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História Em busca da tal perfeição - Receitinhas Caseiras


Escrita por: amavizinha

Notas do Autor


Cheguei com capítulo novo super gostosinho de ler. Bem descontraído e engraçado.
Obrigada a todos que mandaram mensagens positivas para mim e aos comentários no capítulo anterior. Gratidão.
Meu coração fica quentinho ao ler os feedbacks de vocês, é maravilhoso quando eu posto aqui e a galera comenta e interage comigo, demonstrando ansiedade (de forma positiva e saudável) e até tentando advinhar o que vai rolar no próximo.
Obrigada!!!
Sejam bem vindos, leitores novos. Sintam-se em casa!!

Glossário:

*a lá carte: prato separado.

--

Pra quem gosta de visualizar melhor (roupa, cabelo, sapato), tem link com fotos nas notas finais!!

Capítulo 7 - Receitinhas Caseiras


Capítulo 7  - Receitinhas Caseiras


  Depois de receber as sacolas do mercado lotadas com frutas, verduras, legumes e alimentos saudáveis, guardei a maioria em seus devidos lugares, exceto pelo o repolho, ovos e tomates. Poderia ser preguiçosa, mas não gostava de bagunça.

Animada, fui procurar algo para vestir que se encaixasse no ambiente do restaurante. O Amaterasu estava longe de ser um local refinado.  Tinha música ao vivo e uns pratos maravilhosos, mas não era chique e muito menos exigia uma roupa mais elaborada.

 Sempre fui básica nas produções e quando precisava usar algo mais sofisticado, apostava em modelagens elegantes e decotes. Dificilmente errava. Usava cores neutras e raramente vestia estampas, somente com tons em preto e branco.

O meu guarda-roupa tinha algumas peças que eu havia deixado em Konoha na última vez em que estive na cidade.  Trouxe peças novas dessa vez, estavam dentro da minha mala que ainda estava encostada na parede.

- Lá vou eu - reclamei enquanto colocava a bagagem na cama, abrindo-a.

 Organização era o meu forte e eu nunca fui tão grata com isso como agora. Tudo estava separado por quadrantes, em necessaires e outros compartimentos.

Fui diretamente nas roupas para sair e peguei um vestido branco transpassado com decote, não pensei duas vezes na escolha do sapato: um salto preto, com uma tira fina no tornozelo e nos pés.

Com tudo pronto, fitei o meu reflexo no espelho e fiquei assustada com o estado do meu cabelo. Ele estava todo bagunçado e ressecado, maldito shampoo do Deidara. Após choramingar por alguns minutos e pensar em muitas soluções para salvá-lo, decidi ir em um salão de beleza, não iria conseguir deixar o meu cabelo apresentável sozinha.

Antes de me arrumar, comi a salada que estava na dieta que o Sasuke havia me entregado. Repolho, ovos e tomate.

Peguei a minha bolsa e vesti uma calça jeans, ainda usando a blusa que me emprestaram na casa do Yamanaka. Calcei um tênis branco e abri a porta, pronta para sair e procurar alguma cabeleireira disposta a me ajudar.

 As ruas estavam calmas, mas os locais que poderiam lidar com a situação estavam lotados, até que eu encontrei a minha salvação:

 Cabeleleila Leila.

 Olhei para o letreiro que estava escrito errado e dei de ombros, afinal quem sou eu para julgar?

Após entrar no lugar e sentar no sofá da recepção, percebi que entre os clipes de música que passavam na televisão, uma espécie de comercial era exibida.

- “Cabeleleira Leila. Cabelos, unhas, hitratação e unhas. Cabeleleila Leila. Venha fazer suas unhas, seus cabelos e até mesmo hitratar suas madeixa de cabelo conosco. Cabeleleila Leira, tudo esterelizado pa’ você não ficar mal. Cabeleleila e Leila. Ela e seu sobrinho neto Luís Cláudio vão fazer suas unhas e cortar seus cabelos de uma forma maravilhosa. Leila cabeleileilos, o salão de cabeleileilo da cabeleleila Leila”.

Por que diabos falavam errado? Hitratação? Sobrinho neto?

O salão não estava cheio, mas ninguém me recebeu na recepção. Transtornada, adentrei no local e vi algumas mulheres conversando.

- Vocês trabalham aqui? Quero fazer o cabelo.

- O que que é isso? - uma delas levantou assustada e se aproximou.

- O que foi?

- Querida, seu cabelo está pedindo socorro! O que você fez?

- Usei uns produtos de outra pessoa. Deu ruim, né? - falei tristonha.

- Aqui nada não tem solução, lindinha. Vamos, sente-se - me empurrou até uma cadeira.

Investigou o meu cabelo e entre caras e bocas, demonstrava a sua preocupação comigo. Eu alimentei o drama, já que me identificava com ela. Dramáticas natas.

