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História Elizabeth Saga - Lágrimas de Tormento


Escrita por: jhesswpassos

Notas do Autor


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Capítulo 7 - Lágrimas de Tormento


                                                             França - Século XIII – 1202 d.c
 

ARIAT

Não me sinto bem ultimamente.
Perdemos mais de cinquenta bruxas só em nosso vilarejo desde quando o massacre liderado pela Igreja chegara a França.
"Nada estais acima de Deus, e tuas crenças são uma heresia contra a Igreja."
Ainda ouço as vozes desses senhores que se acham donos das leis universais.
Não podemos cultuar nossas crenças.
Acreditamos no Deus único, porém praticamos magia, algo que a natureza e o próprio Deus nos dera.
Por tanto não adiantava tentar explicar a esses boçais, pois eles não nos entendem.
Fomos todas forçadas a vagar de bosque em bosque para fugir dos soldados do Estado desde então.
Não fazia nem um ano que estávamos escondidas em uma floresta qualquer e já estávamos nos preparando para partirmos novamente.
Eu e meu marido Aleksandru estávamos acabando de arrumar nossa simples cabana feita de barro e madeira, e teríamos que destruir tudo outra vez.
Não aguento mais essa vida.
Não entendo como nossas líderes toleram tanta dor e sofrimento por parte dos entes que perderam seus pais e suas mães, até famílias inteiras foram mortas em nome da Igreja Católica.
Isso não é Deus.
O que tenho que fazer é abaixar a cabeça e obedecer nossas líderes, que eram três mulheres.
Cateline, Dionisa e Eda.
Todas as três muito poderosas, porém, insistem em fugir e não encarar nossos problemas de frente.
Todas nós somos poderosas o bastante para matar todos daquela maldita Igreja, não entendo.
– Ariat? – Aleksandru me olhava com dúvida – O que estais tanto a pensar?
– Em nada monamour, só estou com algumas dores na barriga.
– Está doendo muito? Quer que te chames uma de nossas curandeiras?
– Sim, vá. – pedi para que chamasse uma de minhas amigas curandeiras e fui me deitar direto em nossa cama que estava levemente desarrumada.
As dores pareciam agulhas me espetando constantemente.
Senti uma vontade enorme de vomito, então pegara um balde que estava por perto.
Finalmente o enjoo deu uma trégua, mas as dores continuavam a me agulhar.
Me deitara.
No mesmo segundo uma de minhas melhores curandeiras atravessava a porta de minha casa.
– Aalis, que bom que tu vieste. Estais com fome?
– Não minha amiga, estou aqui para vos examinar. Estais pálida, andas fazendo jejum?
– Nenhuma grama de comida para em meu estomago a duas luas.
– Permita-me. – Aalis põe suas mãos em cima de minha barriga e fecha os olhos.
Ela parecia se concentrar, respirou lentamente depois abriu os olhos.
– Bom, já sei o que tu tens. – e dera uma risada tímida.
– O que tenho?
– Estais grávida de uma menina minha amiga, parabéns. – Aalis me da um beijo na testa e me entrega um frasco de alguma substancia azul – Teu remédio, para aliviar as dores nas próximas semanas, outro dia passarei aqui e lhe entrego mais.
Não sei se estaria preparada para ter uma filha em meio de uma guerra declarada a nós. Porém tenho fé que irei conseguir cuidar dessa criança com a minha própria vida.
Mas o que será dessa pobre criança?
O que será de nós?
Nove meses depois...
Minha filha estava prestes a nascer, faltavam poucas semanas.
Nossa comunidade havia se mudado cinco vezes desde quando Aalis me disse que estaria grávida de uma menina.
Minha barriga não estava muito grande e estava quase pele e osso.
