História Ela é o cara ( Camren ) - Confia em mim

- Filha....acorda meu amor. - senti meus olhos ardendo e fechei novamente quando meu pai tocou o meu rosto. - Bom dia princesa, vamos acordar? - resmunguei e ele riu. - Já está tarde, ainda temos que passar no supermercado antes de ir para a igreja. 

- Eu não quero ir pra lá nunca mais! - falo sentindo meus olhos arderem, dessa vez era pelas lágrimas. 

- Como assim filha? - respirei fundo e sentei na cama abraçando meu papai. - Hey, por que você tá assim? - suas mãos faziam um carinho nas minhas costas e eu funguei.

- Eu....e-eu só não quero papai, nunca mais, eu não quero! 

- Eu não quero....eu não quero. - murmuro sentindo um aperto na minha cintura. - Camz? 

- Sim? - sorrio aliviada e me viro ficando de frente pra ela. Eu estava dormindo na mesma cama da Camz, ela disse que cuidaria de mim.

Camila sorriu passando seu polegar na minha bochecha. 

- O que fizeram com você? - engoli o nó que se formava na minha garganta e me aproximei mais dela recebendo o melhor abraço do mundo. 

- Eu não....sei. Eu não consigo. - ouço ela suspirar. 

- Tudo bem, eu estou aqui, e quando você se sentir segura comigo, pode se abrir tá? - assinto e ela beija minha testa. 

Ficamos em um completo silêncio naquele quarto escuro. Escutávamos apenas a respiração uma da outra e o som da natureza. Eu não sei como me sentir, eu não sei o que sentir em relação à tudo. Eu só tinha sete anos e não lembro de tudo, são apenas flahs, mas machucam pra caramba, porque eu sei, bem lá no fundo eu sei que a culpa foi minha. E dói tanto que parece que a dor se propaga no meu corpo sempre que alguém me toca, o que é ainda mais doloroso já que não foi em mim. 

- Sabe Lo...- ouço a voz suave da Camz preencher o silêncio do quarto. Faço um som nasal e ela retorna a falar. - Quando eu te vi pela primeira vez através, sabe o que eu senti? - nego. - Senti que você seria minha de alguma forma, pode ser como namorada ou amiga. Dinah zombava de mim por esse simples pensamento não tão simples assim, quando você é Lauren Jauregui. 

- Você fala como se eu fosse uma estrela. 

- E você é a minha estrela Lo, a mais brilhante do universo todo. - esbocei um sorriso tímido e Camz suspirou, eu estava amando ficar abraçada com ela, nunca passamos tanto tempo assim. Era especial. - Eu tive duas namoradas, Hailee era bem ciumenta e insegura, sendo que eu nunca dei motivos pra ela desconfiar de mim, a não ser claro, o fato de eu já estar suspirando pelos cantos toda vez que escutava o seu nome. - aabro um sorriso inevitavelmente bobo. - Mas tipo, era bem surreal, você nem sabia que eu existia naquela época e eu pensava que nunca saberia, mas olha onde eu estou agora, estou deitada na mesma cama que Lauren Jauregui e sentindo seus braços agarrados à minha cintura, quando que eu iria imaginar que isso aconteceria um dia? eu levei três pontos na minha cabeça por você Lo, e você nem sabia que eu existia. 

- Desculpa. - peço sentindo mais uma vez....culpa. 

- Não peça desculpa por algo que você não fez. O que eu estou tentando dizer é que eu quebraria meu coração em mil pedaços para encontrar um caco que se encaixasse ao seu. Porque eu não suporto ver você desse jeito Lolo, confia em mim, eu nunca faria nada e nem te julgaria. - arfo sentindo um conforto e segurança nas suas palavras. - Confia em mim. 

Sussurrou me abraçando apertado. 

Ficamos em completo silêncio mais uma vez, as palavras dela ficaram rondando a minha cabeça e tudo o que eu mais queria era ser tão corajosa quanto ela. Eu queria muito voltar no tempo e concertar o que eu fiz, eu queria  lembrar do que aconteceu naquele confessionário. 

- Bea. - respiro fundo. - Ela tinha um sorriso lindo, sempre sentava na primeira fileira da igreja, tinha sempre um sorriso no rosto e eu só ia lá por causa dela. Eu tinha seis anos na época. E ela provavelmente tinha uns oito anos. Sempre era a mesma coisa, tinha missa, tinha Bea, os pais dela eram tão religiosos quanto os meus pais.

- Bom dia padre. - meu pai cumprimentou. 

- Bom dia Mike, e como vai essa pequena? - sorrio tímida e me escondo atrás do meu pai. Eles começaram a conversar e eu procurei pela Bea. Ela já deveria ter chegado. 

- Eu não consigo Camz, e-eu não consigo lembrar, dói muito. - começo a chorar compulsivamente e Camz tenta me acalmar. 

- Tudo bem meu amor, não precisa contar se não se sentir confortável. - assinto fechando meus olhos com força. Camz ficou sussurrando que estava tudo bem e eu queria acreditar mais que qualquer coisa no mundo. 

Bea. Ela estava chegando com os seus pais e tinha um sorriso no rosto, como sempre. Assim que ela me viu, sorriu ainda mais. Sorri de volta e acenei pra ela que retribuiu. 

- Vocês se conhecem? - o padre perguntou sorrindo. 

- Ela é bonita. - digo vendo ela sentar lá na frente. 

O padre me olhou diferente e depois olhou pra Bea também. Ela abaixou a cabeça.

- Ele mudou Camz, ele mudou. Ele mudou....ele mudou e ela parou de sorrir. Eu não sabia o porquê até que eu....eu senti toda a dor dela....eu não consigo lembrar direito, ela só chorava e eu senti...eu senti a dor dela....eu senti, eu senti. 

- Shhh, calma Lo. Por favor. 

- Ainda dói, e é nojento. Eu não quero lembrar, ele dizia que o corpo dela pertencia à um homem. Eu também, ele me viu Camz, ele me viu e....ele...ela me viu Camz, eu vi e senti a dor dela....eu senti Camz....

- Lolo....o que...- Camz tentava me abraçar, mas não era ela. 

- Sai de perto de mim por favor. - ela não queria sair. 

Bea não queria sair. 

- Viu só? por sua culpa!

Eu não podia gostar de meninas, nunca mais.