- Tadinho do seu bebê - enrolou uma mecha no dedo. - Como você está se sentindo? Quer um copo d'água?

- Eu quero sim - aceitei. - Eu tô bem, mas... - fui interrompida pela a mulher.

- Só um segundinho - respirou fundo buscando fôlego. - Jocicréia! Traz um copo de água! - gritou, escandalosa. - Gelada, temperatura ambiente ou morna? - retornou ao tom doce para falar comigo.

- Gelada.

- Gelada!! - gritou.

Ao fundo, pude escutar alguém gritando “ok”, respondendo a mulher.

- Continue, querida.

- Eu estou muito triste e chateada, sabe? - cruzei os braços. - Eu tenho um encontro com um cara gato e meu cabelo tá largado as traças. Quando eu crio coragem de sair com alguém do tinder, acontece isso.

- Ah docinho, mas eu vou te deixar lindíssima! Pode confiar. Qual o seu nome mesmo? É que eu esqueci de perguntar - disse sem graça.

- Sakura.

- Prazer em te conhecer, Sakura. Eu sou Leila Ayumi, mas me chame de Yumi.

 Ela tinha cabelos longos escuros e olhos castanhos, enfeitados com uma sombra rosa clara. Era baixinha e usava o sutiã com bojos enormes. Muito bonita.

- Prazer.

- Meu neto baixou isso aí pra mim, mas só aparece homem feio querendo colocar chifre na esposa. 

- Você já usou então?

- Claro! Sai com um homem chato, foi horrível. Ainda tive que pagar a conta sozinha. Ele era um muquirana! Comeu muito e não pagou absolutamente nada.

- Te tratou bem pelo menos?

- Mais ou menos, os outros encontros foram melhores.

- Ah, então tiveram outros encontros?

Envergonhada, assentiu com a cabeça. 

Jocicréia chegou e me entregou um copo com água e um canudo metálico.

- Aqui, senhorita - disse simpática.

- Obrigada - agradeci.

Yumi me levou para uma sala separada e lavou o meu cabelo com shampoo hidratante, para ajudar a recuperar o aspecto sedoso, já que os produtos do Yamanaka deixaram os fios opacos e ressecados.

- Queria, agora vou dar o toque final. Vou só pedir para Josy pra trazer o gran finale.

- Ok - disse.

Meu celular vibrou e uma mensagem de Ino apareceu no visor. Curiosa, abri.

“Me ajuda! Eu transei com o Sai!”

Liguei para ela:

- Que porra é essa??

- Eu fiz merda! Dormi com o Sai. O Sai! Como eu deixei isso rolar? - resmungou em prantos.

- Puta merda! Como que isso aconteceu?

- Como assim, Sakura? Estávamos bêbados, lembra? 

- Ino, eu não lembro de absolutamente nada. Só acordei na casa do Deidara, eu tô puta com você por causa disso! - menti.

- Foca aqui, Sakura! Eu dormi com o Sai, somos melhores amigos! Você tava caindo de bêbada, é normal esquecer. Ah, você ficou com o Sasuke e brigou com a Temari, que é namorada dele, mas nada demais.

- Nada demais? Eu fiquei com um cara comprometido, Ino!

- Eles têm um relacionamento aberto! Acontece, pelo menos não foi o seu melhor amigo! - voltou a surtar. - O que eu vou fazer?

- Conversa com ele. Onde você tá agora?

- Eu fugi, tô em casa. Acordei com ele peladão do meu lado e quando ia sair do quarto, derrubei um porta retrato aí ele acordou e me viu.

- Manda mensagem pra ele e marca de saírem para conversar sobre o que rolou, deixa claro que é pra esclarecer as coisas, nada mais

- Não posso.. 

- Pode e vai fazer, me liga quando falar com ele - desliguei.

 Irritada com o drama da Yamanaka e com o vídeo que fazia propaganda do salão de beleza, me remexi na cadeira e estalei o pescoço.

- Tudo bem, querida?

- Tá tudo sim, só os estresses da vida mesmo.

- O seu estresse vai passar quando você ver como o seu cabelo vai ficar incrível no final - massageou a raiz do meu cabelo. - Com o matizador especial da Leila você vai ficar radiante!

- Como assim especial?

- É segredo da família! Eu venho de uma geração de cabeleireiros, eu estou na quinta geração. O matizador é receita caseira da minha bisavó e faz sucesso entre as clientes, você vai ficar surpresa com o resultado do seu cabelo - disse e pude sentir um sorriso no rosto durante a sua fala.

- Está me deixando ansiosa.

- É pra ficar mesmo, vai ficar maravilhosa.

Me levou para o salão principal novamente e apontou para a cadeira rosa.

- Senta ali, por favor - indicou o local.

 Ela iniciou o processo para neutralizar a cor depois de chamar Josy para trazer outros objetos, enquanto ela espalhava um creme com uma cor esquisita nos meus fios. Não era roxo e nem azulado, como a maioria dos produtos do gênero, possuía uma cor salmão.

