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História Eldarya - Uma aventura inesperada - Cap.93


Escrita por: TsukiHime0713

Capítulo 98 - Cap.93


P.S.

Preciso alertá-los que, este capítulo também possui cenas um pouco fortes, no qual o ato depressível que coloquei aqui (deixando bem claro, que não sou nada a favor) e que não deixei completar, é apenas para lembrar que não importa quanto tabu se tente colocar sobre algo, sempre existirá aqueles seres asquerosos e miseráveis que acham que podem fazer o que bem entendem e nada lhes acontecerá. Que se acham os superiores do mundo e por isso pouco importa o que suas vítimas sofrem com esses atos.

Bom... o que aparece aqui vai descobrir que as coisas não são assim...

 

 

 

 

Miiko

Depois de falar com a Ewelein sobre a tal poção do amor, nós duas fomos juntas ao encontro de Ghadar para que ela o examinasse e eu lhe passasse a missão de Balenvia. Eu não sei se estava tendo sorte ou azar, mas ele realmente fazia parte dos espiões (mas qual exatamente era o propósito deles ao quererem fazer a Cris se apaixonar?). Balenvia o fez ficar longe da Cris por dois dias, mas com a ajuda do Ezarel, consegui garantir muitas missões para mantê-lo ocupado e afastado dela.

Karuto conversou comigo sobre as aulas da Cris com... o “Gelinho” _suspiro_ e concordei em nos acertamos junto dele. Nevra acabou ouvindo os nossos planos e nos sugeriu a adicionarmos a presença de Anya nessas aulas, por conta das reclamações dela sobre a Língua Original (eu não devia permitir uma coisa dessas, mas como Lance já estava acostumado com a Anya, e a Cris me comentou que ele ficava mais “comportado” quando ela estava junto, acabei por aceitar sem nem hesitar). Karuto e eu nos encontramos com o Lance ainda no mesmo dia, no quarto da Cris (onde será o outro lugar em que ele fica?).

Ewelein apresou as verificações nos membros do QG depois de descobrir o Ghadar, usando a desculpa que entre os já examinados ela havia encontrado mais um portador da tal doença, cujo mesmo teria a identidade preservada e ele já estava recebendo o tratamento (mas chocada mesmo eu fiquei ao saber que um dos novos enfermeiros também fazia parte de Apókries. Com isso já temos dois). Quando ela concluiu esta etapa, Ewelein disse que iria me montar a lista dos espiões, com as fichas médicas de cada um, em segredo para poder nos repassar ao final do dia (sinto que hoje não vai ser um bom dia...).

Novamente o Kero veio me ver para poder obter autorização para esvaziar o quarto da Ykhar (sou a única com uma chave de lá, e aquele lugar é quase como um refúgio pra mim), mas os argumentos dele conseguiram me vencer dessa vez, e eu não tive outra escolha senão autorizá-lo. Erika, que ouviu a conversa, se ofereceu para ajudar o Kero e para recordar a nossa Pernas-curtas (_suspiro longo_).

Estava esperando que esses fossem os únicos infortúnios do dia, mas hoje é um dia ruim, sem dúvidas. Afinal, como que reclamações sobre roubos e desaparecimentos de livros e pergaminhos em branco, possivelmente por culpa dos mascotes, pode ser um bom sinal? Leiftan até que me ajudava a lidar com aquelas pessoas que me cobravam uma solução, no entanto, o estranho comportamento do Keroshane e do Ezarel acabou me chamando a atenção, e quando eles disseram qual que era o problema... TODOS OS DEUSES, EU IMPLORO! Que a Cris esteja bem!

Aquela falta de resposta vinda do quarto dela só ampliava a minha aflição (e cadê o Leiftan com a chave da Anya!?!?!?!). Não esperava que Anya me viesse abrir a porta por dentro e muito menos que eu fosse ver o que vi! Depois da explicação de Leiftan, coordenei mais ou menos todo mundo sobre como ajudar a Cris com aquele trabalho que nunca imaginei que fosse possível (a Cris me surpreende cada vez mais!).