Não tínhamos muita comida e nem bebida, não tínhamos recursos para uma boa alimentação
Todas ajudavam como bem podiam e nosso número estava cada vez menor. Não poderia deixar mais gente morrer na minha frente como acontecera várias vezes.
Tenho que dar um jeito.
Não é possível que ninguém possa fazer nada, isso já estava me cansando profundamente.
– Amour, aonde vais tu? – pergunta Aleksandru preocupado com meu estado.
Mas não respondera, apenas segui em frente à praça improvisada que as três bruxas mais poderosas haviam mandado construir.
Algumas estavam deitadas lendo seus livros, outras praticando seus frascos de feitiços. Ninguém parecia sem importar com nada do que estava acontecendo.
Havia um palco improvisado para práticas de canto e outras musicalidades. Subi em cima desse palco e logo algumas bruxas que estavam perto olharam instantaneamente para mim.
– "Magno" – palavra mágica para amplificar a voz e automaticamente minha voz ecoou por toda comunidade.
– Ariat! O que estas fazendo? – alguém me faz uma pergunta, mas ignoro.
– Boa tarde meus irmãos e irmãs. – comecei – Venho aqui manifestar o meu protesto contra tanta atrocidade que ando vendo nesses últimos vinte anos. Todos felizes em tuas casas, mas parecem que esquecer-vos que semana passada morrera mais uma de nós, provavelmente viva em uma fogueira! – a emoção fez com que minha voz falhasse um pouco, mas continuei – Venho encorajando todas vocês, ou o que restara de vocês nesses últimos anos, a revidar, mas a Trindade insiste em continuarmos evacuando e evacuando. – o clima começara a se fechar em nossa volta, a se formar nuvens negras no céu – Minhas irmãs, achas certo? – algumas delas disseram "não" e outras disseram "sim" – Pois eu vos digo que não tolerarei mais esse verdadeiro massacre permitido pela Trindade! – um raio caiu perto de nossas casas quando terminei minha última frase.
– E o que tu pensas em fazer? – Eda a mais poderosa das três surge em meio à multidão enquanto outras bruxas e bruxos davam espaço a ela – Matar todos eles? – zomba.
– Se estiverem em meu caminho, que assim seja. – o ódio me consumia nesse momento, mas lutar contra Eda seria inútil.
– Sabes que não podemos matar pessoas, está escrito em vossos livros de regras. E esses pensamentos contraditórios contra a Trindade, também estão fora das regras. Sabe Ariat... Pensei que havia vos esclarecido sobre estes detalhes simples. Mas... – ela sobe até a mim com aquele olhar maldoso e superior – Posso dar-vos mais uma chance. Me peça desculpas... – a loira de olhos claros e penetrantes queria zombar mais – ... De joelhos. – aproximei-me dela, meu marido estava com a cara mais apavorada possível, minhas amigas estavam todas com os olhos em mim e o olhar de Eda era cada vez mais superior.
– Vai pro inferno! – cuspi em sua face.
No mesmo instante vieram dois guardiões e agarraram-se em meus braços, me puxando a força.
– Já que não tens um acordo, irei ter que puni-la para servir de exemplo. Levem-na para o calabouço! – brada para seus serviçais.
Aleksandru se desesperava ao lado do palco.
Ele tenta chegar até a mim, mas outros guardas o impediram.
"O que iriam fazer comigo?" Pensei.
– Tu iras pagar muito caro por essas tuas palavras. – Eda sussurra perto de mim.
– Não tenho medo. – e não tinha mesmo, minhas palavras mudaram suas feições em segundos.
Meus olhos ardiam e minha cabeça começara a girar
– Sua hipnose não irá funcionar comigo Ariat. – ela põe uma das mãos em minha testa.
E desmaio. 

