1. Spirit Fanfics >
  2. Ele está logo atrás >
  3. 20 -Após tudo o que houve

História Ele está logo atrás - 20 -Após tudo o que houve


Escrita por: Srta_Coruja_

Notas do Autor


Bônus: foto básica do crush supremo

Capítulo 40 - 20 -Após tudo o que houve


Fanfic / Fanfiction Ele está logo atrás - 20 -Após tudo o que houve

“ A luz que havia era de uma pequena janela limpa, as cortinas se balançavam fazendo pequenas ondas com o vento que se espremia pela única frecha aberta. Tive a sensação de estar dormindo a algum tempo, há um mês, como na vez em que estive em coma... Mas ao ver o pequeno calendário grudado à parede a minha frente, percebi que havia se passado somente único e silencioso dia.

Não havia vozes, nem pássaros cantando do lado de fora; nem se quer o vento zunia; parecia que estava no céu deixando que a paz cuidasse do meu caso.

Porém a história era outra; quando notei o calendário, o excesso de cores brancas nas paredes,nos tetos, móveis e chão; me encontrei ali, acamada numa cama de hospital tão confortável que sentia meu corpo afundar.

O meu corpo formiga direto, parece que despertei de uma hibernação, fui esfregando os olhos enquanto olhava para todos os quatros cantos daquele pequeno quarto com cheiro de limpeza extrema. Já estive naquele lugar antes, e não era uma sensação agradável por mais que estivesse sentindo-me segura.

Não havia ninguém comigo esperando o meu despertar, meus pais deveriam estar naquelas duas poltronas brancas dormindo depois de um dia exaustivo me vigiando; e era isto que me parecia errado, meus pais deveriam aparecer a qualquer momento.

Quando estiquei meu corpo ao máximo para me manter sentada na cama, minha pele ardeu em pequeninas dores em alguns pontos nos braços, pequenos arranhões feitos pelos cacos de vidros que me atingiram quando estilhacei a janela do colégio; mas nada foi tão doloroso quanto o ferimento em meu pescoço, coberto por um grosso curativo. Toquei o inchaço ao redor rangendo os dentes inconformada. Me recordo de tudo o que houve, os muitos detalhes são como fartas brasas que não morrem dentro de minha memória, uma cicatriz profunda, um trauma...

E foram as últimas coisas que pensei quando dei-me por vencida depois de ser salva, adormeci por conta do que aconteceu, era de se esperar.

Parecia um pesadelo, um pesadelo enlouquecedor, mas lá estavam minhas feridas para comprovar que tudo realmente aconteceu, infelizmente houve o inesperado.

Kyle Portman poderia escolher prosseguir com seu tratamento procurando um jeito de ser melhor, mas o que aconteceu dentro do colégio com as pessoas e com ela, fora fruto de sua insanidade e obsessão pelo qual ele gostava de sentir.

Muitas vidas foram desperdiçadas por seu jeito doentio e imparável.

E Kenan?

Precisei respirar fundo ao lembrar dele, agora toda a preocupação estava voltada para tantas pessoas que era difícil lidar tranquilamente. Encontrei o relógio pendido ao lado do calendário, um relógio digital preto com números vermelhos, anunciavam o fim da tarde. Parecia de manhã, mas a estação sempre deixava a entender isto.

A porta se abriu revelando um homem de cabelos grisalhos e velho usando um jaleco branco, eu o reconheci, o mesmo médico que cuidara de mim quando estive em coma dentro de casa.

-Olha só quem acordou. -Ele sorriu para mim de um jeito forçado, parecia nervoso ou estressado com alguma coisa. -Me desculpe senhorita Willis, sabia que iria dispertar logo logo, mas não tive tempo para atendê-la... Há muitos feridos acamados precisando de mim...

-Não tem problema. -Me encolhi tensa, saber que parte das vítimas da chacina foram parar aqui na esperança de serem salvas era alarmante.- Obrigada. -Sorri. -Adormeci por um dia certo?

-Praticamente. -Respondeu. -Como você está sentindo? Tem enjoo? Dor de cabeça? Tontura? Fraqueza?

-Só... -Toquei levemente no lateral do meu pescoço ferido.- Estou com dores leves.

-Vamos precisar trocar seu curativo.- Avisou. -Trouxemos alguém para te fazer companhia, ela já está vindo.

Assenti curiosa, o médico não estava em suas melhores condições de dar-me atenção, sabiamos que não era preciso agora que apesar das dores, me encontrava bem. Levantei devagar, o chão estava gelado como a neve, mas ainda descalça quis observar a cena pela janela. O doutor havia fechado a porta sem se despedir, apenas acenou e se foi apressado, tinha seus motivos. Haviam me despido, e agora eu usava uma roupa hospitalar que me fazia parecer uma cortina, sim, aquela roupa era ridícula.

A altura em que notei dava a entender que estava praticamente no último andar do edifício; lá em baixo através da janela haviam pequenos pontinhos pretos no chão como formigas amontoadas num canto, tenho certeza que se tratava dos jornalistas seguindo com as notícias recentes e abaladoras, haviam alguns carros policiais estacionados pela extensão da rua e guardas impedindo a entrada dos profissionais da televisão que lutavam por respostas.

