História Electric Love - ShinkamiKamishin - Eletric - Jirou?

Determinação era o que não faltava. Eu nunca fui de desistir fácil de nada. Se algo me era possível, então eu corria atrás feito um louco. Não importava o quão eu poderia ser usado no meio do caminho, ou o quão podia me machucar, eu iria correr e chegar aonde tanto desejava. E desta vez, não era diferente, eu só tinha dúvidas.  

As vezes pela manhã, me faltava um pouco de coragem, eu não chegava a ter ânimo. As vezes isso acontecia. Não sei se era questão de individualidade, mas eu acordava sem energias, e com mínimo esforço eu tinha que sair da cama, tomar banho e seguir com a vida. Mas tudo parecia falso demais, até mesmo eu. Minhas brincadeiras eram forçadas demais, minha masculinidade se tornava frágil, eu me tornava sedento com as meninas e recebia seu perdão porque simplesmente era mais gentil, mas nada me deixava muito longe de ser um Mineta. Isso, até eu conhecer ele. Ele era bonito, mas elegante, não ligava para nada, mas não era misterioso como todos pensavam. Algo nele me deixava inquieto, eu queria ser seu amigo, entender o que podia lhe deixar mal e o que fazia feliz, foi muito difícil, e estranho, em muitos momentos, eu podia sentir que algo, mas não fazia sentido, além da minha estranha aproximação por interesse.  

Vim buscar todos os dias seus conselhos, porque pareciam reais, não tão fora do mundo e eu sabia que podiam me encorajar, mas, eu sentia um vazio estranho. Como se estivesse errando, sem parar, teclando na mesma tecla e negando o visível. Mas, não chegava além de estranhar. No meio do caminho, eu já me sentia cheio, e com o fôlego preso eu apareci na frente da sala da Aliança da UA. 

   - Hey Kaminari! - Gritou Kirishima, me fazendo sorrir e erguer a mão para acenar para este. - Bro, carrega meu celular, esqueci de novo. - Ele coçou sua nuca e riu, mas eu revirei os olhos.  

  - Eu tinha lhe dito que não faria mais isso para você - Briguei de brincadeira. - Esqueceu que me chamou de covarde??? Eu não. - Todos caíram na gargalhada, mas eu estava mesmo com pressa e procurando alguém em especial. - Viram a Jirou?  

  - Ela foi com a Momo comprar as bebidas.  

  - Ok! - Estava ainda mais animado, parecia que nada estava mais no meu caminho e eu poderia chegar com força.  

Meu coração estava acelerado, meu peito apertado, eu podia sentir a falta de ar chegando. Minhas mãos soavam e tremiam, meus olhos se enchiam de esperança e lágrimas secas, enquanto minhas pernas instáveis continuavam correndo por todo o corredor, até chegar na máquina de bebidas. Primeiro foi um choque, todo o meu corpo parecia ter entrado num estado de choque térmico. A energia concentrada em mim, se dizimou em instantes, parando nas pontas do meu cabelo e fazendo até mesmo a presilha da minha franja escapar para frente com o impulso. Eu não conseguia me mexer, e muito menos falar nada, o que fazia ninguém notar minha presença e prolongar ainda mais aquela dor que vinha de fundo.  

   - Jirou? - Quando finalmente algo saiu, a menina baixinha me olhou paralisada como eu, assustada por ter sido notada e então correndo até mim, com seu gloss fora de seus lábios, mas presentes no de Momo, que não parava de me olhar, coçando seu cotovelo como se estivesse constrangida.  

  - Denki, não pode contar a ninguém. - Por que eu pensaria fazer isso? Era estupidez. Porque estava me machucando tanto, Kyouka? Eu mereci? Eu fui tão podre com você ao ponto de me trocar por uma garota? - Ouviu? Prometa! - Ela tentou conectar seus fones em mim e eu me desviei, com a cabeça baixa e o coração destruído, olhando meus restos abaixo de mim, e todo meu cuidado para nada se fazendo presente.  

   - haha... por que eu faria isso?? ... eu acho legal que tenham lésbicas... na escola – Levantei meu rosto e olhei para elas com um sorriso forçado, como quase sempre fazia. - Isso é demais! Sexy, atraente. Não tem problema, nenhum.  

  - Promete?  

  - Bom, claro, mas vão ter que me beijar, sempre quis um beijo triplo – Eu estava sendo babaca novamente, Shinso não se orgulharia de mim neste momento, e Kyoka me olhava cada vez mais com mais nojo. - Duas lésbicas então, meu sonho, nunca imaginei... kkkkk se precisarem de um homem para ficar no meio eu... - Foi ai que eu levei meu primeiro tapa de Kyoka, que indignada me olhou com lágrimas nos olhos e forçou engolir seu soluço. - Por que?!?...  

   - Você é sempre estúpido! - A menina continuava cerrando seu punho, mas eu me sentia menos mal quando ela me batia, parecia que era sonho, podia ser irreal. Eu desejava isso. - Você não enxerga???? Sabe o que está fazendo??? Está piorando tudo como sempre faz. POR SUA CAUSA, eu não posso viver minha vida em paz.  

  - Minha?..  

  - É, VOCÊ E ESSA MALDITA OBSESSÃO, EU JA LHE DISSE QUE NÃO GOSTO DE VOCÊ ASSIM, MAS INSISTE, E FAZ OS OUTROS INSISTIREM TAMBÉM. EU MAGOEI A PESSOA QUE AMO UMA VEZ POR VOCÊ, EATÉ TENTEI SER QUEM QUERIA QUE EU FOSSE PARA QUE AS PESSOAS NÃO ME JULGASSEM, MAS NÃO CONSEGUI, EU NÃO TE AMO, E NUNCA, NUNCA VOU AMAR.  

