1. Spirit Fanfics >
  2. Em meio ao nada, ela se tornou tudo >
  3. O peso das escolhas

História Em meio ao nada, ela se tornou tudo - O peso das escolhas


Escrita por: Cam-li

Notas do Autor


Oiii

Trouxe mais um capítulo para vocês, foi feito com muita calma, pois estava em dúvida em relação a qual linha seguir sobre o futuro das nossas garotas.

Me perdoem por ter terminado o capítulo anterior daquela forma, me esforcei o máximo para retornar hoje.

Toda história é feita de altos e baixos, tenham paciência para esperar o crescimento das nossas personagens. Prometo um final feliz! 🥰

Desculpem se algum erro passou.
Espero que gostem do capítulo, foi feito com muito carinho!

Obrigada a todos que estão acompanhando!
Boa leitura! 😉😊😁

Capítulo 13 - O peso das escolhas


Fanfic / Fanfiction Em meio ao nada, ela se tornou tudo - O peso das escolhas

 

Emma Swan

 

Queria contar para ela, contar tudo que estava sentindo naquele momento, na verdade, queria tomar aqueles lábios para mim, no fundo tinha impressão que ela queria que fizesse exatamente isso. Fixei meu olhar nos dela, não passaram nem um minuto, mas tinha a impressão que se passaram horas. Poderia ficar horas naquele momento. Fechei meus olhos, respirei fundo e quando abri novamente...”

 

            Simplesmente falei, não pensei, apenas queria pôr tudo para fora.

            - Você sabe o que quero dizer, não posso acreditar que me acha tão infantil ao ponto de pensar que te beijaria devido aos hormônios. (Puxei minha mão, soltando qualquer contato que me ligasse a ela. Me afastei, pois tinha a impressão que qualquer proximidade me mataria).

            - Emma, você é uma adolescente, o mundo funciona de um jeito diferente para vocês. Você não pode pensar...

            - Não, não fale nada! Por um minuto pensei que poderia ser sincera comigo. Pensei que todo esse interesse e cuidado era por mim, e não por simplesmente ser uma pastora.

            - As coisas não são simples e nem como você quer.

            - Estou apenas pedindo que seja sincera, honesta! Acho que é isso o seu dever como pastora, não acha? (Estava fora de mim, tinha tanta raiva no meu peito que poderia me sufocar. Só queria que fosse a mulher por quem estava enlouquecendo ali comigo, e não uma droga de pastora).

            - Vamos nos sentar, você está muito nervosa. (Ela voltou para o sofá e apontou para que me sentasse).

            - O que você quer? (Não queria me sentar, queria respostas, queria me libertar dessa escuridão que me atormentava nos últimos dias).

            - Emma, quero lhe ajudar, saber o que está acontecendo, te guiar, passar os ensinamentos de Deus...

            - Chega! Ou você fala comigo como uma mulher, como a Regina, ou prefiro ir embora.

            - Não tenho nada para falar que não seja para lhe ajudar, orientar.

            - Sério que vai ser covarde nesse ponto?

            - Não estou entendendo, onde quer chegar? (Algo me dizia que enfim havia conseguido atingi-la, só queria que ela ficasse tão perdida como me deixava).

            - Não acredito que apenas eu esteja sentindo algo. (Falei sem pensar nas consequências, a última coisa que estava fazendo era pensar).

            - Emma, você precisa entender que as coisas não podem ser como queremos. A limites, certo e errado. Tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém.

            - Não quero citações, quero que seja sincera.

            - Sentimentos, desejos, vontades, são voláteis, o que nos guia são nossos valores e princípios.

            - E o amor? Algo tão bonito não pode ser errado.

            - Amor Emma? Você sabe o que isso quer dizer? Você é apenas uma menina.

            - É isso que pensa de mim, que sou apenas uma menina?

            - Você é uma pessoa maravilhosa que tive a oportunidade de conhecer. Tenho muito carinho por você, mas não pode existir nada além disso.

            Me aproximei, ela estava sentada no sofá, as pernas estavam cruzadas, estava ofegante devido a agitação da conversa, seu rosto estava vermelho. Abaixei para que pudesse ficar na sua altura, olhei nos seus olhos.

            - O que você está fazendo? (Ela me perguntou com a voz rouca, como se me aproximar ameaçasse todas as suas certezas).

