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História Ele está logo atrás - 15- Tempos de colégio


Escrita por: Srta_Coruja_

Notas do Autor


Imagem bônus - Kenan McKausen

Capítulo 31 - 15- Tempos de colégio


Fanfic / Fanfiction Ele está logo atrás - 15- Tempos de colégio

Naquela noite, a garota não despregou os olhos de qualquer canto do quarto, mesmo que o ambiente esteja totalmente iluminado. Ela ligou tudo que podia: abajur, as luzes do banheiro e também do corredor. Tudo para não se alimentar da terrível ilusão de que ele ainda estaria ali. Os olhos negros da jovem passavam da porta para a poltrona e depois para qualquer canto onde ele poderia estar. Esfregou os olhos e chacoalhou a cabeça convencendo-se de que ele não voltaria para atormenta-la outra vez.  Porém, muitas possibilidades passavam na cabeça de Willis naquele momento, e tudo o que ela conseguia pensar era em como havia sido estúpida ao deixar a porta do quarto destrancada.
Ela tremia, tremia de medo. Medo daquele garoto voltar com mais ameaças e impor a ela, mais limites. Willis temia a cada vez que piscava, que talvez ele aparecesse no exato momento. Aquele sorriso doentio, e aquele olhar frio e totalmente indecifrável, induzindo somente ódio e desejos. Ela sabia que dentro daqueles olhos verdes como esmeraldas, passava-se um inferno somente dele. Um inferno no qual ela estava começando a fazer parte.
Sua pele arrepiava a cada momento em que se lembrava da voz de Juliet suplicando tanto pela sua própria vida quanto pela Jane. Era como se ainda pudesse escutar os gritos abafados da mulher no qual aos poucos se foi diminuindo. Havia algo a inforcando, e a sequencia de gemidos como se ela estivesse estrebuchando.
Willis fechou os olhos.
Ela ainda podia se lembrar de seus momentos com a professora na outra escola.
Quando um dos meninos mais encrenqueiros da sua sala, havia rasgado o lacinho de pulso que Diandra lhe havia feito. Jane se sentia tão culpada por ter deixado aquilo acontecer, que Juliet lhe levou para sua casa depois da última aula e costurou o tecido do lacinho. Aquilo havia sido uma ação tão boa para Jane, que ela sentia-se protegida pela mulher naquela escola, desde o ultimo ano naquele colégio, ambas mantiveram uma ótima conexão. Depois não mantiveram mais contado, após a mudança de colégio...
Apesar de ter passado um ano conhecendo uma simples mulher que poderia esconder quem realmente era; Jane ficava feliz por reviver aquela boa oportunidade de conhecer alguém que não a olha tão esquisito quanto as outras pessoas. 

A amizade de ambas nunca foi tão forte quanto a que possuia com Giulia. Mas era o bastante para sentir a importância que aquela mulher também fazia em sua vida.
E agora Jane estava chorando.
Chorando por lembrar daquela mulher, por escutá-la. Por escutar a sua morte e não poder fazer exatamente nada.
Willis podia se culpar, culpar igual fazia algumas vezes. Mas sabia que aquilo não aconteceria se não fosse por causa do Kyle.
Foi então que Jane percebeu, que além de um outro assassino a solta por toda a regiao Norte da Califórnia. 
Havia realmente um outro assassino.
A única diferença; na qual a frustrava muito. Era que de fato, poderiam encontrar e prender o suposto assassino que tentou mata-la,   matar Kenan, e supostamente os desaparecidos. Mas Kyle não. Kyle era de certo, o único assassino que os investigadores fariam questão de cobrir seus rastros.
Alguém bateu na porta suavemente. Tal ato fez Jane pular da cama despertando de seu transe. Ela olhou totalmente desfocada para a porta, deixando o medo faze-la pensar ser ele de volta.
-Querida? -Tom a chamou através da porta.
Willis hesitou avançar um passo, mas logo andou as pressas na direção da porta e girou a chave para então destrancar a porta.
Tom tinha uma expressão franzida, e olhou curioso na direção de sua pequena antes de entrar em seu quarto, seu rosto pouco enrrugado numa expressão tão exausto quanto preocupado, as olheiras formavam-se cada vez mais profundas em torno de seus olhos azuis escuros, seu cabelo estava totalmente bagunçado e grisalho.
-Porque trancou a porta filha? -Ele perguntou preocupado com a moça, repousando o copo com água que antes segurava, sobre a mesa de estudos.
-Bem...Eu me sinto mais segura assim.-Respondeu encostando a porta. -Esta tudo bem com você pai? -Jane se sentou na cama voltando ao seu cantinho, onde se acomodava encostada na cabeceira. Ela checou o alarme ao seu lado, onde percebeu que passava-se das uma da manhã; porém não fazia muito tempo no qual tivera aquele encontro totalmente horrivel com Portman. 