O mundo inteiro estava em luto pelo o que houve, o ocorrido não era para se abalar uma cidade, um condado, um estado ou um país, era de se informar por todos os cantos do mundo sobre as loucuras de um único homem que assassinou metade dos alunos do colégio.

-Jane? -Aquele voz feminina e doce soou pelo quarto quando abriu a porta. Quando olhei para Giulia, pude perceber o quão ela estava acabada com o ocorrido, seus olhos estavam inchados e nariz avermelhado e o cabelos bagunçado e sem cuidados. Nos encaramos por quatro segundos quando este tempo era para nos conectarmos através de nossos olhares que refletiam muito sofrimento.

Então ela veio até minha direção como uma garotinha que precisava de um abraço para se desmanchar em lágrimas, e a abracei tão forte que ignorei a dor em meu corpo aparentemente frágil.

-Você não têm idéia do quanto estou aliviada por te ver viva. -Avisei sem lágrimas a derramar, parecia que não restava mais nada dentro de mim. A sensação em ver Giulia viva era tão aliviadora quanto ser salva. Apesar disto sinto que estarei melhor em saber dos outros, principalmente Kenan.

-Desculpa! -Ela choramingou. -Sou uma covarde! Eu devia ter voltado para buscar você.

-A culpa não é sua! Sabe que não esperávamos isto, você fez o certo salvando a própria vida, e eu salvei a minha. -Deixamos de nos abraçar, segurando na mão uma da outra, suas mãos estavam geladas e tremiam assim como a garota, parecia que sua jaqueta roxa não bastava para aquecê-la. Provavelmente estava com medo, assim como eu; tenho medo de que Kyle voltasse para me matar.

-Eu estava na saída de emergência. -Giulia explicou com dificuldade. -Com aquele garoto, a gente sabia que lá teríamos privacidade, e então aconteceu aquilo... -Despachou as lágrimas.-Aqueles...Aqueles disparos...

-Ei, pare.

-E quando eu vi você na janela. -Soprou. -Quis ajudar você, queria poder tirar você dali, mas eles não me deixavam.

-Voce não podia fazer muita coisa, mas ajudou muito.

-Ele matou tanta gente Jane.- Inconformou-se ela tampando a boca para chorar.

Era difícil ver ela daquele jeito, tentei consolar e lhe ofereci meu abraço, mas logo comecei a lacrimejar, não posso derramar lágrimas pois aquilo só iria deixar Giulia mais desesperada. Era para estarmos juntas derramando rios de lágrimas, mas não me dei a este luxo, agora que precisava saber sobre os outros assuntos.

-Giulia preciso saber onde está o kenan. -Avisei afastando um passo para trás para análisa-la. A garota limpou as bochechas úmidas de lágrimas e a olhou confusa.

-Por favor me diz que ele está vivo. -Pedi com o coração apertado, e tudo o que recebi em resposta foi o silêncio dela enquanto se dirigia para a poltrona branca mais próxima a cama e se acomodava lentamente.

-Giulia.-Procurei seu olhar, mas não obtive, sentei na cama a sua frente.

-Ele está vivo. -Giulia afirmou lentamente. -Mas não sei onde ele está.

-Como assim? Ele não está aqui?

-Não! Acho que foi transferido.- Rolpher massageou as têmporas. -Pelo menos ele sobreviveu.Foi o que escutei dos enfermeiros quando as ambulâncias chegaram para socorrer quem estava gravemente ferido dentro do colégio.

-O Kyle! -Enrraiveci. -Aquele desgraçado quase o matou! Ele...Ele iria atirar no Kenan. -Respirei fundo, mal suportando a idéia.

-Kyle foi levado para o departamento. -A morena disse um pouco hesitante. -Mas parece que irão realizar o julgamento amanhã. Você precisa ver o quanto a comunidade está revoltada; Portman terá sorte se sobreviver até o julgamento. Bertha está arrazada.

-Ele merece isto, merece muito mais. -Cuspi. -Vai arder no inferno.

-Se ele tiver sorte, acabara na prisão perpétua. Ou será pena de morte.

-Mas o caso é diferente.-Expliquei revoltada. -Houve um massacre ontem e ele é o responsável. Matou um detetive e fez barbaridades com outras pessoas que estavam desaparecidas.

-Jane. -Giulia estava escarando o chão como se tivesse tomando uma decisão difícil em sua vida que mudaria tudo, trouxe uma mexa de cabelo para trás da orelha e respirou fundo. -Não sei se posso dizer isso agora, mas é melhor que saiba logo.

-O que foi? -Pensei na pior situação possível, isto se, ontem não fosse a pior situação que encarou em sua vida. Sentia muito nojo e ódio do Portman mas tentava não sentir tudo o que sentia antes daquela vez, precisava me recuperar mentalmente, e com certeza estaria curada se soubesse que Kyle seria sentenciado a morte.

-Acha que está pronta?- Giulia ergueu a sombrancelha antes que eu concordasse. -Precisa respirar fundo, ou pode acabar surtando.

-Eu já estou surtando.

-Jane... -Rolpher mal conseguia olhar para mim, lambia os lábios direto compelida a uma indecisão irritante, seus olhos já lacrimejaram, era uma notícia ruim, e eu sabia disto. Mas agora, parecia que meu consciente alarmava como um spoiler, eu sentia falta dos meus pais. -Jane houve um incêndio na casa dos seus pais, ontem a tarde enquanto estávamos na escola.-Ela chorou dando de ombros sem jeito de explicar. -Sua família está morta.”


