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História Eldarya - Uma aventura inesperada - Cap.65


Escrita por: TsukiHime0713

Capítulo 70 - Cap.65


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– O senhor chamou Mestre? – disse o serviçal fiel daquele mago ao entrar na sala.

– Sim. – o mago guardava um pesado livro em sua estante – Preciso que cuide disso. – dizia ele apontando para algo que se assemelhava a uma múmia sobre a poltrona do mago que, de tão seca, não era possível dizer se era ele ou ela, humano ou faery, ou seja lá o que fosse. Só um exame de DNA seria capaz de identificar o que foi aquele ser.

– Como desejar Mestre. – respondeu o servo se aproximando do ser seco.

– E lembre-se! – falava o mago com ar severo – Dê-lhe...

– Todos os direitos e honras fúnebres que seriam prestados a um grande nobre. – interrompeu o servo pegando a criatura em seus braços com extremo cuidado, pois estava muito frágil – Eu sei bem Mestre. Farei como sempre e com o máximo de atenção e zelo.

– Ótimo. E depois gostaria que me fizesse o favor de enviar isso... – ele colocava dois pequenos pergaminhos sobre a mesa – ...através dos chestoks 16... – ele erguia o pergaminho correspondente – ...e 19. – fez o mesmo com o outro.

– Como ordenar Mestre.

– Dessa vez, ela não nos escapa!

 

Ezarel

Assim que Nevra nos separou uma pequena sala nos fundos do porão, fui imediatamente colocar as barreiras de proteção no cômodo (sei que não estou enganado sobre o encantamento daquelas esferas). Era uma sala pequena, sem janelas, que foi equipada com um aparelho fornecedor de ar, pra compensar a falta de janelas é claro (melhor sem janelas para evitar fugas caso identifiquemos um); uma mesa e duas cadeiras, para interrogatórios; e uma maca e primeiros socorros, para tentar impedir a morte dos espiões caso as barreiras não protegessem por muito tempo.

Como a barreira principal precisava de um “mestre”, foi decidido que Ewelein seria a dona do lugar, e Miiko teria uma cópia da chave. Terminado o serviço, já tínhamos o mais fácil. Agora era a vez do complicado... Como que iremos identificar os espiões de Apókries? Ainda precisávamos montar uma estratégia para isso.

Durante as autópsias, Ewelein comentou ter encontrado uma outra substância sobre a pele dos que morreram em batalha. Substância essa que, durante os testes feitos por ela, era totalmente destruída pelo veneno. O que significa que os que morreram envenenados também a teriam, mas a dúvida é: para quê servia essa substância? E como identifica-la sem levantar suspeitas?

Essa historia já me deu bastante dor de cabeça...

Como por hora não há mais nada que eu posa fazer, fui conferir os ingredientes da bendita poção. E adivinha quem eu encontro cochilando sobre a minha bancada...

– Ei Caçadora! Acorde! – disse lhe batendo o dedo na cabeça – Esse aqui não é o seu quarto não!

– Hum?? Ah! Oi Ezarel, onde vo... _bocejo_ ...cê estava?

– Trabalhando. E você? O que faz em meu laboratório?

– Não encontrei um parceiro de treino para hoje, sendo que Absol sumiu mais cedo também. E como um certo ser com quem divido o meu quarto tem tido problemas para dormir... Não me deixando dormir direito por causa de preocupação... Decidi fazer uma poção do sono para nós dois. Só que eu não tenho todos os ingredientes e os mesmos estão em falta por hora no mercado, então... Pensei em lhe pedir ajuda. Mas como você não estava, resolvi te esperar e sem querer cochilei. Alguma pergunta?

– Não. Já entendi a sua narração. – ela esfregava o rosto para terminar de acordar – Mas não é a Anya a sua “professora”?

– Ela está amarrada com o Nevra e o “treino maluco” dela. Eu até pensei em procurar o Chrome, mas ele está ocupado também.

Outra vez o lobo encrenqueiro... Isso me irrita! – Não tenho tempo a oferecer pra você Caçadora. Procure outro! Tenho muita coisa pra fazer e uma louca aqui só vai me atrapalhar.

– Posso ajudar se quiser. A Miiko não me deixa ter missões mesmo...