Corri na frente atrás da Ewelein porque eu notei um leve cansaço no rosto da Cris depois do Leiftan comentar que os mascotes não pareciam dar conta do que faziam (acho que dessa vez ela vai ficar bem mais que uma hora inconsciente, mesmo aumentando sua força depois da Lua) – Ewelein!! – gritava por ela na enfermaria – Ewelein, cadê você?!

– Estou aqui Miiko. Quantas vezes preciso lhe pedir para não gritar na enfermaria?

– Sinto muito, mas é urgente! É a Cris.

– O que aconteceu com ela? – ela se assustava.

– Desculpe, mas só vendo pra acreditar. Largue o que estiver fazendo e me acompanhe depressa até o quarto dela! – e assim ela fez. Ela trancou algumas coisas em uma gaveta (provavelmente a lista dos espiões) e correu comigo.

Chegando lá, assim como eu a Ewelein ficou impressionada. Já havia gente trazendo mais material para Cris ao mesmo tempo em que carregavam alguns dos volumes prontos para baixo – Pelos mais poderosos deuses... – ela se aproximava da Cris e notei que ela reconhecia o livro-prisão – Miiko, explique.

Contei a ela o que Leiftan tinha nos explicado assim como as ordens que dei e as minhas suspeitas sobre a Cris e aquele processo todo – E então Ewelein, acha que a Cris vai conseguir dar conta do que ela está fazendo?

– Se ela não receber nutrientes e hidratação, não. – _engole seco_ – Ela está muito mais submersa nisso do que quando ela cuida dos contaminados! E pelo o que você falou, é bem possível que algo semelhante a vez que ela começou a consertar o Cristal, ou que mandou os humanos embora venha a acontecer novamente.

– Mas você pode ajudá-la, não é? O que ela está fazendo é realmente importante! E eu não sei se é seguro interrompê-la.

– Entendo o que quer dizer. Acho... que posso lhe fornecer o que ela precisa por intravenosa, mas vou precisar de tempo e ajuda para fazê-lo. Não quero encostar nessa coisa que a está rodeando.

– Faça o que tiver que fazer Ewelein. Peça o que quiser, e se alguém perguntar, você já possui a minha autorização. – declarei e a Ewelein saiu correndo me agradecendo.

Por algum motivo, sentia uma inquietação em deixar a Cris sem alguma vigília já que agora, por causa daquela montanha de livros que crescia mais rápido do que era possível transportá-la para baixo, todos estavam tendo livre acesso àquele quarto. Assim que vi o Valkyon, pedi para que ele permanecesse lá dentro, vigiando as coisas, e, quando aparecesse alguém de sua plena confiança, que o auxiliasse na segurança da Cris.

Após confiar a Cris ao chefe dela, fui atrás de resolver todos os problemas burocráticos que aquela situação causaria junto de Kero. Kero ainda me disse que o Ezarel havia colocado a Absinto inteira para criar alquimicamente o maior número de livros em branco que conseguissem a mando de MIM e do Kero (a ordem veio antes do pedido, mas tudo bem).

O QG se dividiu em bem dizer três grupos: os que levavam o material em branco para a Cris e trazia o preenchido até a Sala das Portas; os que levavam os livros prontos para dentro da biblioteca (com Kero, Leiftan e eu separando aqueles que precisavam ir urgente para a Sala Restrita); e os que forneciam suporte, como agua e cuidados, ou que traziam/faziam o material em branco para o QG. Erika chegou a comentar que o QG parecia um formigueiro com tanta gente andando de forma ordenada de um lado para o outro (contanto que consigamos por tudo em ordem sem grandes problemas, o QG pode se parecer com o que for!).

