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História Em algum lugar do passado 80 - Filmes e Pipocas


Escrita por: Kellem-B

Capítulo 21 - Filmes e Pipocas


Fanfic / Fanfiction Em algum lugar do passado 80 - Filmes e Pipocas

   -Porque você acha que o Antônio é meu pai? – Mesmo sabendo a resposta eu preciso saber o motivo que faz com que minha irmã pense isso. Talvez saiba algo a mais, ou apenas criou uma teoria por me ter visto crescer sentindo um carinho especial por ele.

  -Talvez eu esteja enganada, mas… -Vou dar um pouco de atenção aos meus convidados. – O jeito que minha irmã me toca, e parece sentir um pouco de pena da situação faz- me pensar o tão louco está se tornando tudo em minha volta.

  Depois que tiro o excesso de água do meu corpo, volto para a sala onde estão todos reunidos, e claro que vejo nos olhos de Roberto um ódio gratuito e seu odor é pura ambição. Tento manter-me um pouco afastada dele, e concentrar-me no que tenho que fazer amanhã.

  -Vou preparar um chá, alguém aceita? – Sinto meu corpo a tremer, e começo a espirrar.

  -Eu quero sim… – Responde Roberto.

   Eu apenas sorrio para ele confirmando seu interesse, mas que a única coisa que quero é que ele desapareça da minha frente. Vou até a cozinha, abro o armário e tiro a chaleira, ponho água a ferver, e preparo as chávenas. Por alguns minutos permaneço sozinha, e em silêncio. Meu pensamento vai ao passado e volta, e eu só queria saber o que vem a seguir. Quando estou de costas sinto alguém se aproximando de mim, e viro-me.

  -Como você consegue? – A forma como Roberto fala intimida-me.

  -É melhor deixar-me em paz. – Aviso. Olho fixamente pra ele e tento mostrar que não sinto medo.

  -Seus irmãos e mesmo seu amado poderiam ter uma vida melhor. – Ele parte para a chantagem emocional, mas ao mesmo tempo também com razão.

    -Tá tudo bem aqui? – Meu cunhado nos interrompe e nesse momento é a minha salvação.

   Retiro-me da cozinha e vou encontrar a minha irmã, eu preciso ir embora o mais rápido possível, amanha tem um momento importante na vida deles e eu sei que fiz parte.

  -E você fica bem sozinha?

  -Sim, eu amanha tenho que ajudar uns amigos. – Nos despedimos e eu sigo para minha casa.

   Quando chego em minha casa e me olho no espelho não sei distinguir as minhas lágrimas da água da chuva. Tudo transformou-se no mesmo. Tiro a roupa molhada, visto meu robe e deito-me a pensar no que eu poderia fazer para ajudar a melhorar a vida das pessoas que amo. Mas de alguma forma eu estaria mudando tudo o que as torna únicas e roubando o mérito daqueles que se esforçaram para ter suas conquistas nos dias atuais. Com o maravilhoso barulho da chuva e o escuro do meu quarto adormeço, e hoje eu dormi profundamente.

 (…)

   Por voltas do meio-dia acordo e está um lindo dia de sol, e lembro que tenho comigo a chave da loja, e lá tenho a porta aberta. Tento me preparar o mais rápido possível, e algum tempo depois estou diante do aparelho de som. Mais uma vez escolho um cd e algum tempo depois chego no confessionário. Vou até a casa do Antônio, e toco a campainha. Algum tempo depois ele vem até a mim, e mais uma vez estou em seus braços.

  -Preciso ir até a cachoeira, quer vir comigo?

 -Quero sim.

  Entramos em seu velho carro, e seguimos. Mais uma vez tenho o prazer de ver as ruas do pequeno município em seu estado original. Ao longo do caminho vamos conversando e eu tento não falar sobre seu primo, e muito menos do que nos fez no futuro. Quando chegamos na cachoeira Antônio me convida para visitar um local.