Olhei-a de cima a baixo, e ela realmente parecia entediada – Você realmente quer trabalhar comigo?

– Não estou afim de ficar à toa no meu quarto hoje... – como eu queria essa vida mansa...

– Tudo bem então. – pequei um papel e anotei vários ingredientes que estavam quase em falta no laboratório (se eu quiser entrar em minha sala secreta, ela vai ter que cair fora daqui) – Tente encontrar tudo isso pra mim e em troca eu mesmo faço as poções do sono para você e Absol. – falei lhe entregando a lista que ela leu com cuidado.

– Tem certeza que está tudo aqui?

– Tenho sim, por que.

– Porque se for isso mesmo... – ela riscou uns dois itens de minha lista – Esses aqui faz parte dos ingredientes que eu não consegui achar. Só isso.

Ela realmente não está pra brincadeiras... – Mas ainda tem mais um monte anotado aí. Agora vá, vá, vá.

– O dinheiro. – disse ela me estendendo a mão (ahff!) e eu lhe revirei os olhos.

Tirei minha carteira de dentro da minha túnica e coloquei em sua mão, mas só soltei depois de manda-la economizar ao máximo as minhas maanas. Ela me afirmou que faria o possível e saiu. (finalmente posso conferir meu projeto secreto!).

Tranquei a porta do laboratório vazio e movi o livro que abria a passagem e assim começar a conferir os ingredientes. Tudo estava na mais perfeita ordem, o que queria dizer que eu finalmente poderia por mãos à obra.

 

Cris

Fui pro mercado como Ezarel me pediu. Pra ajudar a economizar o dinheiro dele, tirei metade da carteira e escondi dentro de minha bolsa. Negociar com os gatos até que é fácil, já que eles fazem quase de tudo pra que você compre. E mostrar o dinheiro que tem “disponível” para compras junto da lista de 25 itens (com dois riscados, ou seja, 23) ajudava a conseguir um descontinho (se fosse na Terra, era pagar o preço ou ficar sem!). Também aproveitei para conferir os colchonetes e/ou materiais para fazer um (uma poção pode até te colocar pra dormir, mas não dá pra depender pra sempre disso, né!?), e eles pareciam terem sumido da face de Eldarya... (AI! Meu Senhor...!).

Gastei umas três horas para achar tudo da lista. Bem, quase tudo. Dos 25 itens, só foi possível encontrar 20. Usei toda a metade que mantive na carteira para pagar as compras. Voltei pro QG.

Antes de bater na porta do laboratório, devolvi o dinheiro de Ezarel pra carteira dele. Acho que ele é tão mão-de-vaca quanto alguns tios meus pelo jeito que ele me ordenou com o olhar a economizar. Tentei abrir primeiro para não o interromper caso estivesse concentrado, mas a porta estava trancada (é, não vai ter jeito!). Bati na porta com força, mas sem parecer grosseira (se ele estiver concentrado é necessário um solavanco para chama-lo), porém não tive resposta.

Bati outra vez com mais insistência, mas continuei ignorada – Ezarel! Ou seja lá quem for que estiver trancado aí dentro! ABRA a porta por favor! – falei batendo mais uma vez. Foi aí que comecei a ouvir barulhos lá dentro e após uns dois minutos, a porta era destrancada.

– Sabia que você é bem barulhenta?

– Não precisaria ser barulhenta se você não tivesse trancado a porta. – falei já entrando – Trouxe o que me pediu, mas cinco dos itens da lista inteira estava em falta e gastei metade do que você me deu.

– Sério? Você não comprou mercadoria ruim, comprou? – ele me olhava incrédulo, pegando a carteira de volta.

– Como minha mãe vivia me repetindo: “faça bem feito para não ter de fazer duas vezes!”. E ao contrário de você, os purrekos não me odeiam.

– Hm... – ele me olhava desconfiado e eu lhe ergui uma sobrancelha e as sacolas em minhas mãos com as compras – Coloque essas coisas sobre aquela mesa. – ele a apontava e eu já fui me livrando do peso – E aproveite para já desembalar tudo das sacolas. Estou no meio de uma poção complicada.

– De que tipo? – perguntei.