A Cris terminou aquilo junto com os últimos raios de sol (e acho que não há um só guardião que não esteja exausto). Segundo a Ewelein, a Cris desmaiou assim que largou o Livro-prisão, onde este passou a ser o último livro “escrito” por aquele encantamento. Se transformando em algum tipo de biografia intitulado: A Vida de Bilgi Hirsi e a Existência de Yiyen. O restante do material em branco mandei darem para aqueles que ficaram sem os seus, começando pelo pessoal do Refúgio. Aconteceu que a Absinto continuou criando mais livros e os comerciantes continuaram trazendo mais papéis para conseguirmos repor o que foi gasto e o Kero ainda calculava a dívida (será que a Cris pode nos dar uma mãozinha com a maana dela?).

Acabei dando uma olhada por cima do “ex” Livro-prisão, e ao que entendi, Bilgi era um mago de séculos atrás que tinha um desejo tão ávido por conhecimento, que acabou criando uma criatura para ajudá-lo a obter todo o conhecimento que alvejava, Yiyen. Ele só não esperava acabar vítima de sua própria criação, por isso ninguém tinha qualquer conhecimento sobre aquela coisa, uma vez que ela absorveu não só toda a memória de seu criador, como também tudo que era informação existente na casa desse Bilgi. Graças aos deuses que um sacerdote conseguiu o aprisionar com um encantamento de selamento demoníaco (e este livro vai voltar já para a Sala Restrita!).

 

Nevra

Esse dia foi longo! Depois de finalmente concluir as papeladas sobre as investigações em relação ao o que aconteceu com o Wasi, onde foram encontrados vestígios de várias poções no corpo do coitado, como poção de Indução da Verdade e poção de Hipersensibilidade (além de ferimentos e venenos que lhe causaram uma longa e dolorosa morte...).

Após ouvir a conversa entre a Miiko e Karuto alguns dias atrás, procurei o Ezarel para poder saber mais daquela historia, pena que eu não conheço esse tal de Ghadar... E nem tive chance de conhecer a criatura.

Estava treinando Anya quando Leiftan apareceu doido atrás dela. Nunca imaginaria que algo daquele nível pudesse vir a acontecer em Eel com a Cris aqui (e acho que nem os espiões escondidos entre nós foram poupados).

Fiquei correndo pra tudo que é lado do mercado para poder adquirir o material que a Cris necessitava e pra minha grande sorte (já que Eel não parecia ter o suficiente para a demanda necessária), um grupo de comerciantes de papel chegava a cidade. Mais que depressa lhes pedi para que entregassem tudo o que tinham ao QG com urgência! Pulando toda a burocracia da segurança (e eu acho que até os membros do QG vão ter que ajudar a quitar essas dívidas _suspiro_ Minhas pobres maanas...).

Acabada finalmente com toda aquela bagunça, poucos eram os que ainda tinham condições de trabalhar. Ewelein deixou a Erika e a Anya cuidando da Cris para poder terminar a lista de traidores escondidos na Guarda. Fiquei vigiando o quarto enquanto o restante dos livros espalhados eram levados (também aproveitei para pegar o caderno que a Cris carregava pra cima e pra baixo, para ver se eu descobria onde ficava o tal esconderijo dos túneis, depois o devolvo).

Acho que já era umas 22hs ou 22:30hs quando a Ewelein reuniu parte da Reluzente, no quarto da Cris mesmo, para nos repassar as listas prontas. Quem estava e recebeu as cópias da lista eram a Erika, Valkyon, Miiko, Leiftan, Ezarel e eu. No meu caso, eu deixei para estudar a minha lista durante a ronda noturna, para poder fazê-lo de forma mais tranquila (qualquer coisa eu podia dizer que estava analisando candidatos para efetuar uma certa missão).

Já era madrugada, e eu estava na metade da lista quando comecei a sentir um cheiro estranho vindo do Parque do chafariz. Shaitan, que fazia a ronda comigo, começou a rosnar e correu para aquela direção. Fui verificar.

– Por todas as deusas!!