Segunda-feira (29)

O inverno atrasou daquela vez, a sensação era que não nevaria novamente; mas lá estavam aqueles pequenos flocos de neve despencando do ceu como plumas redondas e macias; espalhando com a nova massa branca que estava para cobrir a grama verde e a terra. O campo esverdeado do cemitério daquela manhã de outubro estava mudando para tons mais pálidos. O cemitério da cidade era o mais conhecido do norte, Saint Paul Joan que abrigava parte das pessoas que faleciam na região. Sobre seus pés, além de neve, haviam muitos corpos abatidos em casos diferentes, mas Jane sabia que houve um dia especial em que o cemitério abriu suas portas para um grande velório de mais de vinte corpos. Corpos dos ex alunos. A outra metade também morta, parte foram cremadas, ou transferidas para outro cemitério.

Mas aquele em que ela estava era único, como se todas as almas envolvidas na garota estivessem ali a observando em cada passo solitário que seguia pela pequena estradinha do ambiente. Havia aquela impressão de que as almas também estavam presas, acorrentadas em seu passado naquele colegio, por uma história que não se pode alterar. Porém definitivamente havia encerrado.

J.W deveria estar em seu não tão novo emprego; refletir sobre o que Richard Pollgs diria de sua ausência era impossível, mas caso houvesse algum conflito Jane faria questão de se explicar, sabia que o velho a compreenderia depois. Não devia se preocupar com isto.

Willis analisou o céu levemente azul, onde as nuvens se expandiam cada vez mais como se estivesse prestes a chover, e pensou no verão quente e comum da Califórnia, seria assim que Los Angeles se encontrava, mas a escritora nunca quis visitar a cidade grande mais ao sul. O condado de Siskiyou era de longe o que mais abrigava suas necessidades de tranquilidade.

A mulher estava parada agora em frente a três túmulos, enfiou as mãos nos bolsos do sobretudo cinza para aquecer as pontas dos dedos geladas depois de ajeitar seu cachecol preto azulado que não só a mantinha quente, como escondia a marca da mordida em seu pescoço. Ela tem se lembrado de algo naqueles dias pelo qual tem evitado refletir direto.

A ponta de seu nariz estava vermelha diante da pele branca quase como porcelana, o vento que soprava na direção leste empurrava sua franja para o lado lhe causando cócegas na região da testa. Os olhos negros dela fitavam as três lápides quadradas e o concreto do túmulo que era reto e retangular vertical assim como a lápide cinza e reluzente. Havia uma camada de gelo cobrindo as informações dos túmulos como se estivessem tentando não fazê-la ler para não choramingar como a maioria das vezes. Porém, cada vez que Jane visitava o túmulo de sua família ela se fortalecia em aceitação; e estava preparada para evitar derramar mais lágrimas; ela se agaixou e fungou como se estivesse resfriada, passou sua mão sobre uma das lápides deixando que o leve toque de seus dedos aquecidos retirasse a fina camada de gelo recentemente construída pela estação.

O nome destacando em dourado exibia o nome do sr. Willis. Tom Willis.

A escritora somente encarou aquela lápide com um pequeno e forçado sorriso em seu rosto, sendo capaz de tentar transparecer tranquilidade. A palavra que definia o lugar onde os Willis estavam agora, num lugar tranquilo.

As saudades era mais que um aperto no coração como estava acostumada; carregando todo aquele peso nas costas, uma consequência gigantesca que sempre iria se arrepender de carregar. Ela roeu a unha fitando os outros túmulos ao lado, a senhora Willis, e a filha mais velha; castigando o seu presente, já que Jane sempre admitiu que poderia ter ficado com seus pais naquele dia miserável. Poderia ter ficado com eles para quem sabe morrer junto, até mesmo agora que não conseguia deixar de lado, ou virar a página.

O único grande passo que ela deu em sua vida fora em sua profissão. Mas os pensamento embora mais maduros, a assombravam com seu passado, gerando problemas em se relacionar, e evitar lugares que a faziam recordar. Como a sua escola, ou a casa onde morava com os pais.

Aquela maravilhosa casa que havia sido devorada pelas chamas corroendoa centímetros por centímetros enquanto as cinzas coloriam o chão.

As boas memórias tinham curto prazo, e foram devoradas com o fogo.

Sabia que se o incêndio fosse um acidente acarretando mortes, talvez o peso em suas costas não fosse algo tão melodramático. Entretanto está não era a versão certa, embora gostaria de a dotar a velha.

O fato que uma vez correu pelos jornais, era que sua família fora mantida presa por cordas, e obrigadas a seguirem o rumo da própria morte, quando Kyle Portman espalhou combustível pela casa e insistentemente na sala, onde estavam, sem poder batalhar pela própria vida, desesperados pelo futuro irreconhecível e temeroso.

Agora ela sabe o porquê da morte de seus pais, e na época quando testemunhas visinham deram seu depoimento afirmado ter visto Portman invadir a casa dos Willis, o próprio Kyle confirmou friamente sobre o que fez. Afirmando tê-los obrigado a se prenderem, enquanto ele derramava a morte, que possuia um forte cheiro de gasolina.

