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História Eldarya - Uma aventura inesperada - Cap.103


Escrita por: TsukiHime0713

Notas do Autor


E vamos para mais alguns probleminhas...
Boa leitura a todos!



.

Capítulo 110 - Cap.103


Cris

Eu realmente não estava gostando daquela tontura... Nem consegui prestar atenção direito no que foi falado depois que comecei a me segurar no Lance. No percurso dentro da caverna, além de manter os meus olhos fechados para evitar uma ânsia em cima do Lance, ficava o tempo todo imaginando a conversa que Anya teria com a gente, falando uma coisa ou outra em voz alta para não acabar dormindo.

– Se você não parar de ficar chamando pela elfinha, vou acabar ficando com ciúmes...

– Não enche Lance. Absol e Anya são os únicos que eu realmente estou com saudades em Eel. E já que temos que nos manter pensando em algo ou alguém de Eldarya para que sigamos o nosso caminho com mais segurança, porque não posso ficar imaginando o nosso reencontro com eles?

Ele ria baixinho – Espero que seja um encontro “amigável”... – (esse Gelinho...) – E eu só quero ver como é que ela e os outros reagiram ao saber que eu estou com você.

Foi minha vez de rir um pouquinho – A Anya deve ter ficado no mínimo chocada.

– E a Miiko querendo desmaiar... – completava ele – Será que Absol aparecerá para nos buscar?

– Se ele aparecer... nossa viagem de volta para Eel será mais rápida. Mas sinceramente, prefiro que nós voltemos a pé!

– E porque isso?

– Acaso você não se sente... sei lá! Desconfortável, durante a umbracinese?

– Um pouco. Mas nunca dei muita atenção para isso. Acredito que seja algum tipo de efeito por viajarmos dentro de uma sombra.

– Seja lá qual for a razão, Absol que me perdoe, mas eu detesto viagens por umbracinese!

Ele acabou rindo novamente e paramos de conversar. Voltei a imaginar nosso reencontro com todo mundo e, como eu passei a falar tudo ao invés de deixar só dentro da minha cabeça, Lance resolveu me ajudar a fantasiar tudo. Graças a isso, nem percebi o tempo passar até alcançarmos a saída.

– Miau! Até que fim, livres da escuridão! – Purriry tinha sido a primeira a sair da caverna.

– Hum!... Mas que botucatu... – se esticava a caipora (e caramba! Como essa criatura é alta!) – Hihihihi! A ycara de ocês já tá aqui!

– Absol? – descia das costas de Lance quase normal outra vez – Mas o que você e a Toby estão fazendo aqui!? – me aproximei dos dois. Toby chegou a olhar para a caverna sem sair do lugar, esperando ver mais alguém – Sinto muito Toby... – lhe acariciava, chamando-lhe a atenção – Mas meu irmão não voltou com a gente... – ela choramingou triste.

– Pegue cês tudo. – Kaa’pora entregava uma pedra para quase todos, Huang e Purriry foram as únicas que não ganharam uma.

– O que é isso? – perguntava o Valkyon.

– Uma coisinha que Kurui’pira aprendeu com Lilith, e me mandou dar pros dragões e aengels. Um muiraquitã especial que vai escondê-los do anhanguera que tá no pé de ocês. O irmão dessa aqui já tinha ganho um. – ela me apontava o polegar.

– Nesse caso, acho que falta o de Leiftan... – comentava a Erika.

– Se esse aí quiser o dele, terá de pegar com o Kurui’pira. E já aviso que ele e eu só vamos aparecer se sentimos uma dessas itás!

– Está nos dizendo, – questionava a Huang Hua – que a condição para podermos usar essa passagem para a Terra, é que pelo menos um dragão ou aengel faça parte do grupo que queira utilizá-la?

– Acertou gûyrá’im! Agora botem o revixit pra carregar suas tralhas e ocês para suas ocas, porque Kaa’pora quer é o kyririm.

– E esse tal de kyririm vai querer essa louca aí? – Lance me comentava baixinho, mas parece que ela ouviu...

– Jurupari, bicho atrevido! Ou faço paçoca de seu tembo! – ordenou ela irritada.

