História Encantando o inimigo - HIATO - Capítulo 7

Narcisa tomava seu chá no jardim, aquele era o único prazer que ela se permitia desde a chegada do Lorde na Mansão. Nunca fora uma apoiadora fervorosa do Lorde, tanto que se negara a receber a marca negra. Para sua sorte, Draco nascera na época em que queriam fazer com que ela entrasse para os comensais da morte, mas estando grávida, Lucius não permitiria que ela se arriscasse.

Com a morte dos Potter e com o sumiço do Lorde, Narcisa acreditou que poderiam criar seu pequeno dragão longe daquele​s comensais, longe das crenças deturpadas do Lorde e ter a família que imaginou.

Porém seu marido nunca deixou para trás aquela época obscura de suas vidas. De tempos em tempos se juntava com outros comensais, tramando contra “o garoto que sobreviveu”. Quando soube da ideia para a copa mundial, ficou um tanto quanto receosa, não se importava nem um pouco com o que quer que fosse acontecer com os sangue ruins ou os amantes deles, mas achava que Lucius estava sendo descuidado, porém não disse nada.

Depois daquilo ele pareceu se acalmar e voltar a ser só seu marido e pai de Draco. Parecia que ele tinha saciado sua saudades dos tempos de comensal. Em uma noite em que estavam jantando, durante uma conversa amena a marca no braço dele começou a arder, Lucius arregalou os olhos numa expressão assustada e ansiosa. Aquilo só podia significar uma coisa, Lorde Voldemort havia retornado, e estava o convocando.

Só Merlin sabe o quanto ela tentou mudar a cabeça de Lucius. Por mais que seus ideais fossem os mesmos, seguir novamente o Lorde era loucura, estavam estabilizados dentro da sociedade bruxa, mesmo com algumas suspeitas, na época ninguém pode provar que os Malfoys se associaram com o Lorde das Trevas, mas se ele voltasse para o meio dos comensais, não teria volta, nenhum dinheiro os salvariam. Mas Lucius era radical demais para o próprio bem, abominava todos que não eram sangue puro. Ela sabia que havia algo a mais por trás de todo esse ódio, além dos velhos costumes das famílias de sangue puro, mas ele nunca deu qualquer indício de que iria contar, e ela achou melhor não insistir.

Ao perceber que estava absorta em seus pensamentos, lançou um feitiço rápido no chá para esquentar-lo, que a essa altura estava frio. Nunca foi do tipo que levantava a voz, se exaltava, ou até mesmo ia contra o que diziam, sempre interpretou muito bem o papel de dama da alta classe, esposa, mãe. Mas isso nunca escondeu sua verdadeira personalidade. Apesar de se comportar como era esperado de si, não escondia que era forte, determinada e independente. Narcisa nunca fora submissa, esse foi o principal motivo que fez Lucius a aceitar como esposa, assim que seu pai a indicou. Lucius costumava dizer, em seus momentos íntimos, como ter casado com uma mulher que estava ao seu lado, e não atrás de si, e ainda tão linda quanto ela era, foi a melhor coisa que já lhe ocorrera, além do nascimento de Draco é claro. Deixou um sorriso despretensioso sair em seus lábios, nunca vira Lucius tão bobo quanto quando seu dragão nasceu.

- Você me parece extremamente tranquila irmanzinha. - Bellatrix interrompeu seus pensamentos, a jogando de volta a realidade amarga.

- Não deveria Bella? - Olhou para a irmã que se encontrava em pé ao seu lado.

- Bom…- Pegou a xícara que estava na mesa, bebendo seu conteúdo. - Depois do que aconteceu, eu achei que você não sairia do lado dele.

Narcisa cerrou os olhos. Vinha sentido aquele aperto no coração desde de manhã, não se preocupou além do necessário. Era assim sempre que Lucius saia em missão, não podia evitar que ele fosse, não podia ir com ele, ou evitar que acontecesse algo durante a missão. Então deixava aquele sentimento guardado no fundo do peito, o mais longe possível dos seus pensamentos, para não se desesperar desnecessariamente.

- Lucius está de volta?

- Lucius? Não, não irmãzinha... estou falando de Draco - disse com um sorriso malicioso.

- Bella, você sabe que eu não sou tão paciente quanto pareço.

- Nossa Cissa... Eu vim pessoalmente ver como minha irmãzinha estava depois do que o Lorde fez com o seu dragãozinho.

Narcisa se levantou no mesmo instante. Se aquela cobra maldita tivesse feito alguma coisa ao seu filho, dentro da sua casa, ela jurava por Salazar que ele se arrependeria.

- O que aconteceu com ele?

- Eu não sei os detalhes, mas ele parecia bem machucado quando saiu da sala, estava até mancando, coitadinho. Ainda ter que passar daquele jeito na frente de todo mun-

Não esperou que ela terminasse de falar para sair correndo. Só havia dois lugares na mansão que Draco frequentava, o jardim, onde estava até agora, e seu quarto. Correu o mais rápido que podia, sem se importar se aquilo não era a postura de uma dama. Sabia que Bellatrix não era a pessoa mais confiável do mundo, ela era capaz de trair o próprio sangue se fosse preciso. Mas se fosse verdade o que ela disse, seu filho precisava dela, ela tinha que chegar até ele o quanto antes.

