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História Elipse - Escarlates


Escrita por: Kisara

Notas do Autor


Mais um capítulo. Fresquinho. Um tanto quanto não linear, pra variar.

Boa leitura!

Capítulo 2 - Escarlates


Fanfic / Fanfiction Elipse - Escarlates

O refeitório devia ter o tamanho de umas três salas, o piso de porcelanato era de um tom nude, as paredes, brancas, a comida era servida a gosto pelos próprios alunos e as mesas tinham tamanho suficiente para quatro pessoas, algumas, mais ao fundo, para seis.

Hinata e Ino sentavam juntas, o olhar azul desta última se dirigia de forma quase cruel para os não convidados que tentavam se aproximar, não era permitido. Ela não permitia. E ninguém contestava.

Hinata compadecia-se pelos dispensados, mas ficava calada.

“Ele está olhando pra cá. Pra você”, Ino confidenciou, os orbes azuis com um ar malicioso contido.

“N-não e-está, n-não”, Hinata murmurou.

Esteja, sim – ela pensou, desejou.

Mas e se estiver mesmo? – mentalmente se perguntou.

A dúvida pairou no ar sobre sua cabeça. Se estivesse... Pensando bem, por que estaria? Porque ela era uma má educada que sequer se despedira dele quando o deixara, no outro dia, no porão?

Respirou fundo.

Não esteja.

Se aquele era o motivo – e que outro poderia ser? –, era realmente melhor que não estivesse, então.

“Isso é estranho, sabe?”, Ino perguntou, íris azuis tentando encontrar as prateadas. As prateadas fixas no prato sobre a mesa. A refeição intocada. “Quero dizer, você é a fim do Naruto... Mas você é tão inteligente, sempre adorou seus livros... Não achei que seriam, no final das contas, os caras sem cérebro que te atrairiam!”

Ouviu.

Olhos prateados arregalaram-se.

Assustaram-se.

“N-Não a-atraem.”

Enrubesceu. Mais?

“Bom, ouvi dizer que ele tem pegada!", ela mencionou, ignorando a negativa de Hinata. "O que não surpreende, caras como ele, com pouco QI, mas reis dos esportes, geralmente têm.”, brincou com o esteriótipo.

Olhos prateados desviaram do prato, encararam os azuis.

Um brilho estranho neles.

Não era raiva.

Nem ódio.

Ciúme? Talvez.

“Ei, se acalma, gatinha. Homem de amiga minha é fêmea; por mais macho que ele possa parecer”, riu. “E depois... O amigo gostosão que ele tem faria muito mais o meu tipo, você sabe!”, e se abanou.

E piscou.

E, imperceptivelmente, Hinata relaxou.

 

 

“O que você tanto olha?”

Foi o que tirou Naruto de seu transe.

“Aquela garota”, o loiro respondeu, apontando sem qualquer descrição; “estou olhando pra ela”, e então desviou o olhar azulado da mesa metros à frente e voltou-o à garota que lhe falava. Sakura.

Sobre ela, só tinha quatro coisas a falar:

Primeira: ela era sua melhor amiga.

Segunda: ela era linda.

Terceira: ele era, por mais que tentasse se convencer do contrário, apaixonado por ela.

E por último, mas não menos importante, a quarta: ela e seu melhor amigo estavam namorando.

“Aconteceu algo que eu não sei, é?”, ela perguntou, sempre notara uma ou outra olhada do amigo para a garota em questão, mas nada que a levasse a desconfiar de alguma coisa como no momento fazia. Um pequeno sorriso se notava em seus lábios finos por isso, embora estreitasse os grandes olhos verdes.

Naruto sentia duas grandes esmeraldas que contrastavam perfeitamente com os cabelos róseos e curtos dela, pesando sobre ele.

“Pois é”, ele respondeu, ingenuamente, um sorriso enorme surgindo em seu rosto.

“E então...?”

Sakura esperou.

Aguardou.

Nada.

Fitou-o com fúria no olhar.

“Sim?”, ele perguntou.

Ele não entendera.

Não era uma novidade.

“Continue, seu idiota!”, mandou.

Bufou.

Perdia a paciência.

Não que tivesse muita.

“Continuar aonde? Eu não estava indo a lugar nenhum!”

Coçou os cabelos dourados.

Sakura quis matá-lo.

E era até capaz de fazê-lo.

