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História Elmarf 3, Domain of Fire - Challenges That Make Us Strong


Escrita por: Ersj

Notas do Autor


No capítulo anterior... Gabriel fala sobre o seu passado e sua fuga para Anabeth, que o estimula a tentar se tornar mais forte como forma de aliviar a sua culpa. Bruno faz uma proposta para Rafaela, oferecendo uma aliança definitiva dos reinos em troca da profecia, mas é recusada. Isadora, que foi atrás de Lucca, vê o seu marido a beira da morte, cuspindo sangue e tendo uma das pernas quebrada. Ryan conversa com Rafaela, a fazendo ver que se tornou uma grande rainha e revelando estar disposto a proteger seu jovem aprendiz, Scott. Camilla vê o mar se agitar, pressentindo uma grande tempestade. Juliany recebe uma última chance de escapar da sua sentença, para se juntar a Sociedade Vermelha. Anabeth e Gabriel tentam ajudar desesperadamente Camilla, pois o navio enfrenta, além da tempestade, um redemoinho e uma serpente marinha. Máximus e Trendor veem de longe o dragão que assombra os dez reinos destruindo uma vila, os fazendo se apressarem para avisar ao imperador. Guardier dá ordens para que sua tripulação se prepare para o ataque, tendo um desentendimento de opiniões com o encapuzado que o acompanha. Após mostrar a profecia para Bruno e Giovanna, e teorizarem sobre ela, Rafaela anuncia para Ryan que irão para Imperial State.

Capítulo 9 - Challenges That Make Us Strong


POV. Isadora

Limpo as janelas da sala de reuniões antes que os membros da Sociedade Vermelha entrem e reparem na sujeira. Comecei meus serviços mais cedo hoje, servindo a mesa sozinha. Agora termino algumas limpezas básicas, para evitar possíveis reclamações e cobranças.

Vou para trás de uma estátua, para limpá-la. Na mesma hora, escuto a porta ser aberta, por onde entram passos apressados.

Sedraerat: Ela recusou a proposta!

Controlo minha respiração, para que não seja descoberta.

Zorah: Recusou? Mas como pode?

Sedraerat: Juliany não confia em nós, e nunca irá confiar! Mesmo com todas as propostas que a fiz, ainda recusa!

A princesa Juliany está viva? Não é possível!

Zorah: Não temos outra opção! Não me aliei aos seus propósitos para observar uma princesa ignorante negar todas as nossas ordens e permanecer viva! Não haverá mais escapatória para Juliany, Sedraerat. Eu mesmo quero tirar sua vida usando minhas próprias mãos!

Sedraerat: E assim será. Quando os outros chegarem, irei comunicá-los. Não adiarei mais a sua morte, sendo amanhã cedo na frente de todos. Continuaremos fazendo com que nos obedeça através do medo.

Escuto uma cadeira ser puxada. Provavelmente um dos dois se sentou.

Sedraerat: O fato do príncipe de Powgant e da rainha de Elmarf estarem vivos me deixa nervoso. Não é seguro que fiquem se escondendo por aí, dificultando a nossa busca. Eles precisam morrer para que o nosso propósito seja alcançado.

Zorah: Já sabe que meus guerreiros estão a sua procura. Não há com o que se preocupar.

Sedraerat: Os dez reinos são enormes, caso não se lembre. Podem se esconder em qualquer canto, impedindo que até os seus Lunamines consigam achá-los. Nosso objetivo é claro, Zorah. A Sociedade Vermelha não pode descansar até que tomemos os dez reinos e acabemos com cada pessoa ligada aos tronos. O Imperador é outro dos nossoos grandes alvos, apesar de não sabermos sua localização.

Zorah: Contanto que ganhe as terras e todo ouro prometido, não me incomodo com os seus propósitos religiosos.

Sedraerat: Deveria se dedicar mais aos nossos deuses, mesmo eles já sendo bem gratos por estar nos ajudando. Seus Lunamines já se provaram entregues a eles também, restando apenas você. Não são todos que são protegidos pelos deuses do fogo, deveria considerar um privilégio. É por isso que luto tanto, Zorah. Após eu e mais três pessoas termos sidos escolhidos para guiar todos os devotos dos deuses do fogo, temos a missão de começar um novo império guiado pela fé e pela paz fornecida por nossos deuses. Não terão mais reis e rainha, apenas imperadores divinos.

Zorah: E como acha que os seus deuses poderão comandar os dez reinos sozinhos? Eles nem ao mesmo podem ser vistos ou escutados.

Sedraerat: É exatamente por isso que fomos eleitos. Ou quando nos conheceu pensou que o nosso próprio povo nos elegeu? Foram os próprios deuses. Quatro deuses, cada um escolhendo um mero humano para representá-lo. Agora devemos aceitar e seguir o destino que a nos foi dado. Precisamos converter a todos os que aceitarem, e aniquilar os que se opuserem. Exceto você, é claro.

Zorah: É bom saber disso.

Sedraerat: Pergunto-me se o dragão já chegou à área dos sete reinos. Creio que não, já que está destruindo vila por vila que encontra em seu caminho. Poucas são as que restam.

Zorah: Diga-me uma coisa, como conseguiram esse dragão? Não é qualquer um que consegue uma criatura desse porte e poder.

Sedraerat: As chamas dos nossos deuses nos guiaram até o dragão adormecido, nas terras proibidas. Com o fogo mágico e resplandecente que a nós foi dado, conseguimos novamente despertar a criatura, que nos serve desde então. Isso ocorreu dias antes de convocá-los para ser o nosso exército. Devo assegurar que foi uma sábia decisão se unir a nós.

