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História Em Suas Mãos - In Cuba - Part 2


Escrita por: CamrenRari e gunspider

Notas do Autor


Olá pessoinhas, tudo bem com vocês? Olha quem está aqui novamente, haha. E com a parte dois desse casamento que balançou as meninas hein?! Vamos ver agora como foi o final do nosso encontro Camren e Norminah?
Esse tempinho de chuva nos dá vontade de ficar embaixo da coberta vendo algum filme ou lendo uma história não é mesmo? Então, pra quem não foi na PSA Tour das meninas do 5H como nós, só sobra a opção de ficarmos aqui na sofrência lendo, certo?
Bom, em breve nós vamos responder os comentários do capitulo anterior tá bom? Não fiquem bravos haha. Obrigada a todos os favoritos e por todos os comentários! Vocês moram nos nossos corações! É isso amores, sem mais enrolação... Tenham uma boa leitura! <3

Capítulo 10 - In Cuba - Part 2


POV NORMANI

Passei meus últimos meses ouvindo todos ao meu redor falarem sobre casamento. Minha mãe planejava o seu com Paul e agora meu pai se casaria com uma tal de Sharon. A notícia do casamento do meu pai veio tão de repente que parecia ser uma mentira, que em algum momento uma equipe de TV ia sair de trás de alguma coisa dando risada de mim e falando que foi uma tremenda pegadinha. Para piorar ainda mais as coisas, meu pai se mudaria para Cuba. Qual a necessidade de se mudar para outro pais? Ele queria mesmo se livrar da antiga família, só pode ser isso. Camila havia me apoiado durante todo esse tempo e eu não sei o que faria sem ela. Acho que se não fosse por Mila, eu nem iria no casamento do meu próprio pai, então se ele tivesse que agradecer a alguém por minha presença nesse dia, com certeza essa pessoa deveria ser Camila.

Havia acabado de chegar da escola e estava exausta, por sorte esse foi nosso último dia de aula. Camila havia ficado na escola procurando por Rachel, elas haviam engatado um namoro firme, Mila se assumiu até para os próprios pais, o que me deixou chocada. Admirava bastante a atitude de minha amiga, pois não sei se faria isso por alguém um dia. Fui para a cozinha esquentar meu almoço, coloquei meu prato no micro-ondas, apertei o botão e esperei pacientemente. Ouvi a campainha tocar e fui até a porta para atendê-la.

—Camila? – Perguntei surpresa assim que abri a porta. Mila estava ofegante, pelo jeito ela veio correndo e chorando.

—Posso entrar? – Ela perguntou tentando recuperar o fôlego.

—Claro! – Afirmei, dei espaço para ela entrar e fechei a porta assim que Camila passou por mim. —Aconteceu alguma coisa?

—Aconteceu! Eu e Rachel terminamos! – Ela falou firme de costas para mim.

—E você tá bem? – Perguntei com receio. Camila se virou para me encarar, seus olhos estavam cheios de lágrimas e sua boca tremia. —Ei, fica calma.

—Ela é uma idiota! – Mila falou e correu para meus braços. A apertei com todas as minhas forças e nem por um minuto ameacei soltá-la. Camila esteve lá para mim e eu não viraria as costas para ela agora.

—Vou pegar uma água para você, tá bom? – Perguntei quando ela me soltou. Fui até a cozinha, peguei um copo de água para Camila e voltei até a sala.

—Obrigada! – Ela agradeceu. Me sentei ao lado dela no sofá e esperei ela terminar de beber a água.

—Quer me contar o que aconteceu? – Perguntei e ela assentiu com a cabeça. Camila me contou tudo sobre seu término com Rachel, me contou sobre a menina que sua ex namorada beijava, sobre a aposta e sobre Lucy. Claro que eu não deixaria isso barato, mas eu não queria falar sobre vingança com Camila, queria apenas lhe mostrar que eu estaria aqui até tudo ficar bem. Eu sei o quanto ela se apegou a Rachel e o quanto seu coração estava doendo, por isso eu não tinha o direito de julgá-la nesse momento. Por mais que eu estivesse certa sobre Rachel, Camila me provou que era uma boa pessoa, só pela oportunidade que deu a seu coração de conhecer alguém. Ela também me deu essa oportunidade e eu a valorizo muito, por isso meu papel vai ser apenas de lhe dar forças e deixar com que ela desabafe o quanto queira. Afinal, Camila havia feito isso comigo…

FLASHBACK ON:

—Sua o que? – Perguntei baixinho.

—Minha noiva, Normani! – Ele falou novamente. Minhas vistas escureceram e eu só lembro de Camila gritar meu nome antes de perder a consciência. Não sei por quanto tempo fiquei desacordada, só sei que acordei com Camila me abanando e meu pai medindo minha pressão com suas coisas do hospital.