-Eu e sua mãe perdemos o sono.-Ele disse tirando os óculos de grau, usados para leitura, e os colocando na escrivaninha.-Nós ficamos preocupados com você. -Tom arrastou a cadeira que até então permanecia no canto da escrivaninha, e se sentou mais próximo da cama de Willis. 

-E onde está a mamãe? -Jane olhou para a porta então engoliu em seco e retornou a focar em seu pai. -Ela chamou Kyle pra cozinha e não voltou mais... 

-Estavamos conversando com ele.-Seu pai deu um sorriso gentiu, que quase era coberto pelo seu bigode. Segurou a mão da filha, e ergueu a sombrancelha. -Ele se preocupa com você assim como nós. 

 Willis suspirou tristemente, mas se esforçou para manter sua postura cuidadosa perante ao que poderia dizer. Na boca da corajosa Willis sairiam palavras como "Kyle matou Juliet, ele apareceu esta noite para me assustar, e ele é o garoto que eu disse que não me deixava em paz".

Suando frio, ela apenas murmurou:

-Eu apenas tive um pesadelo pai.-Fez uma pausa quando sentiu uma leve dor na cabeça, acontecia quase toda vez que pensava em tantas coisas ao mesmo tempo. Ah. Aquilo era demais para ela. -Não quero que vocês se preocupem comigo a ponto de prejudica-los. 

-E desde quando estamos sendo prejudicados!?-Ele riu a tratando como uma garota bobinha. Mas Willis era boa em saber de algumas verdades, principalmente da sua família. 

-Pai, você está fedendo a café!-Ela afirmou impaciente.-Aposto que precisou tomar uma caneca cheia para se manter acordado e cuidar de mim. 

-Querida, eu entendo que você não queira isso.-Tom assentiu, mas apontou para a janela. -A questão é que tem alguém lá fora esperando pela oportunidade de mata-la. Eu quase deixei isso acontecer com você.-Ele fechou os olhos.-Eu disse que te protegeria não importa o que acontecesse. -Uma lágrima escorreu lentamente pelo rosto meio envelhecido de seu pai. Ver aquilo era tão chocante para ela quanto para ele. Willis odiava vê-lo assim, acabado. -E odeio ver você assustada minha filha. 

-Pai...-Jane sorriu suavemente e limpou a lágrima que escorreu lentamente. Ele a olhou triste, tanto ele quanto Diandra não iriam perde-la, não queriam.-Veja bem, eu estou protegida.-Willis mentiu, odiava mentir para seu pai. -Tenho vocês, Candy e os oficiais que estão vingando o território através da monitoração de câmeras.-Ela pensou em mais algo que pudesse conforta-lo. -Ei, tem até os policiais que estão vagando pelas ruas em busca de algum suspeito.-Revirou os olhos. -Claro que eles só pensam em comer as rosquinhas que as cafeterias do centro da cidade servem, mas eles estão prontos para nos ajudar. -Ele deu uma risada curta e assentiu. 

-E você sonhou com o assassino? -Questionou. 

-Não, sonhei com algo diferente, mas você não deve se preocupar, tudo bem? 

-Nada que possa ser um aviso, não é? 

-Nada que possa ser um aviso.-Ela repetiu passando uma falsa confiança de uma garota destruida por dentro.

-Não sei se posso me sentir melhor.-Disse cansado.-Mas se você esta bem, me sinto aliviado. 

Jane sorriu e se distraiu com a coberta sobre si mesma. A sua mente projetava uma imagem de Kyle sentado, tão próximo dela quanto poderia pensar, brincando com o tecido da coberta, seus dedos caminhando sobre a lateral do seu corpo, seu sorriso. O jeito que a olhou quando ela o machucou. 

-O que estavam conversando? -Jane se mexeu desconfortável voltando a encarar seu pai. 

-Quem? 

-Mamãe, você e Kyle.-Lembrou. 

-Ah sim! -Tossiu. -Estavamos falando sobre os seus delírios.-Ele arrumou a postura. -Sabe, eu acho Kyle um garoto muito inteligente e confiável mais não acho que a palavra "delírio" seja necessária para resumir porque você estava gritando. 

-Concordo. -Jane ergueu o queixo. 

