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História Elmarf 3, Domain of Fire - Deep Pains


Escrita por: Ersj

Notas do Autor


No capítulo anterior... Máximus, que andava pelo Templo Celeste, acaba entrando em uma construção que chama sua atenção, sendo guiados por aranhas até uma fonte, onde, ao ver seu reflexo, consegue ver uma mulher de cabelos avermelhados. Camilla apresenta a vida de navegadora para Anabeth, curiosa para saber os segredos que a jovem de cabelos rosados esconde, ao mesmo tempo em que percebe um intruso em seu navio. Juliany é exposta ao seu povo, tentando convencê-los que a sociedade vermelha é algo ruim para o reino, mas é castigada na frente de todos, vendo a tentativa de alienação por parte dos encapuzados. Bruno e Giovanna procuram abrigo para se protegerem da chuva, pro enquanto que também procuram comida. Gabrie acaba conhecendo Anabeth, quase sendo descoberto. Rafaela tentava caçar algo, procurando se sentir forte novamente, mas é aconselhada por Ryan, também ouvindo gritos de selvagens, de Bruno e de Giovanna. Sedraerat provoca Isadora, deixando-a ainda mais nervosa quanto ao seu marido. Bruno e Giovanna são pegos por canibais. Camilla ameaça Gabriel, revelando ser um impostor, mas Anabeth propõe um acordo onde todos sejam beneficiados. Tomando novas medidas, Salina contrata um caçador de recompensas, Guardier, para ir atrás de Anabeth e Gabriel.

Capítulo 7 - Deep Pains


POV. Juliany

Caída no chão e sentindo minha pele arder intensamente, observo a escuridão calada e pensativa, tentando esquecer toda as dores que assolam o meu corpo. Já não consigo lembrar os tantos lugares marcados e feridos, nem o quanto de sangue perdi, apenas sabendo que pela primeira vez sinto que não haverá escapatória. Eu nunca me renderei, mas também não sei até quando poderei resistir.

Sedraerat abre a porta da cela, vendo-me caída no chão e sorrindo.

Sedraerat: Pobre princesa. Isso não estaria acontecendo se não tivesse nos desafiado na frente de todos. Diga-me, Juliany...

Ele se aproxima ainda mais, estando com um dos pés quase encostado em meu rosto.

Sedraerat: Achou mesmo que poderia fazer o povo se revolucionar ali mesmo? Queria que eles partissem para cima nós e nos obrigasse a soltá-la? Era isso que estava esperando?

Ele ri, esperando minhas respostas.

Juliany: Não irão escutar o que dizem!

Sedraerat: Talvez a confiança não sirva para fazê-los nos obedecer, mas o medo sim. Devo dizer que sua atitude nos ajudou muito. Graças a sua punição, podemos amedrontar a todos que assistiam o seu julgamento. Eles não têm rei ou rainha, uma guarda real viva, e nem ninguém que possa defendê-los. Dessa forma, o medo irá perfurar cada alma, as corrompendo e transformando-os em súditos leais.

O modo frio como faz tudo parecer simples e satisfatório me assusta. A crueldade por trás do seu sorriso e do seu olhar forçado de preocupação demonstram ainda mais sua postura psicótica e manipuladora.

Sedraerat: Já sabe que não receberá mais piedade. O julgamento foi claro e inquestionável. Não permanecerá com vida por mais de um dia. Sugiro que aproveite seu último dia, Juliany. Amanhã talvez não possa acordar para ver o seu maravilhoso reino mais uma vez.

Ele ri, mas logo sua atenção se volta para uma mulher de cabelos curtos e pretos, que também usa uma capa vermelha, sendo uma deles.

Sedrearat: O que faz aqui? Não consegue ver que estou em um diálogo importante?

Encapuzada: A nova tropa conseguiu tirar as pedras pelo caminho em que o príncipe Bruno e a rainha Rafaela seguiram na arena. Não acharam qualquer vestígio, ainda achando uma sala intacta onde podem ter se escondido.

Sedraerat: Está dizendo que há a possibilidade de estarem vivos?

Encapuzada: Não apenas há, como já podemos concluir que estão. Três deles voltaram para nos noticiar, por enquanto que os outros começaram uma nova busca atrás dos dois.

Sedraerat: E quanto ao exército principal e o dragão?

Encapuzada: Eles seguem para a área dos sete reinos. Não demorará muito até que mais um reino esteja destruído.

Sedraerat: Ótimo.

A mulher vai embora, deixando que Sedraerat volte sua atenção para mim.

Sedraerat: Como pode ver, não é apenas você quem sempre me dá trabalho. O seu irmão parece ter sobrevivido, o que significa que deve estar arrumando uma forma de se esconder sem que o achemos.

O encapuzado me dá as costas, mas não se retira da sala.

Sedraerat: Tenho problemas para resolver, mas farei questão de visitá-la mais tarde. Devo admitir que aprecio conversar com você e vê-la... Sofrer.

Ele se retira, deixando que os dois selvagens tranquem a porta.

Apesar de saber que morrerei amanhã, a única coisa que penso agora é na possibilidade de Bruno estar vivo. Será realmente que sobreviveu? E, se sim, estará fugindo ou voltando para o reino? Talvez ainda haja uma escapatória para mim.