—O que aconteceu? – Perguntei confusa enquanto me sentava no chão.

—Sua pressão caiu, você está se sentindo tonta? – Meu pai perguntou preocupado.

—Não, estou bem! – Falei e olhei para Camila. —Eu tive um sonho louco e…

—Mani, não foi sonho. – Camila me interrompeu sorrindo fraco.

—Como não? – Perguntei incrédula. Procurei pela mulher que meu pai havia me apresentado como sua noiva e a filha dela. Onde será que essas duas estavam?

—Elas estão lá dentro. – Camila respondeu como se estivesse lendo minha mente.

—Você quer água filha? – Meu pai perguntou assim que terminou de guardar suas coisas na maleta.

—Não quero nada. – Falei rapidamente e me levantei.

—Quer alguma coisa? – Ele perguntou novamente.

—Derrick, me deixa falar com ela? – Camila perguntou educadamente e sorriu para meu pai. Ele assentiu com a cabeça e entrou na casa. Mila me conduziu pelo imenso jardim até ficarmos distantes. —Que choque né?

—Nem me fale, isso só pode ser brincadeira! Não pode estar acontecendo Mila, não pode! – Afirmei sentindo lágrimas se formando nos meus olhos.

—Pode sim, respira e fica calma. – Ela ordenou e parou na minha frente para me encarar. Respirei fundo diversas vezes, Camila segurou em minhas mãos e sorriu de forma doce.

—Eu ainda tinha esperanças… – Confessei baixinho.

—Eu sei que tinha, mas lembra do que conversamos? – Ela perguntou e eu assenti. —Você sabia que isso poderia acontecer, seus pais estão seguindo em frente, estão em caminhos diferentes agora, mas continuam sendo seus pais, certo?

—Certo, mas e se… – Comecei dizendo.

—“E se” nada! Para de colocar besteira na sua cabeça! Tenho certeza que você foi a melhor coisa que aconteceu na vida de ambos. Eles não deram certo como um casal, mas deram certo em serem ótimos pais para você e agora estão traçando seus futuros, porém serão sempre amigos. – Camila terminou a frase sorrindo e me abraçou.

—Tenho medo de que esses novos casamentos gerem filhos. – Falei com sinceridade enquanto me soltava de Camila.

—Mas tem medo do que? De perder a atenção ou das crianças? – Camila perguntou com uma cara confusa e eu acabei rindo.

—Quem tem medo de crianças Camila? – Perguntei e ela deu de ombros.

—Crianças são assustadoras às vezes. – Ela se justificou enquanto eu negava com a cabeça.

—Não são! Mas enfim, tenho medo de ser deixada de lado, de ser só a filha do casamento que não deu certo, entende? – Perguntei e Camila continuou me encarando.

—Entendo, mas eu acho que isso não aconteceria. Seus pais parecem te amar muito e não acredito que isso mudaria com chegada de novos filhos, acho que o amor até aumentaria e você seria a heroína pros seus irmãos mais novos, já pensou nisso? Teria que dar exemplo e tudo mais. Imagina sua mãe falando: A Normani? Ah, ela é uma excelente filha… – Camila imitava a voz da minha mãe e eu comecei a rir.

—Você tem razão. – Falei e puxei Mila pra mais um abraço. Ainda não era fácil ver meus pais separados e agora ambos tomando direções opostas, mas eu teria que me acostumar com isso. Por mais que eu quisesse, eu não poderia impedir nenhum dos casamentos.

FLASHBACK OFF.

—Eu ainda não acredito que Rachel fez isso comigo, eu me apaixonei de verdade por ela e agora eu me sinto perdida Mani. Parece que tudo que eu vivi com ela foi uma mentira, que tudo que eu fiz por ela e por nós, foi em vão. Eu nunca mais quero me apaixonar, nunca mais! – Camila falou em meio as lágrimas. A abracei novamente e acariciei seus cabelos. O corpo de minha amiga tremia por conta da intensidade de seu choro, eu nunca tinha visto Camila tão triste ou abalada assim. Desde que nos conhecemos, Mila sempre foi muito alegre e eu odiava vê-la mal. Rachel teria que pagar de alguma forma, mas como?

—Não fale isso, não tranque seu coração por alguém que não vale a pena. Eu sei que o destino te trará coisas boas Mila, confie nisso. – Falei com calma enquanto ainda acariciava seus cabelos.

—O destino não existe Mani! Se ele existisse, qual o sentido de fazer isso comigo? – Camila perguntou ao me soltar. Abri a boca para dar-lhe uma resposta, mas ela se recusou a ouvir. Ela deitou em meu colo e chorou até se acalmar. Liguei para seus pais, falei que Camila me ajudaria com minha mala e eu a levaria para casa no dia seguinte. Fiz Camila comer e tomar um banho, não poderia deixá-la se acabar por causa de uma sem noção. Deitamos no sofá juntas para ver uma comédia, Camila deitou-se novamente em meu colo enquanto eu me encarregava das mechas de seu cabelo.