-Mas você não precisava ter mordido o garoto.-Seu pai deu uma risada.-Sua irmã esta enfaixando a mão dele. 

-Discordo.-Jane protestou.-Eu me defendi de um homem que apareceu no meu quarto. -Ela deu de ombros. 

-Estava claro que era Kyle.-Papai suspirou.-Você se defendeu é claro mas, Portman não é o tipo de homem que deve se preocupar, tudo bem?-Ele bagunçou o cabelo dela. 

Jane o analisou seriamente, era doído ouvir aquilo de seu próprio pai. 

-V-você confia nele? -Willis perguntou, entre gaguejos. 

-Se eu confio nele? -Ele riu como se a pergunta fosse boba, se esticou encostando as costas no encosto da cadeira, e deixou as mãos dentro dos bolsos no roupão marrom que usava.-Não, não confio.-Respondeu.-Sabe querida, existe uma solução para a nossa sobrevivência chamada "confiar, mas com um pé atrás". 

-Uma confiança desconfiada? -Jane riu, brincando. 

-Uma confiança desconfiada! -Ele repetiu rindo também. -Bem, você nunca sabe quem é que vai estar com planos ruins para você.-Ele fez uma pausa e adicionou. -A não ser que você possa ler mentes. -Ele a olhou desconfiado. -Você lê mentes? 

- Não que eu saiba. -Jane riu. 

-Então, nunca confie em ninguém! 

-Oh! Então você não confia na mamãe? -Jane fingiu estar chocada. 

-Claro que confio. -Ele deu de ombros.-Mas o que impede ela de pegar uma daquelas facas assustadoras que ela comprou no supermercado, e me matar? -Propôs.

-Aquelas facas são assustadoras.-Pensou.

-Concordo.-Ele sorriu.-Mas o que eu estou querendo dizer; é que você não pode confiar em ninguém. Você pode desconfiar da pessoa mais ruim, mas quem vai garantir que seja ela quem você deve mesmo "desconfiar".-Ele apontou para ela. -Pode ser qualquer um dos seus amigos, ou colegas de classe ou... 

-Ou pode ser Kyle. -Jane sentiu o coração disparar naquela tentativa frustrada de tentar fazer seu pai entender alguma coisa. 

-Sim, até ele também.-Pensou Tom.-Apesar de não possuir total confiança, ele é um ótimo rapaz. Sinto que ele esta na nossa família para ficar!. 

Willis suspirou irritada. 

-O que foi? 

-Nada pai... Eu só estou cansada. Mas não sei se consigo dormir depois do pesadelo.-Jane se deitou, a cama parecia desconfortável agora. 

-Hum...então vou cantar alguma música que eu conheça. -Tom coçou o bigode, e depois pegou a caixinha de música que estava sobre a escrivaninha ao lado. 

-Não quero ter mais um pesadelo!-Willis brincou fazendo o homem ao seu lado dar uma longa risada. 

Mas Jane Willis estava apenas brincando, algo divertido para ela naquele momento era melhor do que lembrar-se do que passou a pouco tempo com Kyle. Ela sabia que não  iria esquecer do que houve naquela noite. Mas de fato, faria seu esforço para não lembrar-se daquilo toda vez. 

Seu pai pegou uma de suas músicas preferidas de uma banda de Jazz, ele não cantava tão mau assim. Jane gostava de ouvir seu pai cantar, gostava de voltar ao tempo em que era criança e ele cantava algo para ela todas as noites, quando Candysse e Jane eram mais unidas. 

Aos poucos, o ouvindo cantar, os olhos de Jane foram se fechando vagarosamente. Ela tinha medo de abri-los e não encontrar mais seu pai sentado ao lado dela. Mas, aproveitando aquela oportunidade, a única coisa que Jane se deixou levar, foi pelo seu sono. 

Sem sonhos. 

Sem pesadelos. 

Ou ao menos algo que se lembre enquanto dormia. 


                    *  *  *


Naquela manhã o Sol trouxe uma cor alaranjada e roxeada ao céu, trazendo vida tanto as árvores com folhas secas de outono, quanto aos cantos de alguns pássaros por aquela região. Viver ali era maravilhoso para Willis, que havia acordado cedo, no horário comum no qual costumava acordar para ir a escola. Mas lidando com a realidade; ela podia sentir um segundo de paz a contornar como uma benção. Até lembrar-se do que realmente houve. 

Jane parou de espreguiçar-se e junto ao seu sorriso, sua paz também havia desaparecido, numa bipolaridade causada não só por ela. 

Ela bufou com o rosto afundado no travesseiro macio. 