Zorah: Como já afirmei, quero apenas minhas riquezas prometidas. Se meus guerreiros cultuam os seus deuses, não me interessa. Quero ter poder e proteção depois que tudo estiver dominado.

Sedraerat: E terá.

Zorah: Quais os próximos reinos a serem destruídos?

Sedraerat: Aguardo a permissão de Salina para que o dragão possa destruir Steelland. Como bem sabe, ela ficou responsável por comandar a área dos sete reinos. Mas, por enquanto que ela não me dá nenhum sinal, meu foco fica nos três reinos mais próximos do dragão.

Zorah: Arvendom, Elmarf e Harvest?

Sedraerat: Exatamente. Arvendom nunca foi um reino com tropas muito poderosas, o que será fácil para seu exército. Apesar disso, é conhecido por possuir as mentes mais sábias e pensantes dos dez reinos. Isso me faz temer que criem algo que possa enfrentar nosso dragão, sendo melhor que os eliminemos logo. Elmarf está sem sua rainha, sem o comandante do exército do general Antony, sem os principais e mais leais membros da guarda real, em um completo estado de vulnerabilidade, o que torna o reino perfeito para ser destruído sem que seja preciso grande esforço. E Harvest é um reino com poucos herdeiros, diferente dos outros dois. Para Arvendom há a irmã mais nova do rei Jhon e seus dois filhos, e para Elmarf existem dois herdeiros. Já em Harvest, existe apenas o rei Pyter que será eliminado, sua sobrinha, e um bastardo que Salina diz já estar sendo caçado por um caçador de recompensas que contratou.

Zorah: E quanto aos outros? Imagino que Fenar e Islert serão difíceis de serem dominados.

Sedraerat: Com o seu exército e um dragão, nada se torna muito difícil. Mas devo concordar que será mais complicado que os outros reinos. Se trantando de Snounteg, é o reino que menos sabemos. Está sendo governado pela rainha Anabeth, após o falecimento do seu pai, e até onde sabemos, não há mais nenhum herdeiro vivo. Já o reino Blooth, como está sendo restaurado pela mais recente rainha Fernanda, presumo que será fácil dominá-lo, exceto por existir dois herdeiros para ele também.

Escuto a porta se abrir novamente, dessa vez ouvindo vários passos. Os outros membros do conselho estão entrando, o que me parece ser a oportunidade perfeita para me retirar.

Saindo de trás da estátua, passo pelos integrantes que se movimentam pela sala, tentando não chamar a atenção dos dois antes presentes.

Chego à porta, estando prestes a sair quando escuto Sedraerat pedir silêncio.

Sedraerat: Não a vi entrar na sala, Isadora.

Viro-me para ele, estando cabisbaixa.

Isadora: Entrei rapidamente com os outros, apenas para ter certeza de que não esqueci o vinho.

Sedraerat: Não, não esqueceu.

Evito olhar nos seus olhos, com medo que perceba minha mentira apenas por eles.

Isadora: Posso me retirar?

Sedraerat: Deve.

Saio da sala, fechando a porta e suspirando. Muito pude descobrir nessa conversa, e por pouco escapei, mas de nada adiantará se não puder comunicar a ninguém sobre as pretensões dos religiosos encapuzados.

 

POV. Rafaela

Seguindo nosso destino por um caminho plano e florido, lutamos contra o cansaço agravado pela forte luz solar sobre os nossos corpos.

Giovanna: Não poderíamos ter comprado cavalos?

Kuoq: Seriam de grande ajuda.

Olho para trás, vendo que todos parecem cansados. Não irei mentir, também estou exausta.

Rafaela: Descansaremos um pouco.

Bruno: Muito obrigado, majestade. Minhas pernas já não aguentam mais dar nenhum passo.

O príncipe Bruno fala, se sentando na grama. É engraçado o fato de me respeitar como autoridade agora que fizemos a aliança. Pergunto-me apenas até quando isso irá durar.

Giovanna também se senta, mexendo em seus cabelos longos e atualmente bagunçados. Depois de tudo pelo que passamos, acho que pessoa alguma conseguiria estar bela como se fosse para um baile real.

Scott senta, apoiando suas mãos no chão e observando as nuvens, parecendo apreciar também o cheiro das flores. Kuoq observa suas duas espadas, vendo se não há qualquer danificação nelas. Wiven deita-se, fechando os olhos e respirando levemente, como se estivesse pronto para cochilar. Grendler senta, deixando a perna direita flexionada, apoiando seu braço direito por cima dela, e observando os arredores em silêncio.

Ryan se aproxima, com os dois braços para trás.

Ryan: Não irá sentar e descansar, majestade?

Rafaela: Estou cansada, mas não quero me sentar. Prefiro ficar em pé e pensar em nosso trajeto.

Ryan: O caminho que seguimos está nos levando para Imperial State, coincidentemente. Mas por que quer ir para lá?

Rafaela: Pela interpretação que tivemos da profecia, o imperador Aires sofre risco de morte. Precisamos avisá-lo, antes que seja tarde demais.

Ryan: Mas não era exatamente isso que não queria que ocorresse? Disse que não deveriam interferir no que há na profecia.

Rafaela: Mas e se essa for a nossa única forma de evitar que os reinos sejam destruídos?

Escutamos cavalos cavalgando, nos fazendo olhar para o lado e ver diversos cavaleiros, com armaduras aparentemente resistentes e grandes espadas, apontarem para nós e gritarem.

