História Em busca do marido perfeito! - Só pode ser ele... Ah, acho que apaixonei!

Levantei os olhos, encarando as estrelas que salpicavam o céu, ele estava tão admirável. E a lua, mesmo que minguante, estava linda, como a rainha da noite que era. A brisa fria estava tão boa e o barulho mais ao longe confortável. Tudo isso para dizer que eu estava feliz em está ali.

– Naruto, não tinha o sabor que você queria. Mas tenho certeza que vai gostar desse de chocolate com amêndoas. – disse Gaara voltando, e voltei os olhos para ele, que trazia os dois sorvetes no palito, logo entregando o meu.

– Obrigado! – agradeci enquanto arredava para lhe dar espaço.

Estávamos em uma praça, do lado mais calmo, pois do outro havia famílias, onde crianças corriam para um lado e outro. Não que isso me incomodasse de um todo, achava uma graça ver a alegria delas com tão pouco. Provei o picolé e o sabor realmente era esplêndido.

– Uma delícia! – soltei e o fitei – Nunca tinha provado desse.

– Mesmo? É um dos meus favoritos. – me sorriu, seus olhos focando-se em mim, daquele jeito brilhante, que me desconsertava. Ah Gaara, não faz isso!

E nossos olhos se prenderam, eu não conseguia escapar e nem queria, como ele disse, há química, e muita. E daquela explosiva, que dava medo, e ao mesmo tempo me enchia de alegria, expectativas, esperanças…

– Naruto... – chamou-me baixinho, aproximando-se mais. – Por que não me dá uma chance? Apenas uma para provar que posso te fazer feliz.

– Gaara, você já a tem... – sussurrei e… espera, eu falei o quê?!!

Nem tive tempo de pensar direito ou consertar, pois sua mão macia veio até meu queixo, segurando-o, e seus lábios vieram de encontro aos meus. Meu pai amado, me deixe vivo!

Não era só explosivo, era catastrófico!

Meu coração acelerou, meu estômago revirou e meu corpo arrepiou. Sua língua de encontro à minha, saudando-a. Eu não lembrava de já ter dado um beijo tão bom, que me fizesse sentir tantas coisas. Que fosse tão calmo e delicado, mas ao mesmo tempo com aquele toque de fogo, que foi acalmado pelo frio do sorvete. Hum… gelado, com sabor de chocolate e amêndoas… não poderia ser melhor.

– Está falando sério? – indagou ao se afastar, me dando um selinho leve.

– Si-sim... – eu ainda estava flutuando, sentindo minhas mãos suadas e...

Virei o rosto bruscamente para minhas mãos e ele fez o mesmo. Ah não, meu sorvete estava derretendo e minhas mãos estavam meladas. Olhei de soslaio para a mão do ruivo, e a dele estava intacta, já que a embalagem ainda estava na parte de baixo, eu tirei a minha por completo. Ai, Naruto, como você pode ser tão tapado?!

– Parece que o clima esquentou, não?! – falou divertido e eu ri, envergonhado. – Vamos, tem uma pia pública ali à frente, onde você poderá lavar as mãos. – levantou e o segui. 

Neste momento uma criança passou correndo e esbarrou em mim, me fazendo derrubar o resto do meu sorvete. Ô anjinho! Frustrado, segui Gaara até à pia.

Depois de está com as mãos limpas, ele me deu seu sorvete, mesmo que tenha recusado a princípio, mas ele insistiu tanto. Gaara é tão gentil! E se ofereceu para me levar em casa, seguimos em uma conversa animada, rindo da minha falta de sorte com o picolé. E quando chegamos, mais uma vez, ele muito educado me abriu a porta do carro.

– Está entregue, espero que tenha gostado do passeio. – falou e lhe sorri.

– Eu adorei Gaara, muito obrigado! – ele sorriu de volta e trouxe as mãos ao meu rosto, abaixando-o um pouco, me dando um beijo na testa.

– Boa noite Naruto, durma bem. – falou calmo, afastou-se me sorrindo.

– Boa noite. – e então ele entrou em seu carro e partiu, me deixando nas nuvens. Assim caminhei para a porta e a atravessei, sorrindo. – Sr. Flúfos, você não vai acreditar!!! – gritei para chamá-lo e corri casa adentro, seguindo para o quarto, o encontrando na minha cama.