-Bom dia querida!-Seu pai apareceu no quarto, Jane o espiou sentindo que daquela vez tinha mais forças para levantar da cama com disposição. Tom arrumava sua gravata agilmente. 

-Bom dia. Pai. -Jane se levantou, e ignorou os óculos sobre a escrivaninha. 

-Você dormiu como uma marmota. -Ele brincou terminando De fazer a gravata, usava calça social marrom, uma blusa social branca e uma gravata listrada. Seu bom humor estampado em sua face, deixava claro que não esteve incomodado em cantar para ela. 

Jane se levantou e foi em direção ao seu pai que permanecia parado na porta, agora colocando seu terno. Ela de um jeito nada discreto espiou o corredor. 

-Onde esta mamãe? 

-Esta na cozinha tomando café.-Ele piscou. -Hoje foi a minha vez de fazer café da manhã. 

-Coitada. -Jane sussurrou. 

-Hum? -Estreitou um olhar desconfiado da direção de Willis. 

-Ele esta aqui ainda? -Jane sussurrou.

-Ele quem? -Perguntou em tom alto.

-Shhh. -Willis se aproximou.-O kyle! 

-Ele saiu mais cedo. -Respondeu.

Jane suspirou de alívio e se encostou na porta. 

-Porque esta assim? Ele é um bom rapaz. -Seu pai andou pelo corredor e se olhou no espelho que havia pendurado sobre a parede. 

-Ele esta buscando a sua motocicleta...-Completou. 

-A minha AWD? -Os olhos negros da garota brilharam de felicidade, mas ela conteve a animação. Tom lançou outro olhar desconfiado na direção de Jane e disse:

-Estava a três semanas pronta, mas não tive tempo de busca-la, também sempre esqueciamos. Então ele fez esse favor por mim.

-E teve muitos danos?-Questionou.

-Bom, a lataria da parte da frente amassou e algumas partes arranharam, sem contar algumas peças quebradas. -Ele disse, fechando os botões das mangas do terno. -Me disseram para comprar uma outra da mesma marca, mas... Eu sei que ela é unica pra você. 

-Obrigada.-Jane correu para abraçá-lo e assim que o fez, ignorando seu pai surpreso, sentiu uma dor leve na costela; entretanto também ignorou. 

-Vá descer e tomar seu café.-Ele sorriu. 

-Tudo bem, ja vou. -Jane entrou em seu quarto e encostou sua porta; ela mau podia conter sua vontade de sair de casa pilotando sua AWD. Mesmo tendo a conciencia de que não o faria tão cedo. Willis vestiu uma calça verde musgo leve e folgada, junto com uma blusa de calor branca. Então foi ao banheiro onde por um momento se permitiu olhar-se no espelho. Fazia um tempo que não se via desde o então acidente (proposital). Ela esta inteira, não havia nenhum ferimento em seu rosto exceto um corte médio na lateral de seu maxilar, quase imperceptível. Mas mesmo assim, não se importaria se tivesse uma grande cicatriz em seu rosto. Jane ja não necessitava das faixas pela cabeça, assim como não precisava das máquinas hospitalares. E estas não estavam mais no local. Ela estava bem, como a sorte lhe permitiu estar. Ela arrumou seu cabelo ajeitando a franja. A algum tempo não lhe dava esta oportunidade de vestir-se do jeito que gosta ou arrumar-se do jeito que se sente bem. 

Willis saiu do banheiro e em seguida, de seu quarto e desceu as escadas, ela ainda podia esperar pela mesma cena do garoto sentado sobre a bancada de bar. Ele sabia que ela o veria ali, ele a provocava do jeito lento, no qual a corroia. 

Ao invés do que poderia imaginar, encontrou sua mãe sentada na cadeira de frente para a mesa junto com Candy; e mais ao lado próximo a sala, estava seu pai próximo a porta, bebendo alguns goles de seu café enquanto observava o pouco movimento do lado de fora. 

-Bom dia. -Jane disse terminando de descer os últimos degraus. 

-Bom dia querida, esta tudo bem com você? -Diandra se aproximou da filha analisando suas vestes com um sorriso orgulhoso estampado no rosto. -Esta linda. 

-Eu estou bem... E. -Jane olhou para Candy, mas esta desviou o olhar.-Obrigada. 

-Seu pai fez panquecas. -Sua mãe disse voltando a se sentar.-Mas espero que goste do gosto. -Sibilou para alguma coisa meio queimada em cima de um prato na mesa.-Além de ter queimado, confundiu o sal com açúcar. -Fez careta. 