            - Só quero que tenha certeza do que vai me dizer.

            Fechei os olhos e respirei fundo, estava exausta, toda aquela conversa havia sugado as minhas energias. Tinha a impressão que se deitasse poderia dormir por décadas.

            Abri os olhos e voltei a olhar em seus olhos, eles estavam tão assustados, poderia sentir o pulsar da sua respiração tocando em meu rosto. Foi impossível não admirar o quanto ela era linda, mais que tudo, foi impossível não sorri. Só ela conseguia me desestabilizar, só ela me levava do céu ao inferno em minutos. Só ela me fazia querer ficar no inferno, se estivesse com ela.

            - Emma...

            Levei minha mão até o seu rosto, queria penas senti-la, nos encontrávamos a dias, mas sentir sua pele era algo tão indescritível. Ter ela tão perto e ao mesmo tão longe me destruía. Afaguei seu rosto com as costas da minha mão, só queria que por um instante ela esquecesse quem éramos.

            Ela fechou os olhos, respirou fundo, senti que de certa forma a acalmava, apesar de também a descontrolar. Me aproximei, quando meus lábios tocaram nos dela, simplesmente esqueci daquela realidade cruel que vivíamos.

            - Desculpa, eu não posso. (Ela me afastou e se levantou).

            - Mas por que?

            - Emma, olha para mim, olha para você, não podemos esquecer quem somos. Entenda, por favor, não podemos!

            - Não devemos nada a ninguém!

            - Pelo contrário, devemos satisfações a muitas pessoas.

            - Poderíamos tentar, nós podemos! (Ela havia atravessado a sala, queria ficar longe de mim, seus olhos estavam cheios de lagrimas. Meu rosto já estava banhado, não conseguia assimilar que ela também poderia sentir algo, mas não queria. Simplesmente ela não queria).

            - Emma, eu não consigo! Queria poder te dizer que é apenas por você ser uma menor, que é pela igreja, por sermos mulheres, pela enorme diferença de idade. Mas a verdade é que não consigo tentar nada com você, posso sentir, mas não consigo nem sequer me imaginar nessa situação.

            - Você tem vergonha de mim?

            - Não é isso.

            Estávamos completamente exaustas, ela dava voltas na sala como se isso fizesse tudo desaparecer. Simplesmente me deixei cair no sofá, sentada, como se aquele ato fosse capaz de congelar o tempo, congelar os minutos anteriores, em que em milésimos de segundo imaginei que poderíamos ser algo mais.

            - Me diz o que é.

            - Não consigo viver isso, minha vida foi construída dentro dos ensinamentos da igreja, meu marido é meu grande guia, pensar em decepciona-lo acaba comigo.

            - Ele está morto!

            - Isso não apaga nada do que vivemos.

            - Não valho a pena, é isso que quer dizer?

            - Não é bem assim Emma.

            - Eu acho que é.

            Levantei, naquele momento percebi que tínhamos colocado um ponto final em algo que ainda nem começamos.

            - Quero que entenda, que isso vai passar, que vou te ajudar, que podemos ser amigas, que nada que nasce do erro pode ser bom.

            Passei a mão no meu rosto, precisava sair daquela casa, precisava esquecer tudo aquilo.

            - Minha vida é perfeita para quem olha de fora, mas dentro de mim é uma constante tempestade. Você me trouxe muita dor, mas também me trouxe uma calmaria que desconhecia.

            - Posso continuar sendo algo de bom na sua vida, posso te ajudar.

            Ela veio se aproximando de mim, mas algo me dizia que não era a Regina, mas apenas uma pastora que achava que devia ajudar a todos.

            - Quero mais de você, quero você!

            - Não vamos voltar nesse assunto.

            - Entendi, só quero te pedir uma coisa.

            - Qualquer coisa Emma.

            - Esqueça que tivemos essa conversa, tente se manter o mais longe de mim, não peça favores a minha mãe. Não me cause mais dores, o melhor é a distância.

            - Eu...

            - Por favor, não estou pedindo a pastora, estou pedindo a Regina, a mulher que despertou meu coração, mas também o quebrou. Me deixe respirar.

            - Não foi minha intenção, nunca quis te machucar.

            - Está tudo bem, eu sei, as coisas simplesmente acontecem. Nunca esperei que poderia sentir algo por mim, o que me dói é pensar que não tem coragem para viver isso.

