História Em Nome da Princesa Guerreira - Capítulo 22 - Final

Eu não sabia se estava acordada, ou se estava apenas sonhando, tudo o que podia ouvir era o tilintar de espadas acompanhado dos gritos furiosos de Xena, cena esta que invadia meus sonhos com frequência. Abri os olhos devagar e senti meu corpo pesado e a visão ainda turva, um gemido baixinho escapou quando tentei me colocar sentada e senti o corpo todo doer.

- Vamos, Gabrielle!!!! Levanta!!!! Precisamos sair daqui!!!! AAAAAAAAAARRRRRRRGH...

Quando consegui enxergar, lá estava ela na porta do celeiro onde eu dormia, lutando com uma multidão de guerreiros que tentavam passar por ela. Demorei pra perceber que não era parte de um sonho e levantei apressada, como antes quando tínhamos que acordar lutando, mas agora era diferente. Ainda não sabia exatamente se ela havia voltado, depois de tanto que passei para trazê-la de volta. Seria seu corpo sem alma, ou talvez a Xena do passado? Não parecia ser!

- Não fique parada olhando pra mim, ou lute, ou saia daqui!!

Peguei os sai e fui pra cima dos homens, percebendo os corpos caídos e quantos mais restavam.

- Xena, nós temos que sair daqui!

- Eu sabia que iria recuperar o juízo uma hora!

A morena empurrou um dos homens com o pé e fechou as portas, trancando-as com uma tábua, guardou sua espada e subiu apressada em sua égua. Subi em seguida e não conseguia tirar os olhos dela. A verdade era que caí em sono profundo e não sabia que tinha dado certo, se a alma de Xena estava de volta em seu corpo.

- O que foi? - perguntou em tom sério sem olhar na minha direção, como se adivinhasse minha expressão de dúvida.

- O que aconteceu enquanto eu dormi?

- Sabia que teríamos que falar sobre isso em algum momento. Gabrielle, não devia ter feito o que fez, mas estou feliz que fez. Me partia o coração ver como estava ficando sem mim, além disso, posso salvar muito mais vidas do que um dia tirei na China. O que fez foi... Incrível! Nem mesmo eu cheguei perto de desafiar a morte, de ter o poder da vida e interferir no destino da forma como fez.

- Eu tive ajuda.

- Nós sempre temos! Eu só quero dizer que você se tornou uma guerreira muito melhor do que eu, sem perder seu senso de justiça e bondade.

- Não foi bem assim.

- Eu sei, eu sei de tudo porque não consegui partir nem por um segundo. Mas ainda que tenha sucumbido a sua dor, sua fúria, você jamais deixou de pensar em fazer o bem.

- Tente não morrer de novo! Eu não sei se iria aguentar outra missão dessas.

- Se tiver que morrer de novo, será com você! Quando estivermos bem velhinhas com o cabelo branco, como você mesma disse.

- Eu disse, mas não sei se pessoas como nós chegamos tão longe, como você mesma me disse também.

- Gabrielle...

- Diga!

- Se você morrer primeiro, eu não vou te trazer de volta.

Soltei um riso que não foi possível controlar e apenas a empurrei, Xena conseguia tirar sarro de qualquer situação e fazia isso com maestria.

- Não importa, eu te traria de volta quantas vezes fosse preciso! Você deu sentido a minha vida, você fez quem eu sou, por mais que não acredite e eu não existo sem você!