Mas não o fez por isto:

“Que saco!”

Uma nova voz fez-se ouvida.

Era de Sasuke, que exclamava enquanto se sentava no lugar vazio entre Naruto e Sakura.

A garota se inclinou e o recepcionou com um beijo rápido.

“O que foi desta vez?”, ela perguntou, arqueando uma das sobrancelhas quando o namorado chocara a bandeja metálica contra a mesa.

“O de sempre... Umas garotas irritantes que eu não aguento mais ter que despachar...”, sua voz era fria, gelada, semelhante ao suco que levava aos lábios.

“Brincadeira, viu! Achei que o recado estivesse dado quando quebrei a cara daquelas três, semana passada”, resmungou, o rosto se contorcendo em uma máscara de fúria.

Sasuke revirou os olhos.

Negros feito carvão.

Como seus cabelos.

“E o que é isso?”, Naruto perguntou, fitando algumas cartas na bandeja de Sasuke.

“E eu sei? Devem ter posto isto aí enquanto eu dava o fora numas garotas...”, respondeu, sem emitir qualquer expressão e tomou mais um gole do suco. “Pode ficar pra você”, um sorriso agora; frio.

Sakura riu.

E de repente, segundos depois de um olhar negro e misterioso chocar-se com o seu verde brilhante, sentiu-se puxada pelo namorado para algum lugar, como geralmente acontecia.

“Não precisa esperar por nós”, Sasuke se lembrou de avisar.

Algo no estômago de Naruto doeu.

Não pretendia mesmo esperar.

 

 

Linda, popular, uma rainha. Uma rainha acompanhada por uma plebeia. Sendo Ino, a soberana e ela, Hinata, o que restasse na equação.

A sobra.

Seguir a amiga pelos corredores era como ser a sombra, facilmente ignorada e abaixo dela, o ser majestoso que transitava pelos corredores do colégio. Tal qual o Sol, dourado e imperando em um vasto céu, seus olhos.

Vez ou outra, perguntava-se se não estava iludida, na verdade, e se Ino não estava mesmo era desfilando por uma passarela, tal era a graciosidade de seus passos.

“Tem certeza de que não virá com a gente?”, Ino perguntou, os olhos azuis reluzindo no corredor escuro, os saltos dourados destacando-se no porcelanato cinzento. “Vai ser divertido, prometo!”, falsa promessa, Hinata sabia. Lembrava-se muito bem de como fora da primeira e última vez que aceitara um convite parecido. Lembrava-se tão bem que todas as manhãs o que mais desejava era esquecer.

Mas nunca esquecia.

“Com a gente?”, interrogou para ganhar tempo; talvez pudesse pensar em algo mais convincente que um “não”.

“Pois é, Sai e eu! Ele veio até mim quando saíamos do refeitório, lembra?”, ela perguntou, e Hinata assentiu. “Ele pediu uma nova chance... Não tinha nada a perder, daí ficamos de ir à festa de hoje juntos.”

“Achei que você estivesse com sono...”, murmurou, a amiga sempre estava com sono.

“Minha querida”, Ino chamou, parando no meio do corredor. “Aprenda uma coisa: nunca se está cansada para ir a uma festa! Não em festas como as que estão dando esse ano! Ser uma veterana é realmente maravilhoso.”

“Divirtam-se, então. Não quero atrapalhar vocês.”

Um sorriso tímido.

Pouco convincente.

Olhos azuis estreitos, prateados desviando-se.

“Desta vez passa”, Ino disse, por fim. A voz ameaçadora. “Desta vez, ok?”

Assentiu.

Mas esperava que das próximas passasse também.

 

 

Dez horas e cinquenta e oito minutos.

Quase onze horas.

Da noite.

Olhos num mesclado estranho, mas quase agradável, de cinza e lilás nas extremidades e prata líquida no centro estreitaram-se. Uma aura platinada envolvia-a, um presente direto da Lua.

Congelava na medida em que a neve caía. Uma paisagem branca compondo o cenário cuja única personagem a ocupá-lo era ela.

Estava só, uma óbvia conclusão.

Inquieta, deu alguns passos para longe do colégio. Dez e cinquenta e nove agora, o relógio prateado em seu pulso lhe informava. Nenhuma chamada não atendida, via em seu celular. Ligou para o primo uma vez mais. Ninguém atendia.