– De um tipo extremamente difícil. Saia assim que terminar. – ele retornava a mesa dele.

– E quanto às poções do sono?

– Eu as farei. Assim que acaba-las irei entrega-las pessoalmente a você. Agora anda logo!

(Como quiser ranzinza.) Esvaziei as sacolas e saí dando um tchau que foi ignorado (depois reclama quando é pego desprevenido... esse Ezarel é um chato!). Já era uma da tarde e meu estômago roncava. Eu não sei se Absol vai aparecer para ajudar com o “Gelinho” hoje, mas por via das dúvidas, resolvi pedir meu almoço como marmita mesmo e me dirigi pro quarto.

Estou começando a me desesperar com aquele dragão.

 

Lance

Estou com um humor dos infernos! Já não adianta mais aquela pomada e estou cada fez pior por conta das noites mal dormidas. Pra evitar de acabar descontando em minha carcereira (ou de agir estranho novamente) procurei manter distância dela (se bem que aquele brilho verde ajudou a me distrair um pouco...).

Não tenho me exercitado por causa das dores e também por causa delas, não estou conseguindo concentrar maana direito, atrasando a minha recuperação da mesma. Pensei em conferir o treino dela pela janela, mas só a vi perambular pra cima e pra baixo no mercado, fazendo uma pausa dentro do QG no meio. (sério!? Ela fugiu dos treinos? Mas ela nunca faz isso!) E para completar as coisas, a Negra resolve me encher a paciência um pouco antes da Cris retornar de vez ao QG.

– Pode me dizer o que é que aquele black-dog tanto procura? Pois definitivamente não é algo que me ajude.

“[roxa]Engano seu. Vai ajuda-lo também, mas é algo extremamente difícil de se encontrar.” – (sei...) – “[roxa]Quando vai ensiná-la finalmente a controlar sua maana ou a língua original?”  – lá vem ela de novo...

– E o que você pediu exatamente ao Absol? – a vi soltar um suspiro enquanto coçava a nuca.

“[roxa]Descobrirá quando Absol encontrar.”

Senti meu sangue ferver. Eu não estava mais afim de ficar só com meias respostas (ou, no caso, resposta nenhuma), mas antes de voltar a questiona-la, ela sumiu dizendo que a Cris estava chegando. Não deu nem dois minutos e comecei a ouvir a porta sendo destrancada.

– Com fome? – perguntou ela entrando.

– Um pouco. Fugiu do treino? Onde estão as suas compras? – sei que estou a evitando, mas às vezes isso me distrai.

– Eu não fugi, apenas não encontrei ninguém com quem treinar. Ainda mais depois de Absol resolver sumir. Quanto às compras... Eram do Ezarel e não minhas.

– Desde quando você é criada dele. – falei fazendo o possível para não mostrar interesse.

– Estava sem o que fazer e decidi fazer algumas poções do sono para nós dois...

– Poções do sono... Para nós dois?

– Acha que eu também não fico temerosa quando você se revira sem dormir naquela poltrona? Continuando. Pensei em fazer as poções, mas não tenho todos os ingredientes, então fui ao laboratório de alquimia atrás do Ezarel...

– Não era só entrar e pegar o que queria?

– 1º, não sei onde fica cada coisa naquele laboratório, sempre preparei o que precisava aqui dentro. 2º, não estou afim de ser acusada de roubo, já tenho problemas éticos suficientes.

– É a primeira vez que sou chamado de “problema ético”. – disse já me sentando à mesa com ela me revirando os olhos.

– Enfim... quando me encontrei com a peste, ele me pediu para comprar algumas coisas em troca das poções, que não consegui achar tudo. Ainda tentei encontrar algo mais confortável para você dormir, mas... ...

– Você não conseguiu achar de novo. – um respirar fundo foi a sua resposta – E as poções? Onde estão?

– Assim que achei uns 80% da lista dele, voltei pro laboratório onde até trancar a porta ele trancou para poder trabalhar com uma poção especial. Entrei, deixei as coisas, e ele bem dizer me expulsou de lá dizendo que ele mesmo as faria e me entregaria depois. – terminou ela começando a comer finalmente.