Rafaela: Eles estão querendo nos pegar?

Ryan: Corra, majestade! Devemos aproveitar por enquanto que estão longe!

Todos os que descansavam levantam, correndo para o oeste, assim como eu. Não sei quem são os cavaleiros com armaduras reluzentes, mas, pelo fato de nos caçarem, não aparentam ser amigáveis.

Logo somos cercados pelos cavaleiros, nos impedindo de continuarmos a correr. Não consigo contar de fato quantos são, por girarem ao nosso redor com muita velocidade, mas sei que são mais de dez.

Cavaleiro: Rainha Rafaela do reino Elmarf?

Assinto, receosa.

Cavaleiro: Está condenada à morte pelo assassinato do imperador.

Percebo que todos me olham surpresos.

 

POV. Máximus

Cavalgo apressado, perseguindo um dos prisioneiros do imperador que conseguiu se soltar e roubar um dos cavalos, tentando fugir. Como não poderia ser diferente, Aires ordenou que o trouxesse de volta, e é exatamente isso que faço nesse exato momento.

Máximus: Desça do cavalo!

Ele olha para trás, se assustando com a minha aproximação. Aos poucos meu cavalo conseguia alcançar o seu, o deixando mais nervoso a cada segundo. Seu medo provavelmente não é ser pego, e sim ser castigado ao voltar para as mãos cruéis do imperador.

Máximus: Pare e desça do cavalo!

O fugitivo começa a passar por uma área com pequenas rochas no meio do gramado, fazendo com que o cavalo roubado desvie de todas. Faço o mesmo, procurando não perdê-lo de vista.

Vendo uma pequena colina, o fugitivo guia seu cavalo para ela, a subindo, mas se surpreende no final, vendo que dava em uma queda para uma lagoa.

Pegos de surpresa, o fugitivo e o cavalo são engolidos pela água da lagoa.

Vou até o fim da colina, descendo do meu cavalo e observando o fugitivo e o animal tentarem sair da água desesperados, cada um para um lado.

Máximus: Acabou para você!

Antes de descer a colina, pelo lado, para ir pegá-lo, sinto uma estranha sensação percorrer o meu corpo. Vejo aranhas passarem entre os meus pés, seguindo todas para dentro da lagoa, que muda a cor da água para alaranjada. Bolhas começam a surgir, seguidas de fumaça, sendo na verdade água em forma de vapor.

Tudo ao meu redor começa a desaparecer, ficando tudo escuro e restando apenas a lagoa a minha frente, onde mais uma vez a mesma mulher que vi no templo aparece. Dessa vez seu reflexo está maior, tomando o espaço de toda lagoa. Consigo ver seu rosto com um tamanho consideravelmente maior que o meu, e uma expressão mais uma vez vazia e perdida, como se precisasse dizer algo, mas não soubesse exatamente o quê.

Máximus: O que você quer? O que quer?

A água vai ficando turva, e aos poucos sua imagem vai sumindo.

Máximus: Fale-me o que deseja!

Sinto uma forte dor na cabeça, me obrigando a segurá-la com as duas mãos e me ajoelhar sem aguentar a terrível sensação de como se fosse explodir. Grito, sentindo a dor se agravar.

Repentinamente a dor passa, me deixando ver tudo como via antes. Enxergo tudo normalmente ao meu redor, a água da lagoa voltou a sua cor original e o fugitivo me olha assustado, já sentado na borda.

Ao perceber que estou realmente ajoelhado, me levanto e subo no cavalo, descendo a colina atrás do fugitivo que tenta correr para escapar. Sua tentativa será notoriamente falha, mas talvez não tanto quanto a minha tentativa de entender o que está acontecendo comigo.

 

POV. Camilla

Aproveito o oceano calmo, segurando o timão com leveza e tranquilidade. Os tripulantes tentam reparar alguns dos danos causados no dia anterior, mas é praticamente impossível sem materiais de fora. Pela ausência de duas das velas, nos locomovemos com uma velocidade praticamente mínima, não conseguindo utilizar muito o vento, apenas a própria força das águas.

Questiono-me se, caso não tivéssemos todo esse prejuízo, já não teríamos chegado a Islert. Por pouco não morrermos, e devo ser grata a Anabeth e Gabriel por isso, pois eles que me deram a grande ideia que nos permitiu adiar a chegada ao redemoinho.

Olhando para trás, vejo Gabriel vir em minha direção.

Gabriel: Não iremos treinar hoje?

Camilla: Iremos, mas só depois que o navio estiver o mais organizado possível. Por enquanto, minha missão é nos guiar com mais segurança. Se, antes do meu cochilo, tivesse avisado sobre o caminho certo a se seguir, poderíamos evitar muito dos nossos problemas. A tempestade seria inevitável, mas não encontraríamos redemoinhos, talvez apenas a serpente marinha.

Gabriel: Compreendo. O que deseja que faça?

Camilla: Anabeth disse que forja armas, não é? Deve ter uma fonte de criatividade ilimitada.

Ele nega com a cabeça.

Gabriel: Não é bem assim. Consigo pensar em armas diferentes, mas são poucas as inventada que consigo forjar com êxito. Mas como pretende que faça armas aqui no navio? Não tem o material necessário.

Camilla: Não quero que faça armas, e sim que use sua mente brilhante e cheia de ideias para ajudar os outros a criarem formar de repararem o máximo possível do navio. Quanto mais tempo ele passar dessa forma, mais demoraremos a chegar a Islert. A viagem será ainda mais longa do que deveria, e temo que o navio não suporte esse tempo.