—Mila? – A chamei.

—Oi. – Ela respondeu sem tirar os olhos da televisão.

—Você ainda vai comigo para Cuba, não é? – Perguntei com receio de sua resposta, afinal, ela havia terminado um namoro agora, não devia querer saber de “festa” tão cedo.

—Claro que vou! Jamais deixaria de ir e é uma ótima oportunidade de passar uns dias longe de todo esse caos, certo? – Ela perguntou sorrindo fraco e eu assenti com a cabeça.

Sua resposta me deixou bastante surpresa e aliviada. A presença de Camila me faria segurar a onda nesse casamento. Eu sei que minha presença era importante para o meu pai e eu o amava, mas eu não tinha o mínimo ânimo para esse casamento, não mesmo.

POV LAUREN

— Você não vai a esse casamento! – vociferou minha mãe levantando-se do sofá da sala. Uma das tias de Dinah se casaria dentro de poucos dias e por coincidência, a cerimônia seria na minha cidade.

— Mas mãe... – comecei.

— “Mas” nada Lauren. Isso já é demais. Deixei com que vocês saíssem apenas as duas, deixei vocês livres, mas isso não dá para engolir, você não conhece essas pessoas! – minha mãe falava quase gritando. Meu pai estava sentado na sua poltrona habitual, coçando sua cabeça e respirando fundo, sinal de que estava de saco cheio. E eu estava passando a maior vergonha da minha vida na frente da minha melhor amiga.

— Senhora Clara, eu também não conheço muitas pessoas, apenas alguns tios e tias, e talvez uns primos – se intrometeu Dinah.

— Mais um motivo para vocês não irem! Eles podem fazer alguma coisa com vocês, sequestrarem, sei lá... – dizia ela tentando arrumar algum argumento convincente.

— Mãe, é um casamento – falei cruzando os braços.

— Eu achei que Cuba fosse um lugar seguro – disse Dinah irônica.

— Cuba é um lugar seguro! – justificou-se minha mãe.

— Então as deixe ir Clara, pelo amor de Deus – declarou meu pai finalmente se intrometendo na discussão. Eu estava cansada da minha mãe, toda vez que eu achava que ela estava melhorando, ela me decepcionava de alguma forma e no seu “mundo mágico”, eu também a estava decepcionando, porém, eu já não me importava mais com isso. – eu prometo levá-las e buscá-las depois.

— Como queiram então – disse minha mãe por fim, pegou sua revista na mesa de centro e subiu as escadas pisando firme, porém parou num dos degraus e completou – e não digam que eu não avisei.

Respirei fundo e sentei-me no sofá, minha amiga se sentou ao meu lado e acariciou minhas costas, ela com certeza sabia exatamente no que eu estava pensando. Quanto mais tempo eu passava embaixo do mesmo teto que minha mãe, mais sentia raiva de suas regras e manias idiotas. Durante muitos anos eu acatei tudo o que ela havia me pedido ou mandado, eu nunca deixei de respeitá-la e mesmo não concordando com inúmeras coisas, eu evitava qualquer confronto com ela e acabava a obedecendo. Mas como tudo tem limite, a minha paciência e “obediência” tinham chegado ao fim. Ela parecia estar aceitando melhor a ideia de me mudar para Miami e até mesmo minha opção de curso, mas a julgar pela discussão idiota que havíamos acabado de ter, ela só estava guardando tudo dentro de si, esperando o momento certo para explodir e implicar com a menor das coisas.

— Eu sinto muito por presenciar isso, Dinah – disse meu pai me fazendo despertar para a realidade, ao menos ele estava do meu lado.

— Não precisa se desculpar, senhor Mike...

— Por favor, me chame só de Mike – intrometeu-se meu pai.

— Tudo bem – disse Dinah sorrindo fraco – Mike, eu sou a “intrusa” aqui.

— Não é intrusa coisa nenhuma – falei – é minha melhor amiga e logo será minha colega de quarto. – continuei numa tentativa de mudar o foco daquela conversa.

— E logo serei de apartamento – disse DJ sorrindo de verdade.

— Meninas, por favor, sei que estão animadas com isso, mas não deixem Clara saber desse negócio de apartamento, ok? Pelo menos por enquanto – pediu meu pai. Ele mesmo havia nos pedido para não contar a minha mãe sobre os nossos verdadeiros planos, ela achava que eu passaria todos os anos do meu curso morando com a família Hansen e se soubesse que queríamos morar sozinhas ela provavelmente me trancaria numa torre, fazendo-me ser a nova Rapunzel.