- Draco. - bateu na porta esperando ouvir algum barulho de lá de dentro. - Querido, é a mamãe, posso entrar?

Não ouvia nenhum som vindo de dentro do quarto. Chamou mais algumas vezes sem receber nenhuma resposta.

- Alohomora.

Entrou no quarto, as luzes estavam desligadas, fechou a porta atrás de si. O quarto estava impecável como sempre.

- Dragão?

Ouviu barulho de água e o seguiu até o banheiro. Quando estava chegando na porta, viu um líquido rosado sair por debaixo da porta. Abriu a porta com força, e a imagem que se encontrava a sua frente a fez cair de joelhos, segurando o grito que ameaçava escapar de sua boca.

Draco estava encolhido dentro da banheira, em um abraço solitário, numa tentativa de se auto confortar, Seus olhos estavam tão cheios de lágrimas, que nem piscava, apenas ficava fitando a parede a sua frente com um olhar vago, vazio. Sua mão subia e descia com a esponja por nenhum lugar em específico em pelo braço, esfregando cada vez mais fundo, tentando limpar a sujeira que estava incrustada em sua mente, deixando sua linda pele em carne viva.

- O que… Draco.

- Sujo… sujo…. Nojo… minha culpa…

Ele sequer percebeu quando sua mãe entrou no banheiro, ou quando ela entrou dentro da banheira ainda de roupa, tirou a esponja de sua mão e desligou a torneira. Draco só percebeu que sua mãe estava ali quando sentiu os braços finos dela o envolverem em um abraço forte.

- Mãe… Eu… me desculpa… - seu choro ficou mais pesado.

- Chiuuu… Não se desculpe Dragão. Você não teve culpa de nada.

- Mas…

- Mas nada! Eu juro por Salazar que eu vou matar aquela cobra.

Draco se afastou de sua mãe com um olhar de pânico nos olhos. Não podia deixar Narcisa se aproximar mais do Lorde do que o necessário. Se lembrava muito bem das palavras dele...

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- Me mata. - Draco sentia o gosto de sangue na boca misturado com sêmen. Não poderia viver com a ideia de que aquilo tudo havia acontecido. - Por favor… Me mata.

Voldemort parou saiu de dentro do mais novo, o virando para si. Agarrou o rosto do outro o fazendo o encarar.

- Certeza que é isso que você quer? - Sorriu - Sabe… Narcisa é uma mulher muito bonita, não me importaria se ela te substituísse.  

Draco sentiu a vontade de vomitar vir a tona outra vez. Fechou os olhos para esconder todo o ódio que sentia naquele momento. Preferia morrer a continuar sendo tocado por aquele monstro, mas se isso colocasse sua mãe em perigo…

- Não M’Lorde. - disse entredentes.

- Não te ouvi Malfoy.

- Não quero que me mate. - encarou o outro.

- Fico feliz em saber Draco. - Disse o penetrando novamente. - Agora como um bom puto, implora para que eu te foda.

- Me fode M’Lorde... por favor. - Já tinha perdido a vergonha de pronunciar aquelas palavras, de tantas vezes que fora forçado a dizer-las.

- É disso que você gosta, não é. - Deu um tapa no rosto do garoto fazendo mais um corte na boca dele.

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O que mais queria era esquecer tudo que havia acontecido naquele escritório. Sonhara tantas vezes com o dia que seria o patriarca da família Malfoy, mas agora não sabia se conseguiria botar os pés ali de novo. Deu um riso sem graça, não por vontade própria. Não deixaria que ele colocasse as mãos imundas em sua mãe. Ele já estava perdido, mas ainda podia salvar sua mãe, ou pelo menos a deixar segura até seu pai voltar.

- A senhora não vai fazer nada. - Desviou os olhos - Eu… Posso cuidar disso sozinho.

Draco Lucius Malfoy, eu sou sua mãe! E se você pensa que eu vou deixar um monstro tocar no meu filho dessa maneira e deixar por isso mesmo você está muito enganado mocinho!

- Mãe… - As lágrimas voltaram com força. - A senhora não pode… por favor.

- Tudo bem… Tudo bem… Depois conversamos. - Disse puxando o garoto de volta para os seus braços - Agora vamos acabar esse banho, e eu vou cuidar dos seus ferimentos.

Narcissa ajudou Draco a terminar seu banho. Passou o shampoo em seus cabelos, massageando com calma por bastante tempo. Passava lentamente o sabonete pela pele do outro, tendo cuidado a mais com os machucados. Seu coração se contorcia tanto que ela acreditava que se não se segurasse sairia daquele quarto chorando sangue, indo lançar um avada no meio dos olhos do Lorde. O que aquela coisa fez com o seu menino era desumano, ela já duvidava que ele fosse um, agora ela tinha certeza.