Observo um navio vir na direção do meu. É grande, possuindo quase o dobro do tamanho, também sendo recoberto de um material resistente. Possui grandes e chamativas velas vermelhas, com símbolos desconhecidos. A velocidade com a qual se aproxima é realmente impressionante, sendo mais rápido até que o meu navio em condições normais.

Gabriel: O que está olhando?

Ele se vira, vendo o navio se aproximar, assim como eu.

Gabriel: Algo me diz que a sorte não anda ao nosso favor.

Um homem alto surge na ponta do navio, sorrindo maliciosamente para nós, por enquanto que ainda investe em nossa direção. Possui o físico pouco forte e usa roupas caras, sendo acinzentadas a camisa e a calça, com uma espada longa e fina em uma das mãos.

Gabriel: Conhece-o?

Camilla: Deveria?

O navio finalmente nos alcança, tendo as velas fechadas para impedir que continue se locomovendo rapidamente.

Guardier: É um prazer finalmente conhecer sua embarcação. É um navio muito... Acabado.

Camilla: Como ousa falar do meu navio?

Ele ri.

Guardier: Sinto dizer, pirata, mas você possui duas coisas que me pertence.

Camilla: Não há nada seu no meu navio!

Guardier: Será mesmo? Conhece algum Gabriel?

Olho para Gabriel, que parece surpreso, apesar estar desconfiado. Ele esconde algo.

Guardier: Acho que seus olhos me entregaram o que queria. Meu outro pertence não precisará que entregue, pois eu mesmo poderei identificá-lo.

Tábuas de madeiras são lançadas do seu navio para o meu, servindo como ponte por onde descem diversos selvagens iguais ao que seguia Anabeth quando a salvei.

Guardier: Conheçam a minha tripulação!

 

POV. Giovanna

Cercados por quinze cavaleiros que nos observam em silêncio, não creio que há escapatória. Temos cinco guardas, sendo apenas um terço do que possuem.

Bruno: Matou o imperador?

Rafaela: É claro que não!

Cavaleiro: Foi a última pessoa da nobreza com quem o falecido imperador conversou antes de morrer. Dizem que houve um desentendimento entre os dois, o que leva todos a crer que você é a pessoa mais indicada a esse assassinato.

Rafaela: Nunca assassinaria o imperador. Apesar de não ter aceitado as propostas que me fez, não o desrespeitaria. Além disso, como o mataria se ele apenas morreu quando chegou em Imperial State?

Cavaleiro: O imperador morreu envenenado, minutos após sua chegada. É no mínimo estranho, não acha?

Ryan: O percurso de Elmarf para Imperial State dura dias! Como explicaria o veneno fazer efeito após tanto tempo depois?

Cavaleiro: Conspiração. Sua rainha pagou algum dos guardas imperiais para envenená-lo antes que chegasse a suas terras de origem.

Grendler: Não levarão a rainha!

Grendler investe, puxando sua espada e cortando as patas de um cavalo, fazendo-o cair e derrubar o seu cavaleiro. Mas, antes que pudesse desferir o próximo golpe, uma espada atravessa seu ombro, o fazendo gritar.

Os outros quatro guardas puxam suas espadas, prontos para iniciarem seus golpes também.

Rafaela: Chega!

Eles olham para rainha, surpresos.

Ryan: Mas rainha...

Rafaela: Claramente não poderão ganhar essa luta! Não admitirei que morram mais dos guardas que me restam! Guardem as espadas!

Relutantes, todos a obedecem.

Rafaela vai até Grendler, vendo-o ajoelhado com a espada ainda atravessada no seu ombro.

Rafaela: Tentarei tirar, mas preciso que seja forte e resista à dor.

 O mais silencioso dos seus guardas assente, virando o rosto para não ver a espada sendo puxada. E assim faz, aos poucos tirando a lâmina do seu ombro, puxando-a com toda força que tem, e escutando-o conter os gritos, soltando sons que lembram rosnados.

Rafaela: Aguente apenas mais um pouco.

Admito que a cena me deixou um pouco incomodada, mas logo estava feito. Grendler olha para o seu braço, envolto por sangue, e suspira, provavelmente evitando demonstrar toda a dor que está sentindo.

Rafaela: Precisamos cuidar disso.

Olho para os cavaleiros, que observam a rainha cuidar do seu guarda.

Giovanna: O querem? Matar Rafaela? É por isso que vieram até aqui?

Cavaleiro: Não a mataremos, plebeia! Iremos prendê-la, assim como todos vocês! E, caso tentem resistir, irão acabar igual ao pobre que machucou um de nossos cavalos. Entenderam?

Todos os cavaleiros descem dos seus cavalos, se aproximando com correntes.

Kuoq: Não irão colocar isso em mim!

Cavaleiro: Se não quiser fazer com que todos paguem por sua ousadia, sugiro que não resista!

Ryan: Não os afronte, Kuoq! Sei que quer salvar a rainha, mas terá efeito contrário.

Kuoq fuzila com o olhar os cavaleiros que o cercam, mas permite que puxem suas espadas e o amarrem.

Kuoq é mais baixo que os outros guardas, sendo mais gordo, apesar de não tanto, e sempre carregando duas espadas consigo. Seus cabelos pretos são ondulados e curtos, sua pele é morena e seus olhos castanhos escuros.

Giovanna: Vocês irão se arrepender de estarem me prendendo, isso eu garanto.