Absol transportou as caixas para Eel, para depois a Toby; Huang Hua e Purriry depois; Erika e Valkyon em seguida (porque é que ele não está levanto todos nós juntos?). Chegada a minha vez e do Lance, ele pareceu receoso por um momento...

– Não sei se é boa ideia ocês seguirem como os outros... – comentou a Kaa’pora que antes nos assistia partir em silêncio.

 

Lance

No momento em que recebi aquela pedra, que me pareceu ser uma topázio citrina, logo notei uma familiaridade com as pérolas que meu ex-sócio usava na época em que se escondia (tenho que aprender esse encantamento...) o que agora me permitia compreender o porque de só conseguir sentir a presença do Christiano quando ele estava próximo (e eu que pensei que era impossível esconder a presença de um dragão para outro...).

Após um pouco de discussão com aquela coisa esquisita, Absol começou a levar as coisas para Eel com a umbracinese dele.

“[roxa]A Cris não vai aguentar essa viagem...” – comentava a Negra (como é que é?) – “[roxa]O que ouviu. Sabe por que viajar por umbracinese é tão desconfortável?” – (saberei se você explicar, não?) – “[roxa]Umbracinese significa ‘controle das sombras’ ou ‘das trevas’. O que significa que este é um poder sombrio.” – (e?...) – “[roxa]Poderes sombrios costumam enfraquecer aqueles cujo poder não provêm das trevas, e viagens por umbracinese costumam tirar temporariamente metade da força daqueles com poderes não sombrios, devolvendo-os ao normal no concluo da viagem. No entanto...” – (no entanto o quê? Como essas viagens afetam a Cris? E porque ele não está nos levando todos juntos como antes?) – “[roxa]Se não me interromper, eu termino de dizer!”

Esperei ela continuar em silêncio, com Absol começando a nos levar para Eel – “[roxa]Bom, continuando. A umbracinese enfraquece a força de todo ser não sombrio pela metade. Mas se o transportado tiver poder de luz, como a Cris...” – acabei engolindo seco – “[roxa]...A umbracinese tira mais de dois terços da força ao invés de metade. A Cris ainda não superou a febre dela - que não deve demorar - e isso pode se tornar perigoso para ela! E sobre Absol estar carregando todo mundo aos poucos, a neblina criada pelos guardiões intervire em todo e qualquer tipo de poder.”

Fiquei realmente preocupado com a Cris agora. E Absol carregava meu irmão e a noiva agora. Mesmo com a gente recebendo os amuletos de proteção, ainda era muito arriscado voltar para Eel a pé. Comecei a me recordar de como costumo me sentir nessas viagens... (Negra!) uma ideia me surgia (e se eu envolver a Cris com minha energia? Você disse que a umbracinese toma metade do poder dos seres, mas o máximo que eu sinto nessas viagens é um leve incomodo!) – “[roxa]Huummm... Pode ser que dê certo! Isso se a Cris conseguir chegar consciente...” – (ela vai chegar. E espero que essa febre não apareça antes de nós estarmos em Eel... não consegue conferir essa possibilidade não?) – “[roxa]São poucas, mas há.”

Havia finalmente chegado a vez da Cris e minha, e a Kaa’pora, que antes havia ficado em seu canto, resolveu se impor naquela situação.

– Como assim, “não é uma boa ideia viajar como os outros”, porque os outros podem e eu não? – questionava a minha Ladina.

– Cê ainda não venceu o akãnundu. Umbracinese enfraquece quem não é o dono do poder. Cê pode nem chegar acordada de tão kane’õ.

– E se eu a proteger? Cobrindo-a com a minha própria força? – questionei aquela coisa como se a Negra não tivesse me explicado nada.

– Sei não!... Se cê é mbarete o bastante para cuidar de sua kunhã, quem sabe?...

 Mesmo sem entender o que aquela coisa disse de verdade, comecei a abraçar a Cris, criando uma espécie de escudo energético ao redor dela. Absol começou a nos levar em seguida.