 

POV. Gabriel

Logo no início do dia, com algumas poucas aves voando sobre o mar, ondas calmas e o vento leve, ando em direção a Camilla, que mexe em um barril com algumas espadas.

Gabriel: Eu não posso apenas pescar, ou limpar algo como no dia anterior?

Camilla: Está com medo?

Ela vira para mim, com um sorriso confiante no rosto, estendendo a mão esquerda com uma espada simples, para que a pegue. Por enquanto que segura a sua com a outra mão.

Gabriel: É claro que não! Apenas achei que seria mais útil ajudando.

Pego a espada.

Camilla: Eu sou a capitã, eu digo o que é mais útil. Entendido?

Apesar de querer negar, assinto.

Camilla: Ótimo. Agora dê dois passos para trás!

Olho para o lado, vendo que Anabeth nos observa encostada em algumas caixas, assim como todos os outros tripulantes, exceto o que assumiu o lugar da capitã com o timão.

Camilla: O que está esperando?

Obedeço-a, dando dois passos para trás.

Gabriel: Aqui está bom?

Sem nem me responder, a capitã avança em minha direção, me fazendo pular para o lado, desviando do seu golpe.

Sem demora, ela logo desfere outro ataque em direção ao meu rosto. Uso a espada para parar o golpe, mas recebo um chute que me joga por cima de caixotes.

Camilla: Para um forjador de armas, até que você é bem...

Levanto-me, sentindo dores pelo corpo e procurando minha espada que havia caído.

Camilla: Fraco!

Escuto risadas.

Gabriel: Você não deixou que me preparasse.

Camilla ri.

Camilla: Se diz que o problema é esse.

Assumo posição de luta, separando bem as pernas e segurando a espada firme em minhas mãos.

Sem esperar mais nenhum segundo, Camilla investe, mas defendo os seus três primeiros golpes com a minha espada. Tento acertar um, mas ela desvia pulando para o meu lado e me dando uma cotovelada na cabeça, que me faz tropeçar para frente.

Virando-me para vê-la, levo uma pancada no rosto com o pomo da sua espada, me fazendo cair mais uma vez, dessa vez por cima de dois piratas, que me jogam de volta para cima da capitã, que me acerta um soco, me derrubando no chão e colocando a espada apontada para o meu pescoço.

Camilla: Quer que eu deixe que se prepare novamente?

Camilla guarda sua espada, segurando minha mão e me ajudando a me levantar. Toda a sua tripulação ria, me observando.

Gabriel: Fui tão ruim assim?

Ela segue para o timão.

Camilla: Não, ruim não. Você foi péssimo!

Olho para Anabeth, que aparentemente é a única que não está rindo. Ela sorri de canto para mim. Retribuo, apesar de não estar no meu melhor momento.

Camilla: O que acha de pescar sozinho hoje? Punição do dia!

Bufo, indo pegar a rede de pesca.

 

POV. Camilla

Anabeth vem até mim, após dar algo para sua pequena raposa comer.

Anabeth: Não acha que está sendo um pouco rígida com ele?

Desvio meu olhar do mar, sem tirar as mãos do timão, e olho para a jovem de cabelos rosados.

Camilla: Ele aguenta.

Anabeth: Tem certeza?

Cerro os olhos para ela, percebendo que não desistirá até que mudasse a minha ordem. Normalmente ignoro esse tipo de atitude, mas dessa vez irei ceder.

Camilla: Não sei o porquê de ainda te escutar.

Dou as costas para o timão, olhando para a tripulação que está descansando.

Camilla: Todos iniciando a pesca!

Vejo muitos resmungando.

Camilla: Não falarei mais nenhuma vez!

Volto à atenção para o timão.

Anabeth: Obrigada.

Escuto-a rir.

Anabeth: Como é Islert?

Camilla: O que já sabe sobre o reino?

Ela passa um tempo em silêncio.

Anabeth: Eu sei que é um reino distante. É o mais independente dos dez reinos, no passado tentando várias vezes sair do poder do imperador. Além de ter muitas montanhas, pequenas ilhas, um clima mais desértico e tem uma grande rivalidade com Powgant.

Nego com a cabeça.

Camilla: Sabe apenas o que viu em seus livros antigos feitos pelos anciões?

Anabeth: Bem... É exatamente isso. Eu não conheço muito sobre o reino Islert, e por isso adoraria se me contasse mais sobre ele.

Camilla: Como está indo para um reino que nem conhece? Alguém a espera lá?

Anabeth: Não. Estarei viajando por conta própria.

Mais uma vez deixo de observar o mar a minha frente, olhando para Anabeth.

Camilla: Sabe o perigo que estará correndo? Não sei quem é, mas para me dar essas joias como pagamento, parece ser alguém no mínimo importante.

Percebo que Anabeth fica nervosa.

Camilla: Não sobreviverá sozinha em Islert. Poderá ser sequestrada, roubada, assassinada. Existem pessoas ruins por todos os dez reinos. As coisas serão mais perigosas se andar por um lugar que nem conhece, e sem ninguém.

A jovem fica pensativa.

Anabeth: O que sugere?

Camilla: Até onde vai?

Anabeth: Para ser sincera, não sei exatamente.