- Vem Dragão, vamos sair dessa água.

Draco tinha caído novamente em seus pensamentos, ficando totalmente alheio ao que acontecia à sua volta. Seguiu os comandos de sua mãe sem dizer nada. Narcisa o ajudou a sair da banheira. Lançou um feitiço para secar a água do quarto e de sua roupa.

- Vamos te secar. - Olhou para Draco, ele estava tão frágil.

- Mãe…

- Sim Draco. - Ele estava sentado na cama, enquanto ela procurava uma roupa para ele.

- A senhora tem que me prometer que não vai fazer nada contra o Lorde.

- Eu não posso ficar parad-

- Mãe eu to te implorando. - Olhou nos olhos dela. Narcissa nunca tinha visto tantos sentimentos nos olhos de seu filho.

- Por hora… Vamos esperar seu pai chegar e veremos o que vamos fazer.

- Obrigado.

Deixou as roupas do lado na cama, e convocou seu kit médico. A maioria dos cortes já havia parado de sangrar e começavam a cicatrizar sozinhos. Mas ela teria que passar uma pasta para não ficarem marcas. Seu coração se partia a cada corte, mordida, ou vergão novo que descobria. Quando finalmente terminou de curar todos os machucados, deu uma poção para dor, antes dele colocar a roupa.

- Filho… - disse cobrindo o garoto depois que ele deitou. - Se você quiser… Eu posso pedir para o seu padrinho lançar um obliviate em você… Eu sei que não muda o que aconteceu, mas você não precisa ficar revivendo isso.

- Eu iria adorar poder esquecer mãe… Mas o Lorde deixou bem claro que isso aconteceria mais vezes. Eu acho que seria pior passar por tudo de novo como se fosse a primeira vez.

- Oh Draco…

Ela se deitou atrás dele e ficou fazendo cafuné por horas e horas, enquanto ele dormia com a ajuda da poção, seu corpo estava tão exausto que conseguiria dormir sem ela, mas as chances de ter pesadelos eram altas. Quando estava próximo do horário do jantar, ela se levantou e saiu do quarto silenciosamente. Ela teria que passar pelo maior desafio de sua vida. Ficar cara a cara com o monstro que estuprou seu filho e não fazer absolutamente nada.

Depois de trocar de roupa em seu quarto, foi em direção ao salão de jantar. Seus passos eram firmes, ela estava determinada a fazer o que fosse preciso para tirar seu filho das mãos do Lorde, mas por enquanto ela iria se resignar e ficar quieta até que estivesse pronta para acabar com ele.

Quando entrou no salão todos já estavam sentados em seus lugares, com exceção do Lorde. Sentiu todos os olhares virando para si, ela podia sentir a maldade neles, a malícia de saber exatamente o que aconteceu com Draco naquele escritório. Ignorou os olhares e de cabeça erguida foi sentar em seu lugar, logo em seguida Voldemort entrou pelas portas em que havia acabado de entrar.

- Veja que draco não está presente, algum problema Narcisa?

Sentir o seu sangue ferver, como aquela víbora era capaz de perguntar sobre Draco depois de tudo que ele fizera? Era óbvio que draco não estaria naquele jantar, mesmo que este estivesse disposto a ir ela não deixaria que ele se aproximasse tão cedo do Lorde se pudesse evitar. Respirou fundo tentando manter todo o ódio que estava sentindo naquele momento dentro de si.

- Ele não estava se sentindo muito bem Lorde.

Deve tá com a bunda doendo ainda, do jeito que aquele puto gritava não vai parar de doer tão cedo. - alguém sussurrou na mesa, mas não foi baixo o bastante para ela não ouvir.

Narcisa apertou sua mão tão forte debaixo da mesa que sentiu suas unhas perfurarem sua carne. Pode ver um sorriso crescer nos lábios do Lorde. Ordenou que os elfos colocassem a comida na mesa, talvez com comida na boca, ela não era seria obrigada a ouvir aquelas malditas palavras saindo da boca daqueles nojentos.

Remexeu a comida do seu prato durante toda a refeição, não tinha a mínima intenção de colocar um grão sequer para dentro. Não teria estômago para comer enquanto aquele homem estava do seu lado na mesa.

- Lorde.

- Sim Narcisa, algum problema?

- Não senhor, é só que estou preocupada com Draco, poderia me retirar para ver como ele está? - disse ignorando os risos maldosos.

Voldemort olhou para Narcisa. É claro que como mãe, ele sabia que ela tem tentaria alguma coisa contra ele, entretanto duvidava que aquela mulher poderia causar algum problema para si.

- Claro, o bem-estar dos meus companheiros é extremamente importante para mim. - Disse sarcástica mente.

- Obrigada milorde. - se levantou na mesa indo em direção a porta, atrás de si era possível ver um rastro das gotas de sangue que pingavam de sua mão.