-Adoro novas aventuras na culinária.-Jane se esforçou para não rir, e se sentou na cadeira de frente para Candysse.-É sempre bom arriscar, não é mesmo papai? -Dirigiu-se a ele. 

-Sempre bom. -Ele concordou vindo para se sentar na cadeira ao lado dela. 

-E qual é o plano que você tem pra hoje? -Diandra perguntou olhando curiosa para Candy. Os olhos azuis da irmã brilharam quando a mãe lhe perguntou sobre o que faria, Ela não soube esconder seu sorriso. 

-Bem, eu vou sair com o Kyle hoje.-Ela limpou a boca com o guardanapo de papel. -Na verdade, ele ja vai me buscar. 

-E que horas vocês voltam? -Jane perguntou interessada na conversa. 

-As cinco. -Ela afirmou. 

-Bem, tome cuidado. -Foi tudo o que Tom disse a ela, lhe dirigindo logo após um sorriso gentil. 

A vontade de Jane Willis naquele instante, era de se levantar e protestar contra o garoto no qual todos pensavam ser um ótimo rapaz. 

Algo como:

"vocês estão cegos? Não conseguem ver ou perceber que a única pessoa desse casa que se sente incomodada é eu? E que de fato estou certa!? "

E isso era bem convincente para ela. Mas, mesmo sem a presença de Kyle, falar algo parecia perigoso e arriscado. E ela deveria manter isso se não quisesse ver outra pessoa morta. 

-Hum... -Papai lembrou. -Parece que uma professora chamada Juliet suicidou-se. 

-Fiquei sabendo. -Diandra disse enquanto lia uma revista.-Parece que ela estava em depressão após suas duas filhas adolescentes desaparecerem. -Comentou.-Mas não estava na mídia, as notícias correm por aqui com relação a moradores próximos.-Diandra parecia triste com a notícia. 

-Ela é maravilhosa, não? -Candy perguntou mostrando uma revista que tinha em mãos. A revista entre uma das mais lidas e valorizadas do mundo, mostrava além de seu nome (TopStars&Artistas); uma mulher centralizada na capa. Ela tinha cabelos lisos castanhos, uma face pouco jovem, e olhos verdes um pouco parecidos com alguém...

Se Jane se importasse com revistas femininas e mídia de celebridades, reconheceria de vez. 

-Bertha!-Tom disse surpreso. -Parece mais jovem. 

-Plásticas. -Diandra o olhou enciumada. 

-Não importa. Minha sogra é maravilhosa, não? -Candysse continuou a mostrar a mulher que estava presente em algumas páginas da revista. 

Jane olhou para aquela mulher novamente, e reconheceu os olhos dela tão parecidos com os do filho. Ela exalava poder e um sorriso tão venenoso quanto uma cobra prestes a atacar, ela podia deduzir aquela mulher apenas checando sua postura e suas fotos. Bertha de fato era o tipo de mulher que almejava a beleza e a luxúria. Willis tentou ignorar a surpresa que sentiu ao perceber que era a mãe de Portman. 

-Bem, mas querida. Estavamos falando de uma pessoa que morreu recentemente. -Tom a interrompeu de tagarelar sobre a mulher na capa. 

-E qual o problema?. -Candy ergueu uma sombrancelha. -Pai, ela já morreu, não dá pra ficar se lamentando a toa. Ainda mais nem conhecemos ela... 

-Eu conhecia Juliet.-Jane a interrompeu. Candy parou de bebericar seu café. Seus pais olharam para Willis surpresos, mas ela estava irritada pela falta de comoção da irmã. -Eu a conheci, e posso dizer que ela era bem melhor do que você. Sabe porque? Porque ela me ensinou a se importar com quem você não conhece.


                     *  *  *


Eram duas da tarde, geralmente Jane poderia estar na lanchonete com a sua amiga popular do colégio. Ou melhor do que isso, poderia estar com Kenan em algum lugar. Mas ela sabia que não poderia fazer aquilo. Uma vez que, resolver aquele impasse colocado em sua vida chamado (kyle) era desafiador. Ela não poderia arriscar. Como havia pensado mais cedo. 

Era frustrante para Willis ficar parada, ou até mesmo assistir televisão. A mídia esta segurando o caso dos desaparecimentos, mas aos poucos a própria população da Califórnia ficaria sabendo dos casos. Agora, nem mesmo estudar, escrever um livro, ou até mesmo ler um, fazia sentido para ela. Não podia culpar-se, Jane gostava de fazer muitas coisas, de oculpar-se durante o dia e a tarde, e descansar o bastante a noite.   