Camilla: Você não sabe de nada?

Anabeth: Eu recebi uma carta. Não havia nenhum nome, mas sei que era de Islert. Tenho que achar a pessoa responsável pelo conteúdo que tinha nela.

Camilla: Islert é gigante! Como pretende fazer isso?

Anabeth: Ainda não sei.

Camilla: O que acha de ir comigo até o castelo?

Anabeth: Você me levaria até os reis de Islert?

Camilla: Sim, te levarei até a rainha de Islert. O rei já morreu faz alguns anos e, pelo que sei, a rainha ainda não arrumou outro. Ou ao menos não um oficial, se é que me entende.

Ela assente.

Anabeth: E como é o reino? Você já foi até ele?

Volto a olhar para o mar, pois já faz tempo que não presto atenção no caminho que sigo.

Camilla: Islert é um reino diferente. As pessoas lá agem mais livres. Não é como costumamos ver em outros reinos. Os reinos da área dos sete reinos são bem diferentes, pois a grande maioria das pessoas mora dentro dos muros que cercam o castelo. Já em Islert, assim como em Powgant, existem pessoas espalhadas por todo o reino, mesmo estando longe do castelo. Lá há muito comércio, e eles odeiam o imperador, principalmente o atual. Talvez aproveitem a situação para conseguirem, finalmente, deixarem de ser subalternos do imperador.

Anabeth: E acha isso correto? Digo, o imperador existe para manter a paz entre os dez reinos.

Camilla: Eu não quero soar como uma revolucionária, mas ultimamente não vejo o imperador manter paz alguma. Um dos dez reinos foi destruído, e onde está o imperador agora?

Olho para ela, vendo que está sem respostas. Não esperava uma reação diferente.

Camilla: Isso mesmo, ninguém sabe! Ele deve estar fugindo como um covarde, por enquanto que todos os reinos estão em perigo. Temos um péssimo imperador, com uma péssima proposta de paz!

Anabeth: Mas, mesmo que o imperador não garanta essa paz que deveria garantir entre os reinos, estando todos unidos é bem mais fácil enfrentar qualquer ameaça. Se os dez reinos fossem realmente aliados, poderiam combater qualquer invasor, ou dragão que quisessem. Todos os exércitos se uniriam e seriam imbatíveis!

Percebo o ânimo em sua voz. Anabeth parece realmente acreditar no que diz, apesar de saber que isso é impossível.

Camilla: É muito bom saber que realmente acredita nisso, Anabeth. É bonito pensar na possibilidade de todos os reinos viverem em paz, mas isso é algo impossível.

Anabeth: Não precisa ser impossível. A impossibilidade é uma opção que não precisa ser seguida.

Camilla: Mas é! Mesmo que os seis reinos, que sobraram das terras dos sete reinos, sejam aliados, os outros três não dão a mínima para eles. E esses outros três são justamente os mais poderosos. Sem falar que Powgant e Islert já são inimigos históricos. Eles nunca irão se unir, não importa qual seja a ameaça.

Percebo o olhar da jovem ficar entristecido.

Camilla: Não quero estragar suas esperanças, mas deveria saber que certas coisas não podem acontecer. Principalmente alguém como você, que deve fazer parte de algum conselho real. Veja os reis e rainhas, todos sabem que existem reinos que se deve e reinos que não se deve manter uma aliança.

Anabeth: Talvez não todos.

Ela suspira e se afasta.

Camilla: Para onde vai?

Anabeth: Ver como está a Snow.

Sua voz é triste, o que me faz pensar que talvez tenha a magoado. Não posso evitar, pois todos um dia merecem saber a verdade.

 

POV. Bruno

Abro os olhos, vendo estar cercado por homens com poucas roupas e pinturas no rosto. Carregam lanças de madeiras, estando muitas delas apontadas para mim e para Giovanna, que vejo estar sentada ao meu lado.

Estamos encostados em um muro não muito grande, feito de madeiras, que cerca uma pequena civilização que vive em casas feitas de palhas, pelo que vejo.

Bruno: Onde estamos?

Giovanna: Provavelmente essa floresta em que estávamos serve como divisa entre as terras de Powgant, ao leste, e as terras proibidas, ao oeste.

Bruno: Por que não me disse isso antes?

Giovanna: É apenas um achismo. Você é o príncipe de Powgant! Não conhece os limites das suas terras?

Nego com a cabeça.

Bruno: Lembro-me de poucos. Eu não gostava muito de aprender sobre as florestas e seja lá o que vive dentro delas!

Giovanna: Animais?

Cerro os olhos para ela.

Bruno: Precisa ser sempre tão desagradável?

Giovanna: Estamos cercados por selvagens que usam tangas, estão apontando flechas para nós e gritando coisas em uma língua que nem sabia que existia! Quer que eu fique comemorando por isso?

Bruno: Simplesmente odeio quando está certa.

Giovanna: Presumo que sinta bastante ódio então, pois sempre estou.

Um dos selvagens encosta a ponta da lança de leve em mim, falando algo que não compreendo.

Bruno: Ainda não creio que estou nessa situação. Primeiro foi um dragão, depois um exército cheio de guerreiros musculosos, arena desmoronando, sequestro por população descontente, e agora preso por selvagens!