 

 

ELIZABETH

Pegara uma de minhas bolsas cheias de sangue no frigobar em meu quarto para poder saciar a minha sede.

"Um pescoço de vez em quando não faria mal."

Disse para mim mesma.
Mas sabia que não era o certo.
Poderia sobreviver com o sangue tipo A que recebia de Bill.

Minha necessidade de matar não era tão preocupante quanto ser uma descendente direta de uma das bruxas mais perversas de nosso mundo.

Dei um longo gole.

E isso de fato me assombrava a cada dia.
A história de Ariat não era a mais bonita de se contar ao seu filho ou sua filha.
Ela sofrera bastante e teve motivos suficientes para matar a todos nós com sua vingança.

Acho que congelaria se visse ela mais uma vez em minha frente.

Sonho com ela quase todas as noites, mas ela não parece ser contra a minha existência.
Acho que pelo contrário.

Ela quer que eu mate a todos.

Ariat sabe que posso fazer isso se eu quiser.
Mas não o farei pois amo muito todos eles.
Bill me acolhera tão bem, me tratara como se fosse uma filha pra ele desde o início.

Acho que pelo fato de não fazer o que ela quer, Ariat me castiga com o colar.

É só um palpite, é claro.

Terminara meu copo de 700 ml de sangue e comecei a instalar as minhas roupas nos grandes armários,

Acabei de arrumar o primeiro armário com muita rapidez. Mas por acaso acabei encontrando uma pequena caixa de madeira com as iniciais "B.C.C"

Por curiosidade resolvi abrir a caixa e lá havia uma presilha antiga e enferrujada.

Em baixo dela havia um papel velho, meio amarelado pelo tempo. Pegara o papel e descobri que era uma fotografia antiga.
Acho que reconhecia aquele rosto.

A foto era colorida dessa vez, mas minha memória não falhava.

Tinha certeza que era ela.

A Bruna.

Atrás da fotografia estava escrito uma data como na outra foto que recebera dela.

"Kansas - 04 de julho de 1940"

Ela tinha uma beleza estonteante.
Qualquer pessoa podia se interessar por ela.

A Bruna, como na outra foto, mantinha a franja em seu penteado, com roupas mais curtas.
Vestia uma blusa com mangas um pouco compridas, mas com listras horizontais em vermelho e branco.
Para mostrar a barriga ela teve que amarrar as pontas improvisadas na parte inferior frontal de sua blusa.
Vestia também um short bem curto de cor azul cintura alta.
Um visual talvez apropriado para a época.

"Meu deus como ela era sexy."

Como ela é hoje? Não sei.

Mas talvez tenha um palpite.

"Ela é uma original, o que você tem na cabeça?" pensei.

E era verdade.

Até parece que teria chances com uma vampira original.
Ilusão a minha.

Senti o cheiro de Bill.

- Eliza? - indaga.

- Sim? - respondi tentando esconder a fotografia de Bruna.

- O que você está fazendo?

- Só estou arrumando os armários Bill. - o respondi com um tom de "não estou fazendo nada de errado, agora vá embora."

- Hum... - ele vira a fotografia em minha mão direita. - O que é isso em sua mão? - gelei.

- Não é nada. - disse.

- Não é nada? - Deixa-me ver então. - ele arranca a fotografia da Bruna de minha mão esquerda.

Fizera uma cara de surpreso.
Analisa a foto por inteira, virando-a de um lado pro outro.

- Não acredito... - e olha para mim. - Onde você encontrou isso? - pergunta.

- Em uma caixa velha de madeira dentro do armário... Você sabe quem é? - me fiz de desentendida.

- Sim, é uma de minhas "irmãs" originais... - Bill olha para a foto novamente. - Ela mora no Brasil atualmente, mas foi criada em uma cidade pequena, que hoje se localiza em Portugal.

Fiz minha cara fingida de surpresa e Bill continuara.

- Apesar dela ser bem bonita, Bruna infelizmente é uma das "manchadas" de nossa espécie... Não sei porque isso está aqui.

- O que ela fez de tão grave? - perguntara a Bill.

- Ela nunca gostou de cumprir as regras... Ela me dá mais trabalho do que qualquer recém criado.

- Eu também não gosto muito dessas regras, mas infelizmente tenho que seguir.

- Você é outra, mas tem os seus motivos.

- Seguir as regras do conselho é uma chatice pro meu gosto. - fiz cara de desdém e Bill parecera que ignorou a minha última frase.

- Bem, se a senhorita quiser conhecer a Bruna eu a chamo para vir aqui. - arregalei os olhos de surpresa.

- Não! ... É... Melhor não, não é? - sugeri.

- Oras, porque não? - Bill pergunta.

- Não sei, acho que Karen pode entrar em algum tipo de atrito.

- É... As duas tem desavenças antigas, de séculos, não conseguem se entender nem por feitiço brabo. - ele pegara um papel de seu bolso. - Mas vou deixar o telefone dela, caso mude de ideia. - Parecia que ele queria que eu a conhecesse, mesmo sendo a "manchada" da família.