  -Vem, quero mostrar uma coisa. – Com bastante entusiasmo ele convida-me.

  Andamos pela mata até que chegamos. Ele com suas mãos fecha meus olhos, depois tira-as e eu vejo nossas inicias em uma árvore.

  -No futuro eu vi. – Nesse momento fico com a pele completamente arrepiada, e isso é uma coisa incrível de ver.

  -Não entendo.

  -Quando você escreveu eu estava aqui, só que no futuro.

  -Ninguém nunca acreditará em nos dois. – Ele ri enquanto faz esse comentário.

  -Até para nos dois está difícil.

   Antônio trata dos seus assuntos e em seguida voltamos para a cidade. No nosso regresso comento com ele sobre a tragédia que se passou na cidade e o que aconteceu a senhora que sobreviveu. Ele fica incrédulo.

  -Que coisa triste Elisa.

  -Por muitos anos a coitada sofreu, não tinha como ter outro fim.  

   Algum tempo depois chegamos na casa de Antônio, quando paramos o carro já conseguíamos ouvir o grupo de amigo falando, todos pareciam estar bem felizes. Só de pensar que tenho que ver a cara do Roberto, fico cheia enojada.

  -Eu sei que você não gostou do meu primo. – Se o Antônio soubesse o que ele nos fez no futuro.

  -Você falou muito, confiou demais.

  Nesse tempo não vale a pena nos incomodarmos muito mais com esse assunto, é fazer de conta que nada aconteceu. Entramos na casa e fazemos parte de toda a agitação. O primo traz a tv para a sala maior, nos da algumas opções de filmes. Uma das caixas de vhs me chama atenção.

  -Em algum lugar do passado. – Nesse momento percebo que todo o círculo está se fechando, e muita coisa faz sentido. Minha irmã aproxima-se de mim. 

   -Qual é esse filme? – Pergunta.

  -É um romance…já tinha ouvido falar. – É só a origem do meu nome, mas não posso comentar. – Tenta assistir um dia, você vai gostar muito. – Agora estou influenciando.

    No meio do grupo de amigos tento afastar-me, esta quase na hora de regressar. O Antônio percebe o que está preste a acontecer e conversa comigo.

  -Você precisa voltar?

  -Sim, daqui a uns minutos sou puxada. 

   Ele me convida para ir ao seu quarto, ficamos abraçados e logo sou puxada para o presente. Quando chego na loja encontro Ruby e Leo.

   -Nossa! Que forma estranha de chegada. – Ruby comenta debochando.

  -É bom ver vocês...dessa vez até cheguei bem. Algumas vezes chego atras de árvores, igrejas…

  -Só precisa se concentrar. E como foi na década maluca? – Enquanto conversa comigo os dois trocam de roupa.

  -Um pouco diferente do que imaginei… – Agora escolho outro cd.

  -Vai voltar? – Leo parece surpreso com minha decisão.

  -Só mais um pouco. Eu tenho alguém a minha espera.

  -Antes de ser puxada, segura o colar e deseje regressar no conforto de sua casa. – Ruby me dá essa dica, mas muitas vezes esqueço desse detalhe.

   (…)

   Balanço a cabeça com um sinal de sim, e mais uma vez chego no quarto de Antônio, um pouco de concentração realmente ajuda. Ele está deitado na cama de olhos fechados, aproximo-me de sua boca e a beijo com muita vontade, seus olhos permanecem fechados e começamos a nos despir, a paixão toma conta de nos dois, nossos corpos estão colados, o gemido dele em meu ouvido me faz viajar para as estrelas, só assim consigo definir.

   Depois de nos entregarmos permanecemos deitados e ele pede desculpa por ter falado um pouco a mais.

   -Não confio no Roberto, eu sei que ele é seu primo, mas os familiares as vezes são piores que os de fora. – As atitudes dele no futuro revelaram bem o que ele é, eu quero falar para o Antônio, mas se eu falar  terei que explicar muitas coisas e não quero magoa-lo.

