História Ele vai voltar. - Momentos

Ando de volta para o bar da boate, desejando mais um drink, acho que já era o quinto da noite, e eu queria mais, muito mais. Apoiei-me no balcão do bar e me inclinei para frente ficando mais próxima do barman gato.

Quando eu digo gato, era GATO mesmo. Aquele cara tinha um corpo definido mas não bombado, com um cabelo vermelho vivo que nitidamente era tingido, com um corte raspado dos lados e com aquela franja comprida, arrumado para trás com gel, ele possuía um olhar penetrante enquanto vinha em minha direção para me atender, escapando pela manga da camisa de uniforme preta dava para ver que escapava uma tatuagem que parecia ser daquelas tribais, indo até um pouco abaixo do cotovelo. Uma coisa entre o estilo Badboy e Rappers. Com certeza ele era muito o meu tipo.

-Quero mais um Sex On The Beach, por favor. Falo acima da música, tamborilando os dedos na madeira escura e sorrindo abobalhada.

-Bebendo para esquecer alguma coisa? O barman pergunta enquanto preparava minha bebida.

-Isso não é da sua conta. Falo dando uma piscadinha para ele e ele sorri de volta.

-Okay, só que acho que você deveria ir devagar, já é a sétima bebida que eu te sirvo, e já vi muitas meninas na mesma situação que você por aqui e normalmente não acaba bem, então só quis ter certeza. Ele olhava para mim enquanto falava.

-Eu vim para me divertir e não para ter uma seção de aconselhamento com o barman. Provoco.

-Há outras maneiras de se divertir, sabia? Ele coloca a bebida pronta na minha frente e se apoia com as duas mãos no balcão se aproximando com um sorriso sugestivo.

-É? Diga-me uma melhor então. Encaro seus olhos enquanto dou um gole na minha bebida. Nos encarramos por alguns longos segundos até que ele se afasta.

-Deixa para uma próxima, hoje estou de serviço. Se afasta e se escora na estante de bebidas cruzando os braços.

-Frouxo. Gesticulo com os lábios e começo a me afastar.

-O que você falou? Ele grita para que eu possa escutar, já que estava a alguns passos longe do bar.

“Homens, é só ferir o ego que as coisas mudam... ”

-Acho que você entendeu. Tento fazer uma cara sexy e provocante, que até que deu certo, quando me apoio novamente no bar.

-Quer mesmo curtir com estranho? Diz sério.

“Ele fica sexy falando assim... HAHAAHHA Já não estou pensando direito. ”

-Humm, qual o seu nome? Brinco com meu copo enquanto falo.

-Renji. Responde simples.

-Okay Renji. Dou uma estendida no “i” do final do nome dele. – Sou Angie, muito prazer. Estendo minha mãe para ele.

-O prazer é todo meu. Ele aperta aminha mão.

-Pronto, agora não somos mais estranhos, certo? Tomo o último gole do meu drink.

-Não, não somos. Ele sorri.

-Ei barman, estou querendo uma bebida aqui, pode ser? Alguém grita na outra ponta do bar.

-Vai lá, daqui a pouco volto para mais um drink. Dou um tchauzinho e volto mexendo meu corpo no ritmo da música para perto do Kise-chan e do Taiga, que já me olhava de cara feia.

Sete Sex On The Beach e eu ainda não consigo parar de pensar nele, apesar de que agora as únicas coisas que eu lembro são flashes dos nossos momentos juntos, os sorrisos, os olhares, os toques dele na minha pele, as caretas de ciúme quando eu estava perto do Taiga. Nem a música e nem o alto teor de álcool no meu corpo me faziam parar de pensar, já estava com raiva que mesmo depois de tudo o que aconteceu, da traição, do termino, depois ele na casa do Taiga debochando da situação. Tudo isso fazia meu corpo ferver e dançar cada vez mais, não parava quieta um segundo se quer, nem mesmo quando sentei para descansar um pouco as pernas, meus braços sacudiam seguindo o ritmo frenético da música.

-O que você tanto conversava com o barman? Taiga perguntou sem nenhuma delicadeza.

-Não é da sua conta.  Coloquei um dedo em sua bochecha virando o rosto dele para o outro lado.

Ele me olhava irritado, decepcionado, mas não ligava para o que ele sentia naquele momento, o álcool estava entrando no seu efeito máximo.

-Acho que está na hora da gente ir embora. Ele confere a hora no celular. – Já são 3 da manhã.

-Eu quero mais uma bebida. Ignoro ele e levanto indo mais uma vez para o bar.

Taiga segura meu braço grosseiramente, me segurando no lugar, o olhar dele dizia que se eu fosse para lá eu iria me arrepender, possivelmente iria me deixar ali sozinha, nessa hora me lembro que tinha ido até ali com o Kise -chan, e que no momento não estava à vista, ele já devia ter arrumado alguém e ido embora, volto a olhar para o ruivo e puxo meu braço. Eu queria mais um drink.  E eu iria conseguir.

Paro no bar, um barman moreninho iria me atender, mas Renji o impede dizendo que era para ele deixar para ele, o moreno rio sacana e foi atender uma outra moça que se aproximou bem alegrinha do bar.

-Mais um? Diz já pegando um copo para começar a prepara o drink.

-Com certeza. Sorrio fraco. Minha felicidade estava se esvaindo e isso não era bom, não ali.

