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História Enchanted - Edward Cullen


Escrita por: Reginao

Notas do Autor


Oiee, todo mundo!!! Apenas Emma, está de volta, com um novo capítulo. O penúltimo dos que eu tinha postados. Nesse, nada de brigas, nem de desentendimentos entre Apenas Emma e Reginão, a paz reina entre elas nesse capítulo, nesse capítulo. Apenas Emma, vai com a Regina, visitar a casa dos Mills, e o que eu vou dizer para vocês? A família da Regina, também é bem louquinha, e segundo a mesma, os loucos se entendem e se gostam hahahah

Muito obrigada todo mundo que passou por aqui e deixou aquele review bacana, aquele review amigo. Tô gostando das teorias, algumas estão certas, inclusive, só resta saber quais, né não? Obrigada também quem favoritou, quem indicou, e propagou. Muito obrigada, vocês são as melhores!!!

Capítulo 10 - Edward Cullen


Ressaca, sentimento nojento, podre, amargo, terrível. A boca seca, o gosto de morte, a cabeça latejando, o corpo dolorido, a sensação de ter sido atropelada e a vontade de morrer para acabar de vez com esse sofrimento. Nesses dias tenebrosos, viver é ainda mais difícil, quase impossível.

Em dias como esse, fico esperando Deus, esperando que na infinita bondade, que o segundo o povo Ele tem, me estenda a mão, para que eu possa segura-la e ir, mas nunca acontece. Deus não tem misericórdia dos cachaceiros, ou talvez, seja o diabo que não tenha. Provavelmente, Deus, inventou a bebida alcoólica e todo o sentimento bom que ela traz, e o diabo com inveja, inventou a ressaca. Ou talvez também, tenha sido ao contrário.

Enfim, sempre que estou em dias assim, acabo me perguntando: por que eu fui beber desse jeito? Por que às vezes deixo o álcool me convencer que não haverá um amanhã, se eu sei muito bem que vai haver? Por que o dia seguinte a uma bebedeira, é tão doloroso?

Todas as vezes que acontece, faço promessas de nunca mais repetir tal coisa, mas não sei, quando a ressaca vai embora e eu me recupero, é como se meu cérebro estúpido esquecesse todos os sentimentos que a bebedeira me trouxe, e pronto, lá estou eu bebendo de novo.

Um fato sobre esses terríveis dias: as leis de Murphy, se aplicam a eles, ou seja, não importa o quão ruim esteja sendo viver, pode e com certeza vai piorar. Meu telefone com seu toque alto e insistente, que parece estar vibrando e gritando dentro do meu cérebro, é a prova real disso.

Não sei o mundo está acabando; se Donald Trump, foi enfim deposto; se os Estados Unidos e o Irã, deram início a terceira guerra; ou se Deus desceu na terra, e está acontecendo lá fora o julgamento final e ele estão precisando de uma advogada que vença causas impossível, não sei. O fato é que esse maldito telefone está tocando há alguns longos minutos, e eu não tenho condições físicas, nem psicológicas de levantar do lugar onde estou, para joga-lo contra a parede, ou pela janela.

Nesse exato momento, o quanto menos me mexer, melhor, menos vou sofrer, menos minha cabeça vai doer, menos meu estômago vai querer pôr para fora o que eu bebi, menos vou ter vontade de morrer, então por favor, Deus, ajuda sua filha fraca e pecadora, que não sabe dizer não ao álcool, e faça com que esse telefone pare de tocar, por favor.

Meus ombros rígidos descansam, quando Deus, resolve me ajudar e o infeliz do celular parar de tocar. Quando penso em agradecer ao todo poderoso, pela paz recém conquistada, o toque irritante do telefone retorna e me faz bufar.

— Me deixe morrer em paz! - Provavelmente esse é meu último pedido em vida, e só Deus sabe o quão difícil foi proferir essas palavras.

— Acho que é para você. - A voz sussurrada de Apenas Emma, entra pelos meus ouvidos e corre pelas minhas veias, acelera meu coração, e faz com que eu o sinta batendo na minha cabeça. Junto com essas coisas, traz as lembranças da noite passada.

O bar, Amanda, risadas, a sala de casa, Apenas Emma, o flagra, a briga, o pedido, minhas sentimentalidades. A ressaca moral é iniciada, já que agora todos os acontecimentos voltaram a minha mente. Infelizmente, ou felizmente, não perdi nada, está tudo bem salvo. A verdade é que não sei se isso é bom ou ruim. Não sei nem como devo me comportar. Talvez morrer seja mesmo minha melhor opção. Se eu morrer, pronto, está resolvido. Não preciso encarar Apenas Emma, não preciso pensar no que disse para ela, não preciso lembrar que me abri com ela, não preciso nada. Vamos Lá, Regina, é uma boa hora para você morrer, morra, morra, por favor, morra.