 Assim como os guardas, também prendem a mim e a Bruno.

Bruno: Sabiam que estão prendendo o futuro rei de Powgant?

Cavaleiro: Um rei de um reino destruído, não é um rei.

Por fim, se aproxima de Rafaela, puxando-a e a prendendo.

Rafaela: Por favor, deixem-me apenas terminar de ajudá-lo!

Cavaleiro: Se quisessem ajuda, não teria agido sem raciocinar! A propósito, meu nome é Styre, caso queiram saber.

O cavaleiro ri, acorrentando a rainha Rafaela.

 

POV. Anabeth

Do convés, escuto gritos e espadas se chocando. Uma feroz batalha ocorre no navio, e eu, inutilmente, apenas me escondo sem poder ajudar em nada, como de costume.

Anabeth: Gostaria de ser mais forte, Snow.

Abraço minha raposa com força, observando a escuridão que envolve o convés.

Assusto-me ao escutar um alto barulho na entrada do convés, vendo alguém quebrar a porta com o próprio corpo e cair pela escadaria, até chegar próximo aos peixes sem vida.

Corro até ele, soltando a Snow e vendo que está morto. É um dos piratas de Camilla. Snow o cheira, mas logo se afasta.

Olhando para cima, vejo um selvagem, igual ao que me perseguiu em Steelland, me observar através do buraco feito na porta quando o pirata foi arremessado. Ele desce apressado, gritando, por enquanto que corro, pegando Snow, e me escondendo entre as redes.

Ao terminar de descer as escadarias, olha para todos os cantos do convés, querendo me encontrar. Com passos lentos e cuidados, vem vindo em minha direção, mesmo que não saiba que é aqui que estou.

Aproximando-se mais, Snow pula em seu rosto, assuntando-o e fazendo com que caia para trás. Aproveito para correr, pisando acidentalmente em sua barriga, e subindo as escadarias apressadas, seguindo minha raposa ártica.

Fora do convés, vejo todos envolvidos na luta. Golpes com as espadas lançam sangue para todas as direções, e, no meio disso tudo, me sinto aterrorizada e perdida.

Observo Camilla lutar contra dois selvagens. Um deles tenta acertá-la, mas ela se abaixa e bate a cabeça dele no timão, em seguida o empurrando para cima do outro, que acaba sendo perfurado pela espada do primeiro. Não perdendo tempo, assim que o segundo se levanta, o chuta para fora do navio.

Anabeth: Camilla!

Ela arqueia as duas sobrancelhas.

Camilla: Volte para o convés!

Anabeth: Há um selvagem lá dentro!

Escuto outro barulho na porta, me virando para trás e vendo o selvagem que saiu do convés. Antes que me atacasse, um dos piratas de Camilla pula nas suas costas, cortando sua garganta com uma adaga. Afasto-me, quase sendo atingida por uma espada no meio de uma luta.

Snow se encolhe no meu pé, rosnando.

Anabeth: Precisamos sair daqui!

Corro pelo navio, indo para parte de trás e vendo alguns dos piratas derrubarem as tábuas que servem de pontes, para impedir o contato entre os dois navios.

Observo um homem encapuzado me observar do outro navio. Seus olhos são amarelados e malignos, me fazendo sentir uma sensação estranha apenas em encará-lo.

Olhando mais uma vez para a batalha que acontece ao meu lado, vejo, no meio de todos que lutam, um homem que não é um dos piratas, mas também não é um dos selvagens, vindo em minha direção. Facilmente ele passa por todos, conseguindo desviar de todos os golpes.

Sentindo-me em perigo, tento correr para o lado oposto, sendo quase atingida por uma foice que passa pela frente do meu rosto e cai na água. Antes de ir até Camilla, o homem pula na minha frente, segurando meu braço e me lançando um olhar assustador combinado com um sorriso psicótico.

Guardier: Prazer, rainha Anabeth. Sou Guardier, contratado exclusivamente para achá-la. Permita-me apenas que tenha certeza de que realmente estou segurando a rainha certa.

Com a outra mão, Guardier puxa meu capuz, revelando meus cabelos rosados e presos.

Guardier: Estou mais que certo que achei a rainha correta. Deixe-me apenas... Matá-la.

Uso minha mão livre para acertar um murro em seu rosto, o fazendo virá-lo. Aproveito para me soltar e correr, vendo-o colocar rir, me seguindo.

Guardier: É mais agressiva do que havia escutado, jovem Anabeth.

Correndo para escapar, sou acertada no braço pelo pomo da espada de um dos piratas, acidentalmente, por enquanto que luta. Guardier me puxa pelo cabelo, o deixando solto, e me joga no chão do navio.

Anabeth: O que te fiz?

Guardier: Você nasceu em uma família real, e apenas isso! Prometo que serei rápido!

Ele puxa sua espada, grande e fina, encostando sua ponta no meu pescoço e subindo lentamente, cortando de leve e deixando que o sangue escorra.

Snow pula e morde sua mão, antes que pressionasse para adentrar minha garganta. Ele balança o braço, sem que meu animal o soltasse.

Guardier: Raposa infernal!

Snow é lançada para fora do navio.

Anabeth: Snow!

Gabriel acerta um murro em Guardier, o fazendo cambalear para o lado.

Gabriel: Você está bem?

Ele me ajuda a me levantar.

Anabeth: Estou, mas a Snow caiu!

Guardier sorri, com um fio de sangue escorrendo pelo seu nariz.

Guardier: É ótimo que estejam juntos. Facilitará bastante o meu trabalho!