 

Cris

Ainda mantinha meus olhos fechados (quando foi que eu adormeci?) e sentia uma mão me passeando (aff, Lance), só que... parecia... diferente? Cadê aquele toque gelado que me arrepia inteira? Resolvi afastá-lo com a mão, mas (o quê está acontecendo?) minhas mãos estavam... presas? Não conseguia movê-las por nada, nem mesmo os meus pés (isso não tem cara do Lance! _indignada_). Resolvi abrir os olhos para entender o que é estava acontecendo e, além de notar que já era noite (mas o que...??) uma mão enorme e pesada me segurava o pulso. Comecei a virar a cabeça para descobrir o dono daquela mão e antes que eu pudesse ver algo direito, uma terceira mão me tampava a boca.

– Shi, shi, shi bonequinha. – era uma voz masculina grossa e um tanto melosa – Não faz barulho não...

Pisquei um pouco os olhos e foi quando passei a enxergar com clareza, tinha um homem enorme com quatro braços, quase tão musculoso quanto o Valkyon, sem camisa, de calça, capa e vários amuletos em cima de mim me alisando??? Eu to aonde??

– Cê teve tá confusa, não é? Tô veno isso nesses seus olhinhos espantados, boneca. – (será que dá pra sair de cima de mim canalha!?) – Não adianta se remexer não porque não quero soltá-la belezinha. – _rosnando_ – Vou de dar umas luzinhas antes de brincarmos. – falava ele enquanto levava a mão que me percorria às costas dele (e o que ele está querendo dizer com “brincarmos”?!?!?) – Um certo mago doido por poder me pagou para roubar uma coisa pra ele... – (mago doido?) – E essa coisa... – ele revelava uma faca totalmente assustadora – É seu poder.

Eu não sabia o que me apavorava mais; as palavras dele que me faziam lembrar do canalha que está atrás do meu poder e dos outros; aquela faca cuja lâmina estava cheia de símbolos e tinha uma espécie de aura sombria emanando dela; ou a possibilidade nojenta do que aquele “brincarmos” podia significar. Mas pelo jeito que eu não conseguia desgrudar os olhos daquela faca, acho que é ela a ameaça pior aqui.

– Tô veno que gostou da minha arma. – me desviei da faca por apenas um segundo – Sabe, é com ela que vou pegar o que fui pago, mas se eu soubesse que meu alvo era tão bonito... – ele começa a passear a ponta da faca sobre mim (nojento!) – Eu teria enrolado menos para aceitar, ainda mais com tantos bônus aqui! – (hein!?) ele me sorria – Além de bonita, cê tem vários pertences de um valor e tanto. – revirei os olhos e encolhi o corpo tentando me afastar daquela lâmina – Gostaria... que eu te contasse mais sobre essa faquinha aqui? – acabei o encarando séria – Como cê teve ter notado, ela não é nada comum. Ela se chama Tyv, e tá veno essas runas desenhadas na lâmina? Elas são um feitiço muito especial que deixa: – ele voltou a passear a lâmina em mim, de acordo ia falando – Se eu cravá-la em suas belas pernas, cê nunca mais vai conseguir andar... Se eu a cravar em seus braços esguios, cê nunca mais vai consegui mexê-los... Se, eu a enviar aqui... – a faca estava sobre a minha testa – Pego tua vida e de quebra, pego também tooodo o conhecimento que mora nessa sua cacholinha bonita... – isso é mal, muito mal – E se eu a enviar aqui. – a faca agora estava acima de meu coração – Eu não vou matá-la, matá-la. – comecei a finalmente reparar que eu estava em meu quarto (QuÊ!?...) – Mas roubo pra mim a sua alma e cada gota de poder existente nessa belezura toda aqui. – (nojento, para de me encarar desse jeito! Eu não sou comida!!).

Voltei a querer me soltar daquele desprezível e ele apoiava a lâmina em cima dos travesseiros – Oh boneca, já disse que não adianta. Sabe, se a Tyv não causasse tanto estrago depois de trabalhar, eu deixaria para brincarmos depois... – comecei a suar frio – Mas não quero disperdiçar tanta belezura assim... – (cadê o Lance? E o Absol?? Alguém me ajuda aqui!!).