— Regina?! – Sussurra meu nome, meu cérebro entende como uma mensagem subliminar, algo como: não vai morrer, não! Sua saída é não ter saída, além de lidar com isso. Meu corpo reage a sua voz. É como se ela tivesse o poder de traze-lo de volta a vida, mesmo contra minha vontade.

Meus olhos se abrem, a claridade os incomoda. Minha cabeça lateja ainda mais, e vontade de vomitar triplica.

Apenas Emma, está sentada na beira do sofá, seus olhos curiosos me analisam atentamente. Talvez esteja um pouco preocupada, ou assustada, ou talvez só esteja triste pelo fato de eu continuar viva. De uma coisa tenho certeza, ela ainda está magoada, isso é bem nítido até para uma pessoa que está à beira da morte.

- Seu celular. - Me estende o terrorista. Minha mão tremula e sem força, pega o aparelho, e instantaneamente, Apenas Emma se põe de pé e se afasta.

Quero falar com ela, só não sei o que quero falar com ela, e essa coisa tocando e tocando, não ajuda em nada. Ao olhar para tela, vejo a imagem de Zelena, e mais uma vez a ideia de atirar o aparelho pela janela vem em minha mente, mas caso faça tal coisa, é bem provável que ela apareça aqui em casa, então resolvo que é melhor atender.

— O quê? - Gostaria de gritar, mas devido as circunstâncias, mal consigo resmungar. Falar dói, respirar dói, piscar dói.

— Credo! O final da noite foi assim tão ruim? - Sua voz alta, mata os poucos neurônios sobreviventes. Minha cabeça, tenho sensação que vai explodir a qualquer momento. Com certeza ela não vai sobreviver ao dia de hoje, não mesmo. Respiro fundo e afasto o telefone do ouvido.

— Zelena, se você não quer que eu encerre essa ligação, fale mais baixo, ou melhor, sussurre. – Peço com um tom moribundo, de quem está prestes a dar os últimos suspiros. Ela ri, mais uma vez atingindo meu pobre cérebro.

— A ressaca está maltratando? - Debocha. - Regina, você já foi mais forte para bebida. - Não falo nada, não tenho forças nem para manda-la para o lugar que merece. - Você está pronta? - Pronta? Para o que devo estar pronta? Só se for pronta para aceitar Jesus e então a morte, tirando essa opção, não estou pronta para mais nada.

— Não.

— Então fique, estou estacionando em frente ao seu prédio. – Perdida, tento pensar um pouco a respeito.

Dia da semana: domingo, confere? Afasto o celular, e procuro pela data. Confere. Domingo o escritório não abre, certo? Acho que certo. Então não existe motivos para eu estar pronta, muito menos para sair com Zelena. Ah não ser que tenhamos combinado outra bebedeira, porém, devido ao meu estado de quase morte, terei que cancelar tal coisa.

— Zelena, nem que o mundo esteja pegando fogo e você tenha uma passagem para Marte, eu levantarei daqui. - Aviso.

Abro os olhos quando ouço barulho da vassoura varrendo algo. Ao olhar para frente, vejo que Apenas Emma está limpando a sujeira que meu ataque de raiva causou na madrugada passada.

— Regina, ontem você disse que iria para o almoço de domingo. Lembra quando a mamãe ligou? Então, além de confirmar sua presença, você confirmou a presença da sua outra criança e aposto que você ainda lembra do quanto mamãe odeia que cancelem com ela. Principalmente em cima da hora. – Fala sem respirar. - Ou seja, se você não for, provavelmente ela vai mandar que sirvam o almoço na sua casa, e você sabe disso. - Merda! Merda! Merda! Sim, agora que ela mencionou, eu lembrei. Por que, Deus? Por que o Senhor com toda a sua sabedoria, deixou que inventasse a bebida alcoólica? Isso além de destruir uma vida, destrói também algo chamado orgulho, sabia?

— Você pode dizer para ela que não estou em condições. - Meus olhos continuam em Apenas Emma. Ela parece distante, aérea, triste, não sei. O fato é que Taylor Swift, não faz parte do seu ser no dia de hoje.

— Você sabe, mesmo que eu diga para ela que você está morrendo, ela só vai deixar você morrer mesmo, depois do almoço. – Solto um suspiro frustrado. Zelena tem razão, tenho certeza de que se eu não for, mamãe vai mesmo bater aqui. E mesmo que eu me esconda, ela só vai sair da minha casa, quando eu resolver aparecer e almoçar com a família.

— Zelena, estou mal conseguindo respirar. - Tento de novo.

— Café, analgésico, e dedo médio na garganta. Não necessariamente nessa ordem, mas enfim, você sabe que isso ajuda. – Me passa sua “receita médica”. - Você tem quinze minutos. É o tempo limite para que consigamos chegar na hora. - Odeio ordens, odeio! E tudo piora quando são ordens da minha irmã, e piora mais ainda, quando não tenho outra saída a não ser acatar.