Kyle poderia ter desmentidos tudo, mesmo sem chances de escapar desta loucura que se contaminou, mas preferiu afirmar tudo o que fez, sem um pingo de arrependimento por matar todas aquelas pessoas.

Os últimos momentos perto dele não acabaram naquele colégio; Jane precisava comparecer no tribunal de justiça se quisesse que ele fosse morto. Um dos dias mais difíceis de lidar, mas Jamin pode ficar ao seu lado no lugar de seus pais, a imagens de Kyle entrando no local algemado fora o suficiente para que J.W saísse daquele cemitério, inconformada por ter sido ele a causa da morte das pessoas que mais amava. Ela estava voltando, dando as costas para os túmulos pois não suportava continuar ali.

Andando mais a frente, ela viu o túmulo de Rupert Tisdale, e lembrava -se dele como um herói estando definitivamente ali para evitar mais mortes.

Uma vida por outra

Isto não estava lapidado em seu túmulo simples, mas estava cravado no coração de Willis; o que ela não daria para morrer no lugar de sua família? Aquela mesma intenção do detetive em salvar a vida dela no dia em que seu destino estava marcado naquela estrada.

Uma vida por outra

Repetiu ela dentro de si.

-Obrigada.-Agradeceu ela olhando atentamente para o túmulo do detetive e continuou a andar crendo que sempre seria grata.

Jamin fora vingado no tribunal naquela época, ele estava vendo o homem que lhe causou tantos problemas e lhe fez perder um dos seus mais experientes detetives, ser sentenciado a morte.

Entretanto aquele tipo de justiça iria levar tempo e paciência. Kyle tinha dezessete anos e a resolução do conselho econômico e social da ONU proibia a pena de morte para menores de dezoito. O culpado passaria um ano na penitenciária até que possa atingir o regular para ser morto.

Este poderia ser o fim. Mas Portman não parou por ai, ficava a encarando de um jeito sádico e divertido durante o tribunal inteiro, mas tudo o que Willis fez foi abaixar a cabeça e não fita-lo, ela disse tudo o que sabia na sua vez, jogando os atos cometidos pelo homem em frente as câmeras; e na vez de Kyle, ele novamente permaneceu admitindo seus atos obscenos, já que não tinha volta.

Porém Jane nunca citou para ninguém a obsessão do jovem por ela. E ele se manteve calado com relação a isso, como se fossem o segredinho deles. Nos jornais e em frente às câmeras contaram tudo, exceto a forma de tortura e preparo que o indivíduo escolhia nas vítimas, a semelhança dos corpos com a jovem e algumas outras informações que não poderiam ser espalhadas em público para evitar o pânico e desconforto em massa. Por esta decisão, a população sabe que Jane só foi uma garota que quase foi vítima, e atualmente poucos se lembram que a escritora era aquela garota à quatro anos atrás. Mas se algum dia aquele detalhe fosse recordado, e de fato quase estava sendo com a entrevista de Heather Winsten, ele deveria explicações para quem quisesse? Era confuso.

O tribunal escutou atentamente a defesa de Kyle Portman naquele dia, seus pais estavam abalados com o filho, que sentiam tontura a cada minuto. Nick o olhava com desapontamento e Bertha chorava silenciosamente.

Se o garoto não disesse nada em sua defesa, talvez o destino fosse outro. O que importava era que o final havia sido o mesmo. Kyle admitiu sofrer de esquizofrenia aguda, sofrendo de paranóias a cada momento,e que tudo o que fizera fora fruto de seu problema mental, que sussurrava para ele, o influenciando em matar aquelas pessoas.

Não se sabia se Kyle tinha esquizofrenia, mas realmente possuía problemas mentais seríssimos que foram levados em conta na decisão final.

Kyle Portman seria enviado para a clínica psiquiátrica de Los Angeles, onde seria tratado pelo resto de sua vida.

Aquilo causou uma revolta banal que se distinguiu por toda a comunidade local que desejava Kyle morto. Seu destino poderia ter sido a MTP na época, mas era necessário que a comunidade do condado não se sentisse incomodada com a estadia permanente do jovem em uma clínica tão próxima de todos os ocorridos. Willis não se revoltou, não adiantaria juntar-se aos protestos, nada seria feito.

Durante um ano na clínica de Los Angeles, Kyle causou um verdadeiro inferno no edifício, espancando um médico psiquiatra, feriu gravemente um companheiro de cela, e já não o suportavam mais com aquelas intrigas incessantes. Quando fizera completos dezoito anos de idade fora enviado para a clínica da Geórgia onde definitivamente seria morto por uma vacina letal que colocaria um fim naquilo.

E Jane viu este fim com os seus próprios olhos, obrigada a confirmar que ele estava realmente morto, refletindo que por fim tudo havia acabado.

J.W não gostava de detalhar aquele momento, ela não queria ver, não queria ver alguém morrendo a sua frente mesmo que seja Kyle; ela não precisava assistir aquilo.

As memórias ainda à asombrava atacando seus devaneios com lembranças tortuosas e pesadelos tristes.

Quando atravessou o portão de entrada do velho cemitério, deixando para trás sua família por um curto período de tempo observou a rua devidamente movimentada, e abaixou a cabeça para não ser reconhecida. A dor rasgante na lateral de seu pescoço lhe pertubava com frequência, como um carrapato debaixo de sua pele; o que houve na sexta feira deveria ser mantido em segredo entre eles e as autoridades agora que não tivera nenhuma notícia do fugitivo. A coincidência do jeito que Foster a tratou, marcando seu pescoço em uma mordida única era semelhante ao que ocorreu com ela no passado, quando Kyle fizera a mesma coisa.