Não estava sendo fácil. A umbracinese de Absol realmente parecia querer me afetar dessa vez, mas eu não me rendi. Não quero nem pensar no que isso poderá significar para a Cris se não chegássemos primeiro. Me pergunto se a demora dessa viagem era por consequência de meu esforço; se era por causa da neblina que a Negra explicou afetar a umbracinese; ou se era por causa da distância entre Eel e a Passagem.

Quando finalmente chegamos, direto dentro do quarto dela, a Cris estava consciente. Mas ardendo em febre...

 

Erika

Nossa! A umbracinese de Absol está especialmente chata hoje. Não é à toa que a Cris diz detestar viagens assim. Será que foi por isso que Absol resolveu levar a gente aos poucos ao invés de nos deixar todos em Eel de uma vez só? Acho que vou procurar saber mais sobre a umbracinese...

Absol deixou a mim e o Valkyon na Sala do Cristal, onde Huang Hua nos aguardava. Ela foi logo nos contando que quando chegou, Miiko e Leiftan eram os únicos presentes na sala. Ela lhes repassou sobre as caixas que Absol deixou em algum outro lugar, cabendo ao Leiftan a tarefa de descobrir onde que elas foram deixadas por ordem da Miiko (Purriry foi junto dele para que pudesse reaver seus tecidos). Também comentou sobre a Miiko ter tido algum tipo de pressentimento e deixou a sala às pressas. Ficando a Huang Hua em nossa espera.

Depois dessa historia, também comecei a ter um mau pressentimento... Valkyon foi atrás do Karuto para avisa-lo sobre a nossa chegada e eu fui atrás da Miiko (mas sinto que quem eu devo procurar é a Ewelein). Huang Hua permaneceu na Sala do Cristal para a pequena possibilidade de Absol trazer aqueles dois para lá.

Valkyon e eu mal terminamos de adentrar o salão das portas e eu encontro tanto a Miiko quanto a Ewelein, juntas – Miiko! Ewelein. Como é bom poder revelas! – cumprimentava-as e Valkyon seguiu direto para o salão principal.

– Bem vinda de volta Erika! Não vejo a hora de poder receber seu relatório completo sobre sua viagem à “Memória”. – dizia-me a Miiko – Estamos indo ver a Cris no quarto dela, nos acompanha?

– Mas é claro! – (pois parece que tivemos o mesmo pressentimento, Miiko) – Como estão as coisas por aqui? Sequelas surgiram com a falta do Ritual? – perguntei enquanto fazíamos o caminho do quarto da Cris.

– Por incrível que pareça, não. Quase terminei de efetuar as verificações de saúde enquanto você esteve fora Erika.

– Desculpe por deixa-la na mão por esse tempo Ewelein, mas a Cris e eu escolhemos algumas coisinhas para vocês e para mais um monte de gente!

– Fiquei curiosa Erika... – falava a Miiko sem diminuir o passo – Huang Hua me adiantou algumas coisinhas de forma bem breve. Quando terminarmos de nos organizar, quero saber que “coisinhas” são essas. E... o... Gelinho, deu muito trabalho para vocês?

Soltei um longo suspiro – Alguns... E ele também nos deu várias explicações. A Cris quase entrou em pânico quando ele apareceu!

– Imaginamos... – respondeu as duas juntas, e já entravamos no corredor do quarto da Cris.

Quando adentramos, Anya ajudava Lance a colocar a Cris na cama – Mas o que houve com ela?? – questionava a Ewelein correndo até a Cris.

– Consequência do quê os guardiões fizeram com ela. – explicava o Lance sem se afastar da Cris – Eu a protegi durante a viagem dos efeitos da umbracinese, mas não sei se ela tem alguma coisa mais além da febre que já sabíamos que ela ia ter.

– Como assim? – perguntava a Miiko com a Ewe se concentrando em seu trabalho – De que consequências vocês estão falando? E que efeitos a umbracinese pode provocar? – a resposta da segunda pergunta, eu também quero ouvir!