Giovanna: Esqueceu-se de citar que são canibais.

Bruno: Canibais? Eles comem pessoas?

Giovanna: Como acha que todos esses ossos vieram parar aqui?

Desesperado, olho entre as habitações, vendo diversos ossos humanoides.

Bruno: Não! Um príncipe não pode morrer dessa forma!

Levanto-me, logo sendo empurrado para o chão novamente por um dos selvagens.

Giovanna: Acredito que quanto mais tentar fugir, mais irá animá-los para preparar o banquete.

Bruno: Precisamos sair daqui o mais rápido possível! Qual o seu plano?

Giovanna: Esperar que faça algo para chamar a atenção de todos para você, e, por enquanto que estiver os distraindo, aproveitarei a oportunidade para escapar.

Bruno: E o nosso trato?

Viro meu corpo, ficando de frente para ela, já que antes estávamos quase que de costas.

Giovanna: O nosso trato dizia que teria que me proteger, não o contrário. Parou para pensar que se sacrificando para chamar a atenção de todos, por enquanto que fujo, é uma forma de proteção.

Bruno: Não farei isso. Acha mesmo que jogarei minha vida fora para preservar a sua? Nem é alguém importante diante dos dez reinos.

Giovanna: E um príncipe leigo como você é?

Bruno: Muito mais do que imagina. Em meu sangue corre o mesmo sangue que correrá nos mais valentes e inspiradores reis e rainhas que Powgant terá depois de mim.

Giovanna nega com a cabeça, parecendo descrente das minhas ambições, o que não me surpreende.

Escutamos barulhos de tambores. Os selvagens a nossa volta se agitam, começando a nos atingir com as lanças sem que nos cortasse, para que levantássemos.

Levanto, vendo que todos vêm para trás de nós, apontando as lanças para as nossas costas e nos obrigando a andar.

Giovanna: Que ótimo. Para onde acha que nos levarão agora?

Bruno: Espero que para um lugar cheio de comida, apesar de achar que nós que seremos o alimento.

 

POV. Guardier

Entre diversos comerciantes que vendem os mais diversos produtos, ando acompanhado de Salina e dois dos seus companheiros musculosos.

Salina: Estou confiando em você, Guardier. Espero que não me decepcione, ou será você o novo alvo.

Guardier: Não precisa se preocupar. Já comentei que nunca perdi um alvo? Se quer a cabeça de Gabriel e Anabeth, é isso que terá.

Salina: E quando isso ocorrerá?

Guardier: Quando? Não costumo trabalhar com prazo sem receber uma recompensa a mais por isso.

Salina: Não acha que já está sendo recompensado o suficiente para continuar matando pelo resto da vida para nós?

Guardier: Eu tenho um segredo muito útil para qualquer caçador de recompensas: Nunca se contente com o que está ganhando.

Discretamente, pego uma maçã de uma das várias tendas pelas quais passamos.

Salina: Enfim, quando acha que poderá completar o serviço? Ainda preciso de uma resposta, mesmo que seja negativa.

Mordo a maçã, pensando no percurso por enquanto que mastigo.

Guardier: Se diz que partiram há duas noites, demorarei um tempo par alcançá-los, mas nada que um bom navio não possa resolver.

Salina: Já havia planejado tudo. Terá um dos melhores navios existentes nos dez reinos, não tendo desculpas para fracassar em sua missão.

Guardier: Sabe para onde estão indo?

Dou mais uma mordida na maçã e a jogo para trás.

Salina: Julgando pela direção que o navio seguiu, diria que só podem estar indo para Islert. A não ser que tenha resolvido deixar o continente, mas acho que seria algo muito arriscado para uma rainha. É claro, se não for uma covarde em fuga.

Salina me olha, como se me analisasse.

Salina: Está levando armas o suficiente?

Guardier: Como poderia duvidar? Mas, se preferir, posso mostrar as duas adagas e a foice escondidas. Além da espada, que imagino que consegue ver claramente.

Salina: Não ouse falhar com essa missão.

Chegamos ao píer, onde somos observados por alguns camponeses. Olho para o maior navio dentre todos que ali estão, vendo diversos selvagens, como os que nos acompanham, dentro dele.

Guardier: Creio que o maior seja o meu navio. Terei mesmo que levar todos eles comigo?

Olho para Salina, que observa o movimento a sua volta.

Salina: Apesar de não falarem sua língua, nem você a deles, serão de grande ajuda. Quando achar o navio em que os alvos partiram, será necessário que alguém cuide do navio por enquanto que estará tentando fazer o seu serviço. Além disso, caso as coisas compliquem, eles saberão como agir.

Ela finalmente me olha, me lançando um sorriso confiante. Não sei se posso realmente confiar nela, por isso ficarei atento. Não sei que ordens pode ter dado para esses selvagens, mas não tenho outra escolha se não aceitar, pois sei que realmente poderão ser de grande ajuda.

Guardier: Sei que saberão.

Sigo para o navio, passando por uma tábua de madeira que me permite entrar nele. Observando a tripulação terminar os últimos preparativos para viagem, olho para Salina e os dois selvagens que a acompanham.