– A raposa bipolar ainda não lhe deixa cumprir missões? – ela me negou com a cabeça. Durante a semana inteira, a Negra vem me enchendo o saco para ensinar a língua original à Cris (até parece que ela não vê como essa mulher é teimosa) e também a ensina-la a controlar sua maana como eu, pois, segundo ela “você mesmo vai precisar disso mais adiante, Lance!”(as charadinhas dela me irritam!) Sem falar que ela sempre retornava ao quarto numa condição deplorável para isso. Só que hoje... – Já que não conseguiu treinar com as espadas, porque não treina com a sua maana?

– Oi?

 

Cris 2

Quando Lance resolveu me ensinar a concentrar a minha maana como agradecimento por o ajudar com o pescoço, eu não me incomodei muito. Era como meditar. E ajudava a relaxar. Mas nunca me preocupei em aprender a ter controle sobre ela com medo de acabar fazendo meu “poder adormecido” aflorar. E como eu já mencionei aqui antes: quanto mais poder, mais problemas. (todo excesso para o mais ou para o menos é sempre dor de cabeça sabia?) E agora ele está se oferecendo a me ensinar a controlar o meu poder que ainda está muito bem guardado e obrigada?

– Você não pode ignorar o poder que dorme em você pra sempre... – disse ele sem me encarar.

– Poder esse que de acordo com seu bisavô é grande demais. Tem certeza que quer me ensinar a despertar e ter controle sobre ele? Isso não seria uma faca de dois gumes pra você?

– Tem medo do seu poder? – ele tentava não mostrar, mas um pequeno riso lhe escapava no canto do rosto.

– Bom... eu...

– Já vi que tem. – calei por conta do nervosismo – Olha, você pode até achar que pode se virar sem seus poderes, mas uma hora, vai ser o seu total controle sobre eles que irá definir sua vida ou sua morte! – engoli seco ao mesmo tempo em que respirava fundo para não ficar ainda mais nervosa. Tomei um “choque” quando senti a mão dele sobre a minha (me impedindo de afasta-la...) – Vamos enxergar isso como um pagamento por toda a maana que você tem me fornecido. – terminou ele me sorrindo aquele sorriso detestável que me fez desviar o olhar dele (com eu revirando os olhos). E gostando ou não... ele tinha um pouco de razão. Uma hora ou outra, aqui em Eldarya, esse conhecimento poderá me ser cobrado.

_suspiro profundo_ – Tudo bem... Eu aceito... Mas não reclame depois! – falei lhe apontando um dedo e ele continuava com aquele sorriso.

Optamos por começar uns 15 minutos depois de terminarmos nossa refeição (claro, enrolei o máximo possível com a minha). Mas ainda não confio totalmente nesse cara! E nem sei por que ando baixando tanto a minha guarda com ele ultimamente...

– Antes de começarmos... – chamei sua atenção antes assumir a posição ordenada por ele – O quê você quer de mim Lance? – ele me encarou impassível – Honestamente; pois não acho que o quê você queira seja só a minha maana ou uma possível aliada. – completei antes de ouvir sua resposta que levou uns cinco minutos para ser dada.

– No começo... Era estuda-la. Conhecê-la e compreendê-la melhor, para saber se poderia ou não tirar proveito de você. – engoli seco – Quando deixei finalmente aquelas correntes da prisão e invadi este lugar, era também sua maana e abrigo. – respirei fundo – E agora... ...

– E agora... o quê? – perguntei diante de sua pausa.

– Vamos começar logo. – me espantei com a mudança de assunto dele – E preciso que confie em mim!

– Assim como ontem?? – falei lhe erguendo uma sobrancelha e em resposta ele apenas deu uma risada debochada (minha Mãe! qual o problema dessa criatura?).

Começamos com o trabalho. Segundo ele, íamos começar com o básico do básico. Não demorei a entender o porquê dele ter me pedido para confiar nele. Ele corrigia minha postura e me tocava como meio de auxiliar suas explicações de como eu devia prosseguir.

– Você precisa se manter o mais tranquila e equilibrada possível. Suas emoções são capazes de afetar a sua maana de várias formas. – explicava ele atrás de mim com as mãos sobre os meus ombros.