  -Vamos descer? Temos que aproveitar o vídeo cassete.

   Mais uma vez desço a longa escada da casa que sonhei um dia entrar e é sempre como se fosse a primeira vez. Encontro todos sentados a comer pipocas e a apreciar um dos clássicos do cinema. Nos sentamos juntos e agora percebo que as amizades do passado são bem mais verdadeiras do que as que existem no ano de 2022. Olho para a pequena mesa de centro e vejo outros fitas de filmes, alguns já vi, outros serão esquecidos e outros grandes para tornarem-se referências no futuro.

  -Vamos fazer os rapazes interessarem-se por esse filme? – Tento induzir a minha irmã para convence-los que o romance também pode ser interessante.

  -Podemos ver esse filme depois? – Pergunta minha irmã mostrando a fita vhs a todos.

  -Em algum lugar do passado. – Falo alto para que todos ouçam, para manter firmeza e segurança. Todos concordam, e continuamos a ver O clube dos cinco, e em seguida já temos o próximo escolhido. 

  -Você já viu todos esses filmes? -Antônio me pergunta baixinho no meu ouvido. 

  -É provável. -Respondo rindo.

   Em alguns momentos sinto os olhos de Roberto seguindo-me, e sinto um pouco de desconforto. Olho para o relógio e não falta muito tempo para eu regressar, comento com o Antônio e peço a ele que invente alguma coisa, mas eu preciso sair.

  - Elisa vamos fazer mais pipocas? – Gosto da ideia e assim é a oportunidade perfeita para eu regressar segura.

   Vamos os dois até a cozinha.

   -Você ainda volta? – Quando ele me pergunta eu o sinto um pouco inseguro, e ele sabe o motivo. Mas não existe volta a dar sobre isso, sobre o que ele falou e em quem confiou.

  -Daqui a uns dias teremos uma grande surpresa no céu. Eu venho para que nos dois possamos ver juntos do alto da colina. – É um acontecimento que pesquisei e se posso voltar no tempo, não perderei a oportunidade de presenciar.

  -Acho que sei do que você fala, vi qualquer coisa nas noticias. Elisa, eu sei que falei muito...desculpa. – Sua expressão muda, e através da sua voz ele tenta engolir o receio. – Fiz besteira, né? – Reconhecer não é o suficiente.

 -Tenho mais dois minutos. – Tiro meu celular da minha bolsa e quando estou segurando o Roberto entra na cozinha.

 -E as pipocas? – Ele me olha como se quisesse pegar tudo que tenho dentro da mala e fugir. – Que “calculadora” diferente.

 -Meu primo trouxe de São Paulo. – Guardo logo dentro da minha bolsa. A situação fica complicada e nos três nos olhamos com um pouco de incómodo.

  O António fica sem cara para me olhar nos olhos, e o seu primo deixa a situação ainda mais pesada.

 -Como é o futuro, Elisa? – Ele pergunta-me como se estivesse debochando, e enquanto ele pergunta seguro em meu colar e desejo está em minha casa, no meu quarto, e assim acontece.

  Passo a mão pelo meu rosto e respiro fundo, consegui em um momento complicado ter a concentração necessária. Não sei como tudo ficou para trás, mas aqui de uma certa forma estou segura, ele não sabe onde vivo.  Mas depois lembro-me do Antônio, não me defendeu, mostrou-se covarde. E ontem também não mostrou tanta bravura. Troco de roupa, me ponho a vontade e vou para a sala vê um pouco de tv, coisa que em muito tempo não tenho feito. Mudo os canais, passo um, depois outro e em um deles está passando “ Em algum lugar do passado”. Uma coincidência que me aconchega, e de como gostaria de ter o Antônio ao meu lado. Algum momento depois me pego adormecendo, mas ouço alguém me chamando.

   -Elisa, acorda.


Notas Finais


Música do capítulo - Simple Mind -Don´t you (forget about me)


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