Lance contou sobre o Kurui’pira e a Kaa’pora, e sobre o que eles fizeram à Cris e por que. Quando ele terminou de explicar esse assunto, Ewelein começou a explicar sobre que efeitos eram esses que o Lance comentou (o que explica o porquê das viagens de Absol serem tão desagradáveis...). Constatando ela que a febre era o único mal da Cris naquele momento, ela sugeriu que a deixássemos descansar, e ela saiu em seguida para pegar algum remédio para fazer aquela febre se dispersar mais depressa.

Nem Lance, nem Absol e muito menos Anya quiseram deixar o quarto, preocupados com a Cris. Arrastei a Miiko comigo para fora, para poder lhe repassar melhor sobre a viagem, e para saber tudo que aconteceu enquanto estivemos fora.

 

Leiftan

Eu fiquei em choque quando a Miiko repassou para mim, Ezarel, Ewelein e Karuto sobre o pequeno recado que Anya havia recebido. Meu ex-sócio ficou louco de vez! Mas mantivemos os nossos planos. A ausência do Ritual de Maana não pareceu fazer muita falta durante esses dias em que eles estiveram fora, mas ainda era necessário! Segundo minhas observações. Os dias se passavam... Estava avisando a Miiko sobre o término de sua última ordem que me havia sido dada, quando Absol surgia dentro da Sala do Cristal, com Huang Hua e Purriry junto dele.

– Então era por isso que Absol e Toby desapareceram... Mas onde é que estão o resto do pessoal? – perguntava a Miiko com Absol partindo novamente.

– Acho... que a caminho... – comentava a Huang Hua o vendo partir.

– Onde que estão nossas caixas?! – procurava a Purriry.

– Absol não deixou nenhuma caixa por aqui... – comentava – Vocês são as primeiras a aparecer por aqui. Estão todos bem? Como foi a missão?

– Foi bem apesar tudo. Tivemos um começo um tanto turbulento e alguns pequenos problemas, mas tudo esteve sob controle.

– Menos mal. As caixas às quais vocês se referem, são as mesmas que vocês levaram?

– Exatamente, miau. – Purriry parecia nervosa – E eu vou já em busca delas! Não irei ficarrr no prejuízo de jeito nenhum!

– Espere Purriry! Leiftan, vá junto dela. E quando encontra-las, avise Ezarel para utilizar o antidoto para a poção de encolhimento.

– Sim senhora. – falei saindo com Purriry à minha frente.

Como a intensão principal daquelas caixas era buscar mantimentos, imaginei que Absol as teria entregado para o Karuto. Pedi para que Purriry me acompanhasse até a cozinha para começarmos nossas buscas.

Chegando lá, Karuto já ordenava um grupo de pessoas para ajuda-lo a separar algumas coisas. Purriry mais que se apresou para dentro, encontrando as caixas que tanto buscávamos.

– Vou já levando meus tecidos, miau. Tenho poções de crescimento em minha loja e pequenos assim me é mais fácil leva-los. Boa sorrrte com o rrrestante das coisas, caro Leiftan. – despediu-se ela.

Conversei rápido com o Karuto e fui atrás do Ezarel que encontrei carregado de poções saindo do laboratório. Corri para ajudá-lo a carregar as poções necessárias para trazer tudo ao seu tamanho normal, e quanta coisa eles trouxeram! Na cozinha, só restauramos o tamanho dos alimentos. Ainda fazíamos isso quando o Valkyon apareceu para saber das caixas. Ele sugeriu só devolver o tamanho das sementes no jardim do Karuto. E o restante das coisas no quarto da Cris, já que uma das caixas era só pertences dela (e o quê ela tanto trouxe para ficar pesada daquele jeito?).

Assim fizemos. Valkyon esvaziou as sementes e mais uns dois livros sobre agricultura (boa ideia!) no lugar especial do Karuto, com Ezarel usando a poção de crescimento em tudo. Fomos todos juntos, Valkyon, Ezarel e eu, em direção ao quarto da Cris para restaurarmos o conteúdo do restante das caixas. Com Karuto cuidando da comida.

Quando chegamos, Erika (como ela está bonita...), Miiko e Ewelein conversavam do lado de fora.