            Estávamos no meio da sala, uma na frente da outra, nos olhávamos com os olhos vermelhos, tinha tanto desejo, mas também muita dor. Me afastei, dei a volta e fui em direção a porta.

            - Emma! (Ela me chamou, não consegui olhar para trás, já estava chorando novamente, parei segurando na maçanete da porta e esperei que ela falasse).

            - Queria ter coragem o suficiente, mas não tenho, quero que saiba que eu queria! Só me resta a igreja, não a posso perder também.

            Ela permaneceu no mesmo lugar, virei a maçaneta, abri a porta e saí. Fui sem olhar para trás, andei como se meus pés tivessem vontade própria, simplesmente queria me afastar daquela casa, daquela mulher que estava tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe.

 

Regina Mills

 

            Quando ela saiu pela porta senti que junto levava o resto que havia sobrado da minha alma. Fui correndo até a porta, segurei a maçaneta, mas não tive coragem de virar, me virei de costa e chorei incansavelmente, minhas pernas não sustentaram meu corpo, me vi escorregando pela porta, nocauteada por uma dor que nunca havia sentido antes.

            Não sei por quanto tempo fiquei naquela situação, tempo demais para uma mulher da minha idade. Sentia tanta raiva misturada com tristeza, raiva de mim por não conseguir me permitir ser irresponsável e tristeza por não poder viver o que tanto queria.

            Tomei um banho e me joguei na cama, esperando que a noite apenas passasse, porque dormir seria impossível. Passei horas pensando se a Emma estaria bem, se teria chegado em casa ou simplesmente estava segura. Mas assim como tudo ultimamente, não tive coragem para mandar uma mensagem. Me vi implorando que Deus a protegesse, apesar da pecadora que era, só implorei por misericórdia.

            Queria poder desaparecer, pegar minhas malas, entrar no carro e fugir daquela cidade, de uma forma ou de outra Nevasca iria me destruir.

            No outro dia me arrastei até a igreja, visivelmente estava destruída, não havia dormido nem um minuto sequer. Ao entrar pela porta, pelo olhar da Lurdes percebi que realmente estava péssima.

            - Nossa, tudo bem Regina?

            - Bom dia Lurdes! Sim, tudo bem!

            - Aconteceu alguma coisa? (Lurdes levantou da mesa que estava sentada e veio ao meu encontro).

            - Apenas tive uma péssima noite, não precisa se preocupar.

            - Sabe que se precisar estou aqui, né?

            - Sei sim Lurdes, pode ficar tranquila. Vou para minha sala, seu café vai me fazer bem.

            - Vai lá.

            - Ah, tem algo importante hoje?

            - Na verdade o sr. Robin ligou, queria marcar uma reunião com você.

            - Pode marcar semana que vem, mais para o final. Ele adiantou o assunto?

            - Não, apenas pediu para que falasse o quanto antes.

            - Certo. Bom, vou indo.

            - Até mais Regina.

            Entrei na sala, coloquei minha bolsa sobre a mesa, fui até a cozinha tomar um café, em meio a toda aquela religiosa rotina que sempre fazia, uma chuva de memórias de um olhar de esmeralda me invadiam. A forma como aquela menina me prendeu me deixou sem direção, nessa altura da minha vida não consigo entender como deixei que as coisas chegassem nesse ponto. Como posso ajuda-la se nem sequer consigo me ajudar?

            Viajando em meus pensamentos ouvi o celular tocar...

 

            - Oi sumida! Ainda se encontra viva ou já passou dessa para melhor?

            - Oi Belle, precisa de alguma coisa?

            - Nossa, que humor ácido é esse, qual é, sou a sua irmã preferida!

            - Você é minha única irmã!

            - Larga de ser detalhista!

            - Anda logo, o que você quer?

            - Deixa de ser chata Regina, apenas quero saber se está tudo bem por aí?

            - Está tudo ótimo!

            - Pelo visto e pelo seu estresse, aposto que não resolveu nada com a menina.

            - Conversamos, foi apenas um engano, ela entendeu que isso não passa de uma loucura.

            - Sério? Simples assim?

            - Sim!

            - E você?

            - Eu o que?

            - Também entendeu assim?

            - Sou adulta Belle, não tenho tempo para essas inconsequências de adolescentes.

            - Se apaixonar agora é inconsequência?