- Pronto. Agora a gente espera trinta minutos para o produto fazer efeito, ok? - perguntou e eu assenti com a cabeça. - Aceita um chá ou cafézinho

- Pode ser café? com sono.

- Claro, querida. Volto já.

O clipe de Billionaire do Bruno Mars passava na televisão e eu cantarolava junto. O cheiro de café invadiu o ambiente e ao fundo, conseguia escutar o barulho da cafeteira trabalhando.

 Meu estômago revirou e ali eu percebi.

 Um terremoto estava por vir.

 Tentei segurar e me distrair, mas nada adiantava. Agarrei o apoio para os braços da cadeira e apertei, me amaldiçoando. Minha respiração estava desregulada e adrenalina parecia percorrer as minhas veias quando decidi correr para o banheiro.

Salada com repolho e ovos, eu te odeio.

Sasuke, você me paga!

 Quando sentei no vaso sanitário, a barriga começou a fazer barulho estranhos e o pior aconteceu.

 Assemelhava-se à uma guerra nuclear. Naquele momento eu só conseguia choramingar e pensar em como sair daquele cenário.

Quando saí da cabine percebi que tinha deixado a porta aberta. Ao atravessar o portal, esbarrei em Yumi e Josicréia, que tampavam o nariz e olhavam para mim com horror.

- Ahn, é - tentei formular uma frase, mas não consegui.

Congelei por alguns segundos antes de olhar para os lados buscando uma forma de contornar a situação, mas parecia impossível.

Elas me olhavam incrédulas e pareciam estar em choque, sem saber o que fazer.

Assim como eu.

 Com o cabelo cheio de creme matizador e a vergonha falando mais alto, peguei uma boa quantia de dinheiro dentro da minha bolsa e entreguei na mão de Leila. Em passos largos, saí do estabelecimento e andei pelas as ruas de Konoha procurando uma farmácia.

 As ruas da cidade estavam movimentadas e algumas pessoas passeavam tranquilamente. Conseguia sentir os olhares serem direcionados para mim, afinal, não é sempre que se vê uma pessoa com o cabelo cheio de creme com uma cor esquisita perambulando por aí.

 Quando entrei na loja, fui para a área de medicamentos e como o azar estava do meu lado, não tinha o remédio que eu costumava usar. 

- Que dia, hein - coloquei as mãos no bolso por conta do frio. - Deve ser praga da Temari, aposto.

 Como não tinha opção, fui até o balcão para falar com o farmacêutico.

Ele usava um jaleco branco com o nome da farmácia costurado no lado esquerdo e no direito, o nome: Dainake.

- Boa noite, eu estou com o estômago muito sensível e com dores. Poderia me indicar de algum remédio? - achei uma forma de falar que estava com gases e diarreia de forma sofisticada.

- Tem alguma alergia? Pressão alta? Problema cardíaco? Toma algum remédio controlado? - perguntou mal humorado.

- Não.

- Só um minuto.

 Ele saiu da minha frente indo em direção às prateleiras passando entre elas, enquanto os olhos vasculhavam os medicamentos.  

 Será que eu estou tão esquisita com o cabelo assim?

- Aqui - disse me entregando uma caixa, torcendo o nariz.

- Obrigada.

 

 

 A água caia na minha cabeça e as minhas mãos faziam movimentos circulares para retirar o produto do meu cabelo, que estava endurecido pela a demora do enxágue. O produto tinha cheiro adocicado, chegando a ser enjoativo.

Meu estômago estava melhor, parecia sossegado. Depois de tomar o remédio indicado pelo o farmacêutico, os meus problemas foram solucionados e decidi comer algo leve no restaurante, para evitar que o meu intestino se rebelasse contra mim.

 Ansiosa para o encontro, sai do banheiro dançando ao som de Tá Rocheda do Barões da Pisadinha, a música que eu tinha colocado no meu perfil do tinder, com uma toalha enrolada na cabeça e outra no corpo. Sem entender uma palavra sequer, tentava cantar e sambar.

- Será que é pra sambar nessa música também? - questionei.

 Sete horas da noite.

O meu quarto ainda estava bagunçado e a mala ainda estava sobre a cama, com a roupa escolhida ao lado.

Depois de vestir uma roupa confortável, coloquei na minha playlist para entrar no clima e voltei para o banheiro.

 O pior estava por vir.

Quando tirei a toalha do meu cabelo, quase caí para trás. O que tinha acontecido? Um grito escapou da minha garganta e tenho certeza que Konoha inteira tinha escutado. Meu cabelo estava platinado, as pontas ressecadas e finas. Engoli o choro e comecei a andar pelo o quarto, sem saber o que fazer.

Só deu tempo de pegar a bolsa e as chaves antes de sair de casa.