Gabriel me coloca para trás dele, levantando sua espada. Guardier dá dois golpes, defendidos pelo meu protetor, mas com o terceiro ele lança a espada de Gabriel para longe.

Guardier: Como se salvarão agora?

Camilla: Dessa forma!

Ele se vira, defendendo o ataque que Camilla tentou acertar pelas suas costas. A pirata dá golpes ágeis, mas Guardier defende todos com facilidade, avançando e fazendo ela andar para trás.

Camilla tenta acertar as pernas do rival, mas ele pula, desviando do golpe, e segurando os ombros da pirata, lançando-a por cima dos caixotes.

Antes que pudesse reagir, Guardier chuta a espada de Camilla para longe e pressiona seu pé em cima da cabeça dela.

Guardier: Não é sempre que se acha um inimigo mais forte, capitã. Teve esse azar hoje.

Um barulho chama a atenção de todos. Ao olhar para cima, Guardier vê uma das velas do navio, mais especificadamente a que foi remendada pelos piratas, cair em sua direção, o fazendo se afastar para trás, desviando do objeto e ficando apoiado nos parapeitos do navio.

Ainda caída no chão, Camilla usa suas pernas para levantar as de Guardier, o fazendo cair para fora do navio.

A capitã se levanta, limpando sua roupa e olhando para a tripulação que ainda luta, correndo para ajudá-los.

Olho para o mar, vendo Snow nadando atrás do navio.

Anabeth: Como irei pegá-la?

Gabriel lança uma das redes de pesca, prendendo a minha raposa e puxando para cima.

Anabeth: Obrigada.

Gabriel: Não agradeça ainda. Podemos morrer a qualquer momento.

 

POV. Juliany

Sentada na cela escura, recordo das propostas feitas por Sedraerat. Nunca aceitaria ficar viva para me tornar um deles e fazer com os outros o mesmo que fazem comigo. Eles não querem liberdade, querem controle e poder. E quanto ao meu irmão... Mesmo que seja um covarde e o repugne por isso, prefiro deixá-lo ir embora e nunca mais retornar do que tirar sua vida por vingança. Caso fizesse isso, estaria incentivando todos aqueles que me seguem a fazer o mesmo, e não é dessa forma que uma líder deve agir.

A porta da minha cela é aberta. Antes mesmo de ver quem era, já chego a conclusão de que é Sedraerat. Ele faz questão de me visitar todo dia, apenas para rir e fingir misericórdia. Mas, para minha surpresa, não é o encapuzado que entra na sala, e sim o seu aliado do qual guardo uma imensa raiva. O líder dos selvagens, Zorah, me encara com seu olhar frio e impiedoso. Pergunto-me se agora mesmo que irei morrer, ou se irei ser castigada por ter recusado a proposta feita por eles.

 Zorah: Recusou nossa proposta? Não foi humilhada o suficiente para aprender a não nos enfrentar?

Juliany: Eu estive contra vocês no início, e morrerei contra vocês.

Ele ri, cruzando os braços.

Zorah: Interessante falar em morte. É exatamente por isso que eu mesmo vim até aqui. Morrerá amanhã, no mesmo local onde foi julgada. Todos os seguidores do seu pai verão sua cabeça ensanguentada rolar pelo pátio. E, amedrontados, todos verão que não se pode contrariar os mais fortes, pois os mais fortes sempre ganham o que querem.

Juliany: Mesmo que me destruam e diversos outros reis e reinos, haverá uma hora em que encontrará alguém forte que o fará pagar e se arrepender de todos os seus atos. Não apenas você e seus selvagens, como todos os que os apoiam.

Zorah: Talvez esteja certa, apesar de achar que não. Independente do que vá acontecer, por enquanto...

Ele inclina seu tronco para frente, segurando em meu pescoço e me puxando para frente, aproximando nossos rostos.

Zorah: ... É você quem me parece estar pagando por todos os erros que já cometeu.

O selvagem ri, jogando meu corpo para o lado. Ele dá as costas, saindo da sala.

Zorah: Foi um prazer falar com você. Sedraerat não adiará mais sua morte, e isso posso garantir. Durma bem para estar preparada para cerimônia de amanhã.

Zorah olha para trás, sorrindo, mas logo a porta se fecha e novamente fico no escuro. Não há escapatória. Mesmo que quisesse fugir novamente, não tenho mais forças devido ao meu estado atual. Resta apenas aguardar o manhecer que será a pior da minha vida.

 

POV. Guardier

É noite, e a brisa oceânica torna o clima frio. Ao terminar de me trocar, saio do convés do navio, vendo Robusko rir me observando.

Guardier: Algum problema?

Robusko: Para um caçador de recompensas que se intitulava tão poderoso, esperava que agora estivesse se vangloriando por uma grande vitória, mas sabemos que não foi bem isso o que aconteceu.

Sento em uma cadeira, observando o encapuzado.

Guardier: As condições do navio não foram favoráveis para mim. Caso não tivesse velho e acabado, aquela vela não viria em minha direção, servindo como distração.

Robusko: Se fosse tão inteligente quanto diz, poderia ter evitado um simples problema como esse. Foi apenas eliminarem o capitão, que toda a equipe foi perdendo o controle da situação. E agora estamos aqui, com os poucos que sobreviveram, já que a maioria foi morta ou pelas espadas, ou por não saberem nadar. Estou cercado por incompetentes.

Arqueio uma sobrancelha.

