uma suave faísca dos raios solares.

— O tempo está tão agradável. — Jimin fechou os olhos e respirou o ar fresco, voltando para o ninho apenas para se inclinar na barra de proteção.

— É a primavera. — Yoongi sorriu e agachou-se para pegar o lençol, se aproximando das costas nuas de Jimin, cobrindo sua bela nudez. — O vento ainda está frio, não abuse se não quiser se resfriar.

— Sim, sim. Obrigado. — Sorriu ainda de olhos fechados, sentindo a brisa gélida arrepiar sua pele, fazendo seus poucos pelos albinos se erguerem para manter o calor corporal alto. Mas isso não servia de nada devido a sua pouca -quase nula- resistência ao frio.

Jimin permaneceu por um tempo naquela posição enquanto Yoongi se afastava e saía de sua casa, seus joelhos se forçaram para o ninho e ele se sentou sobre um travesseiro, segurando os lados do lençol para que pudesse se proteger do frio.

— Espero seja uma boa escolha. — Suspirou, olhando para o céu que adquiriu um tom suavemente mais alaranjado. — Obrigado Apolo. — Agradeceu para o Deus com os olhos fechados, sentindo o singelo calor oferecido.

Ergueu-se, deixando o lençol para trás antes de seus pés descalços andaram pela madeira, seguindo pelo corredor até a casa de banho. O vapor da fonte natural embaçou sua visão e escapou através das brechas na parede. Todo o cômodo era aberto e de frente para o lago, impossibilitando qualquer olhar curioso.

Sua pálida nudez foi abraçada pelo verde da natureza, acentuando ainda mais a sensibilidade de sua pele ao arrepiar-se com as temperaturas que o rondava. Seus pequenos pés desceram as escadas feitas de rocha até que a água quente cobriu seu quadril largo.

Caminhou pela grande fonte, indo até uma área onde havia um balde de madeira e outros dois frascos transparentes. Abaixou-se e ronronou quando a água o cobriu até o pescoço, acolhendo-o em seu calor.

Longos minutos se passaram até que ele se ergueu com sua pele vermelha e as pontas de seus dedos franzidas. Saiu calmamente da fonte e encontrou seu pequeno banco ao lado das rochas, onde se sentou e apanhou um dos frascos que foram usados seus cabelos.

Sua pele foi limpa e perfumada pela fragrância das gardenias, produzindo uma espuma branca que foi varrida de seu corpo pela água quente da fonte, derramada pelo pequeno balde.

Ao acabar de retirar o produto de seus cabelos e massageá-los com uma espécie de creme branco, ele saiu da casa de banho, secando-se com um o tecido de algodão. Suas pernas foram cobertas por um largo calção que foi amarrado em sua cintura e seu peitoral por uma blusa de suaves tiras, que circularam sua barriga plana para no fim ser amarrada em seu quadril, sob a calça.

Penteou seus fios azulados com os dedos ao caminhar por sua casa aberta, pegando o cesto de roupas que estava ao final do corredor, onde Yoongi sempre o deixava.

Seus pés calçaram grossos chinelos e ele partiu de sua casa, seguindo o caminho por entre as árvores até a cachoeira, onde encontrou várias outras pessoas. Ômegas e alfas que lavavam sua roupas na beirada do rio,  e crianças que corriam pelo raso, brincando com alguns peixes e entre si.

— Jimin! Bom dia! — Ouviu vários comprimentos que arrancaram seus mais sinceros sorrisos.

— Bom dia! — Disse alto, recebendo alguns acenares.

Sorriu ao ver uma ômega de cabelos pretos agachada na beirada, jogado comida para os peixes que iam até a menina. — Olá Hoosok. — Comprimentou a garota que revelou seus grandes olhos azuis claros, constatando com o significado de seu nome; um lago claro.

— Olá Jimin! — Ela sorriu, olhando encantada para os cabelos azuis.

— Jimin! — Seu nome foi chamado por uma voz conhecida.

— Jihyo. — Sorriu ao ver que sua gravidez era linda. — Como vocês estão?

— Estamos bem graças a Lucina.

— Isso é ótimo. — Constatou.

Ela se aproximou com sua mão no ventre. — Eu soube que você partirá em um viagem. Gostaria que eu ficasse encarregada de suas vestes?

Jimin desceu o olhar para o cesto que carregava. — Não precisa Jihyo. — Voltou a olhar para a ômega. — Obrigado.

A mulher negou suavemente e se afastou, deixando Jimin para atrás. Ele se agachou e retirou suas sandálias, dobrando algum tecido de sua calça antes de entrar no rio.
 

 

 

 

 

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Jimin se sentia irritado. Profundamente irritado, sentimento esse quase desconhecido pelo ômega.

Durante sua saída e longa viagem pelo calor descomunal daquelas terras áridas. A falta completa de vegetação o incomodava profundamente, causando uma branda dificuldade de respirar. Sua garganta seca era de minuto a minuto molhada pela botelha com água para que pudesse tirar a sensação ruim de imensidão desértica.

A visão e a consciência da carência daquele povo piorava sua sensação térmica, o fazendo suar e choramingar pelas ondas de calor que atravessavam seu corpo a cada segundo, deixando o ar ainda mais seco do que normalmente era.

Quando os pequenos filhotes correram pelas ruas com seus pés descalços, Jimin quis chorar. Aquilo não era doloroso? O quão quente a areia poderia estar para fazer queimaduras nas solas sensíveis das crianças.

O quão desumano aquele clima poderia ser e o quão imoral era Seth por não fornecer moradias, comida e adereços para seu próprio povo, ajudando-os e facilitando suas vidas para que pudessem sobreviver ao calor da primavera.

Ao projetar a grande arena em sua mente, o ômega se encolheu. Os alfas realmente estavam de acordo a passar dias sob aquele sol e o frio da noite? Em sua mente nenhum ser humano poderia querer ficar trancado em um enorme campo sob um sol escaldante.

Jimin era estritamente contra isso, mas não havia nada que ele pudesse fazer contra isso sem apoio. Propôs um acordo com Taehyung, mas o rei do Norte Ártico não parecia interessado em se envolver nisso.

Com sua chegada a Tukh ele passou por algumas vilas, olhando para as fileiras de mesinhas com várias mercadorias expostas.

— Wonsik, — Chamou pelo alfa que controlava as rédeas dos camelos. — você poderia, por favor, parar? — Pediu para o homem que acatou seu pedido.

— O que aconteceu? — Yoongi o olhou e Jimin encolheu os ombros, pegando um saco com frutas e duas botelhas de água. — Ji?

— Eu prometi que não iria sair, mas desculpa. — Tomou o lenço e cobriu seu rosto, pegando uma espécie de turbante branca para esconder seus cabelos vibrantes.

Yoongi olhou para Jimin e deixou sua espada de lado, vendo Namjoon já se levantar para acompanhar o rei ao lado de fora. — Espere, já é de manhã e o sol está quente. — O ômega se desfez da parte de cima de sua armadura e pegou uma pequena adaga, prendendo-a nas tiras de couro em seu peitoral.

O ômega lupino sorriu e se levantou, pisando na areia com suas grossas sandálias que tinham tiras que subiam por seu tornozelo fino, prendendo-se em um nó.

Namjoon o esperava do lado de fora, com uma pequena tenda no ar que projetava uma sombra diante dos raios solares. — Obrigado Wonsik. — Agradeceu ao alfa que sorriu ao pegar alguns cantis de água para os camelos.

Jimin iniciou uma caminhada diante da feira lotada, se encolhendo para o olhar das pessoas que pareciam assustadas demais com o grande alfa lupus ao seu lado, também intimidados pelo olhar frio do general ômega.

Ao avistar o grupo de crianças que viu há minutos atrás, dividindo um pão seco, o lupino se moveu até elas, descobrindo pelo cheiro fraco que se tratava de três ômegas e dois alfas.

— Olá. — Jimin chamou a atenção dos filhotes, se inclinado para a sombra no qual as crianças usar para se refugiar do sol.

Os dois meninos alfas ergueram suas cabeças e ficaram tensos ao ignorar a voz do ômega, se concentrando nos dois homens armados atrás dele.

— Não somos lupus! — Eles disseram alto, refletindo o medo em seu olhar.

Jimin retraiu para o grito, vendo os ômegas tremerem atrás dos dois mais velhos. — Eu não estou atrás de vocês. — Disse suavemente, vendo que o beco no qual eles se encontravam, ficava distante dos feristas.

— O que vocês querem então? Não basta levar nossos pais? — O garotinho de cabelos negros se pôs em pé, protegendo seus irmãos.

Namjoon se afastou por alguns passos e bloqueou a passagem das pessoas pelo beco. Yoongi se sentia triste ao imaginar que aqueles filhotes foram abandonados para o mundo.

— Eu trouxe frutas. — Jimin estendeu sua mão e olhou para o semblante enraivecido do mais corajoso. — Nós não queremos lhes fazer mal. — O lupino colocou a amarra cheia de frutas no chão, retirando o véu de seu rosto. — Eu também sou diferente.

Os olhos castanhos das crianças esbugalharam-se quando o homem estranho retirou o tecido de sua cabeça, fazendo suaves fios azuis cobrirem sua testa e contrastarem com seus olhos cinza violeta.

Jimin as olhou com atenção, esperando que os desconhecidos não se assustarem com sua singular aparência. Mas, ele seguiu uma pequena e franzina ômega de cabelos castanhos desgrenhados se aproximar, seus olhos escuros brilharam e ela se aproximou ainda mais dele.

— O senhor é um anjo? — Ela disse deslumbrada, levantando sua mão para que tocasse a pele alva e limpa de Jimin.

— Eu não sou um anjo. — Sorriu e se agachou em frente à menina, deixando que ela tocasse por seu rosto e seus cabelos, fazendo as outras crianças se aproximarem com curiosidade.