O dia do casamento finalmente chegou. Dinah tinha alugado O vestido, ela queria esfregar na cara de sua prima Jessy que também podia usar o melhor e ser a melhor, e eu confesso que estava ansiosa para conhecer a famosa “prima sem noção”, como Dinah a chamava. Eu usaria meu vestido de formatura, pois meu pai fez questão de comprá-lo para sempre lembrar de “um dia especial”, coisa de pai. Minha mãe passou o sábado inteiro mal falando comigo, não olhava diretamente em meus olhos e estava com cara emburrada, esse era o seu jeito de me dar um gelo, mas já não funcionava.

Minha amiga me ajudou na maquiagem, e logo estávamos no carro rumo a igreja. Eu sempre achei casamentos uma chatice apesar de sonhar com esse dia. Eu queria casar, ter filhos, mas não tinha paciência para toda aquela enrolação, por que não ir direto pro “aceito”? Era tão mais simples... Dinah realmente não conhecia quase ninguém e me mostrou Jessy de longe, pois a mesma estava no altar junto aos padrinhos, ela provavelmente era a dama de honra. Meu pai esperou a cerimônia acabar dentro do carro e depois nos levou até o clube onde seria a festa. Agora sim íamos a parte que me importava, comida de graça!

— Quero beber até cair hoje – falei enquanto eu e Dinah caminhávamos pelo gramado até o salão da festa.

— Quem é você e o que fez com minha amiga? – perguntou Dinah.

— Eu estou cansada da minha mãe, Dinah. Não vejo a hora de irmos embora para Miami – declarei de forma sincera.

— Eu sei disso e te entendo, mas o que isso tem a ver com beber? – ela rebateu, mas acho que estava se fazendo de desentendida, era óbvio o meu plano, eu queria extravasar, meter o famoso louco, esquecer minha mãe e comemorar mais uma vez, a minha nova vida que estava por vir.

— Vou beber para esquecer dos meus problemas, ora – respondi rindo – e esquecer minha mãe também.

— E com certeza esquecer seu nome – completou DJ.

— É disso que eu estou falando! – concordei.

Entramos no salão e assim como na igreja, o lugar tinha sido muito bem decorado. Eu não sei quem tinha planejado tudo aquilo, o noivo ou a noiva, mas eu sabia que a pessoa tinha um bom gosto. Havia um palco e uma banda, pista de dança, e um grandioso e belo bar. A tia de Dinah, Sharon, veio correndo em nossa direção assim que viu minha amiga, a abraçou e começou a fazer mil perguntas sobre a família de Dinah. Eu não queria ficar ali de escanteio ouvindo as duas tagarelarem, então fui até o bar e pedi um drink brasileiro, acho que o nome era caipirinha. Bebi um, dois, três copos, e quando me virei para a direção onde tinha deixado Dinah conversando com sua tia, eu não a vi.

Procurei por minha amiga em todos os cantos enquanto carregava em minhas mãos um copo de bebida. Depois de um tempo, eu nem sabia mais o que estava bebendo e acabei desistindo de procurar por Dinah, me joguei na pista e dancei loucamente. Minha visão já estava ficando turva e eu não conseguia controlar minha risada, parecia que tudo ao meu redor estava contando alguma piada, será que eu estava bêbada?

— Parece que alguém está se divertindo – disse uma voz atrás de mim. Virei-me na direção e deparei-me com Jessy, prima de Dinah.

— Desculpa, está falando comigo? – perguntei sem entender.

— Estou falando com o par de olhos mais lindos que eu já vi na minha vida – ela respondeu me deixando sem graça, dei um grande gole na minha bebida, Dinah já havia me falado que Jessy não media esforços para conquistar quem quer que fosse, mas eu não sou qualquer garota e não facilitaria para ela.

— Sinto muito te decepcionar, Jessy, mas olhos não falam – falei voltando a dançar.

— Parece que alguém já sabe meu nome – continuou ela. Essa menina não se toca? Puta merda, pior que minha mãe.

— Pois é, talvez você não tenha uma boa fama, já pensou nisso? – eu odiava ser grossa com as pessoas, mas não estava mesmo afim de papo com Jessy.

— Não, não pensei, porque só consigo me concentrar nos seus olhos – disse ela se aproximando mais e mais de mim. – é da família do noivo? – ela insistiu, a ignorei e tentei me afastar, porém ela segurou em meu braço – me diz pelo menos seu nome?

— Meu nome é: não interessa pra você babaca! – vociferei puxando meu braço a fazendo soltar. Quase corri dali sem olhar para trás, Dinah tinha razão sobre Jessy, ela era uma sem noção.

Entrei correndo no banheiro e verifiquei se alguém estava me seguindo, graças a Deus, não havia nenhum sinal de Jessy, provavelmente ela estava caçando outra “vítima” que caísse no seu papinho furado.