            - Ninguém falou em paixão, você está doida!

            - Certo. Você está na igreja?

            - Claro! Você não está trabalhando?

            - Estou sim, mas hoje está tranquilo no escritório.

            - Ótimo! Me deixa em paz que tenho um monte de coisas para fazer.

            - Regina, não fuja de novo.

            - Belle, por favor!

            - Ok, tchau, se cuida!

            - Tchau!

 

            Fugir? Isso era o que mais queria fazer, fugir da minha vida!

            Nem preciso dizer que me arrastei pelo resto da semana, foram dias monótonos, cansativos e tinha a impressão que em vez da claridade do sol, havia um nublado, um tom de melancolia. Meu humor estava péssimo, acabei me alterando com a Lurdes, deixando um clima horrível entre a gente. Dentro de mim estava destruída, tinha a impressão que seria capaz de destruir tudo em minha volta também.

             Não sei o que era pior, me arrastar pela semana ou passar o final de semana sozinha, naquele sábado senti o quanto o vazio me machucava, havia anos que não reparava no quanto a solidão era dolorida.

Perdida em meus pensamentos ouvia a campainha tocar, estava com uma roupa simples, mas nada inapropriado, me direcionei até a porta, imaginei que poderia ser a Lurdes, apesar de ter sido ríspida, ela sempre se preocupava comigo.

            - O que você está fazendo aqui?

            - É assim que você recebe a pessoa mais importante da sua vida?

            - Belle, como assim?

            Não conseguia acreditar no que estava acontecendo, Belle era louca, isso eu já sabia, mas parar na minha porta sem sequer avisar era demais. Ela estava com uma mala, toda sorridente enfrente a minha porta, como se fosse a visita mais aguardada do século.

            - Abre essa porta e me deixa entrar, estou exausta da viagem, não conseguiu encontrar um lugar mais longe para esconder?! Pelo amor de Deus, que fim de mundo!

            - Para de falar o nome de Deus em vão! (Me afastei da porta e deixei que ela entrasse).

            - Por favor Regina, se quisesse passar o final de semana com uma pastora não teria vindo aqui, no meu bairro tem uma igreja.

            - Só estou pedindo que tenha respeito.

            Belle foi entrando pela casa, reparando em cada detalhe, nada que já não era esperado.

            - Adorei a casa, bem pequena né?

            - Moro sozinha, não preciso de mais espaço para cuidar.

            Ela deixou a mala no meio da sala e se jogou no sofá, sem dúvida folgada era uma boa característica para defini-la.

            - Faça o favor de não fazer uma zona na minha casa, vamos levar sua mala para o quarto de hospede.

            - Larga de ser chata! Você precisa de um pouco de bagunça na sua vida, na verdade você precisa viver e não apenas sobreviver.

            - Você mal sabe o que é melhor para você, imagina se vai saber o que é melhor para mim.

            - Pelo amor de Deus, que humor Regina?! Você está terrível!

            - Já disse para não dizer o nome de Deus em vão.

            E assim foi o dia, amava a minha irmã, mas ela conseguia me tirar do sério, era a única pessoa na face da terra que não perdia a oportunidade de acabar com a minha paciência.

            No final da tarde sentamos na varanda para tomar um pouco de vinho, era um lugar bastante agradável, me trazia paz. Apesar da presença da minha irmã, continuava sendo um ambiente tranquilo.

            - Regina, o que aconteceu entre você e a menina?

            - Emma, ela se chama Emma, para de falar menina!

            - Calma Regina, você precisa respirar, nem começamos a conversar e você já está nervosa.

            - Isso está acabando comigo Belle, tenho a impressão que vou destruir tudo e a todos.

            - Respira!

            Estávamos sentadas em umas poltronas que havia colocado na varanda, na nossa frente tinha uma mesa de centro, sobre ela estava as nossas taças de vinho. Meus olhos já estavam naufragando nas lagrimas que se formavam, minha respiração pesada e meu coração disparado.

            - Não consigo entender o que está acontecendo comigo, simplesmente não consigo me controlar. Está doendo tanto Belle, mas tanto, nem quando o Daniel partiu doeu tanto.

            - Talvez você nunca tenha sentido nada tão forte assim.

            - Eu nem a conheço, como posso sentir algo mais forte por ela do que senti pelo meu marido, o qual construí uma vida junto?

