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História Ele é só meu amigo - Segredinho de irmãos


Escrita por: Heidi_Biersack

Capítulo 7 - Segredinho de irmãos


                Após o filme acabar, voltamos a conversar sobre outros assuntos. Ficaram falando justo no assunto que eu mais queria evitar. Amores frustrados, casos de friendzone e como se não bastasse, Jaydah sempre ameaçava contar sobre uma parte de meu passado com Kai que prometemos esquecer.

                Houve um tempo em que já trocamos os primeiros beijos. Um tempo em que eu tive uma quedinha pelo garoto de cabelos azuis, que eram loiros na época. Tudo ia bem, até que ele começou a se sentir culpado por pegar a paixonite de sua irmã mais velha e resolveu que não seríamos mais que melhores amigos.

                Mesmo que aquilo tenha me magoado, não deixei que interferisse em nossa amizade. Eu pelo menos não demonstrava isso. Fiquei por muito tempo triste pelo que aconteceu, achei que nunca iria me esquecer de minha primeira decepção amorosa. Até que aquilo aconteceu.

                O dia em que o novo aluno estrangeiro chegou à classe. Todos o rodeavam, espantados ao ouvir o garoto dizer frases em seu idioma nativo. “Witam, mam na imię Kol!”, foi como ele nos cumprimentou.  Sempre me questionava o porquê de um garoto polonês possuir um nome de origem norueguesa. E eu pretendo descobrir isso até hoje.

                Todos os dias eu o observava. O problema é que a timidez nunca me permitiu falar com ele. Sempre que pensava em me aproximar, sentia um estranho frio na barriga. Acabei demorando demais... No fim de nossa festa de formatura, aqueles malditos alunos bêbados resolveram fazer um joguinho de verdade ou desafio.

                Eu preferia que desafiassem Stanley ou qualquer um dos valentões e populares a quebrarem uma garrafa de cerveja em minha cabeça ou que arrancassem meus piercings, qualquer coisa machucaria menos que aquilo.

Naquela noite só fiquei ali no canto escuro observando Riley beijar o jovem polonês de um jeito tão selvagem que pensava que aquilo era algum tipo de canibalismo bizarro. Sempre que eu via suas línguas dançando naquele ritmo desesperado, só queria uma coisa: que me batessem até eu apagar, pelo menos assim não veria mais aquilo.

— Matt? — Kai me cutucou. — Em que galáxia você está agora?

— Na Galáxia de Andrômeda, talvez? — retruquei.

— Sim, mas por que essa viagem pela Andrômeda? — perguntou Jaydah.

— Só estava pensando! — respondi.

— Enquanto você estava pensando, Stella veio nos dar sermão por termos saído da escola e bagunçado a casa! — disse Kai. — Meu Deus, o que faço para minha amada irmãzinha largar de ser tão rabugenta?

 — Ela podia arranjar um romance, talvez. — sugeriu Jaydah. —Eu sei como são essas garotas... Pensam em viver um filme adolescente clichê! Se ela curtisse garotas, eu poderia abrir uma exceção... Mas eu não sei se eu estaria afim disso, ser bi é complicado!

— Jay... — disse Kai. — Ainda mais a Stella querer uma menina, a pobre vive sonhando com o príncipe encantado!

— Já sei! — exclamou ela. —Conheço alguém que também anda amargo, com raiva de sua vida amorosa ser uma merda e precisa urgentemente de companhia!

— Ah, nem vem! — gritei no impulso.

— Não estava falando de você, eu sei que não rola! —retrucou Jaydah. — Já estou sabendo que você quer alguém que possua uma ferramenta igual à sua para poderem trocar umas experiências e saberem a profundidade exata da garganta humana, além de descobrirem qual é o sabor de...

— Jaydah! — gritei, jogando nela a almofada.  — O que seu pai colocou no seu café da manhã hoje?

— Cereal e leite? — disse a garota negra. — Só isso que eu me lembre...

— Quanto barulho, sobre o que vocês estão falando? — Stella desce as escadas, indo até a sala.

— Sobre garotos chupando o pau uns dos outros. — respondeu Jaydah, fazendo Stella ficar da cor de um camarão.

— O-o que? — gaguejou Stella, colocando a mão sobre o rosto. — Isso é... Argh, muito nojento!

— Não é! — retrucou Kai. — É uma delícia, tanto para quem faz quanto para quem recebe!

— Vocês não são humanos... — disse Stella, correndo escada acima.