O porcaria começou a me lamber e eu continuei tentando de tudo para me soltar, mesmo não conseguindo afrouxar um só milímetro que fosse, e ele, parecia estar se divertindo com isso. Comecei a chorar quando ele pegou outra vez aquela faca para me cortar a camisola (agora é sério. O que raios me aconteceu??) da base até o alto, me devorando com os olhos diante do que via (qual é... DÁ PRA ALGUÉM ME AJUDAR!!)

– Quanto disperdício, quanto disperdício!... – (SAI DE CIMA SEU CANALHA!!!) – Que tal começarmos a brincar, hum?! – (alguém... _chorando_).

– Se importa de eu interferir?

 

Nevra 2

Eu não conseguia acreditar no que via, Absol estava preso numa espécie de armadilha mágica, e o cheiro... tenho quase certeza que era de veneno paralisante ou algo parecido. Rompi com aquela armadilha e confiei o Absol à Shaitan, disparando em seguida para dentro do QG (o quarto dela não está trancado e Anya me contou, em segredo, os lugares que Absol a tinha levado e o que ela tinha feito. O que significa: a Cris está totalmente vulnerável).

Avancei com tanta pressa até o quarto dela que acabei me esbarrando com um cara que não conhecia no meio do caminho – O que faz aqui? Você não está entre os membros responsáveis pela patrulha dessa noite.

– S-sinto muito senhor, é que eu, estava procurando uma pessoa por causa de um assunto sério. – ele não estava mentindo, mas tem alguma coisa nele...

– Pois deixe pra procurar seja quem for amanhã. Volte já pro seu quarto! Ou melhor, alerte a segurança. Parece que temos intrusos. – e continuei meu caminho sem olhar pra trás o mais rápido que conseguia.

Me aproximando do quarto, comecei a ouvir os batimentos da Cris, e eles estavam desesperados, com outro ser junto dela (acabei de achar Absol e já sei que o Lance está fora de jogo, então quem é a criatura que parece estar tão tranquila assim??). Abri ainda mais a minha audição, conseguindo ouvir uma conversa que, se o Lance a escutasse... Acho que ia sentir pena do infeliz! E ainda bem que eu cheguei a tempo.

– Se importa de eu interferir? – perguntei já dando um golpe de lado na cabeça daquele ryōude nojento e o jogando para longe da Cris que se encolheu toda assim que se viu livre.

– Ora, seu miserável! – aquele maldito me atacava – Quem cê pensa que é pra atrapalhar!! – rosnava ele.

– Nevra Velika B. B. Constantinescu Dalca. – o contra-atacava – Líder da Sombra... – dava-lhe um belo soco na cara – E quem vai te ensinar bons modos! – rolávamos no chão nos golpeando.

– Desprezível duma figa! Não vou ti deixar me atrapalhar!!

Continuamos com aquela briga por mais uns dois minutos e a Cris parecia paralisada. Ele me tentou uma chave de braço e, pra me libertar, o empurrei com tudo em direção à janela. Por causa das barreiras existentes no quarto, o lógico era que a janela suportasse aquele choque, mas eu não sei o motivo certo, a janela se quebrou! E o ryōude me arrastava com ele para aquela queda de possível morte. Foram apenas alguns segundos, mas vi o cara com quem tinha me esbarrado na porta do quarto.

– Cuide dela! – acabei lhe mandando antes de começar a ver o lado de fora.

Ainda no ar, onde fazia de tudo para aumentar minhas chances de sobrevivência, a lista que eu carregava começou a se soltar do meu cinto e a revelar os membros que eu ainda não tinha visto. Foi um instante, mas o tempo me pareceu congelar quando reconheci um dos rostos que só agora eu via.

(Cometi um dos meus piores erros...).

 

Cris 2

Acho que nunca me senti tão aliviada de ouvir a voz do Nevra como fiquei agora, e mais ainda ao finalmente me ver livre daquele ser asqueroso, mas ainda estou confusa! A última coisa da qual me lembro era de estar abraçando aquele livro que me chamou a atenção, então como é que já era noite e eu estava dormindo, vestida de acordo, em meu quarto?? Acordando com aquilo querendo me destruir? Sim porque, fazer aquilo e ainda por cima me levar a alma não é lá muito diferente de matar alguém (isso se não existir a chance de se voltar ao normal).