Guardier: Não vi sua participação. O que fez além de observar tudo e temer estar entre todo aquele conflito?

Ele sorri de canto.

Robusko: Observei e, observando, pude avançar mais do que qualquer um de vocês que lutaram. A grande vantagem que tiveram é por lutarem com constante cooperação. Diferente de como os selvagens seguem, cada um lutando contra um, eles se unem contra todos. Isso deixava mais difícil, pois quando um deles estava prestes a morrer, o outro salvava, e assim os piratas se protegiam e lentamente iam ganhando a luta. Percebi também o grande apreço que a rainha tem por seu animal, sendo simples e estratégico usá-lo para atrai-la.

Guardier: A raposa? Ela está viva?

Robusko: Após cair no mar, a rainha deixou de dar atenção ao perigo que ameaçava tirar sua própria vida para tentar salvar o animal. É um detalhe importante do qual poderia ter notado se não estivesse engolindo a água do oceano.

Bufo. Ele me lembrará desse acontecimento até que voltemos para Steelland com as cabeças prometidas para Salina.

Robusko: Também notei certa afeição entre o príncipe do reino Harvest e a rainha do reino Snounteg.

Guardier: Está insinuando que eles pretendem unir os reinos.

Robusko: Não necessariamente. Não vi envolvimento amoroso entre os dois, mas não descarto a possibilidade, pois não sei o que fazem no convés quando todos estão dormindo.

Ele ri.

Robusko: O que quero dizer é que há uma preocupação, da mesma forma que existe entre a rainha e a capitã. Mesmo que de início fossem apenas companheiro de viagem, é possível ver que um afeto foi criado.

Guardier: Aonde quer chegar com essa história de amizade, equipe e tudo mais?

Robusko: Quero abrir seus olhos para mostrar que, utilizando um, poderá ferir o outro. Ou seja, caso consiga capturar um deles, poderá atrair o outro para salvá-lo, e, assim, poderá ser mais fácil eliminá-los.

Ele sorri.

Guardier: Devo admitir, é um bom estrategista. Mas não posso deixar que ganhe os créditos da tarefa que foi dada a mim.

Robusko franze o cenho, percebendo que puxo minha espada. O encapuzado corre, tentando fugir, mas rapidamente o alcanço, entrelaçando meu braço em seu pescoço e enfiando a espada em suas costas.

Robusko: Como pôde?

Guardier: Dê um "olá" para os seus deuses por mim.

Puxo a espada novamente, chutando suas costas, fazendo com o que caia do navio.

 

POV. Bruno

Observando as estrelas, questiono-me como nos soltaremos dessas correntes. Estamos sentados no chão e acorrentados, por enquanto que os quinze cavaleiros comem algo próximo a grande fogueira que armaram.

Bruno: É injusto ficarmos apenas observando por enquanto que comem tranquilamente.

Giovanna: Não lembra que o Styre disse que poderemos ficar com o que sobrar?

Nego para Giovanna, que está do meu lado direito.

Bruno: Isso deveria ter me contentado?

Wiven: Será melhor do que passar fome.

Fala o guarda que está do meu lado esquerdo.

Bruno: Estou sendo preso porque a rainha de Elmarf supostamente assassinou o antigo imperador! Que injustiça!

Rafaela: Sei que não é justo que sejam presos comigo, mas descobrirei uma forma de reverter à situação. Juro que nada fiz contra o imperador, mas, por enquanto que não puder convencê-los, teremos que ser pacientes.

Vejo-a falar com tranquilidade, por enquanto que cuida dos ferimentos no ombro de Grendler, sendo a única que não está acorrentada.

Styre permitiu que a rainha cuidasse do guarda ferido, fornecendo água e tecido para ajudar, mas, mesmo de longe, observa-a cuidadosamente para que não tente nada indevido.

Scott: Como se sente, Grendler?

Grendler: Impossibilitado de me vingar. Com ódio!

O guarda dá um murro no chão, demonstrando a raiva que guarda pelo fato de terem danificado seu corpo e não poder revidar para que não machuquem sua rainha.

Ao ver a rápida alteração de Grendler, Styre vem em nossa direção para entender o que está havendo.

Styre: Temos alguém desesperado por aqui?

O cavaleiro encara o machucado, que aparentemente faz muita força para se conter.

Giovanna: Por que é sempre você quem nos dirige a palavra? Vejo os outros conversarem de longe, mas nunca nos dão qualquer ordem.

Styre ri.

Styre: Não é óbvio?

Ryan: Ele é o líder dos cavaleiros. E, assim como um bom líder, ele passa as ordens por enquanto que os outros apenas agem após receberem um comando.

O olhar do cavaleiro se direciona para o guarda da rainha.

Styre: Presumo que seja o líder do exército da rainha em fuga.

Ryan: E sou.

Styre: A diferença clara é exatamente o que apontou sobre os meus cavaleiros. Eles esperam que eu dê a ordem para agirem.

Styre olha para Rafaela e Grendler.

Styre: O seu guerreiro não esperou a sua ordem antes de fazer aquele ato estúpido, por isso não teve um bom resultado.

Olhando para trás, Styre faz um gesto com a cabeça para outro cavaleiro que vai até Rafaela, para prendê-la.

Rafaela: Ainda não terminei!

Styre: Mas o seu tempo sim! Irão jantar e depois sugiro que durmam. Amanhã faremos uma longa viagem para Imperial State.

Olho para Rafaela, que sorri. Mesmo que tenhamos sido presos, seremos levados justamente para o local que precisamos ir.