Salina: Nós nos veremos em breve, Guardier. Faça uma viagem pouco conturbada.

Guardier: Contarei com isso.

Vejo a encapuzada me dar às costas, retornando para o seu covil.

 

POV. Rafaela

Sou guiada por selvagens. Não sei exatamente para onde me levam, mas sei que se sentiram um pouco intimidados com as espadas dos meus guardas.

Rafaela: Para onde acha que estão nos levando? Se ao menos um deles falasse nossa língua já facilitaria bastante a nossa comunicação.

Ryan: Não se preocupe, majestade. Qualquer ato suspeito já será um bom motivo para reduzirmos seus corpos a pequenos pedaços de carne.

Chegamos a um homem com pinturas no rosto e penas espalhadas pelo corpo. Assim como os outros, usa apenas um pequeno pedaço de pano que esconde suas partes íntimas, mas tem como diferença a variedade de cores das penas e algo que lembra uma coroa também feita delas.

Scott: Imagino que esse seja o... Rei?

Rafaela: Provavelmente sim.

Ele arqueia uma sobrancelha nos olhando atenciosamente. Aos poucos, estuda cada um de nós apenas com o olhar, apontando para Ryan e falando algo incompreensível.

Ryan: O que ele quer?

Rafaela: Acho que quer que se afaste de mim.

O aparente líder dos selvagens faz um gesto com a mão para que Ryan vá mais para trás.

Ryan: É perigoso.

Rafaela: Desobedecê-lo também é.

Ryan dá três passos para trás, fazendo o líder sorrir.

Ele se aproxima de mim com passos lentos e cuidadosos, girando ao meu redor e me observando completamente. Ao terminar de me analisar, fala algo que faz os seus guerreiros com pouca roupa rirem.

Rafaela: Eu não sei que língua falam, e nem se podem me entender, mas gostaria de saber se estão com dois acompanhantes meus. Eles são importantes para mim e meu reino. Sou a rainha Rafaela, do reino Elmarf.

Eles se entreolham, e comentam algo.

Grendler: Eles não nos entendem, majestade.

Rafaela: Então precisamos fazê-los entender.

Coloco a mão em meu pescoço.

Rafaela: Eu sou a rainha Rafaela.

Toco no que parece ser sua coroa de penas, fazendo um gesto em minha cabeça para demonstrar que também possuo uma.

Rafaela: Sou uma rainha.

Ele assente, parecendo entender o que quero falar.

Rafaela: Preciso achar duas pessoas.

Seguro dois dos seus súditos, em seguida apontando para os meus.

Rafaela: Pode me levar até eles?

O líder aponta para os dois que havia segurado, gritando algumas coisas. Em seguida, outros dos seus seguidores lançam suas lanças neles, os matando.

Rafaela: Não era isso que queria! Matou seus próprio povo por nada?

Wiven: Achei-os!

Wiven aponta para um das moradias mais para o lado, onde fazem uma grande fogueira. Próximo a ela, Bruno e Giovanna estão amarrados.

Rafaela: Lá deve ser o local onde preparam suas refeições.

Scott: Majestade, creio que Bruno e Giovanna serão a refeição.

Olho para Ryan.

Rafaela: Ryan, eu preciso de ouro. Ainda tem alguma moeda, ou objeto valioso meu para oferecer em troca dos dois?

Ryan me dá um saco que guardava atrás da armadura, contendo algumas poucas joias. Abro-o, mostrando para o líder e vendo que se interessa bastante pelo que mostro a ele. Mas, antes que pudesse pegar, puxo de volta e aponto para Giovanna e Bruno.

Rafaela: Darei para você, mas apenas se soltarem eles.

Ele cerra os olhos para mim, apontando para os dois e gritando para os outros selvagens.

Vejo que dois deles vão até a grande moradia feita de palha, cortando as cordas que prendem Bruno e Giovanna, usando suas lanças. Em seguida, trazem os dois até nós. Vejo que ficam contentes, ou ao menos aliviados, em nos verem.

Giovanna: Voltou mesmo para nos salvar, ou foi apenas uma coincidência?

Rafaela: Queiram vocês ou não, o príncipe Bruno ainda é importante para mim, considerando que é o único da sua linhagem que está vivo.

Olho para o líder dos selvagens, dando o saco de joias para ele, que sorri.

Rafaela: Agora iremos partir.

O líder grita, apontando para nós. Todos pegam suas lanças, correndo em nossa direção.

Meus guardas puxam suas espadas, batendo nas lanças que são jogadas em nossa direção.

Ryan: Fujam daqui!

Vejo um arco com algumas flechas jogado ao lado de uma das moradias. Corro em direção a ele, por enquanto que Bruno corre para fogueira.

Giovanna: O que estão fazendo?

Uma lança iria me atingir, mas me jogo no chão, desviando dela, e caindo de frente para o arco. Pego o objeto e disparo uma flecha no selvagem que tentou me atingir.

Meus seis guardas conseguem se defender, mas percebo que estão tendo dificuldade pela quantidade de inimigos.

Giovanna foge do líder, que a persegue com um machado em suas mãos.

Rafaela: Abaixe-se!

Pego mais uma flecha, a lançando na direção de Giovanna, que se abaixa, deixando que a flecha acerte a barriga do líder. Ele grita com a dor, mas quebra a flecha e continua a seguir na nossa direção.