Ouvia a confusão que a luta daqueles dois causavam, mas eu ainda tentava arrancar uma resposta de dentro da minha mente, ao mesmo tempo em que tentava esquecer as ações daquele nojento enquanto abraçava a mim mesma (preciso de um banho. Um bom banho). Acabei ouvindo o som de algo quebrando seguido do pedido do Nevra para alguém (ele não estava sozinho?).

– Você está bem? – a voz que se aproximava de mim era familiar, mas estava tão atordoada com tudo isso que não pude reconhecer seu dono – Aquele praga... conseguiu... “machucá-la”? – claro que eu entendi o quê que ele me perguntava, e, ainda me abraçando sem desviar o olhar de meu próprio corpo, apenas lhe neguei com a cabeça.

Eu ainda estava nervosa por conta daquilo tudo e por isso não me mexia muito, sem falar que o cheiro daquele monstro em mim, estava começando a me enjoar. Seja lá quem for que entrou, me abraçou com cuidado, acalmando aos poucos o meu coração disparado.

– Temia que algo assim pudesse vir a acontecer... – (hã?).

– Mas do que q... – (Jesus amado) eu finalmente resolvi olhar para quem me aparava e reconheci o Ghadar na hora – Ghadar?! – ele começou a me segurar com mais força e meu nervoso começou a voltar – Por favor me solte Ghadar.

– Sabe, eu já havia escutado historias sobre aquele ryōude. Sobre como ele trabalhava.

– Ghadar... me solte! – ele não parecia ser tão forte assim antes.

– Quando o mestre me enviou a ordem de garantir o seu encontro com aquele ladrão descarado, sabia que alguma coisa ia dar errado.

– Por favor Ghadar... _chorando_ Não faz isso... – não parava de tentar afastá-lo de mim.

– Não é nada pessoal Cris... – mas será possível que as coisas só pioram? – Mas ordens, são ordens.

Percebi que ele segurava aquela faca maldita e a erguia de forma lenta me fornecendo o pânico que só aumentava.

– O que pensa que está fazendo com a minha Ladina?? – Lance o impedia de descer a mão em direção ao meu peito (será que dá pra pararem de quererem me enfartar!?!).

 

Lance

“[roxa]Anda logo, ACORDA DE UMA VEZ, GELINHO!!!” – me levantava da cama com dificuldade – “[roxa]Depressa! Nós não temos muito tempo! A Anya tinha que fazer aquilo tão forte?” – (do que está falando Negra?...) – “[roxa]Não há tempo pra explicações. Você precisa voltar correndo para o quarto, antes que seja tarde demais!”

– Pode ao menos me contar o que foi que aquele black-dog fez comigo? – me sentia sonso, e parte do meu corpo parecia dormente.

“[roxa]Ele apenas te deixou aqui na companhia de um ailikamp, e depois trouxe Anya que lhe preparou o sonífero que aprendeu com a mãe dela para que o pequeno pudesse ir embora. Já tem uma meia hora que me livrei dele e estou tentando te acordar, agora SE MEXE!” – explicou ela enquanto eu me forçava para fora.

– E quanto a Cris? – ainda estava preocupado com ela.

“[roxa]Desmaiou de cansaço assim que terminamos. O que aconteceu lá pelo crepúsculo. Preste atenção no caminho! Consegui fazer seu irmão te deixar um presentinho enquanto ele patrulhava aqui embaixo.” – isso me ajudou a despertar um pouco, e não demorou muito para eu encontrar a minha faca naqueles corredores – “[roxa]Para de enrolar e anda logo!” – (posso saber o motivo de tanta pressa?) questionei sem parar de andar e conferindo o estado de minha arma que meu irmão havia mandado fazer especialmente pra mim, anos atrás – “[roxa]Se eu começar a explicar, você vai travar no lugar, então apenas se apresse em retornar para o quarto.” – (...) estou achando isso cada vez mais suspeito.