Ela estava do lado de fora da casa; Jane sabia que não poderia sair, para manter-se viva. Mas sabia que os "vigilantes oficais" estavam a vigiando naquela van branca. Mas ela duvidava muito que eles fossem proibi-la de sair. A garota estava em seu quintal, e além disso, ela estava atenta a qualquer movimento. Ela estava sozinha, em casa, seus pais haviam saído para trabalhar e Candy agora esta se divertindo com o assassino de Juliet. Fizera algum tempo que isso Aconteceu. De ela estar sozinha. 

Mas sentiasse bem, aproveitando seu momento para analisar cuidadosamente sua AWD. Ela estava intacta, um cheiro de produto de limpeza não agradava muito a jovem, mais a mesma admirou o belo trabalho que haviam feito nela. Na lataria traseira da moto seu nome foi marcado em letras puxadas e belas. 

Jane Willis. 

Os dedos passaram ansiosos pelo acelerador da motocicleta, ela sorriu. A única coisa que de fato Jane estava ficando obcecada, era por motocicletas. 

Ela olhou para a calçada da outra rua, além do caminho de árvores sobre esta, passou uma figura rapidamente, era um homem que corria afim de fazer uma caminhada matinal, mas Jane sentiu-se alarmada. E por tal ato recuou apressadamente para dentro de sua casa. 

Ela limpou a testa como se suor escorresse dela e trancou a porta. A pele arrepiada e o coração acelerado dava a ela o simples fato de que estava em pânico. 

Mas era apenas um homem caminhando. Ela esta protegida. Segura. 

Jane foi até a cozinha e espiou a janela enquanto enchia um copo com o café, após colocar uma capsula de café com canela na máquina de cafeteria. No final, tinha um gosto bom, e o líquido quente aqueceu seu corpo. Então ela se acomodou no sofá da sala. O cômodo estava incrivelmente confortável, as cortinas azuis claras cobriam toda a extensão das janelas, deixando o ambiente não muito iluminado. 

Willis se cobriu com um leve lençol azul e bebericou seu café enquanto refletia sobre o que havia feito hoje mais cedo. 

Jane enviou uma menssagem para Giulia, lhe dizendo para ela não visitá-la mais, porque queria ficar sozinha. E que Giulia não podia dizer mais nada do que sabia para ninguém. Willis pediu para que ela passasse esse recado para Kenan. Ela não queria ter que ouvir ele questionar sobre o porque ela estava agindo daquele geito. A resposta era que ela nunca reagiria assim. 

Mas além disso, ela estava irritada pela a atitude de Candysse para com a falecida Juliet. 

Candysse realmente nunca se importou com pessoas que não conhecesse profundamente ou que não a interessasse. Mas desta vez, a garota havia sido hostil perante tal ação. Juliet era importante para Jane, e mesmo Candy não a conhecendo, devia ao menos consolar ou dar seus pêsames. 

Mas ela apenas ignorou o comentário de Willis, fazendo um biquinho comum e fechando a cara. Os pais dela por outro lado, mesmo não sabendo, tentaram consolar Jane. Mas ela não precisava daquilo, ela estava aguentando, tentando não chorar na frente deles feito uma criança emburrada. Estava lutando para não dizer a verdade; que Juliet havia sido morta, e não havia tirado a propria vida. Ela não faria isso. 

Mas parece que para a polícia. A depressão dela, após perder suas filhas, é o bastante para justificar o suicídio.

Ela respirou fundo, lamentando-se não ter dito que concordava com a proposta de Kyle a tempo. Caso isso tivesse acontecido, quem sabe ela  estivesse viva naquele exato momento, alimentando esperanças de que suas filhas estariam de volta. 

Alguém bateu na porta despertando a atenção de Jane antes focada no passado. Ela pensava que ficaria sozinha, ou em paz por pelo menos algumas horas a mais. Pelo visto, aquilo não seria possível tão cedo. Temerosa, ela andou lentamente na direção da porta, assim que alguém tocou a companhia. A sombra atravéz do vídro esfumaçado da porta mostrava o semblante de um homem. 

Jane com o coração disparado, comecou a reconhecer a figura através dela. Assim que abriu a porta, deu de encontro com Kenan. 

-Willis? 

-Kenan? -O queixo de Jane caiu. 

Ele sorriu apoiando-se no guia de ferro que mantinha sobre uma mão. Ele vestia um casaco marrom por cima de uma blusa preta, apesar da tarde estar um pouco quente ele parecia não se importar com o calor. Usava calças surradas e seus velhos sapato marrons. O cabelos até o pescoço meio bagunçados, davam graça junto com o sorriso que exibiu. Os olhos azuis estavam um pouco escuros. 