Mas Jane sabia que não tinha com o que se preocupar, Kyle estava morto e provavelmente Foster tem o mesmo instinto de morder como Giulia disse.

“-Alguns pacientes são assim aqui na clínica”. Rolpher não sabe o que era aquelas marcas finas e brancas no pescoço da amiga na época em que fora socorrida do colégio e a ferida fora cicatrizando. J.W não quis dizer sobre isto. A nova mordida quase no mesmo lugar lhe despertou raiva e medo, equanto lembrava de Kyle.

James devia ter raiva delas, e por este fato agiu daquela forma.

Mas se o fugitivo fosse muito rancoso e vingativo, havia de voltar para matá-las, e o aviso de Meredith havia de fazer cada vez mais sentido. Jane poderia estar correndo perigo novamente.

Andou contra o vento forte quando dobrou a esquina da rua do cemitério. Os postes de iluminação ainda estavam acesos por mais que sejam oito horas em ponto; Jane encontrou sua esportiva, que substituiu pela AWD quando Kyle fizera menção de explodir a motocicleta dela na época em que ainda estava vivo para matar aqueles pessoas. Jane foi subindo no veículo enquanto alcançava seu celular no bolso que vibrava sem parar.

Haviam duas chamadas perdidas de Camille e agora Giulia estava ligando pela quinta vez.

-Perdao.-Disse a escritora entendendo o celular rapidamente, crispou os lábios observando as pessas que passeavam lentamente pela rua.

-Finalmente. -Agradeceu a voz indignada da morena através do celular. -Acabei de chegar na clínica, tem alguns homens da FBI aqui.

-Eles devem estar analisando qualquer rastro pelo território. -Pensou. -Então não o encontraram não é ?

-Sabe-se lá onde Foster se meteu! -Giulia sussurrou como se tivesse evitando que alguém escutasse. -Pollgs deve estar pirando.

-Foi o melhor a se fazer, não se sabe do que é capaz. -Jane ligou a motocicleta girando a chave.

-Estou morrendo de medo agora que Meredith lhe avisou sobre um perigo. -Bufou.-Não deve ser nada muito importante além de um serial killer atrás de nós. -Brincou.

-Nada de novo sobre o Sol. -Willis também brincou, mas não estava tão distraída.

-Então? Eu digo que você foi fazer uma visita no cemitério ou que pegou uma gripe severa?

-Se o senhor Pollgs estiver ocupado finja que não o viu. Já estou a caminho.

-Ah acho que ele estará bem ocupado agora que tem uma reunião com os investigadores. -Observou. -Angel está que nem uma louca tentando esclarecer a visita repentina dos policiais para os funcionários, tenho pena dela. -Riu.

-Chegarei em meia hora, já que o cemitério fica próximo da estrada.-Soprou. -Vai poder segurar as pontas?

-O que seria de você se mim? -Fingiu gabar-se.- Faço a sessão com a Genna, não vai durar mais de trinta minutos já que hoje teríamos sessões extensas com os dois últimos dos andares acima.

-:Obrigada!.

-De nada, bruxa. -Após a despedida da amiga, Jane desligou revirando os olhos.

Acelerou a esportiva e entrou no pouco movimento que havia na rua depois de usar o capacete.A velocidade fazia os dois pneus espalharem neve para quase todos os lados, também cortando o vento que persistia em atacar a sua pele pouco exposta – Esta era o verdadeiro desafio de se pilotar no inverno – O frio intenso. Os outros dois fatos que dificultava sua vida também era Meredith e o fugitivo da MTP.

Isso não significava que só tinha cabeça para aqueles dois conflitos intrigantes. Quando o semáforo exibiu sua cor vermelha logo a frente, Willis quase se esqueceu de freiar quando sua atenção focou para um jovem de cabelos compridos até os ombros. Ele era magro e andava de um jeito despojado, mas somente os longos cabelos castanhos a faziam lembrar instantaneamente do Kenan McKausen.

Tudo a fazia lembrar-se dele, J.W sabia que o destino gostava de judiar de seu psicológico pouco saudável. Não havia um dia em que ela não pensava naquele homem; pensamentos que lhe causavam indignação e revolta.

Jane gostaria de saber onde ele estava e porque desapareceu.

Foram três fases que se aprimoravam com os anos sem respostas.

Após três dias de tristeza pela perda recente de seus familiares ela o procurou feito uma louca. Na velha casa de Kenan, e nos outros hospitais da região, mas seu nome evaporou pelo ar como um nada; a sensação era de que Kenan nunca existiu. Jamin havia lhe contado que ele fora socorrido com vida, mas depois não tivera mais notícias do jovem. Willis pesquisou, perguntou, procurou por ele feito uma louca pelas ruas; encontrou o hotel onde os pais do garoto de abrigavam temporariamente mas o porteiro disse que eles não voltaram mais.

A primeira fase da garota, que procurava incessantemente pelo aconchego relaxante de Kenan, fora acreditar que ele havia deixado ela de lado por medo de sofrer outro acidente.