 

Anya

Com a possibilidade da Cris chegar hoje depois que Absol e Toby sumiram (e o Chefinho também sumiu), corri para o quarto da Cris e não saí mais de lá. Já era umas dez da manhã mais ou menos e eu terminava de dar uma varrida por cima quando eles chegaram.

– Até que fim! E parece que eu realmente acertei sobre o sumiço do Absol.

– Oi pra você também elfinha.

– O que há com a Cris? – acabei perguntando ao ver que ela parecia com dificuldades para ficar de pé sozinha e sua aura tinha uma cor estranha. Lance foi logo levando a mão à testa dela, e eu não gostei da cara dele... e muito menos de sua aura “preocupação”.

– Libera a cama para eu poder deitar a Cris, ela precisa de descanso mais do que qualquer um!

– Tá, mas o que houve com ela? – perguntei já tirando a colcha e a Miiko, Erika e Ewelein entraram logo em seguida (e já que a Erika não parece surpresa com o Gelinho aqui, com certeza já tem bem mais gente sabendo dele _suspiro_).

Prestei atenção à conversa de todos eles enquanto ajudava a deixar a Cris mais confortável na cama. A Cris teve o poder dela arrancado de si? Ficando doente por causa disso quando a maana ficou escassa ao redor dela?! E passou mal outra vez ao ter seu poder devolvido?? Ô Cris, você é trabalhosa, heim! Mas eu não sabia sobre as inconveniências das viagens que Absol fornecia com a sua umbracinese... (bem que essas viagens eram incômodas).

Ewelein saiu em busca de medicação para a Cris e a Erika arrastou a Miiko para fora, ficando apenas Absol, Gelinho e eu com a Cris – Me diz Lance... – puxava o assunto – Como que foi a viagem de vocês?

– Acho que foi boa apesar de tudo. Quando a Cris melhorar, conversamos melhor sobre o assunto. Você leu o meu recado?

– Sim. E eu praticamente voei até a Miiko em busca de respostas. Não fui informada sobre essa viagem por quê?

– No meu caso, foi pra que você não me entregasse e eu fosse impedido de alguma forma de ir junto.

– E sobre a Cris...

– Aí terá de ver com ela, quando ela melhorar. – ele passava a mão sobre a mesa – Você cuidou desse lugar como eu pedi?

– Só tirei o grosso. – ele fazia cara feia – Fiquei chateada por me terem escondido essa viagem. Esconderam até quem o Christiano era de verdade!

– Me faça o favor de ficar de olho nela enquanto começo a dar um jeito nesse lugar. – pedia-me ele entrando no banheiro.

Não falei nada. Apenas comecei a acariciar a cabeça de Absol que estava deitado do lado da Cris, tão preocupado quanto eu com ela. Lance começou a limpar o lugar e Ewelein chegou com a medicação para a Cris. Ajudei-a a cuidar da Cris e passei a observa-la enquanto a Ewelein conversava com a Erika e a Miiko do lado de fora. Lance fazia de tudo para efetuar a limpeza com o mínimo de ruídos e sem levantar uma só poeirinha para não arriscar ser prejudicial para a Cris. E mais tarde, quase na hora do almoço e com o Gelinho quase terminando a limpeza, o Valkyon veio deixar duas caixas no quarto da Cris, e Ezarel deixou três frascos de poção de crescimento sobre a mesa.

Acho que foi por causa da umbracinese! Pois a Cris passou o dia dormindo com aquela febre.

 

Cris 2

Depois daquela explicação meio sem sentido da Kaa’pora, eu fiquei com receio de viajar através da umbracinese. Senti claramente a energia que Lance usou para me cobrir em proteção, mas, durante o percurso, notei que essa energia queria enfraquecer às vezes, e nem ela foi capaz de impedir de eu me sentir meio desconfortável no caminho. Já começava a me sentir fraca quando finalmente chegamos em meu quarto. Notei que Anya estava presente também, mas eu não estava bem... Apaguei assim que fui colocada na cama.

Quando eu acordei, já estava escuro (eu fiquei dormindo o dia inteiro??). Pude sentir o cheiro bem leve dos produtos de limpeza, o que significava que o quarto havia sido limpo hoje, uma vez que aqueles perfumes duravam um dia inteiro.