— Um dos Deuses? — O alfa que antes estava arisco agora tocava com cuidado as bochechas cheiinhas e rosadas, retraindo sua mão ao notar que sujou a pele branca.

— Você pode me tocar, eu não me importo. — Sorriu para o garoto, sentindo várias mãozinhas pequenas tocarem com cuidado seu rosto e cabelos, fascinadas com sua aparência chamativa.

Com alguns minutos após a singela contemplação de sua fisionomia, Jimin viu as frutas cheias e saborosas virarem apenas caroços, sendo devoradas e desfrutadas pelos filhotes.

— Podemos levar eles? — O lupino perguntou baixo para Yoongi que amarrava o turbante por seus cabelos, escondendo cada sedoso fio.

— Acho que às vezes você esquece que é o rei de Faura. — O ômega rolou os olhos e prendeu o véu em seu rosto, resolvendo deixar os olhos claros expostos.

— Eu não adoto esse tipo de hierarquia. — Franziu o nariz e olhou para Yoongi. — Eu sou apenas um rosto para Faura. Todos são livres para fazerem suas escolhas. — Expressou seu ponto de vista, achando a palavra rei pomposa demais para si.

— Um rosto bem bonito. — Yoongi disse, terminando de amarrar o véu na lateral da cabeça de Jimin.

— Se eu te beijar as crianças vão estranhar? — Inclinou-se para o outro ômega, rindo quando ele corou ao ter um dos filhotes com os olhos sobre eles.

— Provavelmente, dois ômegas se beijando não é algo muito normal.

— Nós estamos muito distantes de ser normal. — Jimin olhou para Namjoon, pedindo para que ele se aproximasse. — Poderia chamar Wonsik até aqui? Por favor.

— É claro. — O alfa se afastou e deixou os dois ômegas no beco.

— Hey. — Jimin chamou a atenção das crianças. — Vocês aceitariam participar de uma aventura? — Agachou-se novamente no chão, não se incomodando que a areia pudesse sujar sua roupa branca.

— Uma aventura? — A ômega questionou com seus brilhosos olhos escuros.

— Sim! — O ômega sorriu, se empolgando para o olhar das crianças. — Para um lugar bem distante daqui. Com grandes árvores e enormes rios de águas transparentes e, — Fez uma pausa dramática, observando a excitação dos filhotes. — com muitos peixinhos.

— Peixinhos? — O alfa perguntou, apertando sua mão em suas vestes desgastadas.

— Peixinhos. — Confirmou com um sorriso, tocando suavemente o rosto do garoto. — Com diversas cores.

 

 

 

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A areia voava quando as patas dos camelos se afundaram nas dunas, parando apenas quando a viagem cessou em frente ao grande portão do castelo, resultando em um singelo barulho dos grãos caindo de volta no chão. — Chegamos. — Pode ouvir a voz de Wonsik dizer do lado de fora.

— Obrigado. — Jimin agradeceu, virando-se para as crianças. — Vocês seguirão uma viagem sozinhos com Wonsik e Jeonghan, tudo bem? — Tocou o rosto de Haeun, a mesma ômega que o olhou com deslumbre.

— Não iremos com o senhor? — O alfa que se chamava Hakkun perguntou.

Jimin sorriu tristemente. — Infelizmente não meu bem. — Ele não queria que as crianças tivessem contato com Seth. — Prometem para mim que ficarão dentro dessa carruagem? — Olhou para cada rostinho ainda sujo com a poeira, recendo o acenar de cada um antes de ensiná-los a enrolar seus dedos mindinhos. — Muito bem! Eles irão cuidar bem de vocês na minha ausência.

Yoongi sorriu e viu Namjoon sair do recinto. — Você tem certeza disso? — Ele perguntou para Jimin quando o ômega estava longe o suficiente dos filhotes. — Não podemos confiar em Seth e sem os alfas aqui... — Deixou a frase morrer, sabendo que o lupus iria compreender o resto dela.

— Não quero que Seth veja as crianças. — Jimin se ergueu dentro da carruagem, tendo que dobrar-se suavemente para que sua cabeça não batesse no teto de madeira. — Ele já tem cismas demais comigo. — Suspirou. — E você está aqui.

O general concordou com a cabeça com um sorriso, recebendo a ajuda do rei para amarrar os lados de sua armadura em seu corpo magro. — Obrigado. — Agradeceu, dando um selinho nos lábios grossos antes de colocar o tecido torcido em sua cabeça.

— Temos que ir. — Namjoon disse ao afastar o pano que cobria a entrada da carruagem.

— Já estamos indo. — Jimin sorriu para o alfa. — Boa viagem. — Virou-se para as crianças, sorrindo através do véu. — Irá valer a pena.

Hakkun assentiu para o ômega lupino antes do mesmo sair pela porta. — Até logo.

Jimin pulou na areia, observando a imensidão das dunas aos redores dos portões do castelo. — Faça uma pausa para descansar ou revezem. Mas por favor, descansem. — Pediu ao ver os dois alfas sentados na frente da carruagem. — Eu estou falando sério. — Resmungou ao notar os sorrisos nos rostos de Jeonghan e Wonsik.

— Isso é uma ordem, meu rei? — Jeonghan perguntou com um sorriso travesso. Ele via graça nas palavras sérias de Jimin.

— Não brinque comigo Jan. — Semicerrou os olhos para seu amigo de infância, fazendo Wonsik rir para a atitude dos dois.

— Nós voltaremos logo. Tente não arranjar briga. — Ele disse mais sério para o ômega, tendo conhecimento sobre o temperamento e atitude debochada de Jimin quando se tratava de Seth.

— Não prometo nada. — Brincou, fitando os longos cabelos do alfa preso em sua cabeça por uma tira de seda. — Agora vão, vocês estão levando crianças então, prestem atenção. — Os dois alfas reverenciaram singelamente e tão logo quanto seu ordenar os camelos voltaram a sua longa caminhada.

Jimin fitou o distanciar da carruagem por um tempo. — Você está bem? — Yoongi chamou sua atenção, indo para baixo da sombra que Namjoon projetava para Jimin, quase se sentindo derreter sob o metal da armadura.

— Sim. — Forçou um sorriso, sabendo que Yoongi não iria perguntar nada, não por agora.

Os três iniciaram uma pequena caminhada até o portão de ferro soldado, que se levantou ao som de correntes a medida que eles se aproximaram, dando a visão de um enorme castelo atrás dos muros de pedra e areia. Jimin franziu o nariz suavemente por trás do véu, achando tudo aquilo supérfluo demais.

Namjoon permaneceu atrás de Jimin enquanto Yoongi caminhava ao seu lado, observando com cuidado todo o perímetro. Seu olhar escuro encontrou vinte e três soldados nos muros enquanto dez estavam nas torres e todo aquele número de pessoas era algo desnecessário, já que eles protegiam apenas uma moradia e não o reino.

— Previsível. — Yoongi murmurou, achando toda aquela excentricidade a cara de Seth. — Pensando em Plutão, agora veio o filho dele. — Sussurrou, forçando um sorriso para a aproximação do outro general. — Boa tarde General Cassius.

O homem veio com um sorriso enorme em direção aos visitantes, seu cabelo castanho era grande e escorria como uma cascata em seu peitoral bronzeado. — Olá General Yoongi. — Olhou-o de cima a baixo. — É um grande prazer finalmente conhecê-lo, rei. — Fez o mesmo com Jimin depois de uma reverência, porém deixou seus olhos descansarem nas pernas pálidas por mais tempo. — Os boatos são verdadeiros.

— Olá General Cassius. — Namjoon tomou a frente, atraindo o olhar do general.

— Namjoon. — O homem disse com desgosto. Nunca entendendo o motivo de Faura não usar seus lupus para participar do Torneio de Gladiadores, mas sim fazerem deles seus guerreiros. — Como foi à viagem?

— Apreciável. — Jimin respondeu atraindo o olhar do homem, logo se sentindo desconfortável com a forma no qual Cassius lhe encarava.

— Saber disso me deixa feliz. — Moveu seu olhar do rei para Yoongi, observando suas bochechas vermelhas devido ao mormaço. — Quente não? — Sorriu para sua pergunta maliciosa.

— Não, eu consigo aguentar. — Disse severamente, negando a investida do alfa.

Cassius sorriu, achando-o adorável. — Não precisa aguentar. — Desde que obteve o conhecimento que o general de Faura era um ômega, ele passou a superestimar a ideia de subjugá-lo. — Adoraria te colocar em seu lugar.

Yoongi o encarou com olhos baixos. — Eu já estou em meu lugar, obrigado pela preocupação.

— Onde está Seth? — Jimin questionou ao notar o ar pesado, já começando a se arrepender de ter aceitado a ideia, abominando sua natureza curiosa.

— Está esperando pelo senhor. — O alfa se virou e andou na frente, fazendo os três o seguirem com dois guardas atrás. — É uma honra recebê-los em Tukh. — Cassius disse sem se virar, subindo as escadas da entrada do palácio. — Vocês quase nunca deixam seus muros.

— Não precisamos sair, então não vejo um motivo para fazê-lo. — Yoongi disse. — A que boatos você se referia?

— Ah! Isso. — Cassius parou no corredor em frente a uma porta. — Existem boatos que os ômegas de Faura possuem uma beleza inestimável. — Os olhos negros do general se prenderam nos cinzas violetas de Jimin, notando que sob eles havia uma pinta em cada um.

— Obrigado. — Yoongi disse para cortar o assunto, observando a porta ser empurrada e uma enorme sala de coroação ser revelada.

Os seis entraram no cômodo e avistaram um homem de pele escura sentado confortavelmente no trono. Seus cabelos loiros eram longos e deixavam a cor castanha de seus olhos ainda mais vibrante.

— Olá meus queridos convidados! — O homem se ergueu e seu torso desnudo era coberto por várias joias, presas de seu pescoço até a cintura, onde a contornava. — É uma honra finalmente vê-lo Jimin. — Seu sorriso era grande.