O desespero me consumia e só em pensar que tinha duas horas para consertar o estrago. Assumo que participei do desastre desde que saí do salão e deixei o produto por mais de uma hora no cabelo, ciente das consequências.

 A minha única esperança era a farmácia, já que os salões estavam lotados e a Leila tinha fechado.

O setor de cuidados com o cabelo era extenso, tinha produtos de várias marcas com diversas funções.

- Nossa, sinto muito - uma senhora segurando uma cesta comentou enquanto mascava um chiclete.

- O que disse?

- O seu cabelo, sinto muito. É melhor cortar - sugeriu.

Ela era baixinha e estreitava os olhos, como se estivesse incomodada com a situação. Usava um cardigan azul claro e roupas discretas, que contrastavam com o sapato colorido. 

- Eu não sei o que fazer - lamentei cruzando os pés.

- Querida, corte até o ombro - aproximou-se com o semblante curioso. - Vamos ver - puxou meu cabelo próximo a minha nuca.

Analisava o fio roubado com muita atenção e cuidado, esticando a ponta. Franzia o rosto em preocupação, com uma expressão nada positiva na face. O óculos escorregava para a ponta do nariz e ela não se incomodada, como se estivesse acostumada.

- Você passou algum produto no seu cabelo? Está elástico e quebradiço, sem falar nas pontas duplas.

- Eu usei um shampoo diferente e fui no salão pra matizar o cabelo, só isso.

- Que azar, minha criança. Corte até o ombro, viu? - aconselhou.

- E o que eu faço com essa cor horrorosa?

- Não está feio, a cor está boa. Platinado bem bonito.

- Eu odeio essa cor - enrolei o meu cabelo no dedo indicador. - Eu posso pintar?

- Não entendo de cabelos, mas pintar é arriscado, ele está frágil. Se o problema é a cor, usaria um tonalizante.

- Vou fazer isso então, muito obrigada - agradeci com uma leve referência. - Estamos conversando e eu nem sei o seu nome.

- Daikane Ikunami, é um prazer.

- Haruno Sakura, o prazer é todo meu - repeti a referência. - Preciso ir então, arigato.

Depois de me despedir adequadamente, procurei pelos tonalizantes entre as prateleiras e quando achei, percebi que hoje não era o meu dia.

Só tinham tons escuros e fantasias, não sabia o que era pior. Coloquei todos dentro da cesta e fui até o espelho mais perto, aproximando as caixas perto do meu rosto analisando qual ficaria melhor. Descartei as cores escuras e estava entre o rosa, roxo ou azul.

Que loucura.

Girei as caixas e dois tons estavam fora a validade, o único que sobrou foi o rosa.
  

 

 Sete horas e quarenta minutos.

Ainda tinha tempo de me arrumar e ajeitar o meu cabelo, era o que eu esperava.

Cheguei em casa jogando a roupa para o alto, sem me importar com a bagunça que ficaria. Sacudi a sacola em cima da cama deixando as compras caírem no colchão e agarrei o tonalizante, abrindo a caixa.

Antes de pintar, peguei a tesoura e respirei fundo encarando o meu reflexo no espelho. Minhas mãos estavam trêmulas e eu não conseguia me concentrar o suficiente. Dividi o meu cabelo em dois, conectando as partes com uma presilha logo abaixo do queixo e cortando.

Ficou torto, mas consegui aparar as partes que ficaram fora da reta. Para uma pessoa que não havia experiência, tinha ficado bem convincente.

As instruções eram simples, aplicar a coloração no cabelo e lavar depois de alguns minutos. Enquanto o produto agia, comecei a passar a roupa e a procurar minhas argola.

Oito horas e vinte e cinco minutos.

Mais dez minutos e o meu cabelo teria uma cor totalmente diferente. Só de imaginar que ontem tudo estava no seu devido lugar. Não tinha beijado Sasuke, não tinha problemas com Temari, não tinha revirado o meu passado e relembrado o que aconteceu no ano passado e o principal, não teria usado o shampoo do Deidara e o meu cabelo estaria bem.

Se arrependimento matasse…

Meu pescoço e orelha estavam coloridos por conta da tinta rosa, mas a minha confiança havia aumentado depois de cortar e perceber que eu era capaz de cuidar do meu cabelo sozinha.

 O celular vibrava na cabeceira reverberando em todo o quarto. Espantando os pensamentos, segui para o banheiro no intuito de, finalmente, retirar o tonalizante.

A água tinha um tom avermelhado e estranhei na hora de manusear os fios. Eu costumava passar os dedos entre eles até o começo da cintura, onde terminava, e agora não passava do ombro. Com os olhos marejados, preferi ignorar as lágrimas e me arrumar para o encontro.

 O resultado foi surpreendente, ficou bonito. Nunca pensei que esse tom combinaria comigo e representaria a minha personalidade de uma forma tão única, especial.