Giovanna: O que é ele?

Rafaela: Um monstro.

Bruno: Ei!

O líder dos selvagens olha para Bruno, que segura um pau em chamas.

Bruno: O que acha disso?

Bruno começa a correr, encostando o pau coberto de fogo em diversas moradias e as incendiando, por enquanto que mulheres selvagens e crianças correm assustadas.

O selvagem corre atrás de Bruno.

Rafaela: Vamos sair daqui!

Corro com Giovanna, vendo os guardas me seguirem ao mesmo tempo em que lutam.

Ryan corta a barriga de um, e, antes de ser atingido pelo selvagem que se aproximava por trás, é protegido por Scott, que atravessa a espada no peito dele.

Grendler corta ferozmente a cabeça de todos que se aproxima, por enquanto que Wiven e Lubert destroem as lanças dos inimigos.

Kuoq usa suas duas espadas para impedir que qualquer selvagem se aproxime de si.

Já saindo das terras dos selvagens, percebo que o príncipe Bruno ainda está por lá.

Giovanna: Deixaremos o Bruno para trás?

Rafaela: Ele deveria estar voltando.

Entre as chamas, Bruno surge correndo. Atrás dele, o líder ainda o seguia com raiva nos olhos e com o machado em suas mãos.

Antes que Bruno nos alcançasse, o selvagem lança o machado em sua direção.

Rafaela: Bruno!

Uma onda de sangue cobre a mim e a Giovanna. Vejo Lubert caído com seu cabeça estourada, deixando meus olhos enxerem de lágrimas.

O selvagem corre em nossa direção. Levanto o arco e acerto suas flechas em seu rosto, o fazendo cair.

Ryan se aproxima, me empurrando para que andasse.

Ryan: Precisamos sair daqui, majestade.

Rafaela: Ele se sacrificou...

Mais selvagens se aproximam gritando.

Scott: Se não corrermos iremos morrer!

Ryan: Perdoe-me!

Ryan guarda sua espada, me colocando em seu ombro e correndo, assim como os outros. Mesmo me afastando, não deixo de observar e pavorosa e angustiante cena do meu guerreiro assassinado.

 

POV. Isadora

Com uma cesta nas mãos, colho algumas uvas e maçãs plantadas próximas ao castelo de Powgant. Segundo os membros da sociedade vermelha, elas costumam surgir menos nessa época do ano, por isso é bom preservar cada uma que for colhida.

O sol se esconde, aos poucos desaparecendo e levando sua luz consigo. A noite se prepara para ganhar espaço e com ela também virá minha solidão. Mais um dia estou aqui, presa nesse reino sombrio e dominado pelo caos. Não sei até quando serei útil para eles, ou até quando me deixarão viva.

Vou andando até uma arena de batalha, onde, segundo o que escutava, costumavam haver batalhas para elegerem os guerreiros mais fortes do reino. Agora está vazia, restando apenas as videiras próximas, de onde tiro algumas uvas.

Menino: Senhorita!

Uma criança corre até mim. Suas roupas estão sujas, seu rosto possui alguns arranhões e aparenta estar cansado.

Menino: Poderia me dar alguma fruta para comer? Minha mãe não tem mais dinheiro para nos alimentar.

Isadora: É claro. Pode pegar.

Aponto para as videiras, mas ele nega com a cabeça. Parece estar com medo.

Menino: Não pode me dar algumas das suas?

Isadora: São as mesmas.

Menino: Meu pai tentou pegar uma direto da planta, mas foi morto por um homem que não fala a nossa língua.

Suspiro, entregando um cacho de uvas para ele.

Menina: Obrigado, senhorita.

Isadora: Preciso que esconda bem dentro de suas roupas, para que nenhum deles veja e pense que pegou sem permissão.

Ele assente, escondendo o cacho dentro de suas roupas e correndo para casa.

Olho par trás, vendo que nenhum dos selvagens ou da sociedade vermelha está por perto. Ninguém me observa ou me vigia, o que me dá uma ótima oportunidade de fugir. Não precisaria mais limpar quartos, servir esses tiranos repugnantes, ser humilhada e vê-los brincar com o meu subconsciente.

Lenta e cuidadosamente, vou andando, observando se ninguém me segue, em direção aos cavalos presos na frente do castelo. Se conseguir roubar um desses, poderei me afastar com facilidade, e logo estarei longe o bastante para que não me tragam de volta ou me matem.

Antes de continuar seguindo, paro de andar e penso no Lucca. Mesmo que esteja sofrendo bastante e já possa estar morto, não posso desistir dele. Até ter certeza de que pode sair dessa situação bem, não poderei ir embora. Além disso, as chances de realmente fugir sem se morta no caminho são mínimas.

Volto até as videiras, me conformando com a tarefa que tenho por enquanto. Até conseguir salvar o Lucca, não fugirei desse castelo.

 

POV. Máximus

Por enquanto que a noite ganha espaço no céu, continuo montando a tenda do rei Aires com mais outros cinco guardas, por enquanto que castiga alguns dos seus prisioneiros.

Máximus: Conhece a templo celestial?