Que estranho.

- Tudo bem. - pegara o papel na mão dele.

Bill deixara a foto de Bruna cair e a peguei em frações de segundos.

Tinha outra foto mais antiga dela, que a própria havia me mandado.

A Bruna realmente era muito bonita e muito atraente.

"Ela é uma original."

Falava para mim mesma.

Será que Karen pode sentir ciúmes ou algo do tipo?

Tenho um pouco de medo dos originais por eles saberem me controlar com tanta facilidade.

Veio uma lembrança de a pouco tempo atrás de Andressa, a guardiã de Los Angeles. Naquele mês nem sonhava em gostar do mesmo sexo, mas mesmo assim ela soube me domar sem nenhuma dificuldade.

Deixei-me levar nesses pensamentos me esquecendo de que Karen pode ouvi-los.

Balancei a cabeça tentando me esquecer.

Olhara para o papel escrito o numero de Bruna.

Mas o guardei dentro de meu diário.

"Acho que vou dar uma volta por aí." pensei e ao mesmo tempo me olhando no espelho enorme do meu quarto.

A cor de meus cabelos haviam mudado para um ruivo escuro.

Não tinha reparado nessa mudança.
Estranho.

Reparando mais de perto no espelho, notara que minhas curvaturas estavam mais esculturais aparentemente mais magra.

Tirei as minhas roupas.

Dei uma tímida rugida para o espelho tentando fazer graça.

Perto da mansão de Bill havia uma grande floresta com árvores centenárias.

Estava com o mapa da área e realmente era bem vasta.

Seguindo o mapa que Karen me dera, minha melhor opção para ir à floresta era seguindo pela direita em direção a porta da frente.
Não demorava muito para enxergar uma pequena entrada que dava acesso á floresta.

O mapa ser de 1962, mas irei confiar nele.

Entrei na floresta quase fechada.

Parecia hostil, mas eu era bem mais.

Ri.

Na trilha ou no meio dela para ser mais precisa, havia uma enorme árvore me que chamou atenção por seu enorme tronco.

Cheguei a tocá-la, para ver se ela era real.

Que incrível.

Acho que devia ter uns três metros de espessura e não estou de brincadeira.

"Será que consigo subir?"

Pensei.

Fui escalando o tronco da enorme árvore como se fosse uma gata habilidosa.

E Karen logo a trás de mim.

Quando cheguei quase ao topo, podia ver tudo ou quase todo território de Bill.

O que não conseguia ver, estava em neblina.

Vira também a quantidade vasta de animais na área e fiquei impressionada com tudo aquilo.

Perturbando um pouco o meu silencio, ouvira um ruído de pequenos galhos de árvore quebrando perto de onde estava.

Desci alguns galhos para ver o que era quem era.

Acredite se quiser.

Era um alce.

Um alce lindo por sinal.

Senti cheiro de sangue vindo dele.
Parecia que estava machucado.

Meus olhos começaram a arder, mas não sabia o porque. Minha garganta a ressecara de sede e por um impulso estranho pulei da árvore que nem uma onça e corri atrás dele sem saber muito o porque.

Ele corria muito rápido e achei que não conseguiria alcançá-lo.

O alce estava a cinco metros de distância de mim, mas não ia desistir tão facilmente.

Avistei uma árvore próxima a nós e subi em cima dela.
Com a rapidez de um felino mutante nem demorei dois segundos para me apoiar em um galho próximo e depois saltar com toda a velocidade para cima daquele alce.

Consegui.

O carreguei com força e o joguei contra um tronco da árvore mais próxima.

Ouvi seus ossos da coluna quebrarem com o impacto e fui atrás dele.

O lindo e majestoso alce estava ali, esticado no chão sem vida.

Peguei a cabeça dele e fui em direção ao seu pescoço e o mordi.
Tinha um gosto diferente.

Quase vomitei.

Mas o gosto não era tão estranho assim.

Não estava na minha mente fazer tal coisa, mas meu instinto de matar falou mais alto.

Depois que terminei fui correndo que nem uma louca em meio a floresta.

Me senti mal por ter feito aquilo.