– As emoções são capazes de afetar qualquer coisa que façamos. – comentei tentando me concentrar.

– Realmente. Se eu tivesse me lembrado disso anos atrás, não teria perdido aquela guerra.

– Vitória que teria causado a sua morte. Se o caminho leva a um suicídio, não é um caminho, é uma armadilha! – encerramos o assunto “guerra” nesse ponto e seguimos com o treino.

Ficamos horas nisso, mas acabei foi é impressionando ele (e a mim também!). Ao contrário do que imaginei, terminei o primeiro treino podendo criar pequeninas esferas de maana (as mesmas usadas como moeda aqui), coisa que eu não conseguia de jeito nenhum antes, por mais que Anya ou qualquer outra pessoa tentasse me ensinar. O crepúsculo já se anunciava quando decidimos encerrar o treino. Fui atrás de um lanche (pois acabei faminta) enquanto ele tomava um banho, e tomei o meu depois dele sair e nós comermos.

Deitada já na cama, não conseguia dormir. Lance não parava de fazer barulho se revirando na poltrona que lhe servia de cama. Alcancei o meu limite. (Mãe Celeste, que eu não me arrependa do que estou prestes a fazer!) Geralmente, eu retiro um dos travesseiros e durmo bem no meio da cama. Mas, após respirar fundo, peguei o travesseiro afastado e o recoloquei na cabeceira, deixando os dois travesseiros o mais longe possível um do outro e me empurrei para o canto da cama que ficava para a janela.

– Deita. – disse olhando para ele que me encarava em silêncio – Não foi dizer duas vezes então anda!

– Tem certeza disso? – perguntou ele me sorrindo desprezívelmente. Corei.

– N-não é nada disso! E é temporário! – respirei fundo lhe desviando o olhar – Agora, se você prefere continuar relutando contra o sono aí... – senti o declinar do colchão atrás de mim, me assustando. Virei e o vi terminando de se ajeitar do outro lado da cama, de costas para mim e me deixando todas as cobertas que havia sobre a cama (que agora eram cinco mais o agasalho que eu usava para conseguir lidar com o frio do inverno) para mim, garantindo a nossa separação.

Me ajeitei o mais próximo possível da beirada (também de costas para ele) e tentei dormir. Mas quem disse que a minha mente o queria? (e Ezarel nem trouxe as poções como prometeu. Ele me paga!) Tentei todos os truques que conhecia para pegar no sono. Ficar o mais quieta possível; rezar; contar crylasns (já que aqui não tem ovelhas...); mergulhar em camadas e mais camadas de escuridão e nada. Já era mais de meia-noite e só havia mais um truque (que até hoje não me falhou) que eu pudesse tentar. Músicas suaves.

Me levantei com o máximo de cuidado para não acordar o Lance (que parecia ter adormecido quase que imediatamente. Inveja...) e fui até o meu not que estava com a bateria cheia por não o ter usado hoje. Liguei-o e coloquei a playlist Sonolência (tinha várias playlists salvas para diferentes situações) para tocar o mais baixo possível e comecei a ouvi-las.

Enquanto ouvia aquelas músicas suaves, tranquilas e calmantes, fui me deixando levar e comecei a dança-las de olhos semifechados. Eu não bem dançaaava!... Eu apenas deixava meu corpo fluir com a música, fazendo movimentos que eu nunca conseguiria repetir outra vez (a quanto tempo que não me deixo levar assim?), até tirei minha blusa, ficando apenas de camisola (longa e de mangas compridas, expondo a região ao redor do pescoço) para que meus movimentos ficassem mais suaves e confortáveis. Aos poucos me sentia mais tranquila, mais relaxada, mas quando senti chocar-me contra algo durante um de meus movimentos e duas mãos segurando-me os ombros... virei me afastando na hora, com o coração na boca!

 

Lance 2

Não é à toa que ela era tão boa com a espada. A Cris aprende mais rápido do que eu pensei! Não é qualquer um que consegue solidificar maana logo no primeiro dia de treino. E isso com ela se mantendo tensa quase o tempo todo! Eu só não fiquei debaixo da agua quente que relaxava um pouco o meu corpo porque não podia me demorar.