A segunda fase, quando Jane conseguiu entrar para a universidade de Harvard, fora crêr que ele se culpava pelo o que houve.

Mas agora, naquele mesmo instante em que o semáforo abriu e a rua voltou ao movimento junto com ela, acreditava que ele não voltaria mais.

A porta estava aberta, todos os dias e todas as noites; Willis o esperaria com a mesma esperança de quatro anos atrás, uma esperança que arde como fogo e se espalha como brasas laranjas e luminosas.

Onde ele esteve enquanto ela sofria pela morte de seus pais? Onde ele esteve quando ela tivera que enfrentar o tribunal de justiça e obviamente Kyle? Onde ele esteve quando ela terminou a faculdade? Quando comprou a própria casa, publicou o primeiro livro?

Sua ausência semelhante a um fantasma não parecia vagar pela Califórnia, também não sabia onde foi parar aquele homem; Kenan parecia estar enterrado a sete palmos abaixo do chão como as outras pessoas e que, todas essas suposições de Giulia e Jamin foram meros comentários para não fazê-la sofrer. Mas a escritora queria saber, exigia a resposta, a verdade. Não havia como alguém que a amava desaparecer sem explicações ou motivos.

Por muitos anos pensar nisto a fazia sofrer, Jane admitia que ouvia a voz de Kenan em alguns momentos sozinha, sendo cruelmente enganada pelos seus delírios. Agora continuava com as mesmas esperanças mas não poderia sair do lugar, não chorava pela ausência do rapaz e muito menos tentava procura -lo nas redes sociais, (pois já fizera isso por anos e sabe que não obteve respostas). Outra fonte de frustação que a pertubava além de Meredith e James Foster.

Willis tinha um grande problema em chocar seus problemas de uma vez só, aquilo a matava mas não tanto quanto a saudades que sentia por Kenan. Sua localização era um mistério.

Será que ele voltaria para procura-la? J.W acreditava que cedo ou tarde acabaria encontrando ele sem querer. Ela estava na televisão algumas vezes, seu nome estavam por alguns lugares exigidos em livrarias, programas de televisão em que aparecia, em uma rádio de notícias para nerds. Seria impossível que ele não a tenha escutado em algum lugar.

Porque você sumiu?

Pensou Jane aflita mordendo o lábio inferior enquanto se lembrava dos últimos momentos que o vira. Da forma que Portman o machucou, ela pensava que estivesse morto. Ele deveria procurar ela, assim como ela fizera. Algo não parecia certo, as coisas não se encaixavam.

Lá estava Jane Willis tentando montar outro quebra-cabeça para achar uma resposta justa.

Porque se ela pudesse... Ah, se pudesse. Voltaria atrás, e insitiria para que ele ficasse abraçado a ela por mais alguns segundos. Somente o suficiente para que os dois escutassem os disparos e pudessem fugir juntos para a escada de emergência.

Tudo seria bem mais fácil neste rumo. Mas não era Jane Willis que escrevia a sua história.

E possivelmente Kenan McKausen a abandonou.

Como uma corda que se arrebenta depois de puxá-la com força.

A única coisa que restou além do amor dela por ele.

Era a promessa de que nunca desistiria.

                      *  *  *

Pilotar pela estrada principal sempre fora um enorme desafio de anos, agora conseguia se concentrar o suficiente para não lembrar de algumas coisas. Tinha que deixar algumas coisas do passado para trás.

J.W entrou no estacionamento da clínica após identificarem seu registro através do cartão de identificação. Giulia estava certa, a FBI estava fazendo seu trabalho, desta vez mais eficiente do que há quatro anos atrás; eles não foram tão discretos quanto ela esperava, havia alguns homens analisando os muros e os arredores trajando uniformes escuros e bonés, conversando entre murmuros com alguns guardas da clínica; Stefan estava entre eles explicando como funcionava o esquema de vigilância e rotas dos seus homens no território.

Jane analisou novamente os três prédios enormes da MTP adimirando a estrutura sempre quando parava para estudá-las, apesar das enormes janelas de vidros mais concentradas no primeiro prédio, tudo era um lugar cinzento por conta dos muros e das grossas paredes externas da clínica; com a chegada da neve, tudo se tornaria mais neutro ainda.

Quando entrou dentro do local, a temperatura não mudou tanto, ainda estava frio. A recepcionista já viera acenando com um sorriso gigantescos para cumprimenta -la, assim como alguns profissionais psiquiatras que estavam conversando entre si no hall de entrada; avançou para o elevador que a transportava para o segundo andar. As portas metálicas se abriram e quando Jane entrou levou um susto quando William se juntou a ela, rapidamente para não atrapalhar as portas do elevador que se fechavam, acabou derramando um líquido marrom que continha num pequeno copo plástico branco.

-Bom dia. -Jane cumprimentou um pouco surpresa.

-Bom dia! Caramba como sou desastrado. -Ele riu e franziu o cenho, tentando inutilmente limpar uma pequena mancha de café que caiu na gola do jaleco branco, trajava uma blusa de lã vermelha por baixo e calça cor pastel. A combinação não era muito agradável. -Está tudo bem com você? -Perguntou percebendo que ela estava desatenta.

-Sim, claro que estou. -Ela assentiu. -E você?

-Estou obviamente magoado. -Respondeu tomando o restante do café. -Não recebi sua respostas ontem.