As madeixas caiam naturalmente e emolduravam o meu rosto, em um liso mais rebelde, volumoso.

Após secar o meu cabelo, fiz uma maquiagem simples.

Oito horas e quarenta e sete minutos.

Vesti a roupa e peguei a bolsa. Não estava feia, longe disso, mas não estava acostumada com o novo visual e me assustava quando via a minha imagem refletida em algum lugar.

 

 

 A entrada do restaurante estava calma, algumas pessoas do lado de fora deixavam o lugar mais movimentado e a música ao vivo preenchia o ambiente. Como era um local mais descontraído e não tão procurado, não era necessário fazer reserva.

Passei pela as mesas em busca do meu parceiro naquela noite, recebendo alguns olhares demorados.

O Japão é extremamente conservador e ter um cabelo com uma cor tão chamativa era interpretado como se eu fosse do contra, uma forma de querer fugir das “amarras” impostas socialmente no país. Em Tóquio, frequentemente observava pessoas com estilos mais ousados e alternativos, mas era possível enxergar traços preconceituosos nos olhares, de uma forma geral.

Mudar de visual já é motivo de insegurança, principalmente no universo feminino, mas em um primeiro encontro era aterrorizante.

Como nunca tinha saído com uma pessoa desconhecida, estava mais do que nervosa. Meu coração parecia que iria sair pela a minha boca a qualquer momento e os batimentos cardíacos, antes ritmados, estavam em uma frequência absurda por conta da ansiedade. Uma gota de suor desceu pela as minhas costas, alojando-se nas covinhas no início da coluna.

Ele estava sentado, muito bem vestido, mas um pouco diferente das fotos o que me deixou receosa.

Afinal, quem sou eu para julgar?

Meu cabelo estava rosa, totalmente diferente das fotos do meu perfil.

Tinha olhos castanhos e um sorriso acolhedor, era educado. Ofereceu-se para puxar a minha cadeira, o que particularmente achei brega, mas não reclamei. Devolvi o sorriso tímido, na mesma medida.

- Boa noite, Haruno Sakura - retribuí o cumprimento.

- Akimichi Alex, boa noite - beijou as costas da minha mão, me deixando envergonhada.

 Um silêncio pairou entre nós dois e o barulho do restaurante tomou conta dos meus ouvidos. O som de talheres chocando-se contra os pratos, dos passos dos garçons e das conversas entre clientes em outras mesas.

- Olá, boa noite. Sejam bem vindos ao Amaterasu. Hoje, estamos com rodízio de massa e churrasco, nesse final de semana estamos comemorando Itália e Brasil, em homenagem aos fundadores. Gostariam de participar ou ficar com pratos a lá carte? - o garçom perguntou carismático, segurando papel e caneta.

Meus olhos saltaram com a palavra rodízio. Por mais que fosse acostumada em frequentar lugares refinados, optava por comer em lugares mais acessíveis, onde ficaria satisfeita. Só de imaginar aqueles pratos enormes com um pouco de comida no centro, ficava decepcionada. 

- Rodízio - afirmei sem delongas, arrancando uma risada de Alex.

- O mesmo.

O garçom colocou duas comandas perto do prato e saiu.

- Você é primo do Chouji? Eu não sabia que ele tinha um parente meio brasileiro - tentei quebrar silêncio.

- Desculpe, não conheço. Quem é?

- Seu sobrenome é Akimichi, certo? Estava no seu perfil - perguntei com um sorriso sutil nos lábios, sem mostrar os dentes.

- Ah - riu levemente. - É meu apelido, mas uso tanto que virou um sobrenome.

O sorriso que estava em meu rosto morreu. Olhei para os lados e outros lugares, sem coragem de fitá-lo.

Onde eu estava com a cabeça em aceitar sair com alguém desconhecido?

Minhas mãos apertavam o tecido do meu vestido, agarrando as coxas, castigando-me pela irresponsabilidade.

- Algum problema?

- Não, não - sacudi as mãos em negação em frente ao meu nariz, envergonhada. - Esquece o que eu falei - sorri abertamente, tentando mudar o foco da conversa.

 Olhou para mim e arqueou o canto do lado esquerdo da boca, achando graça.

- Como veio parar em Konoha?

- O lado paterno da minha família é do Japão, mas se mudaram tem uns meses. Meu pai casou com uma brasileira e foi morar no Brasil na primeira oportunidade que encontrou.

- Isso é fofo.

- Eles são muito apaixonados, até hoje - disse com um sorriso no rosto. - Desculpe pelo o meu japonês, tem um tempo que eu não pratico e posso acabar falando alguma coisa errada.

- Está ótimo, de verdade. Eu não sei nada de português. É português, certo? O idioma?

- É sim. Vou te ensinar a falar uma palavra em português, quer aprender?

- Claro - respondi animada.

- Arrombado - falou devagar.