Falo olhando para Trendor, que está de cócoras. Ele para de prender uma das pontas da barraca, olhando para mim.

Trendor: O que tem essa droga?

Máximus: É normal coisas estranhas acontecerem por lá? Digo, eu vi coisas estranhas durante a noite.

Ele termina de prender a última ponta da tenda, se levantando.

Trendor: Andou bebendo algo? O imperador não irá gostar de saber que está se alcoolizando durante o serviço.

Máximus: Não, eu não estou bêbado. E, mesmo que estivesse, você faz isso o tempo todo e nunca vejo o imperador reclamar.

Trendor: Agora que acabei o serviço, irei fazer exatamente isso.

Máximus: Não pode ir antes de me ajudar, Trendor!

Trendor: Você não manda em mim, Máximus! Se falar comigo dessa forma novamente, quebrarei sua cara!

Máximus: Faz esse favor para mim. Preciso de alguém para me ajudar.

Ele cruza os braços, arqueando um das sobrancelhas.

Trendor: Seja breve.

Máximus: Obrigado. Eu segui até um lugar que chamava minha atenção. Nele vi coisas estranhas. Aranhas me guiaram até uma fonte, onde vi meu reflexo e em seguida vi uma mulher de cabelos avermelhados pedindo ajuda.

Trendor: Espera que acredite nisso?

Máximus: É claro! Eu não inventaria uma história dessas! Além disso, com tudo que tem acontecido recentemente, isso seria até mais normal.

Trendor ri, descruzando seus braços e passando por mim, indo pegar sua bebida.

Trendor: Você está muito bêbado. Deveria tirar um cochilo, ajudaria a acalmar suas alucinações.

Ele se afasta, rindo de tudo que havia dito. Talvez esteja certo. Estive andando por um templo abandonado, com uma trágica história e em um horário avançado. Provavelmente acabei tendo alucinações ou apenas o medo tenha me feito ver coisas. Nada de anormal aconteceu, exceto em minha cabeça.

Aires: Máximus!

Olho para trás, vendo o imperador se aproximar. Faço uma reverência.

Máximus: Como posso ajudá-lo, vossa majestade imperial?

Aires: Não sei o que fez para Trendor estar rindo tanto, mas isso me incomodou de certa forma. Mesmo hoje não sendo o seu dia, irá fazer parte do grupo que caçará de madrugada. Preciso de muita comida para amanhã cedo.

Máximus: Algum evento especial, imperador?

Aires: Não, apenas quero mais comida. Sou o imperador dos dez reinos, não preciso de um motivo para pedir qualquer coisa, apenas preciso querer e ordenar. Não gosto de ser questionado, Máximus. Espero que se lembre disso, pois na próxima poderei tirar um dos seus dedos para que sirva de lição.

Ele sorri, indo para sua tenda. Não entendo como o imperador se diverte apenas em desmerecer os seus inferiores, e nem como permitiram que ele ganhasse esse cargo, mas, a cada dia que passo ao seu lado, sinto mais vontade de me afastar.

 

POV. Anabeth

Observo o reflexo da lua no mar, que está mais calmo do que qualquer outra vez que o observei desde que entrei no navio.

Gabriel: Parece bastante pensativa.

Vejo Gabriel ao meu lado.

Anabeth: Deve estar exausto. Hoje foi um dia bem cansativo, não foi?

Gabriel: Talvez um pouco. A capitã é um pouco...

Anabeth: Persistente?

Gabriel: Eu iria dizer cruel, mas acho que serve.

Rimos.

Gabriel: Então... Sabe que eu vim de Steelland, mas ainda não sei de onde veio.

Ele sorri, mas desvio o olhar.

Anabeth: Eu vim de Snounteg. Já ouviu falar?

Gabriel: O reino onde sempre tem neve?

Anabeth: Sim. Fiz uma viagem até Steelland e conheci a Camilla, fazendo um acordo para que me levasse até Islert.

Gabriel: E o que fazia em Snounteg? Tem família por lá?

Anabeth: Não mais. Na verdade, tenho uma irmã, mas nós não nos damos bem. Ela é uma assassina e maníaca por vingança, diferente de mim. Para ser sincera, eu não a odeio, apesar de ser isso que ela pensa de mim. Acredito que todos podem mudar, basta apenas querer.

Gabriel: Eu sinto muito. Acho que não tenho irmãos, mas, como não conheço meu pai, não tenho certeza.

Anabeth: Meus pais estão mortos. Meu pai morreu recentemente, minha irmã o matou, por isso foi presa.

Olho para ele, que está surpreso.

Gabriel: A sua irmã realmente é alguém detestável. Mas o que fazia em Snounteg sozinha?

Anabeth: Nos últimos anos estive aprendendo o básico da vida com o meu pai. Ele me ensinava tudo que uma jovem importante deve saber.

Gabriel: É da alta sociedade?

Anabeth: Digamos que sim. Um grupo de Elmarf havia chegado ao reino, um pouco antes do meu pai morrer. Estava um pouco assustada no início, eram pessoas desconhecidas sendo recebidas pela família real de Snounteg, e ficariam por lá por um bom tempo. Vi que pareciam pessoas boas, apesar de não manter muito a comunicação com eles. Não costumo falar com muitas pessoas, pois não sou comunicativa.