Na hora de dormir, eu ainda encarei aquela maldita poltrona por um instante (vou acabar é me deitando na cama dela...). Sentei naquela porcaria onde eu dormia e fiquei procurando posição por uma meia hora. Não esperava que o meu incomodo estivesse afetando tanto assim aquela mulher ou ela não teria me chamado para deitar junto dela, mesmo que a contragosto. Cheguei até a provoca-la, mas antes mesmo que ela desse algum sinal de desistência, me deitei o mais longe possível dela em sua cama (se eu soubesse que o colchão dela era tão confortável, teria dado um jeito de dormir nele a bem mais tempo). Menos de um minuto e já estava com Morpheus.

“[roxa]Ei, Lance!” – mas ela é mesmo uma praga... – “[roxa]Lance acorda!” – (me deixe dormir Negra...) comecei a notar uma melodia baixa – “[roxa]Qual é... Depois não diga que eu não o avisei!” – (o quê você quer? Sabe que estou a noites sem dormir direito, e quando o consigo você vem me perturbar!?) – “[roxa]Não está curioso com a melodia?!” – perguntava ela meio que cantarolando e pensando bem... não faz parte do arsenal dos aparelhos da Cris? – “[roxa]Vai! Abre logo esses olhos um pouquinho!”

Não sei o que essa chata quer comigo a essa hora, mas resolvi dar um olhada na Cris, o que deveria ser a vontade daquela imitação de Oráculo. Porém, ela não está na cama. Estendo meu olhar mais pra frente e consigo encontra-la, dançando. Bela, suave e delicadamente sedutora sob a luz da lua que invade pela janela, parcialmente colorida pelos vitrais.

“[roxa]Agora me diz: valeu ou não valeu a pena?” – não conseguia desgrudar meu olhar da Cris (o quê ela está fazendo?) – “[roxa]Digamos que alguém a deixou um tanto agitada e por isso estava com dificuldades de dormir. E nem queira empurrar o problema pra minha irmã!” – hunf! A culpa é só dela. E além do mais, (ela é uma mentirosa! Disse que não sabia dançar e olha só pra ela...) – “[roxa]Eu não teria tanta certeza...” – (que quer dizer?) – “[roxa]Todos os seus movimentos são improvisados. Resultado da música sob o corpo...” – cantarolou ela no final e, observando bem, há mesmo alguns atrasos de movimento em relação à música... (mas porque você me acordou?) – “[roxa]Notou que às vezes ela parece estar com um parceiro?” – já entendi aonde a Negra quer chegar... (pra quê você quer que eu faça par pra ela?) – “[roxa]Não gostaria de poder continuar dormindo nessa cama sem grandes problemas?” – agora eu irritei (mas afinal, você é um Oráculo ou um cupido!?) senti que ela dava de ombros pra mim – “[roxa]Você é quem sabe. Só não se esqueça que, se a Cris não conseguir dormir, você poderá ter vários problemas.”

Eu detesto aquela Negra. E detesto mais ainda quando ela tem um pouco de razão. Me levantei o mais silenciosamente possível e, aproveitando que ela estava com os olhos fechados, me aproximei da janela ainda a observando. Pensava em como desperta-la daquele “transi” quando ela mesma acabou se chocando de costas em mim me fazendo achar graça (que bela a expressão de surpresa dela ao me ver).

– La-Lance? E-eu não queria...

– Me concede uma dança? – perguntei em meio a uma reverência e lhe sorrindo (aqueles olhos esbugalhados estavam mesmo agradáveis de se olhar) – Acaso eu te decepcionei no dia do baile? – questionei para acorda-la do choque de meu pedido. Como resposta, ela apenas negou com a cabeça, me fazendo alargar ainda mais o sorriso. Aproximei-me dela para toma-la.

Uma música lenta começava, o que ajudava com a situação, já que ela precisava ficar confortável comigo tão próximo dela. No meio da dança, ela acabou apoiando o rosto em meu peito, me pegando de surpresa (o sono deve estar começando a te afetar). E quase ao mesmo tempo, vejo a Negra atravessando a parede ao lado da porta, rindo ao entrar.