Uma felicidade contornou a garota por completo. Como um cachorro animado prestes a ter seu osso. Ela abraçou o garoto com toda a força e vontade que sentia. 

-Kenan...-Ela riu ainda em seus braços, afundando seu rosto no casaco dele, ela pode sentir o cheiro do tecido e de roupa limpa, o que era totalmente agradável e familiar para ela. Os braços dele passaram pela cintura dela, a puxando mais para si, Willis sentiu que estava corada naquele instante. Quantas vezes ela não pedia por aquilo? Por estar nos braços dele. A jovem sentiu uma alegria constante, e agora sentia-se mais protegida. 

Ela se afastou, o sorriso que antes permanecia estampado em seu rosto, havia desaparecido. Uma dor profunda atigiu o estomago dela, com a verdade que começou a lembrar-se. 

Kenan não podia estar ali. 

-O que você esta fazendo aqui? -Jane disse boquiaberta e o puxou para dentro de casa, e antes de fechar a porta; checou os dois lados da rua. 

-Como assim? -Ele franziu o cenho.-Willis, vim para ver você.-Deu de ombros. 

-Qual é o seu problema!? -Ela disse ainda indignada, talvez estivesse assim, pela visita repentina; da pessoa que ela amava, mas por outro lado, em risco naquela casa. 

-Tenho muitos. -McKausen deu um longo suspiro. 

-Tudo bem. -Jane puxou seu braço e o guiou até a sala, onde ambos se sentaram no sofá. 

-Todos nós temos problemas.-Kenan disse, olhando para ela.-O nosso maior erro é escondê-los. E você sabe. 

-O que está querendo di... 

-Estou dizendo que não acredito que você queira um tempo pra você, nesta casa.-Interrompeu.-O que você mais quer, é poder estar devolta livre por ai como antes. 

-E como acha que está certo? -Jane se encolheu, os olhos começavam a lacrimejar, com medo de não conseguir esconder nada dele. E sofrer as consequências. 

-A sua voz tem um tom de hesitação, deixando claro que você esta tomando cuidado com o que diz, por alguma razão. -Ele se aproximou. -Willis, você quer mesmo esconder seu problema? 

Ela não aguentou ouvir aquilo, era tão aliviador saber que alguem podia perceber que ela estava escondendo algo. 

-Vou buscar um copo d'água pra você.-Ele se levantou, uma expressão preocupada era visível em seu rosto. 

-Kenan, não precisa. -Jane saiu do sofá, e se pôs em sua frente o abraçando. 

-Willis... -Ele suspirou largando o guia, um braço puxou a cintura dela para si, enquanto ele acariciava os curtos fios do cabelo dela. 

-Eu não quero que você ache que sou uma mentirosa!-Willis dizia num murmurou, a voz baixinha dizia o quão estava machucada sentimentalmente. 

-Não acho que você seja uma mentirosa.-Ele disse calmo, sua voz próximo ao ouvido da jovem a deixava tranquila. 

-Mas eu não posso dizer algumas coisas.-Fungou. 

-Eu entendo. Veja só. -Kenan afagou os cabelos da jovem.-Tem algumas coisas que eu precisava te dizer sobre Portman, mas ainda não é a hora, quer dizer...não sei como vai lidar com isso.-Explicou.-Mas posso dizer a você a qualquer momento, e você? Pode? 

Jane Willis pensou rapidamente e negou com a cabeça.

-Não...

-Então. -Ele fez uma pausa.-O que me leva a pensar que você esta sendo obrigada a não contar algumas coisas; é o fato de que você está tremendo.-Analisou.-E eu sei que você está tentando se controlar com relação a algo. Da pra sentir isso em você. -Ele terminou enquanto ela pensava no que faria. Willis sabia que teria mais tempo com Kenan ali, e que Kyle não voltaria tão cedo, muito menos Candy, ela poderia contar para o rapaz que estava abraçada naquele instante e talvez McKausen possa ajuda-la. 

Não teria como Kyle Portman saber do que houve. 

Seria o segredo dela, de Kenan, e também de Giulia. E então poderiam arrumar algum jeito de provar que Kyle era o assassino de Juliet. 

Seja o que for. 

-Giulia me disse que o pai do Kyle andava encobrindo tudo que o filho tramava na cidade.-Jane sussurrou, para que ninguém ouvissem, somente eles, ainda mais do jeito que estavam, abraçados recebendo o calor corporal um do outro; era o jeito mais seguro.-Ela soube disso através do Connor. Ele estava bêbado quando disse. 