"Mas que merda! Eu matei um animal!"

"Mereço morrer!"

Falava para mim mesma.

- Que droga! Não consigo fazer nada certo! - dei um soco com vontade na árvore em minha frente.

O impacto fora tão grande que a marca de minha mão ficara na árvore formando uma bela de uma cratera.

Olhei para a árvore por uns segundos assustada com minha força e segui em outra direção.

Estava próxima a um lago com bastante vegetação em sua volta.
Parecia que não se capinava em sua volta a muito tempo.
Para falar a verdade, boa parte do terreno de Bill parecia estar abandonado a tempos e precisando de bons reparos.

O lago era incrivelmente enorme, mas podia ver o final a uns cem metros ou mais.

Notara que havia uma ponte de "concreto" antigo com rochas de mármore.

Toda a ponte estava tomada por uma camada grossa de Hedera helix - popularmente conhecida como "trepadeira."

Não podia notar não notar na quantidade de árvores ao redor.

Eram árvores enormes.

Fui caminhando sobre a ponte de mármore e observando com mais atenção a cada detalhe em minha volta.

Percebera uma coisa estranha em mim.

Passei a mão em minha testa.

Estava suando.

"Mas isso é impossível", pensei olhando para o pequeno molhado de suor em minha mão.

A ponte era grande em sua extensão, mas se localizava atravessando o lago quase tocando a água.

Não pude notar meu reflexo.

Vi um anjo se refletindo na água. Ou era o que parecia, mas todos sabem que de anjo não tenho nada.
Me acho atraente sim.
Mais ainda depois da transformação, mas não fico me exibindo.

Para falar a verdade, nunca me achei bonita, as pessoas que sempre me endeusavam na escola.
Agora sendo vampira, admito que fiquei sexy do dia para a noite.

Escola.

Já era meu ano letivo, já era a minha vida antiga.

No reflexo da água pude notar que um de meus seios estavam quase a amostra.

Concertara a minha blusa, mas meu corpo do nada começou a sentir muito calor.

"Vampiros podem sentir calor?"

Queria pular na água, mas fiquei com um pouco de nojo, pois a água estava parada e meio verde.

Respirei e inspirei.

Mas nisso senti um cheiro familiar se aproximando ao norte.

Era Karen.

Me virei para a direção que estava vindo, ela estava quase na ponte.

- Eliza? - disse ela.

- Sim, sou eu. - respondi.

- Te procurei em toda parte, aonde você estava? Me matou de preocupação. - disse ela como se eu fosse um ser que não sabia me virar.

- Não se preocupe comigo, sei me cuidar. Só corri para esfriar um pouco a cabeça e explorar.

- Só não vá muito longe, ok? - disse ela com um tom de cautela.

- Mas... Porque? - indaguei.

- Por que Bill não quer te perder de vista. Depois que você sumiu ele me encheu o saco e me mandou te procurar.

- Só fui conhecer a área e nada mais. - disse em tom de revolta misturada com ironia.

- Você sabe como ele está chato com isso tudo, então saia sem avisar a ele. Só um aviso. - assenti com a cabeça enquanto ela falava, ela continuou - Bom, queria saber o que isso está fazendo entre as suas coisas - ela me mostrara as fotos antigas que a Bruna havia me enviado.

Congelei no mesmo segundo.

- Ah... Isso...

- Parece ser muito as fotos antigas daquela piranha da Bruna, que por acaso seria minha maior inimiga de toda a minha existência. - ela achava que estava a traindo.

- É... Bem, ela é uma das "irmãs" de Bill não é? - ela respondeu que "sim" com a cabeça. - Ela me mandou um bilhete no mês passado dizendo que viria para cá.

O surto estava para vir.

- Ah, essa carta aqui? - ela me mostra o bilhete em mãos. - Por que não me falou que aquele resto de sacrifício te mandou uma carta pessoal a você?

Fiquei sem palavras por uns instantes.

Karen continuou.

- "Gostaria de conhece-la pessoalmente.

Estarei aí em breve.

Beijos e abraços."

Seila, isso me soa como uma cantada a você. - Karen estava explodindo de ciúmes - Será que você não podia ter ao menos me contado? Quantas cartas de amor você tem? Quantas amantes? Será que posso começar a confiar me você Eliza?