  - Então... POR QUE ME DEU FALSAS ESPERANÇAS? VOCÊ SE FAZ DE CORAJOSA E DE PIEDOSA, MAS ME QUEBRA TODA VEZ QUE ME REJEITA, ME DA NOVAS CHANCES E ESPERA QUE EU FIQUE TRANQUILO AO NOTAR QUE NÃO SOU O ÚNICO PARA VOCÊ, QUANDO PARA MIM, VOCÊ É TUDO QUE MAIS QUERIA ALCANÇAR.  

  - Não. Eu não sou. Você está enganado, você acha que me ama, mas não. E, isso nunca daria certo mesmo que eu retribuísse, porque você sabe a verdade. Sabe porque é assim. Eu estou seguindo em frente, e você viu com seus próprios olhos, então me deixe em paz. Não está na cara que você é meu melhor amigo? E que quando faz isso, me quebra?  

  - Mas você é muito mais...  

  - Não, para de mentir...  

  - Para de diminuir meu amor! Não muda o que eu sinto e o que você sente pela Momo, é a mesma paixão. Se eu não sou quem você deseja, me diga de uma vez e eu deixo você ir.  

  - Eu não te amo, Denki. - Abaixei a cabeça e neguei os sentimentos que de dentro de mim queriam saltar. - Não conte a ninguém ainda, queremos ir devagar.  

  - Eu... Desejo.., um ótimo namoro a vocês - Eu não aguentava, eu tinha que ir embora. Correndo para meu quarto como um garoto de cinco anos assustado, esperando que alguém fosse me acolher e me mostrar o caminho certo para superar.  

Eu ficava revivendo o beijo que mais esperava, o primeiro de todos, que ficava sentindo os sentimentos de uma noite maravilhosa antes de todo o mal. Eu me sentia mal por não ter feito ela ficar, por não ter feito ela mudar de ideia. Reparava que ainda não tínhamos feito grandes coisas juntos e só me lastimava ainda mais pela perda. Pensava no verão daquele ano, no Mustang ouvindo músicas até o amanhecer, relembrava blues e Radiohead, e me sentia vazio por não me encaixar mais nas músicas que mais amava, porque todas elas agora eram sobre você.  

Talvez, em outra vida tivéssemos ficado juntos, talvez eu a tenha dado mais motivos para ficar do que para ir embora. Mas como eu saberia? Agora tudo tinha ido pelo ralo, e meu coração tinha sido levado junto. Nem a cama fofa parecia mais confortável, meu corpo parecia ter sido tomado por zumbis de verdade, e eu já estava me tornando um deles.  

   - Agora eu entendo você... - Me virava na cama e no pé da cabeceira eu olhava o quadro onde guardava a imagem de Kyoka, Sero, Mina e eu num passeio que fizemos juntos, dias sem a Momo, sem um futuro onde eu não teria a menina de cabelos roxos.  

Eu ouvia Just give me a reason, e esperava que sua letra valesse para mim também. Queria ouvir de Kyoka que não estávamos quebrados, apenas amassados e que poderíamos nos amar novamente. Mas, era só pensar que começava a me recordar.  

“eu não te amo”  

Nunca houve um amor nosso, sempre foi meu. Eu sempre fui tão cego que nem mesmo vi que ela nunca estava interessada em mim. Eu não pude perceber os seus sinais e te magoei sem nem notar. Eu quebrei a pessoa que amava e a fiz cometer erros com o seu coração para poder me sentir melhor. No final das contas, tudo bem estar assim, eu penso que ela pode estar mais feliz com alguém que realmente deseja, alguém que realmente saberia cuidar dela, como sempre soube.  

A pior parte de tudo, é que me sentia mal demais para ver Shinso agora. A dor no meu peito e o fracasso não podiam alcançar sua mente, eu não conseguiria ser o causador de ainda mais dor, e eu não faria isso com a pessoa que cuidou tão bem de mim mesmo quando eu suspeitei dela. Eu ia parar, ia melhorar sozinho, e então poderia me perdoar por tudo que tinha estragado.  

“Tudo bem, se deu certo agora, vai dar certo no futuro e com alguém que te ame igual.” 

Me de forças, porque agora, sinto que não conseguiria amar novamente. Sinto que toque algum será como o dela, e que lábios nenhum satisfarão meu tato e paladar, me ajude porque eu não quero amar nunca mais. Não quero me aventurar nos corações, e não quero dizer outros nomes a não ser o dela. Não quero entregar meu coração a uma desconhecida, e muito menos começar outro dia sem ela. Não quero conhecer o amor se não for o dela, e muito menos posso deixar que outro alguém veja o melhor de mim, somente ela. Eu prefiro esperar ela, então me ajude. Me faça acordar deste sonho ruim, porque não sei como fazer isso sozinho.  

Eu mexo em meus cabelos, os passando para trás, ficando ainda mais bagunçado por fora do que por dentro, não sinto o melhor de mim existir, e a vontade de antes, se converteu em lastima, eu não podia ir para fora da cama sem me arrepender. Pisar os pés gelados no chão e esperar que caísse, batesse forte a cabeça e acordasse depois de meses, eu pude repreender quando pensei em trocar de lugar com Shinso, ficar cego e jamais voltar a vê-la novamente.