Sentei ao seu lado e comecei a lhe falar sobre o encontro, o beijo, a despedida. Ah, eu não sabia descrever aquilo tudo, mas aquele beijo foi fantástico. Guardaria aquele sabor de chocolate e amêndoas para a vida toda! Contaria aos meus netos sobre isso, sobre como foi esse…

Paralisei ao perceber isso. Eu estava fazendo planos, estava pensando no futuro, estava sonhando novamente! Depois de meses, aquela vontade, aquele sonho adormecido tinha voltado. E com força, eu tinha margens para isso. Já estava me imaginando com Gaara, nós dois velhinhos, cuidando dos netos, nossos filhos casados, uma vida feliz!

Deitei na cama, me agarrando à Kyuubi, nem percebi quando comecei a chorar, mas chorei. Lembrei da despedida, seu beijo respeitoso, seu toque singelo, sem esperar mais nada, sem exigir nada, e sorri com isso. Eu só tinha me animado tanto assim quando saí com Sasuke, mas ele fora um estúpido e… Ah, nem vale a pela lembrar disso. Voltei meus pensamentos para Gaara, meu desejo tinha voltando com muito mais força! Porque demorei tanto para deixá-lo se aproximar?!

…

Manhã de domingo e eu estava atarefado na cozinha, desde cedo corria de um lado para o outro. Sr. Flúfos estava no balcão, me encarando e seu focinho estampava tédio. Mas não me importei, e me inclinei, verificando o ensopado, quase pronto! Dei meia-volta, indo limpar a pia, vendo que meu serviço estava praticamente concluído. Depois disso corri para o banheiro.

Eu estava tão ansioso, e claro nervoso. Gaara viria almoçar comigo, e creio que daria tudo certo. Principalmente porque vi que meu vizinho intrometido saiu de manhã, e parecia que passaria o dia fora, isso não era ótimo? Parece que escolhi um bom dia para o ruivo vim para minha casa.

Saí do banho e me arrumei, vestindo uma bermuda jeans e camisa xadrez amarela, dobrei as mangas a calcei umas sandálias bege, muito simples e confortável, afinal ficaria em casa. Fiz uma maquiagem rápida e me perfumei. O perfume novo, mencionei que iria trocá-lo, não?!

E assim que terminei, ouvi a campainha e sorri. Saí do quarto, conferindo tudo, vendo se minha casa estava em ordem, sendo que a arrumei milimetricamente pela manhã. Depois de conferir, abri a porta.

Deparei-me com sua imagem e sorri, talvez meio idiota, já falei de como gosto desse seu estilo? Essa mistura despojada e elegante. Ele também estava de bermuda, só que preta, e não tão justa quanto a minha, enfim. Uma camiseta branca de gola V e um blazer vinho, parecia ser leve. E noto que ele gosta muito dessa cor. Os cabelos revoltos e a maquiagem que o deixava ainda mais bonito. Tênis baixos, simples e… respira normalmente Naruto, por favor! Notei que era a primeira vez que via Gaara de bermuda e notava suas pernas, panturrilhas grossas e malhadas, ó pai… corei.

– Bom dia Naruto! – me cumprimentou e puxei a respiração, não pira Naru!

– Bom dia, por favor, entre e fique a vontade! – ele agradeceu com a cabeça e adentrou, falando também com o meu gatinho.

Estranhei o comportamento do peludo. Sr. Flúfos desceu, veio até o Sabaku e o encarou, rodeou suas pernas um pouquinho e lhe deu as costas, sumindo corredor adentro. Quando esse folgado perdia a oportunidade de carinho e colo novo? Ele estava sempre disposto a se meter com meus conhecidos.

– E então, finalmente poderei provar de sua culinária, o que teremos?

– Hum? Ah sim… preparei o Colcannon, também Dublin Coddle e para acompanhar uma Guiness Drought, espero que seja de seu agrado.

– Hum, comida típica irlandesa, está querendo me fisgar pelo estômago Naruto?

Ele falou sorrindo e corei, ah, tive um pouquinho de trabalho, mas eu sou um bom esposo afinal de contas e… esquece, esquece, vamos pular essa parte, futuro bom esposo.

…

– E então Gaara, o que achou? – indaguei enquanto voltávamos à sala.

– Simplesmente maravilhoso, uma das melhores refeições que já tive!

– Está falando sério? – disse com um sorriso amplo, o fitando.