-Sinto muito, fui com a Giulia para a avó do Jeremy. -Suspirou.

-O Jeremy daqui?- Foi o primeiro a sair do elevador quando a porta metálica se abriu.

-Sim.

-Você chegou atrasada hoje. -Ele observou o relógio, os dois andavam em sincronia de passos até a sala seis.

-Isso é porque eu tive um compromisso mais cedo. -Jane acenou para uma garota que costuma cumprimenta-la sempre, a mesma sorriu e acenou também. -Por que? O senhor Pollgs desconfiou?

-Não, ele está numa reunião com aqueles investigadores da FBI. -Franziu o cenho. -Não acha estranho? A FBI aqui?

-Não. -Jane mentiu e soltou uma curta risada, desejando que estivesse interpretando bem o papel de despreocupada. -As vezes acontece. – Péssima mentirosa desta vez.

Pegou as chaves e abriu a sala seis que compartilhava com Giulia Rolpher, a sala estava bagunçada novamente, mas ao contrário do que a amiga esperava, a morena não estava lá. Foi entrando junto com William enquanto agarrava o jaleco pendido num gancho na parede.

-Isso me pareceu irônico.

-Mas não foi. O que acha que esta acontecendo? -Jane se virou para William, ele jogou o copo plástico no lixo, seus olhos castanhos estavam mais claros assim como o cabelo, porém aparentava estar tenso e soava estranhamente.

-Não sei, Angel nos disse que a FBI precisa se atualizar nos presidiários que estão aqui. Disse que querem saber se vão transferir para a Georgia ou a clínica em Los Angeles.

-Esta vendo. -Deu de ombros. -Nada demais, não precisa ficar tenso. -Willis foi até a mesa e observou as folhas sobre ela, haviam algumas pequenas anotações sobre Genna Golden e seu histórico de programas assistidos na televisão. -Parece que a primeira sessão acabou, sabe onde Giulia está?

-Eu a vi sendo chamada para a sala de reunião. -Taylor observou com certa curiosidade o papel na mesa. -Aqueles homens estão à meia hora naquela sala, talvez a reunião esteja acabando.

-Acho que agora temos que ir para a segunda sessão não?

-Ah sim, mas não tem problema atrasar alguns minutos. Rick é um velho engraçado. -Riu de um jeito que a lateral da boca exibiu duas covinhas. -Só sabe falar em matar aqueles homens, mas acho que com mais alguns anos de tratamento e ele pode parar com esse desejo de vingança..

-Conheço ele a pouco tempo. -Jane sorriu docemente. -Me chama de “garota com câncer “

William enfiou as mãos nos bolsos da calça e riu.

-Bem e como tem sido com o novo paciente? James? -Jane não conseguiu esconder o nervosismo, não tinha pensado e muito menos esperava que o rapaz lhe fizesse aquela pergunta; se parasse para pensar, seria óbvio.

-Ele ainda não diz nada. -Comprimiu o sorriso. -Talvez não tenha sido uma boa idéia trocar a gente. Ele estáva melhor com você ou com K.M.

-Isso é questão de tempo. -Ele torceu o nariz. -Talvez Foster esteja tenso porque esta lidando com duas mulheres lindas. E neste momento eu gostaria de ser o James.

Os dois riram e ela revirou os olhos cruzando os braços.

-Deve ser horrível ficar preso até o fim aqui. -O rapaz imaginou contestando.

-É o preço que pagam por terem feito algum mal à alguém. -Eles sairam da sala e ela fechou a porta. – Mas tem chances de recuperar a sanidade.

Taylor assentiu lentamente acompanhando os passos lentos da garota pelo corredor estreito e branco. Estava bem iluminado pela luz no teto e pelas enormes janelas que davam espaço para alastrar a clareza do dia. Mesmo que tudo estivesse cinzento e pálido, o frio a fazia lembrar dos tempos no colégio, mais especificamente os últimos melhores dias que passara com Kenan e com sua família, quando tudo estava na maior serenidade possível.

-No que está pensando? -Taylor estava observando ela, Willis estava acostumada com o hábito do colega; porém a relação entre eles estava tensa porque Jane desconfiava da honestidade dele.

-Estou pensando: quando que você vai parar de me observar? -O pegou ruborizando enquanto ria em nervosismo, quando estava assim, coçava a nuca .

-Desculpe eu estava tomando coragem para convidá-la para minha casa algum dia.

-Porque eu iria na sua casa? -Jane cruzou os braços duvidosa.

-Porque fui na sua. -William explicou insistente. -Vamos! Não vai ser nada demais.

-Tudo bem, vou checar o meu calendário de compromissos. -Jane piscou agindo naturalmente, mas por dentro a moça conseguia sentir um grande incomodo pela insistência do colega. Quem sabe, devesse aceitar um dia para eles como amigos, era isto o que esperava.

-Sério? Ah que ótimo. -Seus olhos brilharam em alegria juntamente com o seu sorriso. -Preciso ir. -Avisou ele checando o relogio.

-Até o horário de almoço. -Willis se despediu parando na metade do corredor. Assistiu silenciosamente Taylor entrar no elevador e descer para o térreo onde seguiria sua sessão com Rick Horman. Willis imaginava o que deveria fazer, principalmente naquele instante em que tinha uma sessão com James Foster, entretanto consequentemente o paciente escapou. Talvez Richard Pollgs pediria para elas entrarem na sala do paciente e fingirem uma sessão, ou quem sabe tentasse alterar as sessões com novos paciente.