Eu não sei se era efeito da umbracinese ou da febre em si, mas eu me sentia um tanto... inquieta. Sozinha; nervosa; com vontade de estar outra vez na casa meus pais, e quem sabe... um pouco, vazia? Eu não sei...

Passei a observar o dossel de minha cama, tentando me entender, e uma mão começou a me abraçar a cintura com um beijo em meu ombro a acompanhando. Fechei meus olhos para aproveitar o carinho que, querendo ou não, estava me acalmando um pouco.

– Como que a minha Ladina se sente? – falava ele baixinho perto do meu ouvido.

– Não tenho muita certeza... – respondia – Fisicamente acho que já estou bem, mas...

– Mas? – acho que ele se sentava.

– Eu não sei, acho que estou me sentindo meio vazia de alguma forma...

– Mesmo comigo do seu lado?? – um riso me escapou.

– No momento em que senti o seu carinho, essa sensação diminuiu um pouco, então fique calmo. – falei lhe voltando o rosto e ele passou a me sorrir com ternura – O que aconteceu Lance?

– A febre lhe atacou logo depois que chegamos. A umbracinese deve ter a piorado de alguma forma, pois você passou o dia dormindo, mesmo depois da medicação da Ewelein fazer efeito.

– Sinto muito... Devo ter dado trabalho...

– Você não deu trabalho algum... – dizia-me ele sorrindo e me colocando alguns fios de cabelo para trás da orelha – Anya ajudou a lhe velar e eu cuidei da limpeza. Erika e os outros fizeram o relatório sobre a nossa viagem e já entregam/guardaram a maior parte das coisas que trouxemos da Terra.

– E quanto à minha “mudança”? – indaguei me erguendo um pouco (estou com uma fominha...).

– Esperando por você encostada na parede do lado da porta com três frascos de poção de crescimento sobre a mesa. Que estão acompanhadas de um prato de frutas picadas levemente adoçadas. Com fome?

– Um pouquinho... – me erguia da cama em direção à mesa, e Lance me ria atrás.

– Imagino que queira tomar um banho em seguida. Ou quem sabe, alguns litros d'água? – acabei rindo outra vez já provando das frutas (e eu estou mesmo de garganta seca).

– Sobre Absol...? – questionava o procurando.

– Permaneceu deitado ao seu lado até o sumir de sua febre. Depois disso saiu. A Ewelein apareceu de vez em quando para lhe averiguar.

– Tudo isso aconteceu com você ao meu lado? Ninguém acabou... estranhando, você estar comigo?

– Se alguém ficou assim eu não sei, porque a minha única preocupação era você. – declarou ele se aproximando de mim – E só quem já sabia de mim é que entrou aqui. – terminou ele ficando atrás de mim.

Acabei não dizendo mais nada. Terminei as minhas frutas (bem molhadinhas) e depois bebi um meio litro de agua, seguido de um banho. Lance permaneceu fora do banheiro, mas sempre me questionava em um momento ou outro se eu precisava de ajuda em alguma coisa, que eu dispensava. Ele estava sendo bem zeloso comigo.

Acabado o banho, vi que agora era... onze e vinte da noite? E eu não estou sentindo sono algum... Mesmo se eu colocasse o Lance para me ajudar com as coisas que havia trazido, não teria lugar para guardar tudo. Querendo ou não, teria de esperar por amanhã...

Sentei-me na cama e, pensando no que fazer pra ver se eu conseguia dormir o resto da noite, resolvi rezar logo um rosário. Mas nem isso me deu sono! Rezei-o inteiro (deitada) sem nem piscar de sono. (se nem um rosário, que me gasta quase uma hora, foi capaz de me colocar pra dormir, o quê que vai conseguir?).

Martelava minha cabeça com isso quando o Lance começou a me passear um dedo gelado em meus braços, me causando alguns arrepios – Lance? – ele começou a me beijar o pescoço – Lance, não. Por favor. – ainda não me sentia bem com esse tipo de “afeto”.