(Está rindo do quê, Negra?) – “[roxa]Da cara que o Nevra fez quando a Cris se apoiou em você! Hihihihi, você devia ter visto! Hahahahaha!” – então o sanguessuga estava nos observando hoje também... Não pude evitar um sorriso provocativo em direção à fechadura da porta (como está a condição emocional da Cris agora?) – “[roxa]Bem melhor, hihihi! Ela será capaz de dormir agora.”

Fiquei meio aliviado ao saber. Convidei a Cris a dormirmos e ela aceitou. Acompanhei-a até a cama e depois fechei aquele aparelho que calou-se instantes depois. Voltei a dormir satisfeito.

 

Nevra

Para evitar de não ter tempo suficiente para os meus afazeres e interesses pessoais, conferi as plantas do QG que tinha em meu quarto assim que entrei nele, conferindo os possíveis lugares em seguida (deixei de vigiar aqueles dois, pois eu realmente tinha muito o que fazer). Amanhecido o dia (que não me foi nada fácil), a Reluzente se reuniu por quase uma hora logo cedo. Ezarel não perdeu tempo para preparar a sala que escolhi, junto da Ewelein depois que eu lhes entreguei as chaves do lugar.

Todos estavam sobrecarregados de deveres e missões por culpa de Apókries e dos negócios que a Miiko fez. A primeira coisa que fiz após deixar a reunião, foi fazer o treinamento de Anya. Ainda não esqueço a “conversa” que Voronwe veio ter comigo e com a Miiko depois de ter conversado com a família sobre Anya fazer parte da guarda agora (Miiko chegou a cair de joelhos quando não estávamos mais diante dele!), ter aquele elfo como inimigo é a pior coisa que alguém pode fazer.

Depois do treino de Anya, foi a vez de cuidar das burocracias de minha guarda. Era tanta papelada pra arrumar que, se não fosse pela Karenn e pelo Chrome me ajudando, eu só teria terminado no dia seguinte ao invés de às três da tarde. Concluídas as tarefas burocráticas, fiz Chrome me acompanhar até os túneis. Com a ajuda dele e de minha audição, conseguimos encontrar a entrada da qual eu ouvi ontem. Repassei a descoberta para a Miiko e ela decidiu deixar sempre um guarda no local por garantia (nós já sabíamos que os túneis interviriam nas capacidades de percepção do Valkyon sobre outros dragões e o lugar era um ótimo ponto de vigília).

Eu só fui ver comida mesmo na hora do jantar. Comemos juntos eu e meus dois melhores amigos, Valkyon e Ezarel. Erika ainda estava ocupada com as meninas segundo o Valkyon e Ezarel, como sempre, não perdia uma chance de fazer piada. Ficamos um boom tempo conversando. Eu não sei mais quem foi que comentou, mas no momento que foi mencionada a palavra ‘sono’, me surpreendi com o Ezarel dando um tapa na própria testa.

– Qual o problema Ezarel, esqueceu algo? – perguntou o Valkyon tão intrigado quanto eu com aquela reação.

– Eu me esqueci totalmente das poções do sono que ela me pediu e que eu fiquei de lhe entregar. E eu nem consegui descontar as coisas que ela já me aprontou ainda... – sussurrava ele a segunda frase.

– Ela? Ela quem? Quem precisa de poções do sono? – estou tão cansado que estou com um pouco de dificuldade para pensar agora, principalmente depois de três taças de vinho quente.

– A Caçadora. Mais cedo ela me fez um senhor favor em troca de minha ajuda para poder fazer poções do sono pra ela e pro Absol, pois segundo ela, ambos estão com dificuldades para dormir. Eu fiquei tão ocupado com uma poção pra lá de delicada – deve estar se referindo a poção da verdade – que eu esqueci as poções dela.

– A Cris com certeza irá lhe cobrar... – comentei, só que não acho que era ao Absol que ela se referia sobre a poção – Ela não apareceu para lhe cobrar elas hoje?

– Não. Acho que ela conseguiu encontrar algo para fazer e por isso até ela as esqueceu.

– Mas se você continuar enrolando para entregar o que prometeu a ela, vai comer mingau por duas semanas elfo! – Karuto nos surpreendia com um sorriso no rosto – E caiam fora logo daqui para que eu possa fechar o lugar!