— Garota estranha – sussurrei para mim mesma enquanto remexia a caixinha de remédios que estava ali. Cara, quem coloca remédios nos banheiros? Esse povo deve ser rico mesmo... Perdida em meus pensamentos, só fui trazida para a realidade quando escutei barulhos de vômito vindo de trás de mim. Olhei para aquela direção e vi uma garota debruçada sobre a pia do banheiro, caminhei lentamente até ela. Em qualquer outra ocasião, eu teria ficado na minha e não me importado, mas parece que as bebidas tinham um forte efeito sobre mim e sobre minhas atitudes.

— Você tá bem? Precisa de ajuda? – perguntei a ela.

POV NORMANI

A cerimônia na igreja parecia demorar um século para acabar, eu já estava a ponto de enfiar uma faca no meu pescoço e acabar de vez com a minha tortura, mas felizmente ou infelizmente chegou o momento do aceito. Quis levantar minha mão na parte que perguntaram se alguém tinha algo contra aquela união. Quis gritar bem alto que eu tinha algo contra tudo isso, mas assim que movi um pouco de meu braço, Camila o segurou e me encarou.

—Não faz isso! – Ela pediu olhando em meus olhos.

—Mas… – Daria início a um belo discurso.

—“Mas” nada. Você vai se arrepender e sabe disso, seu pai não vai te perdoar. – Camila falou baixo.

—Eu não gosto dessa mulher Camila, algo me diz que ela não é boa pro meu pai. – Me justifiquei.

—Então seu pai terá que ver isso com os próprios olhos. Se você fizer alguma coisa agora, será vista como a menina mimada que não aceita a separação de seus pais. – Ela me explicou ainda com o tom baixo.

—Eu sei. Você tem razão. – Falei e voltei a ficar quieta. Terminamos de assistir a cerimônia em silêncio e depois seguimos para o salão de festa.

Camila estava disposta a beber todas e esquecer tudo que tinha deixado para trás em Miami. Eu não podia negar isso para ela, afinal, ela estava mesmo passando por uma semana difícil. Fomos direto ao grande bar que estava montado na festa, acompanhei Mila na primeira dose de vodca com energético e quando ia pedir mais uma dose para mim meu pai me puxou pelo braço para me apresentar a alguns convidados. Sorri para todos no começo, conheci algumas pessoas da família de Sharon e a maioria parecia ser bem mais simpáticos que a própria noiva. Confesso que ela estava se esforçando para me fazer gostar dela, mas eu só gostava de alguém quando a pessoa não tentava forçar algo. E nem devo mencionar sua filha Jessy, eu não a suporto mesmo. Só de pensar que agora somos da “mesma” família já me dá um enjoo. Como uma pessoa pode ser tão chata e se achar tanto? Ela queria ser sempre o foco de tudo, por isso deixei com que ela fosse a dama de honra, eu não queria nem ir ao casamento e ela ficou toda feliz por ser o centro das atenções nessa noite, juro que por um momento eu pensei que ela tentaria roubar o lugar da própria mãe, mas isso não aconteceu.

Minha mandíbula já estava doendo de tanto sorrir, pedi um tempo ao meu pai e voltei ao bar para procurar Camila. Como suspeitei, ela não estava lá e nem em nenhum lugar que a procurei. Rodei todo o salão a procura dela, fui aos banheiros, perguntei aos garçons e nada da minha amiga. Voltei pro bar para esperá-la e pedir uma bebida, afinal, eu não tinha bebido quase nada essa noite. Estava tão submersa em meus pensamentos que acabei esbarrando em uma menina.

— Desculpe-me! – Falei rapidamente.

— Não foi nada. – Ela falou sem olhar para mim. — aliás, isso não é nada perto do que eu estou passando essa noite – Ela completou a frase enquanto mexia seu copo em suas mãos.

— Também está numa péssima noite? – Perguntei enquanto escolhia uma bebida para mim. A menina me olhou surpresa, encarei seus olhos pela primeira vez e depois a observei por completo. Não sabia quem ela era ou o que estava fazendo aqui, mas ela era realmente linda. Seu físico era de dar inveja, seus olhos brilhavam como de uma criança, sua boca estava lindamente marcada com um batom vermelho e seu vestido deixava seu corpo definido, não pude e não consegui evitar sorrir ao observá-la.

—Com certeza estou, perdi minha melhor amiga na festa – Ela respondeu e eu acabei rindo. Olha só, uma pessoa que estava passando pela mesma coisa que eu.

—Olha só que coincidência, também perdi minha amiga – Declarei sorrindo.

—Dinah Jane – Ela falou estendendo sua mão em minha direção.