            - Sentimentos não se explica, apenas se sente.

            - Tenho certeza que isso é uma provação, e estou falhando miseravelmente.

            - Talvez pode ser uma nova chance que Deus está te dando de ser feliz.

            - Não fale besteiras, isso é errado de inúmeras formas, Deus jamais aprovaria isso.

            - Deus é amor, ele não odiaria nada que nascesse a partir do amor.

            - Não posso aceitar isso Belle, só de pensar sinto falta de ar.

            - Regina, você só está com medo, medo de perder mais uma vez, medo de se deparar sozinha novamente, depois de fazer inúmeros planos, medo de perder alguém que tenha feito seu coração voltar a bater.

            - Talvez seja, mas meus medos são tão grandes que eles me transcendem.

            - Viver exige coragem, talvez essa seja uma nova oportunidade que a vida está lhe dando.

            - Não posso Belle, simplesmente não posso e não consigo.

            - Me conte o que aconteceu.

            Contei tudo, falei tudo que aconteceu entre mim e Emma. Não existiam segredos entre nós, nesse momento só precisava de alguém que me escutasse, porque sentia que estava desmoronando, alguém tinha que juntar meus cacos.

- Você precisa respirar, vamos jantar fora!

            - O que? Como assim? Olha o meu estado, estou praticamente me afogando em lagrimas.

            - Nada que um banho e uma roupa digna da sua beleza não resolva.

            - Apenas um jantar, certo?

            - Claro Regina! Não vou acabar com a sua reputação como pastora na minha primeira visita. Kkk

            - Espero que seja verdade, não quero nenhuma confusão.

            - Só vamos jantar, prometo!

            - OK.

            - Vou me arrumar.

            Belle saiu correndo pela casa, parecia até uma criança que iria ao parque. Sempre fui caseira, mas minha irmã adora as noites animadas de São Paulo, ficar em casa para ela é sinônimo de castigo.

            Não demoramos muito para nos arrumar, ela estava com um jeans e uma blusinha, e eu havia optado por um vestido mais soltinho. Saímos de casa depois das 20h, praticamente em uma missão impossível, em pleno sábado seria difícil encontrar um lugar que não estivesse lotado.

            Resolvi passar pelo centro, a rua estava relativamente movimentada, tinha um barzinho bem cheio, em umas das mesas estava uma menina com uma cabeleira loira, o olhar esmeralda penetrante e ao mesmo tempo envergonhado, era a Emma. Parecia que estavam em uma roda de amigos, visivelmente eram da mesma idade, ao seu lado havia uma menina que a abraçava pelas costas. Quando ela se virou sorridente para menina nossos olhares se encontraram, no mesmo instante um carro buzinou atrás de mim.

            - Regina, presta atenção, você está congestionando o trânsito!

            - É ela Belle, a Emma está sentada naquela mesa com uma menina grudada no pescoço dela.

            Sem conseguir me mover direito apenas fixava o olhar, parecia que durava horas aquele momento, mas foram apenas segundos, segundos que causaram uma dor tão profunda que nem sequer conseguia me mexer.

            Belle olhou para o barzinho, imagino que tenha conseguido ver a cena, pois como se me chamasse de volta, segurou no meu rosto virando para olhar nela e me disse:

            - Vamos embora Regina, vai ficar tudo bem.

            Virei novamente na direção do bar, Emma ainda estava me olhando, percebi que a menina ao seu lado havia chamado sua atenção, como uma forma de fugir daquela situação, acelerei e fui embora, na esperança que aquela dor também ficasse para trás.

            No final das contas voltamos para casa, Belle preparou algo para comermos, não conseguia falar sobre a cena, simplesmente optei pelo silêncio, e como se soubesse, como se pudesse nos conectar apenas pelo olhar, ela me deixou ir dormir sem questionamento.

No outro dia levantei, depois de ter tido uma péssima noite de sono, fui direto para o banheiro, apenas um banho me faria sair daquele quarto.

            - Que delicia acordar com esse cheirinho! (Quando saí do quarto o cheiro de café recém coado invadia a casa).

            - Oi meu bem! Que bom que já acordou, a mesa já está pronta!

            - Então, vamos atacar!