Chegando na saída da Cerejeira, a Negra começou a me agarrar da mesma forma que fez no dia em que deixei a prisão – “[roxa]Não desperdice energia, apenas se concentre em chegar rápido até a Cris. Deixa que eu o escondo dos outros.” – ordenava ela antes mesmo que eu pudesse reclamar, o que só me fazia desconfiar cada vez mais. Terminava de atravessar o Refúgio quando notei o que parecia ser o Nevra correndo a toda velocidade para dentro do QG.

“[roxa]Droga, Absol já era!” – (como é que é?!?) – “[roxa]Estamos correndo contra o tempo agora. Se apresse ou a Cris vai estar em perigo.” – acabei apertando o passo com este aviso (desembucha, o que está acontecendo. Aquele era mesmo o sanguessuga? E como assim, “Absol já era”?) – “[roxa]CORRE!!” – acabei correndo mesmo e toda vez que pedia explicações, a Negra só parecia estar cada vez mais aflita.

“[branca]Eles se encontraram.” – agora é a Branca que me aparece – “[branca]Nevra só conseguirá impedir um.”

– Do que vocês estão falando? – sussurrei já que a Branca não tinha telepatia e sumia na direção em que eu seguia.

“[roxa]Apenas corra!” – a expressão da Negra era de desespero – “[roxa]Corra como se sua vida dependesse disso!” – acabei me desesperando como ela, e corri o máximo que pude até a minha Ladina.

– Por favor Ghadar... – (QUEM?!?!?) comecei a ouvir a Cris com a voz chorosa ainda do corredor – Não faz isso... – não faz isso o quê? _furioso_.

– Não é nada pessoal Cris... – parei de frente à porta (o que esse canalha pensa que está fazendo se agarrando à ela?!?) – Mas ordens, são ordens.

Ele erguia uma adaga de aparência suspeita e me apresei em socorrê-la (mas eu vou matar esse miserável!). A Negra me largou assim que agarrei o pulso do cretino.

– O que pensa que está fazendo com a minha Ladina?? – falei lhe apertando o punho até ele largar aquela faca e a Cris.

– Mas quê! C-como? – comecei a lhe pressionar o pescoço com a mão livre (você está morto, maldito!) – O que... você... – ele começava a perder a consciência.

– Lance, largue ele. Não o mate.

– Me dê um bom motivo. – pedi me segurando para não terminar o serviço.

– Como você mesmo já mencionou uma vez, mortos não falam. E eu não quero me arriscar a ter o fantasma dele neste quarto! – refleti um minuto e ela tinha razão (ele mencionou algo sobre ordens serem ordens, certo? E já estou farto de companhias espirituais para abrir brecha pra mais um fantasma), terminei de colocar o canalha pra dormir e o joguei no chão – Ele... ainda está vivo, né?

– Por enquanto. – comecei a reparar na forma com que ela estava vestida – O que ele fez com você?!

– _suspiro longo_ Não foi ele...

– Então quem foi. – tudo que ela fez foi apontar em direção à janela que... (como foi que ela acabou quebrada daquele jeito??).

Fui até a janela e pude notar um movimento estranho no caminho até a Cerejeira – Foi Nevra quem impediu aquele asqueroso... – (lembro que a Branca mencionou algo do tipo) – Você... não vai me deixar sozinha, vai? Absol ainda não voltou pelo que vejo...

(“Droga. Absol já era!” Será que esses miseráveis mataram o black-dog?) percebi que a presença do meu irmão ficava mais forte – Valkyon parece estar vindo... – me aproximei da cama puxando o edredom – Ele ao menos é confiável. – lhe cobria com a coberta – Não te deixarei antes dele chegar aqui, está bem? – ela me assentiu com a cabeça e eu lhe dei um beijo na testa. Vesti rápido a minha armadura e voltei pra janela reencontrando o miserável que o sanguessuga enfrentava, com a ajuda da Negra e da Branca.

(Este, ao menos é meu!).

 

 



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