— Seth. — O ômega disse, andando lentamente até o meio da sala, sendo imitado por Yoongi e Namjoon.

Os olhos claros de Seth brilharam ao ver que os três fizeram uma pequena reverencia e ele os imitou. — Sua beleza é estonteante.

O ômega abaixou a cabeça para o elogio, quase grunhindo para o alfa que não tirava os olhos de seu corpo. Nudez nunca foi algo incômodo para ele, mas aquele olhar era.

— Por que não vai até o quarto que eu exclusivamente separei para você? — Ergueu uma mão e um homem de roupas gastas surgiu com a cabeça baixa. — Deve estar cansado.

— Eu agradeço. — Jimin o olhou através do véu, observando o servo quase afundar seu rosto no chão ao reverenciar para si.

Seus lábios franziam e ele quase tocou o homem para pedir que ele não fizesse isso. Jimin era apenas um líder e não um dos Deuses. — Por favor, me siga.

Jimin deu as costas para Seth, levando Namjoon e Yoongi consigo. O ômega caminhava na frente deles com o corpo encolhido, demonstrando sua pusilanimidade direcionada a eles.

O rei deixou seus pés calmos seguirem o homem, evitando uma aproximação para não assustá-lo ou chamar uma atenção indesejada. Seus cabelos pretos estavam suavemente longos e sua pele bronzeada estava suja.

Yoongi também olhava para o ômega com cautela, sendo imitado por Namjoon. — Chegamos meu rei. — Ele se virou para a porta e reverenciou de forma exagerada.

A língua de Jimin coçou o céu de sua boca para a submissão exagerada do outro ômega, controlando sua vontade de tocar os ombros do homem e sacudi-lo para que ele parasse de fazer aquilo.

A porta foi aberta e o servo se encolheu contra o batente quando Namjoon tomou a frente, entrando no quarto. — Eu não irei fazer nada contra você, ômega. — Disse com uma voz calma, notando todo o receio que ele emanava.

Jimin sorriu tristemente e ficou parado no corredor enquanto Namjoon revistava o quarto, demorando algum tempo para isso. — Tudo certo?

— Tem algumas mulheres no banheiro, fora elas não há mais nada. — Estreitou os olhos para Yoongi. — Eu as dispensei.

O general assentiu e entrou no quarto depois de Jimin, observando três ômegas com seus rostos virados para a parede. Seu olhar se moveu para Yoongi com aquela atitude peculiar das servas.

— Vocês podem ir. — Namjoon deixou a porta aberta e então as três mulheres saíram do quarto, quase como se fugissem.

— O que é isso? — Jimin olhou confuso para a porta, vendo que o ômega que o levou até o quarto estava parado do lado da porta, com seu corpo virado para a parede e seu rosto baixo. — Vire para mim. Por favor.

Os olhos arregalados do servo fitaram os seus através do véu, como se ele tivesse dito a coisa mais ultrajante de todo o mundo.

— Como se chama? — Seguiu sua pergunta, tentando ignorar o olhar ainda surpreso.

— Objeto. — Sussurrou e Yoongi parou de andar ao ouvir aquela palavra.

— Isso não é um nome meu bem. — Jimin manteve-se centrado, sentindo o olhar de seus amigos recaídos no ômega.

— Seokjin. — Disse em um sussurro.

— "Tornar-se um enorme tesouro." — Jimin fez uma pausa. — É um belo nome com um significado lindo. — Sorriu para o ômega que ainda parecia assustado consigo.

— Venha cá. — Yoongi chamou-os, atraindo a atenção dos dois. — Sente-se aqui. — Indicou o sofá do quarto.

Seokjin se deixou ser levado pela mão pequena do rei de Faura, completamente perdido naquela situação. — Eu não deveria. — Negou ao recobrar os comandos de seu corpo.
— Por favor. — Jimin retornou ao pedir e Seokjin se sentou assustado.

— Não há motivo para toda essa tensão. — O general esticou e puxou as tiras de sua armadura. — Poderia me ajudar? — A mão pequena e cheia de adornos voltou a tocar seu braço, o impedindo de se levantar.

— É para mim. — O rei se ergueu e Seokjin arregalou os olhos quando o viu se agachar e destravar as travas que prendiam a parte debaixo da proteção.

— Isso não está certo meu senhor. — Namjoon retornou ao quarto apenas com sua calça que era presa em seu quadril por uma tira grossa do mesmo tecido.

— Não adianta, Jimin não deixará você fazer coisas que ele pode muito bem fazer sozinho. — O alfa disse e Seokjin o olhou, corando em um vermelho escuro ao ver alguns desenhos negros em sua pele.

— Mas- mas isso é errado. — Gaguejou antes de retornar sua atenção para os dois ômegas, corando ainda mais ao ver que o general estava com seu torso desnudo. — Por favor, me deixe chamar as servas do banho.

— Servas do banho? — Yoongi franziu o cenho. — Existe isso? Existe de limpar o traseiro também? — Rolou os olhos. — Não sabem fazer nada?

Seokjin repentinamente riu e cobriu sua boca logo depois com o rosto pálido. — Perdoe-me Alteza.

Jimin retirou seu véu e o olhou afincadamente. — Por favor, não me chame assim. Jimin está bom o suficiente. — Resmungou, voltando a se sentar ao lado de Seokjin quando Yoongi foi guardar sua armadura. — Será que eu poderia fazer algumas perguntas para você?

O ômega do Deserto olhou para os olhos únicos do rei de Faura, sentindo-se intrinsecamente acolhido pelo olhar suave. — Espero que eu possa sanar suas dúvidas.

— Gostaria de saber sobre o Grande Torneio. — Viu os olhos castanhos de Seokjin vacilarem.

— É uma forma de entretenimento concedida pelo Rei Seth. — O tom de voz do ômega se tornou um sussurro.

— São os lupus que lutam, certo? — Seguiu o tom de voz, recebendo um acenar. — Eles vêm até Seth? — Questionou, vendo o suave encolher de seus ombros. — Isso é algo consensual?

— O que é consensual? — Ficou instintivamente preocupado com aquela pergunta.

— Significa que foi consentido por todos os membros envolvidos, todos aceitaram e concordaram com as condições no qual serão submetidos. — Explicou.

— Isso é um assunto proibido. — Ele pareceu tenso.

— Por favor. — Jimin pediu, já começando a suspeitar que não fosse.

— Muitos deles são vendidos por seus pais para poder alimentar sua família. — Seokjin encolheu os ombros. — Não precisa ser lupus, quase todos os servos como eu, foram trocados por comida.

Jimin encostou suas costas no sofá e recolheu suas pernas, abraçando-as. — Por quê?

Seokjin sorriu de forma triste. — Aqui é o Deserto onde nada cresce e os poucos Oásis pertencem à Seth. — O ômega sentiu a mão pálida tocar a sua, apertando-a com cuidado.

Jimin sentiu seu coração afundar ao se lembrar dos filhotes que encontrou no beco e ao imaginar que eles poderiam ser vendidos para os prazeres doentios de Seth, foi algo que o abalou profundamente.

— Eu sinto muito. — O rosto corado pelas lágrimas silenciosas foi revelado. — Eu farei o que tiver ao meu alcance para facilitar a vida de seu povo. — Seokjin assentiu também choroso.

— Não chorem. — Namjoon disse baixo, surgindo repentinamente e se agachando em frente aos dois.

Seokjin se assustou com a aproximação abrupta, mas ele assentiu poucos segundos depois, observando os olhos calmos do alfa em si. Suas mãos secaram suas lágrimas e ele abaixou a cabeça. — Me desculpe.

O alfa franziu o cenho e Jimin viu Namjoon realmente enternecido pelo ômega. — Não é um incômodo. — Chamou a atenção de Seokjin. — Você pode chorar, é livre para isso. — Viu a surpresa no semblante sujo. — Só não sei o que fazer.

Jimin sorriu. — Nam-Nam. — Brincou e o lupus olhou para si antes de corar fortemente, fazendo o ômega lupino rir e Seokjin corar tão forte quanto.

— Vou deixá-los. — Lambeu os lábios e foi em direção ao banheiro, ouvindo a risada de Yoongi quando o alfa quase quebrou a mesa.

— Ele é adorável, não é? — Jimin disse calmamente ao ver um Seokjin ainda olhava para a porta no qual Namjoon entrou.

— O quê?

— Ele ainda não tem um companheiro. — Encostou seu ombro no do ômega e o viu olhar pra baixo, envergonhado. — Desculpe, não pretendia constrangê-lo.

Seokjin negou, respirando profundamente. — Existe um que não veio por essas circunstâncias. — Jimin voltou a se encostar.

— Ele veio por vontade própria? — Questionou, vendo Seokjin negar.

— Eu não sei, Cassius se gaba por ter conseguido um alfa lupus puro. — Sua voz baixa sussurrou em seu ouvido, revelando como um sopro do vento.

— Alfa lupus puro? — Não entendeu, alfas lupus já eram de seu gene mais impermisto.

Ele acenou. — Seu nome é Jungkook. Jeon Jungkook e ele é o único alfa concebido por dois alfas lupus. — A boca de Seokjin estava em sua orelha. — Ele é assustador.

Um doce calafrio subiu por sua espinha, fazendo sua coluna enrijecer e seus pelos eriçarem para aquela declaração, não compreendendo o motivo da reação intrínseca de seu corpo.

— Onde ele está? — Virou-se para o ômega de Tukh.

— Não pode ir até lá. — Seokjin negou.

— Agora mesmo que ele vai. — Yoongi riu, assustando Seokjin.

— Você consegue me ouvir?

— Seokjin. — Jimin voltou a tocá-lo, obtendo a atenção desejada. — Onde ele está?

— Na masmorra. 

 

 

 

 

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— Vocês não deveriam ir. — Seokjin retornou a dizer, temeroso pelo que poderia acontecer com os dois. — É perigoso.

— Vai ficar tudo bem.