            Comemos um delicioso café da manhã, Belle havia aproveitado para conhecer a vizinhança, já sabia onde ficava os principais pontos, entre eles a padaria. Tinha montado uma mesa incrível, em meio ao caos que estava minha cabeça, poder receber um carinho daqueles me deixava em paz.

            Estávamos assistindo um filme na televisão, na verdade ela estava, porque eu não conseguia prestar atenção em nada na minha frente.

            - Que horas é o seu voo?

            - Como assim?

            - Preciso me organizar para te levar no aeroporto e ainda organizar o sermão para o culto.

            - Não vou embora hoje.

            - O que?

            - Nossa, fico extremamente feliz em saber o quanto a minha presença te deixa animada.

            - Larga de ser dramática Belle, mas você não tem que trabalhar amanhã?

- Vou ficar afastada uma semana do escritório, pode ficar tranquila, vou te fazer companhia até sexta-feira. (Belle falou toda empolgada, um tom de provocação, mas também de animação, fazia anos que não passávamos tanto tempo sozinhas. No fundo era exatamente o que estava precisando, e ela sabia).

            - Entendi.

            - Está tudo bem Regina, tudo no seu tempo, só quero que saiba que quando quiser conversar vou estar aqui.

            - Não precisa se preocupar comigo, pode ir, estou bem.

            - Você sabe que não está, nem adianta tentar, minha passagem já está comprada.

            - Eu te amo.

            - Eu também te amo, mesmo você sendo uma pastora chata e sem graça.

            - Você que é extremamente folgada.

- Mas também tem um bom gosto, a EMMA é linda.

            - Por favor Belle, não vamos fala sobre isso.

            - Você sabe que simplesmente fingir que nada aconteceu não resolve né?

            - Só quero deixar que o tempo resolva.

            - É a sua vida, quem deve resolver é você.

            - Quer sair hoje depois do culto?

            - Ok, mudando de assunto. Muita maturidade da sua parte.

            - Vamos para igreja depois saímos para jantar.

            - Ok! Não quero mais conversa, vou ver o meu filme, você é pior que uma adolescente. Ah, não vou para igreja, te espero aqui.

            - Negativo, se ficar vai fazer o jantar.

            - Te odeio!

            - Eu sei que me ama! kkk

            O decorrer do dia foi tranquilo, ás horas passaram que nem percebi, quase chegamos atrasadas na igreja. Como chegamos tarde, fui me arrumar e depois já iniciamos o culto, Belle diferente de mim não era muito religiosa, por ela teria ficado em casa me esperando, tive que praticamente obriga-la a vir.

            Durante o culto procurei uma certa cabeleira loira, um olhar esmeralda penetrante e ao mesmo tempo envergonhado. Mas não a encontrei, como imaginava, apenas seus pais estavam na igreja. Depois do culto fui guardar minhas coisas, demorei o máximo possível, tinha medo que a Emma tivesse falado qualquer coisa para os pais, a última coisa que precisava era de um escândalo, Mary seria capaz de acabar comigo dentro da igreja mesmo.

            Fechei a igreja com a Lurdes, apresentei ela a minha irmã, as duas pareciam amigas de infância. Depois de nos despedirmos da Lurdes fomos dar uma volta de carro e decidir onde iriamos comer. No fundo meu maior medo era voltar a encontrar a Emma acompanhada em algum daqueles bares, queria que ela seguisse a vida e procurasse ser feliz com alguém da idade dela. Mas o meu interior era um ser egoísta, que simplesmente queria que ela não se esquecesse de mim.

            Depois de muitas voltas, Belle resolveu que iriamos comer pizza, paramos em uma pizzaria que estava mais tranquila.

            - Estou morrendo de fome!

            - Está vazio, logo nosso pedido chega Belle.

            Era um lugar bem amplo, havia vários quadros de pizza nas paredes, as mesas eram em um estilo mais rustico, de madeira, uma toalha branca com vermelho por cima, uma música ambiente e um atendimento impecável.

            Estava tudo perfeito, nossa mesa ficava mais ao fundo, Belle estava na minha frente, de costas para a porta. De repente a porta se abriu, não vi mais nada, apenas uma loirinha de calça jeans, com uma blusa preta e uma jaqueta vermelha por cima, era a Emma. E para completar o meu azar, tortura ou castigo, ela estava acompanhada.

 

            Continua...

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado!

Vou adorar saber da opinião de vocês...

Até a próxima!

Fiquem bem!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...