Começava a se preocupar.

Onze horas.

Um toque, agora.

Em seu ombro.

Um arrepio lhe percorreu a espinha.

“Q-quem é?”

Tremia.

“Hyuuga Hinata?”, a voz grossa se fez ouvida.

Outro arrepio.

Não sabia se negava ou confirmava. Ficou calada.

“Levante a cabeça!”, uma ordem. Nem precisou acatá-la, levantaram-na por ela. “Não há dúvidas...”, uma gargalhada. Sonora e terrível.

Olhos prateados, claro.

Não muito comuns.

“O q-que q-que-querem c-c-comi-mi-migo?”

Gaguejava. Tremia.

De frio. De medo.

“Você nem imagina!”, outra voz fez-se ouvida. Tão cruel e grossa e arrastada quanto a primeira. Em quantos eles estavam? Mentalmente, calculava que era algo em torno de uns cinco. Talvez seis.

Piscou.

Duas vezes.

Pálpebras pálidas e cílios negros cobrindo os olhos metálicos.

Sangue no casaco de um deles fez-se visto quando as retinas focalizaram-no. Estava fresco. Neji?

“O que fi-fizeram com o Ne-Neji?”

O terceiro e mais gordo deles, riu. Gargalhou. Ecos macabros misturando-se à noite. A Lua testemunhava tudo.

Não houve resposta.

Hinata sentiu-se ser jogada de um para o outro, era a diversão deles. Tentou correr, mas a neve atrasava seus passos. Um dos homens a puxara pelos cabelos azulados. Gemeu de dor no processo.

“Você não vai a lugar nenhum”, ele gritou, abraçando-a de forma indelicada. As mãos grossas e enluvadas apertando sua cintura, de uma forma ousada. “Estamos entendidos?”

Queria gritar, pedir ajuda.

Mas não disse nada.

A voz faltava.

Nada lhe escapava pela garganta, mas as lágrimas lhe escapavam dos olhos.

Deixou-se ser arrastada pela neve, então, oferecendo uma fraca resistência no início. Rumava para algo semelhante a um carro camuflado a alguns metros de onde estava. O medo aflorava seu interior e explodia pelo exterior, estava mais trêmula do que nunca.

E de repente...

“Saiam de perto dela!”

Foi o que ouviu, a voz distorcida e quase aveludada, mas conhecida.

Exatamente como daquela vez.

 

Afastem-se!”, um garoto loiro mandara. “Agora!”, a voz parecia a de um sujeito possuído, os olhos mudavam de cor à medida que sua fúria tornava-se mais evidente.

Sem precisar pedir novamente, as garotas foram se distanciando, o medo transparecendo em seus rostos.

Hinata também quis fugir, era o certo a se fazer, isto porque uma parte dela dizia que estava tudo bem, que ele a estava protegendo, salvando-a, mas a expressão em seu rosto fazia parecer que pouco a pouco ele perdia até mesmo o controle sobre si mesmo, e a parte que percebia isso, mandava-a se afastar.

Ainda assim, ela ficou parada. Estática. Mais por curiosidade do que medo.

Ele se aproximou, os tons azuis das mechas caídas no chão chamavam sua atenção, mas ele parecia ignorar. O semblante assassino ia desaparecendo de seu rosto. E um leve rubor apossando-se do dela.

Vá embora”, ele mandou, a voz meio distorcida ainda.

Não precisou pedir duas vezes.

 

 

O barulho de um punho chocando-se contra um corpo foi ouvido. Depois de novo. E de novo.

Olhos azuis adquirindo uma nova tonalidade.

Um semblante assassino apossando-se do rosto angelical.

A Lua iluminando tudo.

“Eu mandei se afastarem!”

Um grito rouco e frio como o de um demônio.

Um demônio que vinha para salvá-la.

Como um anjo, então.

Seu anjo.

“N-Naruto”, sibilou, incrédula. Olhos prateados, lunares, fitando olhos vermelhos.

Olhos cor de sangue.

Escarlates.

 


Notas Finais


Finalzinho bem clichê porque a autora aqui é apaixonada por essas coisas. <3

Sigam-me no instagram para ficarem por dentro das minhas próximas novidades, eu sempre deixo uns trechos ou algo do tipo, uns making of, por lá: https://www.instagram.com/jacquelineoli95/

Beijinhos


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