Ele negou. — Seth não gosta que ninguém chegue perto dele sem sua permissão. — Negou com mais força. — Isso não é uma boa ideia.

Jimin se aproximou. — Por que você não vai se banhar na tina? Aposto que a água ainda está morna.

— A água é para o senhor.

— Eu posso pedir outra mais tarde, vá banhar-se e usar todos aqueles frascos. — Acariciou o rosto sujo com um sorriso. — Eu trouxe mais vestimentas comigo, você pode pegar qualquer uma.

O sorriso transpareceu pelo véu quando ele viu os olhos brilhantes de Seokjin. — Eu posso?

— Claro que pode. — Olhou para Namjoon. — Corte algumas frutas e lhe de uma botelha de água. — Ouviu Yoongi dizer que já estava pronto. — Cuide dele.

Namjoon assentiu antes de Jimin se virar e sair do quarto com Yoongi.

— Ele disse que tinha uma entrada aqui perto. — O general disse baixo no corredor vazio, sendo seguido pelo rei.

Os dois ômegas andaram pelo extenso caminho, esperando alguns dos servos liberarem a passagem que conectava os quartos ao saguão principal do castelo. Ao alcançarem o fim do corredor depois de passarem pela cozinha, Yoongi ouviu Jimin bater o pé em uma das mesas de enfeite, grunhindo baixinho pela dor.

— Eu não sirvo para essas coisas. — Jimin cochichou ao sentir seu coração bater rápido pela adrenalina. Fazer algo que ele sabia que era errado, sempre o deixava nervoso demais.

— Quem quis ir foi você. — Yoongi andou apressadamente até a porta de madeira que tinha uma aldrava de ferro. — Agora aguente. — Empurrou a madeira, encolhendo os ombros para o rangido alto.

— Não faça barulho, Gi! — Jimin murmurou, olhando assustado para os lados.

— Cala a boca. — Disse para o rei, inclinando sua cabeça para dentro do espaço, encontrando uma longa escadaria. — Que droga. — Resmungou para os milhares de degraus.

Jimin seguiu Yoongi quando o general tomou a frente, seguido o único caminho oferecido pela imensidão enegrecida. A única fonte de luz pelas escadarias eram as tochas presas na parede.

Ao descer as escadas para as masmorras do castelo seu coração acelerou repentinamente, quase como se quisesse sair de seu corpo ao se chocar tão fortemente contra suas costelas.

O cheiro extremamente forte o atingiu como uma onda no alto mar, carregando seu corpo ao envolvê-lo. Sua respiração cessou e ele tocou o peito ao ser subitamente privado do oxigênio.

— Jimin? — Yoongi se virou alguns degraus abaixo de si, olhando-o de forma preocupada. — Você está bem?

O rei curvou seu corpo e suas pupilas dilataram. — Não sente esse cheiro? — Questionou quando o ar finalmente atravessou por entre seus lábios, tomando ar o suficiente para fazer seu corpo formigar para intrínseca necessidade de correr escadas abaixo e encontrar a pessoa responsável pelo aroma sui generis.

— Tem muitos cheiros. — Yoongi disse simplesmente, olhando para cima e inspirando mais profundamente. — Tem um mais forte que outros, mas- — Seus dedos tocaram a testa quente de Jimin e ele arregalou os olhos. — Você está ardendo em febre.

— Continue- Por favor. — Pediu, controlando seu diafragma para que pudessem acalmar seus instintos.

Suas bochechas estavam vermelhas e suas pupilas dilatadas, deixando sua visão ainda mais turva.

— Tudo bem. — Yoongi assentiu. — Mas controle o seu cheiro. — Sussurrou, sentindo seu rosto vermelho ao notar que era o aroma íntimo das gardênias.

— Desculpe. — Murmurou antes do endireitar sua postura, levando suas mãos até sua glândula aromática, massageando-a.

Ele ronronou e segurou nos ombros de Yoongi quando suas pernas tremeram. — Vamos voltar para o quarto. Por favor. — O general pediu ao ver a situação no qual seu rei se encontrava.

— Não. — Ele negou e forçou sua coluna a ficar esticada, descendo lentamente as escadas enquanto exercia seu poder sobre seu ômega.

Seus pés pisaram no chão de pedras e ele caminhou pelo corredor largo e escuro, observando as tochas iluminarem as grossas tiras de aço que erguiam do chão ao teto, prendendo algumas pessoas lá.

A maioria das celas estava vazia, enquanto outras prendiam homens deitados em um colchão fino. O cheiro de seus corpos misturado ao sangue obrigou Jimin a respirar pela boca, mas ele ainda podia sentir o odor da perda que pesava todo o ar.

— Onde ele está? — Questionou ao parar de caminhar, virando-se para Yoongi.

— Cela sete do bloco B. — Os olhos cinza escuro do outro ômega fitaram as lamparinas ao lado das celas, deixando o ambiente levemente mais claro. — Isso é desumano. — Grunhiu para negritude da masmorra.

Jimin concordou mentalmente, correndo e se agachando em frente a uma das grades, vendo um filhote alfa dormindo encolhido no canto de sua prisão. Seus lábios franziram quando a vontade de chorar se chocou com seu corpo e foi ai que ele viu uma gravura vermelha em sua pele, numerando-o como cinquenta e sete.

— É apenas um filhote. — Seus ombros se encolheram e ele olhou para Yoongi antes de se erguer em suas pernas, aproximando-se do ômega. — Vamos tirar esses alfas daqui.

— O quê? — O cenho de Yoongi se franziu, quase como se achasse a proposta de Jimin uma loucura.

— Nós vamos levar eles conosco, todos eles.

— Seth pode nos atacar. — Yoongi ainda tinha os olhos arregalados.

— Eu não vou deixar essas pessoas aqui. — Jimin fechou o semblante.

— Claro. — Mesmo que ele achasse aquele plano uma declaração de guerra, ele nunca ficaria contra Jimin, nem que isso pudesse matá-lo.

Jimin o olhou de perto e levou sua mão trêmula ao rosto de Yoongi, tocando-o com suavidade. — Obrigado. — Agradeceu pelo fato do ômega sempre estar ao seu lado.

Ele sorriu tristemente e logo voltaram a andar na escuridão. Já era noite lá fora e ter o conhecimento que ninguém –fora Seokjin e Namjoon- sabia que eles estavam ali, fazia Jimin hiperventilar em seu nervosismo intenso. Então, a incapacidade de controlar a distinção entre sua natureza medrosa e curiosa, fez com que ele não desistisse no meio do caminho, porém eles não poderiam demorar tempo o suficiente para que Seth ou Cassius sentissem sua ausência.

Os pés do rei pisaram suavemente pelo chão, procurando não fazer barulho com seu caminhar. Obrigou a manter-se firme diante do tamanho sofrimento que os lupus ali sofriam, controlando seu cheiro e sua respiração.

Suas pernas tremiam e ele vez ou outra se escorava em Yoongi, recebendo sua ajuda para que pudesse continuar seu percurso. Não sabia o motivo de seu corpo ficar tão fraco de forma repentina e começou a refazer seus passos em sua mente, achando que Seth havia o envenenado em algum momento, mas logo descartou essa possibilidade já que ele não havia aceitado nada do alfa.

— Por Vênus, Jimin! — Yoongi murmurou, vendo que o seu amigo quase caía ao andar. — Venha, sente-se. — Ele sentou-se no chão e trouxe o rei para seu colo, tocando a testa suada de Jimin.

O ômega respirou profundamente, se curvando para seu general; — Faça. — Murmurou, quase chorando perante a dor.

— Isso realmente não foi uma boa ideia. Você não é marcado e vir aqui. — Ele tocou a glândula aromática de Jimin, pressionando-a firmemente. — Um lugar com tantos alfas lupus.

Jimin fraquejou e mordeu o braço de Yoongi quando ele afundou o indicador e o médio em seu pescoço, abafando seu gemido ao ter seu ponto sensível encontrado e massageado. — Gi-

— Sim, sim. Eu o encontrei. — Olhou para o rosto vermelho do ômega retorcido em sua dor. — Está tudo bem, não se preocupe. — Continuou a ondular seu dedo na pele quente, sentindo que o calor que Jimin emanava já havia se abrandado. — Você controlou seu cheiro, isso é bom. — Beijou a testa do lupus e sorriu quando ele soltou seu braço.

— Desculpa.

— Está tudo bem, não é algo que nós possamos controlar. — Yoongi suavemente disse, abraçando-o e acariciando a coxa exposta. — Espere por mais um tempo.

Ele assentiu contra o pescoço do general, deixando o arfar baixo arrepiar a pele do ômega.

Após algum tempo, Jimin se ergueu e olhou para Yoongi com seus olhos baixos. — Já disse que não precisa se preocupar com isso.

Ele encolheu os ombros. — Mas eu te mordi de novo. — Muxoxou.

— Eu também já te mordi muitas vezes. — Sorriu. — Depois discutimos sobre isso, estamos ficando sem tempo.

Jimin assentiu e voltou a andar na frente com passos lentos. — Não é por causa dos alfas. — Sussurrou para Yoongi após um tempo. — É por causa de um. — Seguiu o corredor e virou à esquerda quando chegou ao seu final. — Algo nele me atraí. — Viu o fim da masmorra e olhou para a parede onde havia um B cravado. — Me espere aqui.

Yoongi afirmou e ficou no corredor quando Jimin se foi. O ômega lupus remexeu seu nariz para a poeira e ele quase engasgou com o ar para o calafrio que surgiu por sua coluna. A visão do corpo enorme em pé o assustou por não esperar que ele estivesse acordado, mas logo descobriu o motivo da agitação de seu coração, era ele.

As narinas de Jimin foram invadidas mais uma vez pelo aroma forte de sândalo, quase entorpecendo sua mente e o fazendo fraquejar. Era simplesmente acolhedor, familiar e sedutor.

— Olá, você é o Jungkook? — Questionou, não deixando de transparecer sua excitação.