– Você parece de bom humor, o que houve? – perguntou o Valkyon na minha frente.

– Hehehehe, deem uma olhada. – ele nos mostrava um pouco de maana solidificada.

– Mas isso é apenas maana! – falou Ezarel sem prestar atenção e com o Karuto assumindo uma cara rabugenta.

– Mas porque está branca? – disse o Valkyon fazendo Ezarel acordar e devolvendo o sorriso do Karuto.

– Não me diga que essa maana... é a maana da Cris?

– Hehe, acertou morceguinho. – ficamos impressionados – Quando ela veio buscar um lanche, me contou que passou a tarde treinando o controle de maana. Esse é o resultado.

– A Caçadora é ainda melhor do que eu pensei! Quantos que conseguem fazer isso com um dia de treino!?

– A Cris aprende rápido. – Valkyon se levantava – Agora se me dão licença, vou descansar.

Ezarel e eu lhe seguimos com Karuto todo contente com a maana da Cris fechando o salão. Ezarel me comentou que ele, Anya, Alajéa e até mesmo o Leiftan tentaram ensina-la a fazer aquilo e ela não havia conseguido e por isso, todos acreditavam que ela não tinha essa capacidade (será que foi o Lance que conseguiu fazê-la aprender? Com que intuído? Tenho que dar uma olhada naqueles dois). Me despedi de meus amigos dando a desculpa que ia dar uma olhada em minha irmã quando passei direto pelo meu quarto, já que o dela ficava um pouco mais a frente.

Já estava dando meia noite quando cheguei diante do quarto da Cris. Fiquei observando um pouco o novo emblema que foi posto na porta dela, um coração vermelho envolto por duas asas de penas brancas de um lado e duas asas membranosas negras do outro, substituindo o de clavas espinhosas cruzadas com uma caveira no centro (é incrível o mau gosto que Celsior tinha!). Resolvi ouvir as coisas lá dentro primeiro.

Notei que só havia dois batimentos cardíacos, um tranquilo e um agitado (parece que Absol vai retornar tarde de novo... O quê ele tanto busca?). Comecei a olhar pela fechadura e fiquei confuso por não ver Lance na poltrona logo de cara, e a Cris se levantava da cama com cuidado (O QUÊ QUE ESSE CANALHA ESTÁ FAZENDO NA CAMA DELA???), acabei lembrando das poções que Ezarel comentou ter se esquecido de preparar para ela e também fiquei sabendo que ela esteve à procura de materiais específicos (devia ser para  fazer um colchão ou algo do tipo pra ele e como não achou nada... Argh! A poção devia ser para garantir que nenhum tentaria nada com o outro, mas ainda assim...).

Um som melodioso me tirou de meus pensamentos e voltei a olhar para dentro do quarto, era a Cris com o tal “not” dela. Ouvi que ela se acalmava aos poucos e não demorou muito para que ela começasse a dançar. Aquela visão era realmente agradável (queria ter conseguido aquela dança com ela no baile...). Estava tão focado nela que eu só percebi que o lagarto estava de pé, quando a Cris se chocou com o mesmo. E eu não acredito, era realmente ele o par dela naquele dia!! Como foi que ele conseguiu se esconder do Valkyon?!? (“Acabei recebendo ajuda. Só isso.” Foi o que ele disse, mas quem o está ajudando? A tal da Negra? Será essa a tal vidente que a Cris comentou antes?).

Fiquei boquiaberto com o aceitar dela, ainda mais diante de uma música lenta. E quando ela resolveu se apoiar nele durante aquela dança? Senti que ia cair para trás. Mas o golpe final foi quando o Lance começou a sorrir em minha direção (não é possível... ele sabe que eu estou os vigiando? Por isso que ele não se importou por eu ouvi-lo quando interroguei a Cris? Desde quando ele sabe?).

Só consegui sentir um pingo de alívio quando os dois começaram a dormir feito pedras. E não demorou para Absol finalmente aparecer e eu o ver se deitando bem no meio daqueles dois. Tenho que descobrir que raio de ligação é essa que existe entre os dois se eu quiser tirar esse crápula de perto dela, antes que seja tarde demais.

 

 


Notas Finais




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