– Claro, sabe que sou muito sincero. Você cozinha divinamente, e tudo estava uma delícia! Sabia que fazia muito tempo que não comia um Dublin Coddle? Este foi um dos melhores que comi na vida, muito obrigado Naruto.

Ele tocou minha face e corei, estava mesmo feliz por ter acertado, e ele ter gostado. E nossa, acho que nunca comi tanta batata em uma única refeição na vida, mas foi boa mesmo. Apontei para o sofá e ele se acomodou.

– Será que ainda tem espaço para um strawberry pavlova?

– Está brincando comigo? Fez isso também? – perguntou incrédulo e assenti, logo seguindo para a cozinha, indo pegar o doce. Esta que já estava limpa e organizada, pois ele fez questão de me ajudar, que lindo!

Peguei a torta e os pratinhos, talheres e voltei, deixando tudo sobre a mesinha de centro. O servi e fui até uma cômoda, pegar minha agenda.

– E então, o que achou?

– Maravilhoso, você tem muito talento! – elogiou, comendo os morangos.

– Que bom! Gaara, importa-se em responder umas perguntinhas? Sou bem curioso. – falei e sentei ao seu lado, ele sorriu calmo.

– Claro que não, pode perguntar o que quiser, se for possível as responderei.

– Está bem então, qual sua data de nascimento?

– Dezenove de janeiro de mil novecentos e oitenta e três, na capital irlandesa. Nasci prematuro, acredita?

– Mesmo? Hum… porco no chinês e capricórnio no ocidental, muito bom! E o seu tipo sanguíneo? – indaguei e ele inclinou um pouco a cabeça.

– AB negativo. Posso pegar mais um pedaço? – apontou para o doce, assenti.

Sangue raro! Bem, pelo menos já tenho um vizinho com esse mesmo tipo de sangue, caso aconteça algo ao meu futuro marido, já terei um doador. Sorri descrente, Sasuke nunca toparia doar sangue, esse egoísta, que só pensa em si próprio.

– O que pensa sobre bebidas alcoólicas e cigarros?

– Bem, a bebida é bem vinda, desde que socialmente, e o cigarro não me agrada, na verdade evito até ficar perto de fumantes. – ressaltou e suspirei aliviado, ele realmente se preocupa com sua saúde, isso é muito bom!

Bom, sei que ele é advogado, e uma vez conversamos sobre isso, onde ele me confidenciou seu sonho de ter o próprio escritório, ele tem visão de futuro, é ambicioso. E claro, adora o que faz, apesar de não ser uma profissão tão fácil. Gaara é tão dedicado, admiro muito isso nele. Anotei tudo muito animado.

– Pode me contar um pouco mais da sua família? Seus pais e irmãos, mantém bastante contato com eles?

– Ah sim, somos uma família bem unida, sabe? Meus pais são o meu exemplo de casal para a vida toda. Meus irmãos e eu nos damos bem, e quase todos os dias nos falamos. Meu irmão Kankuro já é casado e pai, minha sobrinha é uma criança linda, tão fofa, você tem que ver. – o encarei encantado pelo seu jeito de falar, me aproximei mais e fitei seu rosto, sorrindo bobo.

– Você gosta de crianças? Pensa em ser pai?

– Se gosto? Eu adoro! E claro que penso em ser pai, é um dos meus desejos! Já posso imaginar, uma casa simples e confortável, com um belo jardim, onde estará meu parceiro e eu, um casal de crianças espoleta, um cachorro e um gato, não seria fantástico? – contou, mirando-me intensamente e corei mais.

– Seria incrível, perfeito! – respondi bobamente, era a minha visão misturando-se à sua. E algo me diz que nossos pensamentos estão entrelaçados, e que ele falou disso especialmente para mim. Ah Gaara, pede logo a minha mão!

…

Já estava anoitecendo quando Gaara saía da minha casa, nós ainda estávamos rindo de algumas histórias que lhe contei da minha infância. Tivemos uma conversa tão agradável que mal percebemos quando a hora pulou de uma para seis, mas enfim.

– Pois saiba que eles adorariam conhecê-lo, tenho certeza. – falou, retornando ao assunto do convite para conhecer seus familiares, que estavam vindo lhe visitar. Digo que estava já bem curioso.

– E acho que eu a eles, Gaara. – falei e ele pareceu satisfeito.