Seus olhos distintos fitaram o peitoral largo por um instante, observando o sangue seco por algumas partes em sua pele. Seus dentes mordiscaram sua boca por dentro e ele deitou sua cabeça suavemente para o lado, encontrando uma cicatriz em sua barriga plana. Entretanto sua atenção ali durou pouco tempo, tendo em vista que tudo naquele alfa era extremamente marcante.

Controlou seu sorriso e lentamente se aproximou, deixando seus olhos capturarem os detalhes de sua fisionomia. Seus cabelos escuros eram tão longos -e ele perguntou se aquilo era cultural em Tukh- que cobriam seus olhos e escondia parte de seu rosto com seu mar de embaraços.

Seus ombros eram largos e sua pele bronzeada estava suja da mesma poeira que incomodava sua respiração. Porém, o alargar do nariz o deixou extremamente contente, sorrindo abertamente ao ver o enrijecer dos músculos do grande alfa, feliz por seu cheiro afetá-lo da mesma forma que o dele o afetou.

Ele achou adorável o fato do alfa liberar ainda mais seu cheiro, como se aquilo fosse realmente necessário. Jimin podia sentir seu aroma desde o momento que ele pisou no primeiro degrau da escadaria, e a vermelhidão de suas bochechas deixava isso claro tão claro quanto seus lhanos olhos. Sempre soube que seu maior defeito era ser expressivo demais, sentimentalista demais, mas isso não era algo no qual ele podia lutar ou esconder, então aprendeu a aceitar essa parte sua, assim como todas as outras.

— Fale comigo. — Praticamente implorou ao homem desconhecido, querendo ouvir sua voz e interessado no efeito que ela poderia surtir em seu corpo.

O formigamento agradável em sua pele se espalhou e ele apertou a barra grossa ao se inclinar ainda mais, não compreendendo a euforia de seu ômega, saltando dentro de si como se ele tivesse no meio do campo de gardênias. Aquele sentimento era algo jamais experienciado ou idealizado por si, mas ele não poderia dizer que não gostou do calor que aqueceu sua barriga, revirando-a de uma forma no qual quisesse derreter para passar por entre as barras, para que pudesse enfim, tocá-lo.

Aquilo era assustador, ele não deveria reagir tão intensamente a alguém, ainda mais a um desconhecido. Entretanto, emoções não era algo que ele poderia ostentar em sua infeliz lista de controle, levando em conta que existiam poucas coisas no qual ele podia manter o domínio e seu emocional estava longe de ser uma delas.

— Precisamos ir. — Yoongi o chamou, acordando-o de seus pensamentos.

— Já estou indo. — Murmurou desgostoso. Então, querendo prolongar mais daquele mísero contato com o alfa lúpus, Jimin olhou para ele aromatizou suavemente o espaço, querendo que seus feromônios permanecessem por mais tempo, fazendo assim Jungkook pensar em si quando ele não estivesse mais ali. — Até mais Jungkook. — Disse relutantemente, largando a grade e iniciando uma caminhada pesarosa até a saída.

 

 

 

 

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— Tem certeza disso? — Yoongi perguntou olhando para Jimin que por sua vez sorria ao ver Seokjin dormindo confortavelmente na cama do quarto. — Você está alheio desdê que voltou.

Jimin olhou para Yoongi ao prender suas vestes devidamente, de forma que o pano branco que pendia por seu quadril largo não escorregasse e mostrasse mais pele do que devia. — Eu estou bem, me desculpe por não estar prestando atenção no que você dizia. — Pediu constrangido por se perder em seus pensamentos. — Você já conversou com Nam?

O general o olhou e se sentou, chamando pelo rei com as mãos. — Não se preocupe com isso. — Dispensou as desculpas. — Sobre?

Os pequenos pés pararam entre as coxas cobertas pela armadura e ele sentiu os dedos pálidos de Yoongi tocarem seu quadril, puxando mais do tecido e escondendo o osso exposto de sua pelve. — Tirar os alfas daqui.

Os olhos cinzentos escuros do general se prenderam nos seus, o encarando por incontáveis segundos, como se quisesse confirmar o quão firme ele estava sobre aquela ideia imprudente. — Ainda não, mas vou pensar em alguma coisa. — Voltou a sua atenção para o quadril largo, ajeitando o cordão feito ouro branco com safiras que circulava a barriga lisa, caindo graciosamente por sua pele macia.

— Obrigado. — Agradeceu com um sorriso, se abaixando e beijando a testa de Yoongi. — Eu amo você.

— Eu também te amo. — Esfregou seus narizes e prendeu o véu, revelando apenas seus olhos cinza com suas peculiares manchas violetas. — Cuidado.

Jimin se despediu de Namjoon após estar devidamente arrumado, andando calmamente pelo corredor com alguns guardas em seu encalço. Notou a excentricidade de Seth entranhada em cada lacuna do castelo, mas aquilo era totalmente desnecessário. Poderia jurar que Seth estava investindo em si, mas ter homens da guarda real para o levarem até o salão principal era inconveniente. Ele saia como andar sozinho.

O caminho durou mais tempo do que ele esperava, ainda mais estando consciente dos olhos dos alfas sobre suas costas e o odor que eles expeliam era desagradável. Eles cheiravam a enfermidade e suor.

As portas grandes se abriram e Jimin deixou seus olhos viajarem para a grande mesa que foi posta no meio do cômodo. Seu tamanho exagerado só evidenciava a pobreza de seus alimentos, contendo poucos deles sobre a madeira trabalhada por um habilidoso marceneiro.

Frutas eram inexistentes assim como vegetais e legumes, então o que sobrava era a carne vermelha e alguns poucos aperitivos.

— Boa noite, Jimin. — Seth sorriu ao ver o ômega entrar no salão.

— Boa noite. — Desejou mesmo que fosse mentira.

— Como seu dia? Espero que o servo tenha o entretido. — Se levantou e andou calmamente até o rei de Faura, parando em sua frente.

— Foi ótimo, obrigado por perguntar. — Ergueu a cabeça e olhou diretamente nos olhos castanhos de Seth.

— Você é realmente bonito. — Jimin permaneceu quieto, olhando seriamente para o alfa. — Encantador.

— Por qual motivo você me chamou aqui? — Seus olhos desceram para a mão que tocava seu rosto sobre o véu, controlando sua vontade de se afastar.

Seth abaixou a mão com um sorriso. — Não seja tão arisco, Jimin. — Seth passou pelo ômega e andou até a extremidade da mesa, puxando a cadeira. — Sente-se agora. — O rei de Faura ergueu uma de suas sobrancelhas. — Por favor. — Sorriu forçado.

Jimin caminhou suavemente até a cadeira e se virou para sentar, servindo o acolchoado moldarem em suas costas. — Obrigado.

— Você é virgem Jimin? — Questionou ao dar a volta na mesa, se sentando na outra extremidade, longe o suficiente de Jimin.

— Como? — O ômega o encarou com o cenho franzido pela pergunta.

— Você é inupto? Nossa união seria benéfica. — Ele sorriu de lado e ergueu a mão, fazendo uma criada correr com uma botelha longa.

— Não vejo nenhum benefício para mim nessa proposta. — Jimin disse ao se acomodar na cadeira, notando a expressão de desgosto de Seth ao ouvir aquilo.

— Eu tenho algo para te presentear em troca desse meu pedido. — O alfa ignoro o que o ômega disse. — Pode entrar.

Jimin virou a cabeça e seguiu a criança lupus que foi empurrada por um dos guardas, quase caindo ao tropeçar em seus pequenos pés machucados.

— Eu lhe dou esse filhote de lupus. — Seth sorriu e dispensou a mulher depois que ela encheu sua taça.

— Eu não irei me casar com você. — Negou, sentindo-se nervoso ao reconhecer o filhote. Ele estava dormindo na masmorra a algumas horas atrás. — Não importa o que me ofereça.

Seth controlou um rosnado e lançou ao garoto um olhar raivoso, mandado seus homens o tirarem dali. E então, logo quatro mulheres se aproximaram temerosas, arrumando cuidadosamente o jantar dos reis.

Ao final do da refeição noturna, Jimin sorriu para a ômega que caminhou até ele, lhe oferecendo vinho. — Obrigado. — Agradeceu baixo, vendo as bochechas da mulher corarem com o tom mais vivido de carmim.

A ômega se afastou envergonhada, ficando parada com seu rosto para a parede.

— Por que não realizamos uma coalizão de uma vez por todas? — O alfa chamou a atenção de Jimin, balançando sua taça de um lado para o outro, quase derrubando o vinho no processo.

— Você não tem nada para me oferecer. — O ômega deixou sua bebida na vasta mesa, olhando de relance para as serventes em pé no canto do cômodo.

— Eu tenho alfas. — Seth sorriu ao ver os olhos claros de Jimin irem para sua direção. — Faura é famosa por seus formosos ômegas, — Fez uma pausa ao beber o líquido escuro. — e Tukh por seus guerreiros alfas.

— Não me interesso por isso. — Disse simplesmente, não querendo alguém como Seth ou Cassius perto de seu povo.

— Não seja arrogante ômega! — Inclinou-se para frente. — Eu preciso de ômegas e você de alfas. — Estendeu sua taça para o ômega, como se esperasse que ele fizesse o mesmo. — Nada mais justo do que uma troca, além de mantimentos.

— Eu não preciso de alfas. — Olhou para Seth, piscando lentamente seus olhos. — Mas você parece desesperado por mim.

Seth encostou-se à cadeira novamente, chamando Jimin de nomes baixos em um sussurro, fazendo o ômega rir soprado. — O que você quer?

Jimin imitou-o ao se encostar. — Tukh é pobre. — Encarou os olhos escuros do alfa. — Nada cresce e vocês possuem apenas três Oasis. — Moveu sua atenção para a pequena nascente de água doce no meio do castelo, onde Seth havia a designado para seu uso pessoal. — Tão seco quanto esse. — Suas pernas se cruzaram sob a mesa e seus braços se apoiaram nos apoios. — Você não possui nenhuma fartura.