-Está tudo bem? Ele pergunta sem me olhar.

-Acho que acabei de brigar com meu amigo que veio comigo para cá, e ainda por cima ele está com metade do meu dinheiro. Faço uma careta ao lembrar da última parte.

-E por que ele está com seu dinheiro?

-Para mim não beber todas, com o que eu tenho só dá para mais um desses. Aceno com a cabeça em direção a bebida.

-Okay, entendi. Ele coloca o copo na minha frente. – Então aproveite seu último drink da noite.

-Obrigado. Digo e dou um gole, acabo ficando por ali mesmo, não queria voltar para onde estava antes, algo me dizia que o ruivo não estava mais lá. -Que horas você termina aqui? Pergunto com quem não quer nada.

-Por que quer saber? Ele olha para o relógio no pulso, parece reconsiderar. -Daqui a 30min acaba meu turno.

-Quer ir lá para casa?

“O que diabos eu estava fazendo??  Eu sei o que estou fazendo, é claro que eu sei, mas eu não quero parar, quer dizer meu corpo não está obedecendo minha cabeça mais. ”

-É... Lá para casa ou prefere ir para a sua? Dou o último gole.

Ele parece ponderar de novo. Dava razão a ele, uma qualquer que apareceu ali para beber para esquecer das coisas, tomou a noite toda um dos drinks mais fortes daquele lugar, que já está nitidamente bêbada e ainda te chama para ir dormir na casa dela ou na dele, tanto faz, sem se conhecer é de ficar com uma pulga atrás da orelha. Eu também deveria ficar, vai que ele é um estuprador.

Depois de mais umas olhadas dele entre mim e o relógio dele, ele se afasta indo até um dos outros barmen, eles conversam por alguns minutos, eles olham para mim em algum momento, o outro suspira e faz um positivo com a cabeça, Renji dá um sorriso para ele e agradece, logo ele está de volta tirando o avental. 

-Vamos, você lembra onde mora?

Ele passa um dos braços pela minha cintura, aquilo fez meu corpo arrepiar e esqueço até de responde-lo, ele percebeu isso. Guiou-me para fora dali, já no estacionamento ele anda em direção a um carro vermelho.

-Você gosta de vermelho ein. Comento. Ele sorri.

-Sim, gosto. E você vai me dizer onde mora? Ele destrava o veículo, abre a porta do passageiro me colocando sentada, se ajoelha na minha frente. – Você lembra onde mora?

-Sim. Digo fraco e lhe dou meu endereço, fico surpresa por conseguir lembrar.

Depois disso ele me ajeita no banco colocando o cinto em mim, anda para o outro lado e se senta atrás do volante, mal fechou a porta e já estava dirigindo para fora do estacionamento, pegando a mesma via que o Kise-chan havia pegado para chegar até ali.

Começo a prestar atenção no modo como ele dirigia, de repente ele me pareceu tão familiar, tão parecido com alguém que eu conheço, mais não consegui dizer com quem ele parecia. Meus pensamentos desviam disso e vão para a forma firme que ele segurava o volante, pensando em como seria se ele me pegasse com essa firmeza toda. A face séria ao ficar atento a estrada e aos sinais vermelhos. Observar ele tão concentrado em dirigir, parecendo tão seguro, juntamente com o nível do álcool no meu sangue, estavam me deixando excitada.

A única coisa que eu pensava naquele momento era chegar em casa e poder tirar esses sapatos de salto que estavam me matando, no meio do caminho até meu quarto roubar um beijo daquela boca meio carnuda dele, arrancar aquela camiseta preta meio apertada para seu corpo e descobrir como era o resto daquela tatuagem que ele tinha no braço, depois me livrar do restante de nossas roupas, cair na cama e ter a melhor noite da minha vida em comparação as últimas semanas.

É obvio que eu não estava raciocinando nem um pouco, havia muita coisa que podia acontecer. Ele podia negar ou não, ele poderia ter a iniciativa ou não, eu poderia ter um ataque de sobriedade e parar com tudo, haviam inúmeras falhas nesses pensamentos, mas no estado em que eu estava eu não ligava para nenhum desses detalhes e muito menos para as consequências. Por um segundo Taiga apareceu nos meus pensamentos e que logo foi jogado para longe quando Renji avisou que havíamos chegado.

Assim que ele estaciona na frente do prédio onde moro, desço sem a ajuda dele e já vou na direção do portão, esperando por ele ali, que não demora muito para estar ao meu lado. Ele mais uma vez passa o braço pela minha cintura, e andamos em direção ao elevador.

-10. Digo quando as portas do elevador se fecham.

Alguns segundos após as portas metálicas se fecharem olho para cima encarrando o rosto dele, o desejo transparecendo no meu olhar, emanando do meu corpo, eu queria ele, e ele havia percebido isso, até por que ele estava do mesmo jeito. Acho que era por causa do vestido vermelho que eu tinha escolhido usar naquela noite, e aquele cara tinha um fraco por coisas vermelhas. Um ponto para mim.

Não passou mais nem meio segundo depois daqueles olhares, ele se virou de frente para mim, avançou de vagar em minha direção me levando a encostar as costas no metal gelado, colando seu corpo no meu, aproximando sua boca da minha. Dali para frente não existia resistência nenhuma de ambas as partes, dali para frente aconteceria tudo e mais um pouco.