– Relaxa princesa... – me sussurrava ele ao ouvido – Eu disse que cuidaria de você... – ele está começando a “mexer” comigo... – Quando acabarmos, garanto que nem se lembrará que um dia aquela coisa chegou perto de você. – terminou ele me beijando os lábios docemente em seguida.

Ele estava diferente. Estava cuidadoooso, carinhooooso, conseguindo que eu me entregasse cada vez mais. E não parava de me elogiar! Ele declarava tudo o que gostava em mim, fossem qualidades ou defeitos, da forma mais doce que eu jamais ouvira antes. Conseguindo aos poucos meu coração também... (esse comigo é realmente o Lance, né?). Acabei lhe questionando sobre a poção e ele me fez bebe-la por meio de um beijo (este homem está mesmo me derretendo...).

– Me desculpe... – pedia-me ele um tempo depois, mas antes que eu lhe questionasse o porquê daquele pedido, ele uniu-se de forma bruta. Arrancando um gemido de nós dois – Você me negou tanto na Terra, que não conseguirei me conter... – sussurrou ele ao meu ouvido outra vez, me enchendo de beijos e sendo um quase selvagem embaixo (tirando qualquer dúvida sobre ser realmente ele ou não).

Quando tudo acabou, com nós dois se entregando juntos, já não carregava mais nenhum receio sobre aquele tipo de afeto (bem como ele me prometeu), mas também não me sentia cansada ao ponto de querer dormir (_suspiro_). Ficamos deitados um de frente pro outro, com ele me acariciando os cabelos.

– Lance... – chamei-o – Tudo o que você me disse a pouco... é mesmo verdade? Você realmente pensa aquilo tudo de mim? – brincava com o indicador em seu peito (não quero me entregar se ele não estiver sendo sincero...).

– Nunca fui tão honesto em toda a minha vida. – travei, e acho que corei – E repetirei quantas vezes forem necessárias se assim você desejar.

– Nã... não acho que seja necessário... – (mas se puder repetir de vez enquanto agradeço!).

– Se importa... Se eu lhe fizer uma pergunta?

– Já está fazendo uma, mas dependendo da próxima, acho que sim. – falei lhe arrancando um riso.

– É só... uma dúvida que me passou pela cabeça... – lhe olhei de forma a pedir que continuasse – Se... – ele parecia sem jeito – O que você pensa do meu irmão?

– Quê quer saber?

– Bom... é... Se a Erika não tivesse se envolvido com ele, ele... teria alguma chance de conquista-la? – terminou ele corado, um sorriso me escapou ao observa-lo naquele estado.

– Sinceramente, Valkyon tinha sido o único homem que havia me chamado a atenção depois que entrei em Eel. – reparei que ele engolia seco – Mas... – Lance me prestava atenção – Preciso dizer que aquela montanha de músculos me deixa um tanto... intimidada. Acho que eu demoraria para acabar me envolvendo com ele se a Erika já não lhe ocupasse o coração. – suspirou ele aliviado, fazendo-me rir de leve.

– Ainda bem que a Erika escolheu ele ao invés do Leiftan... Não ia gostar de ter que disputa-la com o Valkyon. – disse ele me passeando as pontas dos dedos em minha coluna, que me fez colar-me a ele involuntariamente.

– Sabia que você acaba me fazendo de marionete com esse seu toque gelado?! – ele me dava aquele sorriso.

– Se isso me garantir ter a mulher mais incrível do mundo ao meu lado... – _extremamente corada_ – Irei me aproveitar disso o máximo possível. – me confidenciava ele baixinho me beijando em seguida.

Não tivemos um segundo round, ficamos apenas nos beijos mesmo e eu acabei adormecendo.

 

 

 


Notas Finais


"Dicionário da Kaa'pora 3"
E vamos lá entender o que a guerreira do mato falou no capítulo?

Botucatu = clima bom
Ycara = canoa
Itá = pedra
Gûyrá’im - passarinho
Kyririm = silencioso
Jurupari = boca fechada
Tembo = órgão genital masculino (não vou colocar a palavra correta aqui)
Kane’õ = cansado
Mbarete = forte
Kunhã = mulher


Semana que vem tem mais.
E dêem um pulinho no "Castigo de Ezarel"!


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