Gabriel: Tímida?

Anabeth: Isso. Apesar de tudo, ainda pude fazer um amigo.

Gabriel: Um amigo?

Anabeth: Sim. Ele não era exatamente de Elmarf, apesar de morar lá fazia algum tempo. Por isso acompanhou a rainha até o meu... Até o reino Snounteg. Ele foi gentil comigo, e um pouco insistente, por isso acabei conversando com ele e nos aproximamos bastante. Graças a isso pude sair muito do reino acompanhada por ele, já que meu pai era bastante protetor e não permitia que saísse sozinha. Mas no fim... Ele foi embora, assim como todos os outros que entram na minha vida. Qualquer pessoa que me cerca acaba partindo.

Ele muda a feição, parecendo preocupado. Percebo que lágrimas escorrem pelo meu rosto, as limpando e voltando a observar o mar.

Anabeth: Desculpe-me. Eu... Acho que perdi o controle.

Gabriel: Está bem?

Anabeth: Sim, apenas preciso descansar.

Vou andando até a escadaria, mas antes de descê-la olho para ele.

Anabeth: Boa noite.

Gabriel: Boa...

Desço tentando esquecer as minhas tristes memórias.

 

POV. Giovanna

Andamos pela floresta sem pausa alguma, para evitarmos que nos achem. Desde que entramos na selva, os cinco guardas restantes estão em silêncio, parecendo sofrerem calados pela morte do sexto.

Um pouco afastados dos guardas, Bruno e Rafaela andam em silêncio, sendo seguidos por mim.

Bruno: Eu sinto muito pelo Lubert.

Rafaela continua andando, fitando o chão em silêncio.

Bruno: Foi muito heroico o seu ato.

Rafaela: O Lubert sempre foi um guerreiro incrível. Só não me abala mais o fato de não precisar contar a sua família sobre o ocorrido. Ele teve uma história bem triste. Quando meu pai ainda era vivo, Lubert lutou ao seu lado em uma guerra contra selvagens que viviam próximos a vila Vinery. Mas quando voltaram da batalha, Elmarf havia sofrido uma invasão. Lubert descobriu que sua esposa, seu irmão e seus três filhos haviam sido mortos, e desde então nunca mais foi o mesmo. Ainda continuou lutando bravamente para mim, mas já não era mais possível ver felicidade em seu rosto.

Os dois param de andar, me fazendo parar também.

Bruno: Ele não teve uma vida fácil.

Rafaela: Não me faça me arrepender, Bruno.

Bruno franze o cenho.

Bruno: Onde está querendo chegar?

Rafaela lança um olhar sério para ele.

Rafaela: Eu fui atrás de você! Eu quis me arriscar com os selvagens e meus guardas escolheram me seguir! Eu queria salvá-lo! E consegui, mas em troca perdi o Lubert. Ele se sacrificou, mas para proteger você da mesma forma que também queria. Ele foi um verdadeiro guerreiro, e disso não podemos discordar. Apenas peço que não faça que isso tenha sido em vão.

Bruno: Eu não pedi para que voltasse para me salvar!

Rafaela segura seu arco, apontando uma flecha para a cabeça de Bruno.

Giovanna: O que estão fazendo?

Rafaela: Eu não deixarei que Lubert tenha sacrificado sua vida para que ele continue se comportando como um príncipe fajuto!

Giovanna: Matá-lo não adiantará de nada! Se tirar a vida dele agora, como pretende que o sacrifício tenha algum propósito?

Aproximo-me dela, abaixando seus braços e, consequentemente, o arco.

Giovanna: Sei que se sente culpada pela morte do Lubert, mas a morte é algo tão comum. Principalmente em tempos de guerra como esses. Pessoas que gostam estão morrendo todos os dias, e assim continuará até que uma solução seja encontrada para todo esse caos.

Rafaela me olha, assentindo.

Giovanna: Mas, para nossa jornada dar certo, preciso que estejam juntos. Sei que cada um de nós possuímos interesses diferentes, mas agora devemos ter um só: sobreviver. E, para isso, não podemos ficar criando rivalidades desnecessárias. Não façam isso por si mesmo, mas para o bem dos seus reinos, do povo de vocês e do futuro do império.

Bruno e Rafaela se olham seriamente.

Rafaela: Eu aceito uma trégua por Elmarf, Powgant e todos os inocentes que tem morrido nessa guerra.

Bruno: É recíproco.

Os dois apertam as mãos, firmando finalmente uma possível aliança.

 

 

 

Continua...


Notas Finais


No próximo capítulo... Gabriel contará sobre sua fuga. Bruno apresentará uma proposta para rainha de Elmarf. Isadora será mais uma vez levada até Lucca, vendo a situação dele piorar ainda mais. Camilla perceberá que já nadam em mares profundos, mais próximos de Islert. Juliany ganhará uma última oportunidade para escapar da morte. Anabeth se encontrará em uma situação de risco, não sendo nenhum inimigo comum o responsável. Máximus chegará a mais uma vila, continuando a ver coisas estranhas. Guardier começará a planejar o seu ataque ao navio onde Anabeth e Gabriel se encontram, e Giovanna conseguirá o que tanto deseja.


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