A única certeza era que havia algo de muito curioso na reunião.

Jane roeu as unhas e andou até uma janela enorme ao lado do corredor, a luz que invadia o ambiente também invadia seu corpo, e a mulher sentia-se aquecida pelo sobretudo cinza e ainda mais pelo jaleco. A paisagem exibida através da janela bem limpa exibia o estacionamento pouco movimentado, vez alguém abria o próprio carro para buscar algo que se esqueceu, vez um guarda passava a passos lerdos porém não muito atento -Parecia impossível ser atento pela manhã – principalmente quando o sono pairava dentro de sua conciencia garantindo que ela poderia dormir ali mesmo em pé. Não dormiu na noite anterior, a noite parecia zunir em seus ouvidos como um mosquito, o quarto parecia se fechar em torno dela e o fato de estar com as janelas fechadas dava a impressão de pouco ar circulando no imóvel, mas se recusou a levantar, parecia uma criança com medo do escuro.

J.W escutou passos lentos atrás dela, ao virar-se encontrou Giulia Rolpher, ela estava elegante, usava uma jaqueta verde musgo fechada e calça jeans estilosa junto com as botas de couro marrom; todavia sua expressão estava diferente, alterada em algo que não pudera decifrar ainda, ela usava um batom vermelho claro que destacava seus lábios curvados em uma careta engraçada.

-Meu deus Giulia! Você está pálida! -A escritora riu tocando em seu ombro. -Parece que viu um fantasma.

Rolpher parecia um pouco pálida apesar de ser negra, além disto, estava com os olhos arregalados e com a boca entreaberta, parada ali arranjando palavras certas para tentar se explicar.

-Jane eu preciso que você mantenha a calma. -Giulia pediu segurando trêmula nas duas mãos da amiga, seus lábios se moviam para tentar formular mas parecia impossível, Willis estava ficando curiosa.

-O que aconteceu? -O sorriso dela começava a sumir no rosto.

-Jane... -Giulia disse seu nome mas parou quando escutou passos atrás dela.

O som ecoante dos sapatos parecia reconhecível para a escritora, não tão ligeiros mas precisos e firmes. Então, o mundo congelante do lado de fora parecia congelar o tempo ou ao menos o corpo de Willis; não numa sensação ruim, destas que você perde o fôlego e a razão restando o pânico, aquela sensação já estivera em tempos atrás. Mas tudo o que se rodeava sobre ela como um turbilhão de confusão pairava sobre sua cabeça numa loucura, pois se quisesse saber o motivo da careta estranha de Giulia, bastava olhar para a frente, além da morena, e vê-lo.

Com o congelar do tempo, ele pareceu congelar a sua frente incapaz assim como ela. O coração da mulher acelerado e as pernas bambas de modo que seu corpo parecia mole. Seus olhos se cruzaram no mesmo instante, a negritude solitária do olhar de J.W e o azul claro como um oceano limpo dos olhos dele; os longos cabelos castanhos escuros que antes batiam em seu pescoço agora estavam cortados num penteado mais prático, a barba estava recentemente feita e os lábios suavemente carnudos e pálidos.

Jane se deixou levar primeiro por sua paranóia, depois por uma miragem ou um sonho, mas quando percebeu que aquilo era tão real quanto gostaria parecia que iria delirar. Ela estava prestes a chorar, como uma represa que se arrebenta com a pressão da água, seus olhos lacrimejaram; o homem estava a sua frente a olhando como se estivesse confuso, ele a estudou com seu olhar por todo o rosto da jovem enquanto franzia o cenho inconformado.

Os lábios de Jane tremeram antes de pronunciar a primeira palavra.

-Kenan? -Uma lágrima escorreu pelo rosto da moça suavemente. McKausen franziu a testa mais ainda, em seu crachá de identificação estava gravado a sigla “K.M”, ele olhou para a Giulia e depois para Miranda que estava ao seu lado e acompanhando seus passos, como se com o olhar pudesse exigir uma explicação.

J.W esteve esperando ansiosamente por aquele dia, havia indignação e alegria compartilhando a mesma sensação que a fazia continuar arrepiada. Queria tocá-lo, senti-lo, beijá-lo, crendo que o outro estava de volta para seus braços depois de quatro anos sem nenhuma resposta ou explicação.

Ele deveria sorrir como fazia ao ve-la, abraçar seu corpo trêmulo fortemente e pedir desculpas eternamente. Mas não o fez, ao contrário disto ele olhou pra ela sem entender muita coisa.

-Você é Jane Willis certo?


Notas Finais


Boa tarde quiridinhas:
É o seguinte, estou com dois links de duas músicas indicadas pela giosena-fic, ela me ajudou muito porque eu estava precisando de duas músicas que descrevessem os dois personagens (Kyle e Kenan) se vocês quiserem dar uma conferida:

Kenan: https://youtu.be/8ce0-6AFP8s

Kyle: https://youtu.be/KYzRm1Hv784

Obs: Tenho receio de ter meu livro apagado pelos adms pessoal, li muitos casos de escritoras que tiveram seus livros excluídos sem motivos.
~Tia Coruja.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...