—Normani – Falei e apertei sua mão com firmeza. — E se fossemos procurar juntas? – Sugeri.

—Duas cabeças pensam melhor que uma, né?! Então quatro olhos enxergam melhor que dois. – Ela declarou e mais uma vez sorri para ela. Dinah se levantou e cruzou seu braço no meu, esse ato me pegou de surpresa, mas me fez sorrir. Conversávamos de maneira animada enquanto procurávamos as meninas pelo salão. Descobrimos enquanto falávamos de nossas vidas que nós duas morávamos em Miami, depois de revelarmos esse fato, acabamos ficando mais confortáveis na presença uma da outra. Enquanto procurava Camila, notei que minha nova “irmã” estava no meio do salão procurando por alguém, era melhor sair daqui antes que ela quisesse falar comigo.

—Ei, vamos procurar do lado de fora? – Dinah perguntou e eu sorri.

—Acredite, eu ia mesmo sugerir isso, pois acho que elas não estão por aqui. – Falei rapidamente em concordância.

—Ótimo, vamos – Ela declarou e fomos para fora do salão. Procuramos do lado de fora, mas não encontramos ninguém, vai saber onde essas duas se enfiaram. Será que elas podiam estar juntas?

—Dinah, tem uma área de piscinas aqui, será que elas não estão por lá? – Perguntei sugestiva.

—Bom, não custa nada dar uma olhada né?! Já estamos aqui e elas podem estar juntas! – Dinah falou dando de ombros.

—Eu pensei a mesma coisa! – Declarei rindo.

—Sério? – Ela perguntou surpresa.

—Sério! Parece que você leu a minha mente. – Falei sorrindo e a fiz sorrir também.

—Eu tenho mesmo esse dom. – Ela declarou e piscou para mim.

—Sério? – Perguntei curiosa. Será que ela realmente tinha o dom de ler mentes? Como aquele vampiro gay de crepúsculo?

—Não, estou brincando, eu não sou um vampiro gay. – Ela declarou rindo.

—Ok Dinah, você está realmente me assustando! – Falei nervosa enquanto soltava seu braço do meu. Foi justamente o que eu pensei e agora ela me fala isso?

—Por quê? – Dinah perguntou confusa.

—Porque eu estava justamente pensando no vampiro gay de crepúsculo e você me solta essa frase?! – Falei e Dinah gargalhou alto.

—Ah, foi mal, como eu saberia? – Ela perguntou sorridente. —Vendo por esse lado, isso quer dizer que não gostamos do vampiro gay né?!

—É, eu realmente não gosto. – Declarei concordando com ela.

—Então, eu não leio sua mente, apenas combinamos nisso! – Ela falou e estendeu a mão para mim novamente.

—É, você tem razão. Desculpa. – Falei sem graça, Dinah deu de ombros e segurei em sua mão.

—Vamos lá procurar nossas amigas perdidas. – Dinah falou e começou a me puxar em direção as piscinas. Não encontramos nem sinal das meninas, decidimos dar uma pausa em nossa busca e nos sentamos na beira da piscina. Tirei minha sandália, coloquei meus pés na água e Dinah me acompanhou. Continuamos conversando sobre nossas vidas e sobre o casamento. Dinah me contou que era a prima de Jessy e esse fato me pegou realmente de surpresa.

—Você não pode ser prima da Jessy. – Declarei em voz alta e Dinah me encarou surpresa.

—Você a conhece? – Ela perguntou curiosa.

—Bom, eu sou a filha do noivo, então… – Comecei dizendo e suspirei.

—Então eu lamento por você! Minha prima é insuportável. – Dinah falou e rimos juntas.

—Como pode você ser prima dela? Você é tão mais legal e… – Comecei dizendo, mas fechei a boca quando me dei conta do que falaria.

—“E...” o que? – Dinah questionou me olhando. Pensei por alguns segundos, mas resolvi falar, afinal, o que eu perderia?

—E linda! Você é muito mais linda que ela. – Confessei e desviei meu olhar do seu. Dinah ficou em silêncio por alguns instantes e isso fez eu me arrepender profundamente do que havia dito.

—Bom, disso eu já sabia, mas obrigada! Você também não é de se jogar fora Normani! – Ela falou e eu voltei a encará-la. Dinah estava com um sorriso lindo nos lábios e seus olhos brilhavam ainda mais. Fazia um esforço para me lembrar de como respirava, pois essa garota estava fazendo eu perder os meus sentidos básicos.

—Obrigada! – Agradeci sem graça. Desviei meu olhar e avistei duas meninas caminhando de mãos dadas, concentrei meu olhar nelas novamente e vi que uma delas era Camila. —Ei, Dinah! Aquela é sua amiga?

—Sim, ela mesma! Vamos até lá! – Dinah declarou e se levantou rapidamente. Corremos até as duas e Camila sorriu para mim, assim como a outra garota sorriu para Dinah.