- Achei que era um bilhete bobo, nem vi segundas intenções nela e outra, essa carta de do mês passado, mês passado a gente ainda nem se entendia direito. - pegara a carta da mão dela. - E não começamos a namorar oficialmente, as coisas ainda são bem intensas e confusas para mim. - disse a ela com toda a calma do mundo.

- Achei que nós estávamos namorando... - disse Karen olhando para baixo.

- Olha, não sei, eu até gosto de você e realmente gosto, mas não sei se estou pronta para assumir algo sério neste momento. Tudo está acontecendo muito rápido em minha cabeça e se confundindo também. - tive que abrir o jogo com ela, pois não gosto de esconder nada do que estou sentindo e muito menos dela.

- Bem... Estou surpresa, confesso. - disse Karen quase chorando, era triste de ver essa cena. - Você sabe de meus sentimentos por você. Não sei quantas vezes mais preciso te dizer que sou louca por você e que te quero ao meu lado, quero te proteger de tudo. Mas se você prefere assim... Tudo bem, vou saber esperar o tempo certo. - ela deixa escorrer uma lágrima.

Fiquei triste de ver ela desse jeito, mas é melhor que esconder essas coisas dela.
Ela não escondia as lágrimas e o jeito triste que olhava para mim.

Me sentia a pior criatura da Terra.

Mas se parar para pensar, eu era.

Dei as costas para ela, pois previ uma pequena lágrima vindo de um de meus olhos.

- Ei... Não chora, vou estar aqui... - disse ela sussurrando em meu ouvido enquanto me abraçava pelas costas. - Vamos dar tempo ao tempo.

O céu se fechara entre nuvens negras carregadas de repente.

Senti uma tristeza imensa vindo de mim e uma segunda lágrima caíra.

Me virei de frente a ela e a beijei profundamente.

- Temos que voltar. - disse quase que sussurrando.

Saí correndo em direção a mansão, com a maior rapidez possível.

Karen veio logo atrás de mim, mesmo eu sendo mais rápida que ela e consequência disso chego primeiro na sala de estar da casa e subo para meu quarto sem perder o ritmo de minha velocidade.

Entrei em meu quarto e tranquei a porta.

Olhei pela janela e vira Karen se aproximando.

Tranquei a janela também.

Tirei minhas roupas e fui direto para o chuveiro quente na potencia máxima.

O que estava sentindo a final?
Não sabia.
Mas não era bom.

Meus sentimentos pareciam acelerados às vezes.

Depois me pareciam como se cometesse um grande erro.

Como se amar fosse errado e matar fosse o certo.

Eu sou literalmente toda errada.

Sou uma vampira cheia de parafusos soltos, se duvidar sem parafusos nenhum.

Não sei como minha convivência com Karen iria ficar.

Menos intensa, talvez?

Não sei.

Rolava na minha enorme cama de casal enquanto pensava tudo isso.

Tinha certeza de que era louca pela Karen, mas de uma hora para a outra, me surgiu umas dúvidas.

Acho que sou incapaz de amar.

Se soubesse que iria ter essa vida antes de morrer, então era melhor morrer de verdade.

"Queria estar morta", dizia para mim mesma.

Virara meu corpo para meu lado esquerdo e voltei a chorar.

Ouvi alguns trovões lá fora e em poucos minutos uma grande tempestade se iniciara.
Quanto mais chorava , mas a chuva se intensificava e estrondosos raios caiam próximos da mansão de Bill.

Chorava de dor, não só pela Karen, mas também pela minha incapacidade de sentir e de amar.

Minha vontade de me matar era enorme naquele momento.

Me levantei.

"Para mim já chega"

Fui em direção a minha janela e pulei de uma altura de dez metros.

Senti o chão tremer um pouco com o impacto de meu corpo ao solo, mas continuei a caminhar e corri para longe dali.

Corria para não poder acabar com tudo de uma vez.

Fui parar no grande lago. Onde havia inúmeros pedaços pontiagudos de madeira.

Pegara uma delas, próximo a mim e a quebrei ao meio, formando uma grande ponta afiada.