– Que bom... – mas ele fora interrompido pelo barulho do carro que chegava, viramos o rosto e, essa não, a inconveniência em pessoa. Voltei a encarar Gaara, a tarde realmente tinha sido boa demais, nem para ele não nos notar…

– Boa tarde Baby e… Dr. Sabaku?! – falou, parando e cruzando os braços sobre o cercado, dava para sentir o peso do seu olhar fulminante.

– Uchiha. – disse o ruivo com um aceno de cabeça, sem alterar o seu humor. Fiquei encantado com sua maturidade, mais ainda ao sentir suas mãos se entrelaçando as minhas, provocando aquele calor gostoso. – Obrigado pelo almoço e tarde maravilhosa Naruto, foi realmente muito prazerosa. – e me deu um beijo na testa, logo se inclinando e me roubando um selinho, me fazendo ficar feito pimenta malagueta.

– Hey, hey, hey, mais que pouca vergonha é essa?! – ouvi a praga gritar.

– Nos vemos amanhã. – disse ao se afastar, beijando minhas mãos rapidamente.

– Até amanhã Gaara! – retruquei derretido e ele seguiu para seu carro.

Encolhi minhas mãos, juntando-as no peito, ai que acho que finalmente encontrei o homem perfeito! Gaara não poderia nem ser real, era tudo que eu queria, que procurava, que esperava… era ele sem dúvidas…

– Mas que porra de traição descarada foi essa? Como esse homem é abusado!

Acordei dos meus devaneios com as palavras da peste e me virei, me deparando com sua face irritada e questionadora. Ah por favor, era só o que me faltava! Não sei o que se passa na cabeça oca dessa jamanta.

– Não sei do que está falando, por acaso bebeu demais no seu passeio?

– Bebi, mas isso não vem ao caso! Estou falando do descaramento desse homem, quem ele pensa que é? – bradou irritado e sorri cínico, aproximando-me mais da cerca.

– Acho que ele pensa que é meu futuro marido, e despediu-se como tal, e sabe que ele tem razão?! – retruquei e seus olhos arregalaram-se tanto quanto lhe era possível, tamanha sua descrença.

– Ma-marido? Futuro marido?!

– Isso mesmo, estou a um passo do altar, isso não é demais? – falei esbanjando animação, toma essa Uchiha, dessa vez te passei para trás.

– Mas que porra… Você não tem um enorme questionário e bilhões de exigências? – retrucou, ainda mais irritado e confuso, sorri assentindo.

– Exatamente. Gaara respondeu meu questionário sem problemas, e olha só: ele tem uma família incrível, gosta de animais, calça quarenta, tem a arcada dentária perfeita, é honesto, trabalhador, gosta de crianças, seu signo combina com o meu, até na numerologia e ascendência, não é fumante, prática esportes, é doador de órgãos, aprecia arte e mais um monte de coisas, preencheu todos os requisitos. Ele é perfeito!

– Mas que merda é essa?! Ninguém é perfeito!

– Ele é! E sabe do que mais?! Se ele me pedisse em casamento hoje, amanhã já estaria na Rússia, curtindo minha lua-de-mel. Hum… ou seria melhor o Canadá? – falei comigo mesmo, ficando indeciso.

– E por causa de algumas respostas a um questionário bobo, você já tomou uma decisão? Ele pode muito bem estar mentindo, ser um cara perverso, ser até da máfia irlandesa! Você não o conhece, Naruto!

– Oh, por favor, não me faça rir mais, quanta estupidez. É mais fácil você ser parente de Don Corleone, e de mentira você certamente entende bem mais que qualquer irlandês! Agora se não se importa, e claro que não, vou entrar… preciso pensar em que cor será o terno que entrarei na igreja e começar a fazer a lista de convidados, organizar um casamento dá trabalho. Bye, bye!

– Naruto?! – ouvi, mas pouco liguei, segui para casa, quase rebolando. Oh que vulgaridade a minha, quase ri, me senti vitorioso pela primeira vez.

Tranquei a porta e me joguei no sofá, já não me sentindo mais tão bem, porque fui falar aquelas coisas à ele? Aff, Sasuke bem merecia, pra ele saber que agora não pode fazer mais nada contra mim e meu futuro noivo!

E só de pensar nisso, escondi a pequena parte chateada com meu comportamento e voltei a sorrir, acho que estava no caminho certo. Sim, seria o Gaara, eu já tinha a resposta na ponta da língua, bastava a pergunta ser feita. E o melhor de tudo isso é que… acho que estava me apaixonando!