POV LAUREN

— Foi por isso que bebeu? – perguntei interessada e ela apenas assentiu – Quer falar sobre isso? – continuei, fazendo ela desabafar. Camila contou de sua ex namorada e de tudo o que haviam vivido no tempo que passaram juntas, ela parecia não querer ocultar qualquer detalhe, falou de seus pais e de como sua mãe não havia aceitado sua sexualidade. Quis abraçá-la e confortá-la em meus braços, mas provavelmente ela interpretaria meu ato erroneamente, pois havíamos acabado de nos conhecer. Conforme ela ia contando, mais eu ia percebendo que talvez meus problemas não fossem tão grandes como eu pensava. A mãe de Camila lembrava muito a minha mãe, então eu sabia exatamente como era ter uma vida regrada e ser privada de muita coisa.

— Desculpe vomitar tudo isso sobre você, Lauren – ela disse finalizando – sei que provavelmente veio ao casamento para se divertir e eu estou aqui te alugando com meus problemas.

— Não precisa se desculpar, e eu não vim ao casamento para me divertir – confessei sorrindo.

— Mas você veio apenas pela sua amiga? – perguntou Camila sem entender.

— Acho que 50% sim – respondi pensativa.

— E os outros 50%? – perguntou ela interessada. Então contei a Camila sobre minha mãe e a chatice que era minha vida antes de conhecer Dinah, falei sobre como estava me sentindo incomodada pelas regras absurdas e o quanto me sentia sufocada com aquela situação, contei até mesmo das discussões e do meu plano de sair de casa.

— Não vejo a hora de me mudar de Cuba, definitivamente não dá mais para morar embaixo do mesmo teto que minha mãe. É claro que a amo – falei finalizando – mas eu preciso viver a minha vida.

— Eu entendo, não tive problemas com os meus pais, mas desde que me assumi minha mãe tem ficado extremamente no meu pé, por isso também quero sair de casa. – declarou Camila cabisbaixa.

— Mas você já tem algo em mente? – perguntei tentando dar outro foco ao assunto e colocando meu prato de doce ao meu lado – Tipo, já sabe para onde vai?

— Bom, eu e minha amiga, Normani, filha do noivo, vamos morar no centro de Miami quando nos formarmos na escola, porém ainda temos um ano todinho pela frente. – respondeu ela.

— Pelo menos é só um ano, imagine se fossem 5? – perguntei a fazendo rir.

— Tem razão – respondeu ela ainda sorrindo para mim.

Ficamos ali conversando sobre mil outros assuntos. Camila era engraçada e se distraia com facilidade, ela nem parecia a menina cabisbaixa que estava falando da ex há alguns instantes atrás, e eu fiquei feliz por estar fazendo ela esquecer seus problemas por alguns minutos. Eu ainda estava sob o efeito do álcool e estava rezando internamente para não me esquecer dessa garota no dia seguinte. Ela me parecia familiar, mas por mais que me esforçasse para ter algum resquício de memória, eu não conseguia me lembrar de onde eu conhecia aquele rosto.

— É a primeira vez que vem para Cuba? – perguntei tentando sondar melhor aquela garota.

— Pra Santiago de Cuba, sim – disse Camila deitando no chão do coreto, deitei ao seu lado, mas fiquei com a barriga para baixo, pois queria encarar seu belo rosto enquanto ela falava comigo. – mas morei em Havana durante muitos anos, me mudei para Miami no começo desse ano.

— Em Havana? Sério? – perguntei desconfiada e ela apenas assentiu – Eu morei lá durante toda a minha infância – falei animada, será que conhecia Camila de lá? Impossível, eu não me lembrava perfeitamente das pessoas que conheci quando era criança. Talvez eu tivesse visto ela em algum lugar de Miami.

— Nossa, que coincidência. Será que não nos conhecemos em algum momento por lá? – declarou ela.

— Por que está dizendo isso? – perguntei arqueando uma de minhas sobrancelhas.

— Você não me parece totalmente estranha, Lauren, parece que eu já te vi em algum lugar – disse Camila olhando fixamente em meus olhos. Senti um arrepio percorrer meu corpo, parecia que todos os meus pelos estavam eriçados, eu já havia sentido aquilo antes. Onde será que tinha sido? Pense Lauren, pense. Então como num flash me lembrei de onde tinha visto Camila.

— Ei, você é a garota da praça – falei assustada me sentando rapidamente.

— Que praça? – perguntou ela sem entender nada.

— A garota que eu atropelei na praça – declarei. Camila se sentou novamente e me encarou surpresa.

— Não acredito que é você. Oh meu Deus, Lauren – disse ela sorrindo, provavelmente tinha se lembrado de mim também.