Levantei a estaca contra mim.

- Acabou... - disse.

Tomei impulso de cravar a estaca em meu coração, mas não consegui.

Alguém havia me empurrado no momento exato.

Era Bill.

Ele pegou a estaca de minha mão e me deu um tapa no rosto e sai voando.

- Foi pra isso que te transformei?! - berra Bill com seus enormes dentes para fora e seus olhos em brasa. - Não te trouxe para cá pra você se matar!

- Eu já estou morta Bill! - retruquei.

- Cale a boca! - ela berra mais uma vez, me dando outro tapa colossal no rosto e sai voando para o outro lado.

- Você não passa de um bebê chorando para mim! - ele me observa levantando, e olho diretamente para ele, torcendo para que ele me mate. - Tem que aceitar o seu destino, por bem ou por mal!

- Não quero isso para mim Bill... - comecei a chorar e ajoelhei no chão. - Sou incapaz de ter sentimentos, não consigo amar! Eu quero sentir, mas não consigo... Não posso! - disse aos prantos para ele.

- Aí que você se engana. - ele se ajoelha junto a mim. - Você sente sim, sente tanto que chora por achar que não sente. A humanidade ainda vive em dentro de ti Eliza, só você que não consegue enxergar. - disse.

- Não consigo ver...

- Porque você ainda não está pronta. - disse ele.

Bill põe as duas mãos em minha cabeça.

Fecho meus olhos e perco o movimento de meu corpo.

Bill me coloca em seu colo.

Sinto uma grande sonolência vindo em meus olhos.

Vejo o topo das árvores com a luminosidade dos raios que atravessavam os céus e aos poucos vão se fechando.

Desmaio.

Bill havia me colocado em minha cama, depois de me dar várias doses em seringas de água benta para poder ficar inconsciente.

Tenho inúmeros motivos de acabar com tudo isso. A única que alegrava o meu dia e me sentia realmente viva em meio disso tudo era Karen e não sou capaz de corresponder aos sentimentos dela na mesma tonalidade.

Não consigo mais sentir?

Acordara lentamente de um sono profundo, acreditando que tudo aquilo fosse um pesadelo.

Mas não era.

Karen estava sentada ao lado de minha cama, olhando atentamente par mim.

- Como se sente? - pergunta ela.

- Acho que melhor, só minha cabeça que lateja um pouco.

- Que bom que está melhor, agora posso ir. - Karen dera um leve sorriso e em seguida saiu pela porta com lentidão.

Eu parecia ter feridas ao redor de minha face, mas como era possível?

Lembrara da sua que Bill me dera.

Faz sentido.

- Karen, espere! - disse à ela. Levantei com dificuldade, meu corpo doía um pouco, mas não me impediu de pegar em suas mãos e as beijá-las. - Me desculpa pelo o que disse... Estou confusa com muitas coisas ainda...

- Tudo bem Eliza, te entendo. - disse ela.

- Não, as coisas não estão nada bem. Eu não estou bem, você não está bem... - ela me interrompe.

- Estou bem Eliza. Não vou obrigar você a mais nada, quero que tome as decisões sozinha, ok? - ela me da um beijo na testa.

Fecho meus olhos.

Ela continua.

- Tenho que ir, Calvin me espera lá em bai...

- Vão fazer o que? - a interrompo sem querer.

- Isso é segredo. - Karen deixa um ar de mistério no ar, odiava quando ela fazia isso.

Não hesitei de vestir minha blusa e uma calça jeans em em menos de 5 segundos.

- Eu vou com você. - desci as escadas e Calvin estava no fim dos degraus esperando por Karen.

- O que vocês vão fazer sem mim? - o desespero me bateu com força. - Calvin, diz que não é o feitiço de transição... Por favor, diga! - fiquei desesperada de uma certa forma pois Calvin olhava me desapontado.

- Me desculpa Eliza. - diz Calvin com cara de "sim, nós vamos."

Karen desce as escadas rapidamente e pega Calvin pelos braços em exatos sete segundos.

Corro até eles lá fora.

- Não! Karen, Calvin! Vocês sabem das consequências, por favor Karen, não vá! - ela olha para trás com a expressão mais triste que já vira.