 

POV. Gabriel

Anabeth termina de enfaixar a perna de um dos piratas feridos, falando algo em seu ouvido e se afastando sorrindo.

Ela vem até mim. Já não usa mais a capa e o capuz, o que deixa mais visível seu rosto e o seu cabelo de coloração diferente.

Gabriel: Cabelo rosado, não é?

Ela sorri, ficando ao meu lado.

Anabeth: Já nasci com ele assim. Era por isso que não tirava a capa, pois geralmente as pessoas me julgam e me chamam de bruxa ao verem sua cor.

Gabriel: E por que ele é dessa cor?

Anabeth: Eu não sei. Minha mãe tinha alguns poucos cabelos rosa, mas meu pai nunca me contou o motivo. Sei apenas que esses poucos fios se tornaram muitos quando nasci.

Rimos.

Anabeth: Como está o seu braço?

Olho o meu antebraço direito, que está com um corte já fechado.

Gabriel: Não foi nada demais. Apenas a espada do maníaco pegou no meu braço quando ele fez a minha voar. E o seu pescoço?

Passo a mão por cima da marca do corte.

Anabeth: Foi de leve. O máximo que pode acontecer é ficar como uma cicatriz.

Ficamos em silêncio, observando as pessoas que haviam se ferido mais do que nós.

Anabeth: É horrível vê-los dessa forma. Sinto-me aliviada por saber que foram poucos os que morreram, mas não sei se vale a pena sobreviver ficando com tantos ferimentos.

Gabriel: Onde aprendeu a cuidar de ferimentos?

Anabeth: Costumava ajudar o curandeiro do reino Snounteg. Com isso aprendi algumas coisas básicas, mas também outras mais complexas que só conseguiria fazer com outros utensílios. Infelizmente não posso ajudar os ferimentos mais graves como deveria, já que estou sem os materiais.

Gabriel: Você já fez o possível, não se culpe.

Anabeth: Para ser sincera, a culpa realmente é minha.

Camilla senta na rede mais próxima, ficando de frente para nós.

Anabeth: Desculpe-me. Não queria causar tantos danos a sua tripulação e ao seu navio. Se não tivesse te convencido a ir a Islert, não precisaria passar por aquela tempestade que desgastou o Destruidor de Serpentes.

Ela fica cabisbaixa.

Camilla: Anabeth, de qualquer forma eu iria para Islert. Sem você eu estaria morta! Caso não tivesse me convencido a deixar Gabriel ficar no navio, ele não jogaria o arpão na hidra, e o seu comentário sobre a força dela não me faria juntar os atos e ter a ideia de usar a força dela com os arpões.

Anabeth: Mas e a tripulação? Sabe que esses selvagens são os mesmos querem.

Olho para ela, surpreso.

Gabriel: É por isso que o único que falava a nossa língua te seguia? Eles também estão atrás de mim.

A jovem de cabelos rosados fica pensativa.

Anabeth: É por isso que, quando você me salvou, ele disse que seria mais fácil realizar seu trabalho. Pois nós dois estávamos juntos, prestes a morrer.

Camilla: Eu soube do perigo desde antes de sairmos de Steelland, Anabeth. Eu te salvei quando um deles iria te pegar. Não direi que não estou triste pelo que houve com alguns dos meus tripulantes, mas já era de se esperar que algum momento te procurariam. Com o navio dessa forma, não sei quando chegaremos a Islert, pois já devíamos ter chegado, mas posso garantir que falta pouco.

Ela se levanta, sorrindo para Anabeth.

Camilla: Não demorará até que estejamos procurando em terra firme a rainha de Islert.

A capitã olha para mim.

Camilla: Sua vela mal consertada salvou minha vida. Foi realmente interessante te manter no navio.

Apressada, a capitã se retira do convés para ver como está o mar.

Gabriel: “Interessante”?

Anabeth: Esse é o modo dela de dizer “obrigada”. Ela tem sido muito boa comigo, por isso devo para ela muito mais do que apenas o saco de joias que a ofereci.

Ela se vira para mim, parecendo ter se lembrado de algo.

Anabeth: O que fará quando chegar a Islert?

Gabriel: Eu... Ainda não sei. É algo sobre o qual ainda devo pensar.

Anabeth: Poderia vir conos...

Um dos tripulantes grita de dor, chamando a atenção da jovem que corre até ele.

Não sei qual destino seguirei, e nem como farei para não ser encontrado por esses selvagens, mas agora o maior questionamento que persiste em minha mente é: o que Anabeth esconde para estar sendo caçada pela Sociedade Vermelha? Seria ela uma bastarda como eu?

 

 

 

Continua...


Notas Finais


No próximo capítulo... Camilla perceberá que já estão navegando as águas de Islert. O imperador Aires chegará a Imperial State, onde Máximus conhecerá o lugar onde passará o resto da vida. Gabriel decidirá o que fará após chegar a Islert. Vendo que não conseguem fugir, Giovanna contará para os outros como chegou a Powgant. Isadora cansará da situação em que está, utilizando um contratempo como distração. Guardier mostrará que não desistiu de caçar a rainha de Snounteg. Juliany estará tendo seus momentos finais, antes de sua execução. Anabeth, para seguir seu destino, terá que deixar mais pessoas saírem da sua vida. Rafaela contará o que houve no dia em que o antigo imperador visitou Elmarf.

Pronúncia de nomes novos dos últimos capítulos:
Kuoq: Cúoqui.
Lubert: Lúbert.
Styre: Estairou.
Kuan: Kúan.


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