- Arombadi? - fiz a primeira tentativa,

- Não - riu. - Arrombado.

- Arrombado?

- Isso! Muito bom - bateu palmas com um sorriso no rosto.

- O que isso significa?

- É uma forma carinhosa de chamar alguém, pode ser usada com qualquer pessoa.

- Ah, entendi.

- Esse restaurante tem garçons de vários lugares do mundo, por causa dos donos que são estrangeiros. Eles contratam muita gente que procura uma oportunidade aqui no Japão - disse inclinando o tronco para frente, ficando de bruços na mesa enquanto me encarava. - Eles usam bandeiras ao lado do nome, são pequenas.

- Não sabia disso - devolvi o olhar, interessada na conversa. - Só venho aqui, como e vou embora. Nunca reparei.

- Quando o garçom trazer nossas bebidas, chama ele assim. Vai ficar muito feliz.

- Sério?

- Com certeza.

  Não demorou muito para o garçom chegar com o seu costumeiro sorriso.

- Desculpe a demora - colocou os copos na mesa. - Gostariam de mais alguma coisa?

- Sim - afirmei. - Enquanto o rodízio é só massa, eu quero uma porção de batata frita, por favor.

- Mais alguma coisa?

- Não - olhei para o crachá.

A bandeira do Brasil estava bordada ao lado do nome do funcionário: Jorge.

- Obrigada, Jorge Arrombado - falei abrindo um sorriso. - Bom trabalho - fiz um sinal positivo com a mão.

Esperava um sorriso do homem, mas não recebi nada em troca, somente um olhar incrédulo do garçom que parecia não acreditar no que tinha escutado.

- Eu falei certo?

Balançou a cabeça e foi embora, me deixando desconfiada.

- O que eu fiz de errado?

Akimichi começou a gargalhar e precisou colocar a mão na boca para impedir que o som saísse alto demais. Os ombros chacoalhavam junto com a cabeça, tamanha crise de riso.

- Eu falei besteira, né? - perguntei e ele olhou para mim, com os olhos marejados por conta da risada.

- Sim.

- O que tem de errado nessa palavra?

Me encarou por alguns segundos antes de explicar o real significado.

- Como você... - cruzei os braços, inconformada. - Não acredito - revirei os olhos, frustrada.

Foi inevitável quando a minha mão encontrou o ombro dele, depositando um tapa leve, como se fossemos amigos de longa data. Ele não se importou, voltou a rir.

- Se aproveitando pra se camuflar, né? Tem cara de japonês e é brasileiro, dando uma de desentendido.

- Nem sei do que você está falando - deu de ombros, tentando segurar o riso.

- Seu pedido, senhores - o  garçom voltou com a porção de batata frita.

- Perdão, senhor. Eu falei uma palavra feia, desculpa - fiz uma leve referência.

-Sem problemas, senhora. Aconteceu - sorriu tímido.

O rodízio começou a ficar interessante, já tinha comido todas as massas e cortes de carne que gostava e pedi para que trocassem o prato, pois estava cheio de resto de molhos no fundo da peça, formando uma poça.

- Encheu? - perguntei quando Alex recostou-se na cadeira.

- Tô cheio, e você?

- Nem no caminho de ficar cheia, ainda vou comer mais.

Puxei um garçom pelo o colete que passava recolhendo os pratos e organizando o local, quando as opções servidas não me agradavam mais.

- Boa noite. Eu vou querer um filé carregado de molho, meia costeleta, meia porção de macarrão com bastante alho e outra porção de batata frita, só que dessa vez coloca mais bacon, ok? - pedi olhando o cardápio. - E poderia, me trazer outro refrigerante? Esse aqui tá acabando.

 Alex me olhava espantado, assim como o pobre garçom, que estava atrapalhado tentando anotar o pedido e assimilar se o que eu tinha falado era real ou somente uma brincadeira.

- Perdão? - desistiu de escrever com o olhar carregado de seriedade me encarando sério, buscando algum traço que entregasse mentira.

- Oi?

- A senhora realmente deseja tudo isso? -  perguntou sem jeito.

- Sim - disse com um sorriso no rosto.
 

 …

 

 Os pratos chegaram aos poucos e eu ia comendo calmamente, pedaço por pedaço, com o Akimichi roubando um pouco da comida. O clima estava leve e tínhamos muitos gostos e opiniões em comum, exceto a paixão por exercícios físicos, um dos hobbies dele.

O restaurante estava cheio e o cantor contratado da noite tocava músicas famosas em acústico usando o seu violão, bebericando o suco nos intervalos.

Me levantei para ir ao banheiro, que ficava do outro lado do salão. A decoração do local era simples, bem minimalista, com as paredes pintadas de branco e prateleiras no estilo industrial e algumas plantas em ponto estratégicos, adicionando um pouco de vida e cor para o ambiente.