- Karen... Eu preciso de você... - uma lágrima escorre de meus olhos e as feridas voltam a doer um pouco. - Eu quero você aqui...

Vou em direção a ela e dou um abraço apertado nela.

"Por favor meu bem, não faça isso"

"Eu preciso de você"

"Como você vai me proteger ficando mais fraca que eu?"

Pensara para ouvir.

Ela me abraça também.

Ela estava quente.

Bill estava na porta com uma das expressões mais sérias que já vira, mas não me intimidei.

- Você sabe dos riscos desse feitiço não é Karen? Voltar a ser humana não é uma tarefa fácil, sempre tem que se pagar com algo em troca.

- Ela vai morrer... - meus olhos estavam inchados de tanto chorar.

Bill vem em direção a nós duas.

Ele apoiou uma de suas mãos no ombro de Karen.

- A escolha é sua minha querida. - ele parecia estar preocupado também. - As consequências são muitas, pense bem.

- Eliza.. meu bem... Você deve estar cansada e precisa se recuperar. - ela olha em meus olhos. - Vou dormir com você essa noite.

Respirei fundo e fechei os olhos aliviada.

Karen como prometido havia ido dormir em minha cama comigo.

Atenta com as coisas que precisava.

Infelizmente vou ficar mal acostumada com ela me mimando desse jeito.

Confesso que gostava. - risos.

Ouço alguém batendo na porta de meu quarto.

Era Bill.

- Elizabeth? Posso entrar? - Bill parecia meio constrangido.

- Pode... - disse com voz de sono.

- Ela está melhor? - pergunta a Karen.

- Aparentemente sim Milorde. Algumas de suas feridas curaram perfeitamente desde ontem, ela estranhamente se recupera muito rápido.

- É estranho mesmo, mas familiar. - disse ele pensativo.

- Ela parece ter algumas das características de originais, isso não deveria acontecer, geralmente. - ela ri olhando para mim.

- A muitas incógnitas sobre mim, sabemos. Não faço a mínima ideia de como possuo tal características que só os originais tem. - disse para eles, tentando pensar na mesma linha.

- Será que Ariat tem dedo nisso? - perguntara Karen.

- É possível. - Bill confirma.

- Está com sede? - pergunta Karen para mim.

- Meus olhos estão vermelhos? - perguntei.

- Sim. - confirmara.

- Nem percebi. - dei uma risadinha e levantei metade de meu corpo da cama, ficando sentada. - O que tem pra hoje?

- O mesmo de sempre, sangue tipo A. - diz Karen com o ar de cômica de sempre.

Virei para Bill e ele me olhara atentamente.

- Bill, algumas dúvidas andam me perturbando. - mesmo minha cabeça doendo um pouco queria saber.

- Pode falar. - ele se senta em minha cama.

- Primeiramente eu matei um alce. - Bill arregalou os olhos, mas com ar de dúvidas. - Mas não sei o por que fiz isso. Ele estava machucado e seu sangue escorria em sua pata. Não me hesitei em ir atrás dele para caça-lo. Aí que está a dúvida, nós vampiros temos a mesma vontade de sangue também com animais?

- Bem, devo confessar que você fora brilhante, pois não é qualquer vampiro que caça um alce daqui, eles são bem espertos. E... Confesso também que misturo sangue de animais junto com sangue de humanos dentro das bolsas de sangue dos hospitais. - ele disse "hospitais"?

- Mas... Posso saber o porque disso?

- Sempre faço isso com vampiros recém criados. Que podem perder a ânsia por sangue humano e isso ajuda bastante.

- Quase vomitei quando suguei o sangue daquele alce. - ri.

Bill e Karen riram um pouco.

- Não saia matando todos os alces em sua frente, ouviu? Primeiro: eles são rápidos, não é qualquer um que consegue alcança-lo. Segundo: tome cuidado com os chifres deles, eles podem usar como arma contra você e a na força do impacto pode rolar umas cabeças. - rimos.

Eu e Bill junto a Karen, ouvimos barulhos lá em baixo.
Era Calvin.


Notas Finais


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Grata.
De Jessica W. Passos


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