-Você não pode contar isso para ninguém Willis, entendeu? -Kenan cortou a conversa, e se afastou segurando delicadamente o rosto da garota, os olhos de ambos se fitaram no mesmo instante. -Não importa o que você sabe sobre Kyle, não deixe Deixe que ele descubra que você sabe.-Pediu, a expressão extremamente séria explícita no rosto dele, dava a vaga sensação de que de fato, Jane não devia ter deixado Portman descobrir aquilo. 

-Ele já sabe.-Ela sussurrou. -E ele me disse coisas...Ele me ameaçou, me obrigou a parar de ver você e a Giulia, e que se eu contasse algo sobre o que sabia para alguém, ele mataria as pessoas que eu amo. Kenan, ele matou a Juliet, eu ouvi ela no celular, gritando por socorro. Ele a matou! Entende? 

O garoto fechou os olhos e respirou fundo, ele sabia que havia jogado mais fogo na lenha. E principalmente, Kenan sabia que estava se intrometendo no jogo de Kyle e Jane. Mas ele poderia se sentir melhor, arcando com as consequências, se por isso salvaria vidas de pessoas tão preciosas como Willis. 

E ele não era espacial, e era por isso não tinha medo de se arriscar tanto. 

Aquele era o problema de Kenan, ele não tinha medo das consequências. 

-Quando ele entrou em contato? -O garoto perguntou mantendo a calma, e sendo atencioso com Willis. 

-Ele estava aqui em casa! -Jane explicou.-Ele fica aqui todas as vezes, e não posso reclamar, ele esta na nossa familia agora, esta com a Candysse. 

-Ele esta fazendo para provocar você.-Kenan murmurou, tentando ao máximo entender a jogada de Kyle Portman.

-Porque ele esta fazendo isso... 

-Ele sabe que nas primeiras oportunidades você contaria algo aos seus pais.-Ele interrompeu.-Agora que provavelmente tem a confiança deles, sua família não é mais uma ameaça pra ele. Isso quer dizer que qualquer coisa que você faça...-Ele fez uma pausa, antes olhando para o chão, agora voltava a encarar Jane.-A sua família estara a favor dele, sem saber que está sofrendo as consequências. 

-Kenan, não sei o que eu faço.-Disse ela, com voz de choro, mas não faria nada a sua frente que demonstraria sensibilidade, ela era forte.-Ele não quer que eu veja você e Giulia, não posso dizer nada a minha família ou  caso, ele pode matar alguém. Pensei em contar aos detetives, mas um deles é da Califórnia e o outro, mesmo sendo de Chicago, nem sei se posso confiar. Quem garante que eles não trabalharam para os problemas particulares do Kyle. 

-Escuta.-Kenan segurou o rosto dela com um pouco mais de força, fazendo com que Jane parece de pensar em tantas possibilidades; eles estavam próximos um do outro. Aquele ar de proteção que ele exalava, trazia conforto para ela, porém ao mesmo tempo, desespero. Medo de perder aquele conforto para sempre. -Escuta... -Ele murmurou.-Eu tive uma conversa com esses detetives. Um deles, o Detetive Antonelli, você não deve confiar nele. Ele é um dos amigos do Kyle, e não acho que estaria ao seu lado caso você diga algo refente ao rapaz.-Afirmou.-Porém o detetive de Chicago, bem, não da pra saber qual é a dele ainda. Se esta nessa para descobrir as fasanhas dos departamentos daqui, ou se esta para ser mais um deles. De qualquer forma, não os conte nada. 

-Tudo bem... 

-Você não vai se livrar das ameaças do Kyle enquanto ele ainda estiver aqui.-Disse com tom sincero.-Tenho uma idéia...

Um barulho ecoou chamando a atenção de ambos. Jane deu um pulo, assutada, e virou colocando-se na frente de Kenan. 

A porta se abriu numa violência absurda, e o que ela menos esperava aconteceu. 

Kyle já estava na porta da sala, sua expressão era neutra, mas ela podia notar um pingo de irritação em seus olhos verdes, agora mais escuros. Ele encarou os dois, nada surpreso ao vê-los ali. Olhando de Kenan para Jane, aquele sentimento de culpa não hesitou em passar pelo coração acelerado da moça. 

O garoto sorriu e disse:

-Mas que surpresa agradável! 



Notas Finais


Para as leitoras: Desculpem pela demora; muitas complicações no dia-a-dia. ~~Tia Coruja.


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