— Como você ficou depois daquele dia? Não sofreu mesmo nenhum arranhão? Eu não te machuquei? – perguntei tudo rapidamente. – Eu achei que nunca mais fosse te ver – desabafei.

— Não, não aconteceu nada comigo, bom, pelo menos não fisicamente. Eu fiquei me perguntando o porquê você tinha esbarrado em mim e me senti mal por nem ter me despedido direito – respondeu Camila.

— Eu esbarrei sem querer – falei a ela e depois contei toda a história da bicicleta, quando finalizei Camila estava gargalhando e eu acabei rindo também – me desculpe mais uma vez, juro que não foi a minha intenção.

— Tudo bem, no final você acabou me livrando de sofrer um pouco mais cedo, acho que se não fosse por você ou pela sua bicicleta – falou rindo um pouco – eu teria sofrido antes na mão de Rachel, minha ex namorada – disse ela revirando os olhos.

— Ah, então é ela? – perguntei – Acho que atropelei a garota errada então. – Camila riu do que eu disse, e concordou com a cabeça.

— Você é uma boa pessoa, Lauren e o “destino” nos colocou frente a frente mais uma vez. – disse ela depois de se acalmar. Pegou em minha mão e olhou no fundo dos meus olhos.

— Acredita em destino? – perguntei.

— Talvez um pouco. Quer dizer, as vezes sim, as vezes não – disse Camila desviando seus olhos dos meus, acho que estava pensando em alguma coisa – as vezes o destino é idiota demais e as vezes nos presenteia com pessoas como você!

— Está me deixando sem graça – falei rindo. – mas se acredita mesmo nisso, vamos fazer uma promessa? – perguntei sugestiva. Camila me olhou curiosa.

— Que promessa? – indagou.

— Mesmo que a gente não se veja nunca mais, vamos tentar não esquecer uma da outra de novo, ok? – pedi de forma sincera. Ela tinha algo me envolvia e eu me sentia segura ao lado dela, eu não queria esquecer mais uma vez. Eu não deveria ter bebido tanto, mas se não tivesse bebido, talvez eu não estaria aqui com Camila agora. O destino as vezes é bem idiota mesmo.

— Ok – falou ela sorrindo – mas eu tenho uma ideia – continuou levantando do chão e estendeu sua mão para me ajudar a levantar também. Ela olhou ao redor meio que procurando por algo e pegou uma pequena pedrinha que estava por ali. Me guiou até a mureta do coreto e escreveu “Camila + Lauren”. – pronto, vamos pelo menos nos lembrar do que está escrito aqui, certo?

— Certo – falei sorrindo.

De onde estávamos, dava para ouvir ao longe a música que rolava no salão da festa de casamento, e enquanto eu e Camila nos encarávamos sorrindo começou a tocar “One Lest Breath” do Creed.

— Ei, eu adoro essa música – falou Camila animada.

— Me concede essa dança senhorita? – perguntei formalmente fazendo reverência, ela riu mais uma vez e como uma lady fez reverência a mim também.

— Mas é claro! – respondeu ela pegando em minha mão. A envolvi em meus braços e colamos nossos corpos, Camila debruçou sua cabeça no meu ombro e eu fiz o mesmo, inalei seu cheiro e pude notar que seu perfume era doce. Eu não queria mesmo esquecer aquilo nunca mais. Mas dizem que beber em excesso faz com que nos esquecemos de algumas coisas que aconteceram na noite anterior, e eu pedia internamente para não ser o meu caso. A música acabou e Camila olhou em meus olhos ainda agarrada ao meu corpo. Eu quis beijá-la no mesmo instante, mas, ao mesmo tempo, uma partezinha de mim dizia que era errado, aliás, eu era hétero, caramba.

Ela foi aproximando seu rosto do meu, e fechou seus olhos. Fiz o mesmo e me permiti viver aquilo. Seria meu primeiro beijo e foda-se se fosse com uma garota, ninguém precisaria saber, não é mesmo? Apenas eu e ela.

Senti os lábios macios de Camila sobre os meus e senti medo de fazer alguma coisa errada, mas resolvi acompanhar seu ritmo. Ela pediu passagem com a língua e eu cedi, não sabia o que fazer com minhas próprias mãos, será que eu deveria continuar a abraçando? Camila colocou seus braços sobre meus ombros e eu decidi colocar minhas mãos na sua cintura. Nosso beijo era doce e parecia que nossas línguas se encaixavam perfeitamente, como se fossem feitas uma para a outra. 


Notas Finais


E ai? O que vocês acharam? Esperavam por isso? Levaram tombo com esse final? E quem diria que essas meninas se lembrariam hein?! Haha. Basta saber se vão se lembrar do dia seguinte né?! Então é isso amores, até o próximo capítulo! Um beijão <3


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