Uma das coisas que não me agradava no Amaterasu era o toillete, era pequeno e formava fila quando a casa estava movimentada, como hoje, principalmente no banheiro feminino. Pelo menos nesse quesito tive sorte, eu era a próxima a entrar, mas fui impedida por uma mão áspera envolvendo o meu antebraço esquerdo.

- Que cabelo é esse? - perguntou com a sobrancelha arqueada, franzindo o cenho.

- Olá para você também, Sasuke - sorri falso.

 Encontrar o Uchiha era como, no mínimo, pisar em ovos. Tinha me metido em uma situação desfavorável, com passagem só de ida. Teria que mentir para todos com perfeição, sem deixar brechas para questionamentos e dúvidas. Estava incomodada em continuar com a farsa, mas não queria um clima ruim entre os amigos.

- Olá - retribuiu. - Tá me seguindo? O que você está fazendo em um rodízio? - perguntou desconfiado.

- Podemos dizer que sim.

- Pediu salada?

- Não - fui sincera.

Adicionar mais uma mentira no currículo não estava nos planos, então optei por contar a verdade.

- Eu te entreguei uma dieta, Sakura. Poderia ser mais adulta e responsável consigo mesma? - ralhou o moreno, cruzando os braços.

- Hoje é a despedida, poxa. Desculpa, ok?

 Quando os lábios dele fizeram menção de fala, Temari saiu do banheiro feminino e parou, estática, ao meu lado.

- Você por aqui, Haruno? - Temari me encarou com cara de poucos amigos.

- Desculpe, quem é você? - cocei a nuca.

Estava cavando a minha própria cova aos poucos, sentia que seria consumida pelas mentiras.

- Vai ficar nessa até quando?

- Eu não te conheço.

- Você acha que eu vou cair nesse seu papinho? - disse debochada com um sorriso desafiador. - Me erra, garota - revirou os olhos e deu um passo em minha direção com os braços cruzados, ficando com o rosto próximo ao meu. - Me engana que eu gosto.

Minhas mãos suavam e senti um frio na espinha. Ela não tinha acreditado e eu conseguia enxergar meu plano indo pro ralo, junto com as minhas férias tranquilas.

- Ela não se lembra, Temari. Encheu a cara - Sasuke intercedeu.

- Pois saiba, que você jogou flertes para o meu namorado. Espero que isso não se repita - ergueu a sobrancelha.

  O moreno sacudiu a cabeça em negação sutilmente, cansado da conversa.

- Vamos, Temari. - falou sem me dar a chance de responder a Sabaku - Até amanhã, Sakura. Sete da manhã - e saiu andando em direção à mesa, sem esperar a namorada.

- Não acredito em você, Haruno - disse no meu ouvido. - E a propósito, seu cabelo ficou uma merda - riu seco.- Tchauzinho.

Observei os fios loiros da mulher balançarem para os lados enquanto ela andava com um rebolado forçado, tentando atrair olhares para se sentir a melhor no local. Jogava olhares cheios de veneno para as clientes do recinto, como se fossem uma ameaça para o relacionamento dela com o Uchiha.

Cadê a confiança e o amor próprio?

 Senti alguém cutucar o meu ombro.

- Você vai entrar?

- Pode ir na frente - falei, com os pensamentos longe.

- Obrigada.

 

...

 

 Retornei para a minha mesa depois de usar o banheiro, encontrando Alex terminando de comer minhas batatas.

- Você demorou - se defendeu com as mãos no ar.

- Encontrei um conhecido na fila do banheiro.

 -Parece minha mãe quando encontra alguém na rua - gargalhou. -  Para só pra conversar, acaba falando o dicionário todo.

- Minha mãe é o mesmo jeito - sorri com a lembrança. - Dá vontade de colocar um colchão na rua e dormir. Se eu fizesse isso, iria acordar e ela ainda estaria batendo papo.

- Mães são iguais no final.

A mesa ainda estava com os meus pedidos e comi devagar conversando amenidades. O Akimichi foi atender o telefone perto da saída por conta do barulho da música. Sentada sozinha, vasculhei o salão e encontrei a mesa do Uchiha que conversava com Temari bebendo o conteúdo dentro do copo. Quando nossos olhares se encontraram, ele ficou incrédulo. Sua acompanhante percebeu que ele não estava prestando atenção na conversa e olhou na minha direção, seguindo o caminho do namorado.

Sem paciência para discussões e enrolada com a mentira até o pescoço, desviei o olhar e fingi mexer no telefone. Voltei a encarar a mesa e notei a raiva da loira, que sacudia a perna direita, irritada. Sasuke falava com o mesmo garçom que me atendeu durante a noite e apontava para mim segurando o cardápio.

 Alex voltou e se sentou na cadeira, com um sorriso no rosto.

- Tudo bem? - perguntei.

- Sim, só a minha irmã enchendo o meu saco - riu.