— Mas enfim... — pausou Jaydah. — Eu estava pensando em juntar a Stella e o Leon, meu irmão.

— Não é má ideia! —exclamou Kai.

— Boa! — concordei. — Agora preciso ir, está ficando tarde e é hora de brincar com meus irmãozinhos...

— Tchau, babá! — disseram ao mesmo tempo, acenando para mim.

Revirei os olhos e saí, caminhando até em casa. Eu estava cansado depois de tudo que aconteceu, então só cheguei e me joguei sobre a cama macia. Não demorou muito para os pequeninos pularem sobre mim.

— Matt, levanta, vamos brincar! — Sabine puxava meus cabelos.

— Ai! — gritei. — Só brinco se parar de puxar, isso dói!

— Ok! — respondeu. — Vou buscar minhas coisas!

Enquanto Sabine corria pela casa cheia de energia, Stephan ficou ali deitado ao meu lado, me observando. Seus olhinhos permaneciam fixos em mim, nem sequer piscavam.

— Algum problema, Sthep?  — perguntei.

— Posso te perguntar uma coisinha?  — disse Stephan.

— Já perguntou! — brinquei. — Estou brincado, pode falar!

— Você foi confundido pela cegonha? — perguntou.

— O quê? — franzi as sobrancelhas. — Mas por que você acha isso?

— É que... — o pequenino fez sinal para que eu aproximasse meu ouvido, ele iria sussurrar alguma coisa. — Ontem eu te vi beijando um menino de preto na praia.

Engoli seco, tentando disfarçar olhando para o teto. Stephan não era fácil de enganar, o que eu deveria fazer? Contar a verdade, a um garotinho de cinco anos?

— Sthep, promete que nunca, nunca, nunca vai tocar nesse assunto? Que isso fica só entre nós? — perguntei. — Nunca vai falar com seus coleguinhas, com a mamãe, com o papai, nem com ninguém, ouviu? Me promete?

— Prometo! — respondeu. — Mas ainda acho nojento as pessoas adultas se beijarem! Qual o sentido de colocar a boca na de outra pessoa?

— Quando crescer vai entender! — ri. — E se você guardar segredo direitinho, vai ganhar um pedaço de cheesecake toda semana!

— Segredo guardado! — respondeu Stephan.

— Você é o melhor irmãozinho do mundo, sabia?— disse, o abraçando.

— Meninos, eu trouxe os brinquedos! — Sabine chegou empurrando uma caixa cheia de brinquedos.

Ficamos brincando até a noite. Depois, tomei um banho, jantei e fui para a cama. Meu dia podia não ter sido cem por cento ruim, mas não consegui parar de pensar em Kol andar na companhia daquela garota lunática. Ele não podia colocar a própria vida em risco por um motivo tolo como aquele.

Comecei a achar que Kai tinha razão, eu estava mesmo me apaixonando. No início eu sentia por Kol um frio na barriga, a vontade de conhecê-lo melhor que sempre era atrapalhada pela timidez. Esse sentimento evoluiu, se transformando em algo maior. A vontade de que ele sempre estivesse perto de mim, o medo de perdê-lo... Tudo se intensificara após todos aqueles beijos que acabamos deixando acontecer.

Resolvi descansar e fechei os olhos, esperando que adormecesse logo. No dia seguinte, fui acordado pelos meus pais, que me sacudiam de todas as formas possíveis.

— Filho, acorda! — disse minha mãe.

— O que aconteceu, mãe? — perguntei sonolento. — Se for notícia ruim, me deixe dormir de novo e recomeçar meu dia!

— Na verdade não é ruim. Ou é, não tem como saber disso antes da reunião! — disse meu pai. — Recebemos hoje esta carta do senhor Brant, haverá um jantar com todos os funcionários da empresa. Ele deve estar querendo dar alguma notícia importante.

— Não está pensando em me levar, não é? — disse. — Pai, eu sou um imã de azar, não é uma boa ideia! Deixe que eu cuido dos pequenos enquanto isso!

— Eles também irão! — respondeu minha mãe. — Vamos, se levante que temos que comprar um terno hoje! Rápido, quanto antes chegarmos ao shopping, melhor! E vamos passar no barbeiro, você precisa...

— Não mãe! — protestei. — Não vou cortar meu cabelo, eu gosto dele assim!

— Então prenda, penteie para trás, sei lá... — disse minha mãe. — Lá só vai ter gente elegante, não pode aparecer com essa cabeleira nos olhos!

Algo me dizia que aquele dia seria longo...



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