— Diga o que você quer. — Sua voz raivosa atraiu o ômega.

— Eu que o lupus. — Jimin voltou seu olhar para Seth, vendo o alfa com ambas as sobrancelhas erguidas para sua fala. — Eu quero Jungkook.

Seth sorriu. — Você quer aquela besta? — Animou-se com a fala do ômega, quase rindo. — Você disse que não precisava de alfa.

— Eu não preciso de você.

O alfa rosnou para Jimin, não obtendo nenhuma ação submissa por sua raiva. — O que eu ganharei?

— Caça, água e verduras. — O ômega olhou para a mesa pobre de alimentos. — Meu povo não é uma moeda de troca, eu ofereço apenas minha fartura.

— Feito.

— Ainda não. Eu também quero a criança lupus e Seokjin. — Referiu-se ao garoto que lhe tinha sido apresentado mais cedo.

— Se ele sobreviver à arena. — Seth deixou a taça sobre a mesa, levantando-se. — Será todo seu.
 

 

 

 

 

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Quando a água da tina foi deixada para trás após seu banho, Jimin andou com seu corpo molhado pelo banheiro. — Você parece perturbado. — Yoongi disse, ainda banhando-se na cuba no qual dividiu com o ômega.

— Eu não estou bem. — Suas pernas tremeram e ele se agachou no chão, abraçando seus joelhos.

Yoongi fez os mesmos passos de Jimin. — Está doente? — Questionou preocupado, sentindo a tensão que ele emanava desde que seu jantar com Seth havia terminado.

— Eles irão mandar um filhote para a arena. Um filhote! — Esbravejou, mostrando sua face pálida e apavorada para Yoongi.

O general passou as mãos pelo rosto, aflito ao pensar que uma criança estaria num lugar tão perigoso. — Porra. — Murmurou, apanhando uma toalha e cobrindo as costas úmidas de Jimin com cuidado.

— Seth disse que eu poderia levá-lo, — Muxoxou ao se levantar, jogando-se contra o corpo quente de seu melhor amigo. — só se ele sobreviver- — Engoliu o soluço e sentiu os braços magros o rodearem, consolando seu pranto. — Quantos outros filhotes- quantos morreram?

— Sh... Se acalme... — Pediu, também piscando suas lágrimas, incapaz de achar palavras que pudessem fazer aquela dor se tornar menor.

Com o passar dos minutos na dor silenciosa de Jimin, Yoongi o secou ao notar que ele havia dormido. Seus olhos inchados o deixaram deprimido e chamou por Namjoon, observando o alfa entrar no quarto com um roupão de seda branca em suas mãos.

— Obrigado. — Agradeceu ao lúpus que o ajudou a cobrir a nudez do ômega sonolento.

Depois de deitar Jimin na cama, Namjoon fitou-o por um tempo, achando adorável o fato do ômega lupus se revirar nos lençóis, procurando por alguma fonte de calor e encontrando Seokjin, onde se aninhou contra suas costas.

Yoongi riu soprado e ao parar em frente à cama. — Acho que o mimei mal. — Engatinhou sobre o colchão e se sentou ao lado de Jimin, puxando a manta grossa para que pudesse cobrir a pele arrepiada do rei.

— Sim, a culpa é sua. — Namjoon se virou e carregou o sofá do canto do quarto até o que ficava no meio, juntando ambos para que pudesse dormir confortavelmente. — Qual foi à última vez que ele dormiu sozinho?

— Não me lembro. — Yoongi disse baixo, enfiando suas pernas sob a manta. — Ele tinha muitos pesadelos, acordava chorando toda noite.

— Por quê? — As sobrancelhas do alfa estavam franzidas.

— Não sei, ele também não se lembra de seus sonhos, apenas do pavor. — Parou por um minuto. — Ele acordava suado e chorando. Começou a partir da sua décima segunda primavera.

— Eles cessaram?

— Sim, mas ele não gosta de dormir sozinho. — Sorriu ao olhar para os fios azuis de Jimin, afastando as mechas e acariciando a pintinha sob seu olho.

— Tenha uma boa noite de sono. — Namjoon disse ao se deitar nos dois sofás, cruzando os braços e fechando os olhos depois que o silêncio perpetuou no quarto frio do castelo.

Yoongi riu para a maneira estranha de o lupus dormir, mas logo se inclinou no colchão, procurando pela mão de Jimin e a entrelaçando com a sua, fechando os olhos e encaminhando-se para a escuridão de sua mente, buscando pelo sono.

Quando a manhã chegou, exibindo o brilhante e caloroso sol que agraciou a paisagem com sua luminosidade, deixando as dunas do deserto ainda mais bonitas aos olhos distintos de Jimin.

Mesmo que o local fosse árido e desprovido de vegetação, não deixava de carregar sua beleza. — Precisa de ajuda? — Yoongi disse ao se aproximar, fitando a veste clara.

— Por favor. — Sorriu sobre o ombro e ainda de costas viu o ômega se aproximar, até que estivesse atrás de si e segurando as laterais do tecido.

— Essa é realmente linda. — Prendeu o suave botão que ficava atrás da nuca de Jimin, deixando uma fenda aberta até a base de sua coluna, bem no início de seu traseiro.

— Sim! — Sorriu observando seus braços totalmente exposto pelo tipo de vestimenta que ele trajava. — Foi Hyejin quem confeccionou. — Murmurou admirado ao se virar para o espelho que havia no canto do quarto, achando extremamente atraente o contraste do branco perolado com seus fios em um azul cinzento.

— O que é isso? — Yoongi perguntou ao ver que pedra lilás presa no colar de correntes douradas no quadril. — Alexandrite?

— Sim. — Jimin sorriu e desceu o olhar para a pequena pedra em forma de gota que estava presa no centro onde as correntes de encontravam, deixando-a contra o tecido claro. — É a cor dos meus olhos. — Levantou a cabeça e piscou seus olhos para Yoongi, fazendo o ômega sorrir.

— É sim. — Se agachou e amarrou as tiras das sandálias de Jimin por seu tornozelo, encontrando a enorme fenda em ambos os lados da veste, começando da parte superior de sua coxa e terminando em seus pés. — Hyejin foi inteligente. — Ergueu a cabeça e encontrou o olhar diferente. — Fique na sombra, golpe de calor não é brincadeira.

— Sim, sim. — O rei rolou os olhos. — Eu ficarei na sombra e beberei bastante água. Manterei-me hidratado.

— Acho bom. — Se ergueu após finalizar, fitando as bochechas já vermelhas pelo mormaço da manhã. — Vá proteger a sua pele.

— Por Vênus, Gi! — Rolou os olhos e caminhou até o banheiro, apanhando o óleo de sementes de framboesa vermelha. — Eu não preciso de uma nova mãe. — Resmungou, pingando um pouco do óleo em suas bochechas, testa e queixo, espalhando o líquido aos poucos.

— Parece que precisa sim. — Ele cruzou os braços, logo fechando os olhos quando Jimin começou a passar o óleo protetor em si.

— Preciso de outra coisa. — Sussurrou antes de se inclinar e beijar os lábios rosados do general, recebendo um olhar semicerrado.

— Você precisa de inocência.

— Pra que inocência se eu tenho você? Não faz sentido. — Se afastou, deixando o frasco na mesa de madeira. — Você vai conosco, Nam?

— Sim. — Ele disse, já saindo do banheiro com sua armadura. — Onde está Seokjin? — Perguntou ao perceber que o ômega não estava ali.

— Ele foi procurar por alguém. Eu disse para ele ficar por aqui quando voltar.

Namjoon assentiu e viu Jimin esconder seus cabelos brilhantes atrás do tecido branco. — Prontos? — Prendeu a adaga em suas costas, escondida de qualquer olhar curioso.

Jimin o olhou por trás do véu, negando. — Estamos. — Realmente não queria fazer parte daquilo, mas ele queria ver o que aconteceria com seus próprios olhos.

Ao sair do quarto e sucessivamente do castelo, Jimin foi levado por cinco guardas até a parte de trás do palácio, do lado de fora dos muros largos que Seth construiu. O pedaço grosso do pano vermelho estava preso em quatro mastros de madeira, estendido sobre sua cabeça para que pudesse protegê-lo do sol massivo.

Controlou o impulso de se curvar para agradecer os soldados que foram embora assim que chegaram a grande construção de forma redonda, já ouvindo alguma balburdia do lado de dentro.

Namjoon tomou a frente e Jimin foi logo depois, com Yoongi ao seu encalço. A escuridão que se estendeu pelo corredor desprovido de janelas foi longa, fazendo a claridade excessiva o cegar ao chegarem ao palanque.

— Bem-vindo Jimin. — Seth lhe sorriu, já com uma taça de vinho em sua mão.

— Bom dia, Seth. — Desejou desgostoso, o sol baixo e as sombras longas denunciava que não passava das sete horas da manhã.

Seth lhe sorriu, seu braço longo repleto de braceletes de ouro empurrou uma beta, tirando-a de seu caminho para que pudesse se levantar. — Como foi seu sono? — Ele lhe sorriu e seus olhos castanhos brilharam, descendo-os por seu corpo. — Belas vestes. — Sorveu do vinho, lambendo seus lábios finos.

— Foi bom, — Manteve seu olhar no rosto de traços bonitos do rei de Tukh. — obrigado por perguntar. — Fechou seus olhos suavemente, fingindo um sorriso.

— Venha. — Ele ignorou a presença de Yoongi e Namjoon novamente, oferecendo sua mão para Jimin.

O ômega lupino colocou-a sobre a grande, sendo guiado até o palanque, onde foi apresentado para a arena.

O súbito mal-estar fez um gosto amargo se alastrar por suas papilas gustativas, fazendo-o engolir a ânsia ao dar-se conta das enormes manchas escuras pela arena. O sangue escuro manchava desde os altos muros à areia do vasto campo, causando sua apreensão.