Fomos interrompidos pelo o garçom que carregava um prato consigo, esbanjando bom humor.

- O senhor daquela mesa - apontou em direção ao meu personal trainer. -  Pediu para te enviar - saiu do local após deixar a comida sobre a mesa.

Meu celular vibrou e nele, uma mensagem de um número desconhecido:

 “Larga tudo isso e come o que eu te enviei”.

 Olhei em direção ao moreno e percebi que ele me fitava, com os braços cruzados, ignorando os protestos de Temari que parecia indignada com a atitude de Sasuke. A loira gesticulava avidamente, apontava para mim e sacolejava as pernas que estavam entrelaçadas, em fúria.
 

- Algum problema, Sakura? - o Akimichi perguntou preocupado.

- Meu treinador tá aqui - revelei. - Ele viu toda essa comida e mandou essa salada esquisita pra mim.

- Furando a dieta, hein? 

- É uma despedida, ok? - usei a mesma desculpa. - Já sei que vou odiar fazer dieta.

- Acaba acostumando - deu de ombros.

A noite passou rápido e me recusei a não comer o que havia pedido, mas não deixei de comer a salada enviada pelo o Uchiha. Senti a minha barriga estufar por conta da quantidade absurda de comida ingerida durante um curto período de tempo, amaldiçoando a escolha do vestido, que destacava a protuberância do local.
 

Por que não optei por uma calça e uma blusa mais solta no corpo?

Nesse momento eu estaria abrindo, discretamente, os botões da peça, liberando o meu abdômen do aperto.

Depois de muita insistência, consegui convencer o Alex a me deixar pagar metade da conta já que ele queria assumir todas as despesas. O balcão estava cheio e estávamos na fila há cinco minutos. 

- Nossa, que lindos - uma senhora se aproximou com um sorriso no rosto. - Que casal bonito, e a família tá aumentando. Parabéns - alisou a minha barriga.

Meu acompanhante gargalhou alto, chamando a atenção dos clientes e funcionários, sendo seguido por mim, que ria na mesma proporção.

A mulher, estranhando a reação, se afastou praguejando algo inaudível.

- Qual é a graça, Haruno? - uma voz enjoada perguntou.

Temari e Sasuke se posicionaram atrás de mim, esperando para pagar a conta.

- Estamos grávidos, vamos ser papais - o brasileiro falou, agarrando a minha cintura.

A expressão no rosto do casal era indecifrável, mas cômica para mim. Pareciam em choque com a informação falsa que haviam recebido.

- Vai dar o golpe da barriga? Você até que não é tão burra assim - a loira alfinetou.

- Sabe como é, ele está caidinho por mim. O amor entre nós é tão ardente que não conseguimos evitar - Alex me abraçou por trás, acariciando a minha barriga.

 Senti o peitoral do Akimichi vibrar, tentando o máximo segurar o riso. Mordi os lábios, na mesma intenção que ele, a situação era engraçada e no momento, desejava poder ler mentes só para saber o que estavam pensando.

O Uchiha ainda estava estático, com os olhos arregalados.

- Você é patética. Ontem estava super animada beijando o meu namorado, flertando e colocando os seus olhos nele e hoje, descubro isso. Incrível.

- Para de mentir - meu suposto “namorado” me defendeu.

- É verdade.

- Não acredito em você. Você fez isso, amor?

- Claro que não! - neguei.

- Viu?! 

 Ele atuava muito mal, mas Temari estava tão irritada por ser contrariada que não percebeu. Bufava e as narinas chegavam a dilatar, tamanha era sua raiva.

- Então vai, corno manso. Continua com ela, você que vai sair no prejuízo mesmo.

- Se isso realmente aconteceu, nós dois somos cornos mansos. Você falou que eles se beijaram. Então por que continua com ele?

- Arg! - exclamou. - Não é da sua conta.

- Então por que se preocupa tanto com a gente? - rebateu, deixando-a sem palavras.

-Vocês se merecem, mesmo  - revirou os olhos e puxou o namorado para o final da fila, afastando-se de nós.

A gargalhada voltou com força total.

 


Notas Finais


Sakura finalmente com cabelo rosa!!! (link das fotos abaixo)
O que vocês acharam do Alex? Amei escrever esse personagem. Enquanto escrevia a cena dele ensinando o palavrão pra Sakura eu ri horrores! Foi muito divertido.
Temari super inconveniente né?
Alguém conseguiu pegar referências???? Tem referência às Branquelas, o jantar com o Latrel!! Amo essa cena!
"Cabeleleila Leila" também apareceu por aqui hahah
Nos vemos nos comentários!!
Até 💖

vestido: https://images.app.goo.gl/F31qcajpSF3iV1RN8
sapato:
https://images.app.goo.gl/1r7F9ay9H9x2etTQ9
cabelo: https://images.app.goo.gl/CviwzqhX6C68pRZKA


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