— É lindo não é? — Seth disse, não percebendo o tremor que atravessou o corpo do ômega ao seu lado.

Jimin sentiu seu estomago revirar para a quantidade de armas sujas em determinadas áreas da arena, assim como a pilha de corpos que foram descartados em um lado mais escondido.

— Sim. — Sentiu sua voz vacilar, então ele afastou seu olhar daquilo e disse mais firmemente. — É sim.

Virou-se, soltando sua mão do aperto do alfa e indo até a parte mais afastada, rezando silenciosamente a Vênus para que ao se sentar, ele não pudesse ver o que ocorreria naquele lugar.

— Onde está indo? — Seth questionou, impedindo Jimin de fugir.

— Me sentar. — Disse sem olhá-lo.

— Você ficará ao meu lado. — Ele disse com uma voz divertida, chamando a atenção do ômega. — É o meu convidado mais esperado.

Com um sorriso desolado, Jimin se sentou no assento que ficava mais perto da beirada do palanque, controlando seu crescente nervosismo.

Ao passar do tempo, a arena foi enchendo de pessoas, tanto de Senhores ao seu redor como as arquibancadas pelos mais humildes. O sol estava se erguendo e a água de sua botelha estava acabando, mas a única coisa que não mudava era a sua notável frenesi.

Ele não se lembrava de muita coisa antes das sinetas ecoarem pela imensidão desértica, apenas dos grandes olhos escuros que o fitaram por incontáveis segundos, acalmando sua crise de nervos causada por sua falta de estabilidade emocional.

Em contrapartida, Jungkook se sentia calmo, sua respiração branda e sua postura fleumática fazia qualquer um ter certeza que aquela não era a sua primeira nem a décima vez na arena da morte, ou amorosamente apelidada pelos espectadores de O Grande Torneio de Gladiadores.

Seu olhar imperturbável fazia Tukh gritar em honra ao melhor gladiador de todo deserto, silenciando até mesmo os grandes portões que revelavam os demais combatentes.

Outros sete alfas lupus deram seus primeiros passos, mostrando-se para multidão enlevada. Entretanto, o que chamou sua atenção foi ver um pequeno corpo ser lançado para dentro do campo. Um filhote lupus estava completamente assustado ao se levantar, quase correndo dos demais alfas que estavam a quilômetros de si.

Um profundo ganido assustado incomodou seus tímpanos e antes que ele notasse, seus olhos estavam novamente no ômega. Seu semblante pálido estava sério, porém toda sua postura irradiava o mais puro medo e isso o incomodou.

Franziu a testa para aquele comportamento e logo voltou o olhar para o filhote, observando de canto os lupus rosnarem em raiva com seus pés presos por grilhões.

Ao esperar por mais alguns segundos, observando vários outros alfas serem revelados, Jungkook manteve-se quieto, velando o filhote assustado, cuidando dele em silêncio.

Quando todos os sete portões estavam fechados, Seth se ergueu do palanque, levantando seu braço com o cálice erguido, sorrindo para o público. — Que vença o melhor. — Quando sua voz morreu, os grilhões foram soltos e trinta lupus avançaram entre si.

Jungkook subitamente correu em direção ao garoto, assustando-o ao ver o enorme alfa vir em sua direção em uma velocidade incrível. O filhote se encolheu e cobriu os ouvidos, chorando tão alto que seu peito vibrava.

O corpo pequeno foi erguido e uma mão contornou seu braço magro, o erguendo da areia. Suas lágrimas cegaram seus olhos e antes que ele pudesse gritar o homem a sua frente foi lançado contra a parede atrás de si, tendo seu rosto pressionado por uma grande mão contra a rocha.

O sangue vivido pingava no chão e uma grande mão cobriu seus olhos. — Não olhe. — A voz gutural reverberou em seus ouvidos.

Jungkook sentiu sua palma molhar pelas lágrimas do menino. — Desculpa. — Ele pediu, tremendo.

— Segure-se em mim. — Pegou-o nos braços, o arremessando contra suas costas com cuidado.

Os braços pequenos se agarraram em seu pescoço enquanto as pernas instáveis estavam em suas costelas. — O quê? — Ele sussurrou contra a cabeleira negra.

— Segure firme e não me solte por nada. — Jungkook se movimentou ao ver cinco alfas o cercarem. — Feche os olhos e não os abra, não importa o que você escute.

Quando sentiu o rosto pequeno se afundar contra seu pescoço, o alfa se moveu rapidamente entre os lupus, fugindo daquela parte ao já saber o que aconteceria. Seus grandes pés o empurraram para frente e ele ignorou os corpos caídos a sua volta, pulando para a parede onde impulsionou seu corpo, saltando sobre dois homens.

Seus pés aterrissaram sobre um dos lupus, afundando sua cabeça na areia quente, onde o manteve. E, controlando o debater sob seus pés foi com seu peso, Jungkook viu a euforia do alfa deu lugar à calmaria quando finalmente o ar se tornou nulo em seus pulmões, causando uma morte lenta por asfixia.

Seu peito largo vibrou ao rosnar para o que ainda estava de costas para si, movendo-se para o lado ao sentir a aproximação do outro, observando os dois grandes corpos de chorarem contra o outro.

A movimentação singela no canto da arena chamou sua atenção, notando só agora três jovens lupus fugirem daquela aglomeração. — Saem das paredes. — Gritou as palavras, ouvindo a risada escandalosa de Seth antes de lanças perfurarem os corpos dos jovens.

Jungkook ergueu a cabeça e o olhou com raiva, não deixando de ver que o ômega estava inclinado para o lado, tremendo violentamente com outro ômega ao seu encalço, sussurrando algo em eu ouvido.

Sua concentração voltou para o campo ao ouvir o rosnado gutural que fez com que os espectadores vibrassem em expectativa pelo que sucederia. O lobo de pelagem marrom foi revelado, sua mandíbula aberta revelava seus longos dentes e toda sua fúria estava contida apenas por uma coleira de metal, sendo segurado por vinte guardas.

O filhote sobre suas costas choramingou e ele sussurrou palavras boas, prometendo que tudo ficaria bem para ele no final. — Eu deixarei eles se matarem sozinhos, não há pelo que se preocupar.

Suas pernas recuaram e ele grunhiu ao ver o restante dos dez alfas irem até o lobo, sem saber que aquele animal incontrolado tinha sido forjado com o mais puro sofrimento. Aquele lobo também era um lupus.

Quando as travas das lanças permaneceram em seu lugar, impossibilitando seu afastamento, Jungkook se manteve no centro da arena, apenas olhando os alfas avançarem no animal que fora solto segundos depois.

O soluço do garoto em suas costas chamou sua atenção e então ele o tirou dali, carregando-o contra seu torso ao ter o conhecimento que não teria sua paz incomodada por alguns minutos.

— Qual é o seu nome? — Questionou, mantendo-o perto o suficiente para que pudesse defendê-lo se algo viesse a acontecer.

—Hyuk. — Sua voz tremeu.

— É um nome bonito. — Forçou um sorriso, mesmo que o garoto não conseguisse ver com seu rosto contra seu pescoço.

— Obrigado. — Ele agarrou-se mais ao corpo grande, fungando mais do cheiro de seu protetor.

Com sua guarda baixa, Jungkook não percebeu o perigo que pôs não só a si, como o filhote. Entretanto, ele descobriu quando uma mão socou seu rosto, lançando-o a alguns metros. Suas costas arrastaram-se na areia grossa e seus braços se fecharam no menino, protegendo-o.

O alfa a sua frente tinha olhos verdes intensos, flamejando na mais intensa raiva. — Aqui não tem lugar para heróis. — Ele disse, carregando uma longa adaga em suas mãos.

— Ensine a ele alguma coisa, Dokgoo. — Seth gritou. Extasiado demais ao ver a posição perigosa no qual Jungkook se encontrava.

Jungkook girou a criança para fora de seu corpo, o vendo tremer. — Fique atrás de mim. — Ficou na frente do filhote, olhando ameaçadoramente para o outro alfa. — Quando tiver a oportunidade, corra e se agache sob as lanças, você cabe ali.

Sua mão se fechou em punhos ao assistir o movimento de Dokgoo, notando que a mão que segurava a adaga era a destra. Deslocou-se para o lado quando o alfa avançou, apanhando sua mão direita em um movimento, girando-a rapidamente de modo com que a lâmina atravesse sua palma e fincasse na coxa de Dokgoo.

O alfa rosnou e se ajoelhou, levando sua mão saudável até a outra, mas, antes que ele pudesse tocar o cabo da adaga, seu pescoço for quebrado. Caindo sem vida no chão antes de obter tempo para reagir.

Seth se sentou em sua cadeira, rindo ao ver a expressão vazia de Jungkook. — Bom garoto. — Ergueu a taça em direção ao lupus, apoiando suas pernas no muro de proteção do palanque.

Um rosnado reverberou pela arena, fazendo Jungkook subitamente correr até o filhote ao perceber o garoto parecia travado pelo terror. Seus braços o alcançaram e ele logo o agarrou, abraçando-o antes de grunhir profundamente quando as longas presas se fecharam em seu braço, perfurando a pele e roçando em seus ossos.

Dor explodiu por seu corpo, fazendo suas células vibrarem pela aflição, causando um desconforto ainda maior ao ter seu próprio lobo aborrecido, o empurrando a beira da sanidade, procurando sua liberdade. Entretanto, manteve-se no controle, mantendo seus braços em volta do filhote que chorava alto. A mandíbula forte não largou seu ombro, mas logo foi forçado a fazer isso quando o lupus enfiou seus dedos nos olhos do animal.

O choro canino foi captado juntamente de seu afastar e com os olhos fechados o lobo manteve distância. Jungkook soltou o filhote, ignorando o ardor de sua ferida e correndo até o corpo morto de Dokgoo, puxando a adaga e segurando-a firmemente.

Com a atenção dos olhos lacrimejantes sobre si, o lupus deu passos para direção oposta à Hyuk, procurando ofuscar sua pequena presença do alfa desconhecido, esperando que agora, o filhote fosse fazer o que ele pediu.

— Me mate se puder. — Provocou, observando Hyuk correr e se afastar dos dois.

O lobo grunhiu e piscou seus olhos, tendo dificuldades para enxergar já que suas íris estavam machucadas pelas garras do lupus, o que fora notado por Jungkook. E então, sem esperar que sua visão melhorasse, o alfa lupus correu em volta do lobo, saltando sobre suas costas e sussurrando um perdão veemente ao perfurar a grossa pele, atingindo sua garganta.

A multidão gritou, extasiada ao ver o enorme lobo cair no chão, mantendo a perna de Jungkook presa. — A besta de Tukh matou a fera! — Um dos espectadores vociferou, demonstrando sua felicidade ao saber que Tukh venceu mais uma vez.

Jungkook arremessou a adaga para longe, empurrando as costas do alfa que havia se transmutado novamente, adquirindo sua aparência humana. — Perdoe-me. — Pediu ao corpo ensanguentado, se levantando e vendo o filhote correr até si.

— Ainda falta um, Jungkook. — Seth disse, fazendo toda a plateia se calar.

— Eu não vou matar ele. — Ergueu a cabeça, carregando a criança em seus braços.

— Você está indo contra mim?

— Estou. Não irei matar um filhote. — Manteve-se firme. Não havia mais nada no qual Seth poderia tirar de si. — Se quer a morte de alguém, mate a mim.

— Não. — A voz trêmula chamou a atenção de todos. — Eles são meus. — Sua fala saiu mais firme ao se levantar. — Se fizer algum mal a eles, esqueça nosso acordo.

Os olhos castanhos de Seth se intensificaram com sua raiva. — O Torneio acabou. — Sua voz carregava sua mais pura ojeriza, possesso ao ser controlado por um ômega.

 

 

 

 

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A pequena trilha que foi feita através de areia batida e pedras pesadas sustentavam as rodas da carruagem que transportavam os residentes de Faura.

Jimin conseguiu ficar por mais um dia naquele lugar, era por um bem maior, ele dizia para si mesmo. Seu plano tinha que se manter firme e ele fez sua melhor, até aceitou passear com Seth pelo palácio mesmo que tudo dentro de si gritasse para manter distância daquele homem.

Mas naquele momento, ele sentia que finalmente estava respirando, observando com gosto o afastar dos muros do castelo. Quase como se ele estivesse preso durante anos dentro daquela muralha.

Lágrimas de alegria escorreram por suas bochechas ao ver o sorriso provocador de Jeonghan, que logo foi substituído por sua preocupação. Mas ele não se importava, estava malditamente feliz de ir embora de Tukh. Finalmente, era a única palavra que estava em sua mente.

Seu olhar foi para fora e através da pequena janela ele viu Jungkook andando calmamente sob o sol com o filhote em seu colo. O machucado horrendo em seu ombro estava cicatrizando e seu olhar tremeu para o queimar de sua pele aquele clima impiedoso.

— Por Apolo. — Disse baixinho, tendo consciência que Seokjin dormia sentado.

Por outro lado, Jungkook se sentia extasiado por dentro, como se o tão impiedoso sol fosse a coisa mais linda do mundo aos seus olhos e até mesmo a dor de sua ferida fosse deleitável. Ele estava finalmente fora das paredes e diferente do que ele imaginou, não foi depois de sua morte.

Suas orbes escuras varriam as dunas de areia com apreciação, ignorando o ardor dos raios em suas costas expostas. Seus pés grandes ainda doíam pelas queimaduras, mas aquilo não o impediu de admirar a vasta paisagem, sem nenhuma parede ou grade para impedi-lo de contemplar a imensidão.

Seu andar foi interrompido depois de alguns minutos e ele finalmente notou que estava longe dos muros de areia de Tukh. — Pare os camelos, por favor. — A voz doce chegou aos seus ouvidos novamente e o filhote que estava em seu colo se encolheu em seus braços.

O simples encolher do alfa fez Jungkook o segurar mais firmemente, protegendo o garoto dos quatro soldados pararam entre ele e da porta da carruagem. — Não o machuque. Pode fazer o que quiser comigo. — Disse alto, para que o ômega dentro da caixa de madeira o escutasse.

O rei saiu da carruagem e Jungkook viu uma espécie estranha de proteção ser erguida no ar, protegendo o ômega dos raios impiedosos do sol.

Os olhos extremamente claros lhe fitaram e ele moveu sua atenção para o objeto estranho novamente, não querendo se aprofundar no brilho que os olhos do rei refletiam.

— Por favor, me arrumem água. — Ele disse suavemente e se aproximou junto do outro ômega. — Me desculpe por isso, eu realmente não queria deixá-los do lado de fora. — As sobrancelhas grossas do alfa se franziram e o filhote se afastou para olhar com grandes olhos o rei, vendo que ele se reverenciou em sua frente.

— Desculpe pela falta de empatia. — O general ômega também se reverenciou, porém mais baixo que o rei.

— Venham para dentro. Por favor. — Jungkook piscou seus olhos perdidos, permanecendo ainda estático. — Por favor, não quero que tenham um golpe de calor. — Sorriu tristemente, já com suas bochechas e ombros vermelhos pelo mormaço. — Se não por você, pelo filhote.

Jungkook seguiu o caminho até a carruagem, subindo os degraus lentamente com o filhote lupus em seu colo. E, ao entrar com suas costas curvadas, ele viu um ômega com traços nativos de Tukh dormir com sua cabeça inclinada no ombro de um lupus.

— Olá. — Ele sorriu para si.

Sua guarda diminuiu um pouco, levando em conta que o homem a sua frente também era um lupus. — Sente-se. — A voz divertida foi ouvida e ele viu o rei se inclinar com um sorriso.

Hyuk balançou em seus braços e logo os dois se sentaram na outra extremidade, observando os dois ômegas entrarem novamente na pequena caixa.

— Eu me chamo Park Jimin, mas me chame de Jimin. Por favor. — Ele disse com sua voz suave, olhando alegremente para eles. — Como você se chama? — Direcionou sua atenção apenas para o filhote.

— Hyuk. — Sussurrou.

— É um nome bonito, deveria dizer mais alto. — Jungkook manteve sua atenção naquela pessoa estranha, o olhando mais atentamente quando o véu fora retirado de seu rosto, revelando bochechas rosadas e grossos lábios sob um suave nariz. — Você sabe o significado do seu nome?

— Não. — Jungkook ficou surpreso ao ouvir a voz mais alta de Hyuk.

— Significa radiante. — Jimin lhe sorriu, levantando e pegando uma bolsa de tecido, retirando uma maçã gorda e a oferecendo para Hyuk. — Pegue, coma um pouco.

O filhote olhou com olhos brilhantes a fruta. — Eu posso mesmo? — Perguntou com empolgação.

— O que você vai querer em troca? — Perguntou, afastando a maçã de Hyuk.

Jimin lhe olhou, descendo suas íris para sua mão suja que tocava a pálida. — Um sorriso? Quem sabe um obrigado.

— Jungkook. — Hyuk choramingou com o ronco de seu estômago.

Retirou sua mão e viu Hyuk tomá-la no segundo seguinte, mordendo-a com gosto. — Obrigado, Jimin.

— Que nada meu bem, você pode pagar mais se quiser. — Sua mão pequena acariciou os cabelos castanhos.

— Vou pegar água. — Yoongi se levantou.

A movimentação de Jimin no chão chamou sua atenção. — Não precisa mais disso agora. — Ele disse ao se aproximar de si. — Desconfiança.

— E por que eu deveria confiar em você? — Olhou intensamente para os olhos claros, notando as manchas violetas pela primeira vez, juntamente de algumas pequenas pintas.

— Eu também sou diferente. — Seus dedos gordinhos foram para o tecido em sua cabeça, puxando a ponta e desfazendo o nó que escondia seus cabelos.

Suaves fios azulados cobriram sua testa e caíram delicadamente por seu rosto, tornando sua aparência ainda mais singular e bonita. Ele não parecia real, era como se ele fosse uma ninfa disfarçada de um homem incrivelmente belo.

— Você é Vênus? — Hyuk perguntou com um pedaço de maçã em sua boca, olhando com olhos fantasiosos para Jimin.

— Oh, não. — Ele sorriu novamente. Jimin realmente era de sorrir. — Eu sou apenas um homem.

— Ele é como uma fada, não é? — O general disse, entregando duas botelhas. Uma para Hyuk e outra para Jungkook.

— Sim, sim!

Jimin sorriu, soltando uma risada baixa que atraiu o olhar de Jungkook. — Você é adorável. — O ômega continuou rindo ao notar que o topo da cabeça do alfa alcançou o teto da carruagem.

Oalfa franziu o cenho para aquela frase e o filhote ao seu lado riu também,olhando para o rei com os olhos brilhantes.

 

 

 

 

 

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Notas Finais


14k de palavra! feliz? espero que sim pq me deu trabalho kkkkkk

espero que a leitura não tenha sido cansativa, se sim me diga que eu providencio capítulos menores

Obra escrita por thaenie & sungay_

💜 alguma duvida referente ao capítulo? se sim vocês podem perguntar aqui!

Deem amor para as duas autoras porque ambas trabalham duro! E caso queira saber quando saíra atualizações, siga nossos perfis para se manter informado, porque nós postamos nas conversas sobre o andamento e a conclusão do capítulo.

Versão taekook também disponível no perfil da thaenie

alexandrite é uma pedra preciosa que muda sua cor de acordo com a luz; e dependendo da intensidade e do ângulo de iluminação, ela pode se tornar verde-escura e rosa, lilás e púrpura, verde oliva e vermelho.


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