— Zele... - Antes que consiga formular qualquer coisa, ela desliga. - Ninguém desliga na minha cara, Zelena! – Esbravejo, enquanto bato o dedo indicador, na tela do celular. - Espera só eu me recuperar. - O barulho dos cacos sendo varridos, voltam a chamar minha atenção, e me fazem deixar o telefone de lado.

Suspiro, e juntando a pouca força que sobrou nesse corpo moribundo, consigo me sentar. Meu estômago reclama por tal mudança, me pede para que eu vá com urgência até o banheiro, e que me abrace a privada, como se de repente ela fosse o amor da minha vida. Como sou teimosa, não o obedeço e ordeno para que ele fique bem quietinho. Fecho os olhos e passo as mãos pelo rosto, pensando no que devo fazer, em como agir, como proceder. Assim que volto a abri-los, vejo Apenas Emma me espiando, tal coisa dura míseros segundos.

O que eu devo dizer para ela? Nada, certo? Tudo que eu tinha para dizer, já disse ontem. Espero que ela tenha visto na TV, que bêbados sempre falam a verdade. Eu não preciso repetir nada, certo? Certo! Mesmo porque, eu posso ainda estar até um pouquinho alcoolizada, mas não a nível de tocar nas sentimentalidades faladas na noite de ontem.

Me ponho de pé, e dou alguns passos até o braço do sofá, onde volto a me sentar. Resolvo deixar meus olhos fixos nos cacos da garrafa, é mais fácil desse jeito.

— Eu... - Coço a garganta. Meu coração bate um pouco mais rápido. Me sinto em uma situação desconfortável. O que quero dizer? Não sei. Mas mesmo assim, aqui estou eu, prestes a falar. - Realmente sinto muito por ontem. - Murmuro, ainda com os olhos no chão. Silêncio a única resposta que me dá. - Por tudo. - Continuo. - Obrigada por ter ficado. - Varre tudo para a pá de lixo, os despeja no mesmo, e por último passa pano no chão. Só quando não tem mais nada para fazer, é que resolve me encarar.

— Okay. – Sua “longa” resposta me faz suspirar. Em pensar que eu achava não gostar da sua versão falante, agora cá estou eu, sentindo saudades.

— Ouça... – Coço a garganta novamente, tentando recuperar minha voz firme. – Estou indo almoçar na casa dos meus pais, você gostaria de vir comigo? – Convido e a vejo negar com a cabeça.

— Não. – É enfática e me deixa momentaneamente sem resposta.

— Não? – Como assim não?  

— Não. Obrigada! – Incrédula com essa nova versão de Apenas Emma, balanço a cabeça negativamente. Sua indiferença me irrita.

— Eu já pedi desculpas, o que mais que você quer que eu faça? – Questiono com irritação. Não a irritação que gostaria, porque não quero que minha cabeça exploda. – Você não pode superar e seguir em frente? – Novamente me responde com silêncio. Resolvo que para o bem da paz recém conquistada e já quase perdida, devo deixar para lá e me retirar. – Juro que quero tentar, então se você colaborar vai ajudar muito. – Resmungo enquanto caminho em direção ao meu quarto.

Bato a porta do quarto com mais força do que deveria, e tal ato ecoa na minha cabeça, me fazendo ter vontade de gritar, praguejar, quebrar algumas coisas. Mas todas essas opções me causariam ainda mais dor, então só respiro fundo, massageio as têmporas e paro em frente ao closet.

Passo os olhos pelas saias, vestidos, calças, camisas, coletes e terninhos e tudo me parece difícil demais. Além disso, não tenho neurônios suficientes para combinar uma roupa. Então opto por uma camisola de seda. Preto sempre cai bem em qualquer ocasião, não é isso? E daí que é uma camisola? Pelo menos ela tem classe. E eu posso colocar o robe por cima, assim dou uma acrescentada. E vai com certeza combinar com as minhas pantufas peludas e confortáveis.

Um banho, estou com certeza precisando de um banho para tirar todo esse cheiro de bebida, de morte, de ressaca, mas infelizmente isso não será possível agora. Entre me sentir suja e sediar um almoço na minha casa, fico com a primeira opção. O banho vai ter que esperar.

Estou acabando de me vestir quando ouço a campainha tocar. Zelena, com toda certeza do mundo é ela. Como Apenas Emma está devidamente vestida, não me preocupo que receba minha irmã. Na verdade, deveria me preocupar, não com Zelena e sim com Emma, mas no momento ela não está merecendo minha preocupação, então continuo exatamente onde estou. 

Vou até o banheiro, onde deixo toda minha classe de lado, me ajoelho diante da privada, me abraço a ela e faço a vontade do meu estômago, vomitando mais do que a menina do exorcista. Depois de tal evento, escovo meus dentes duas vezes ou cinto, escovo também os cabelos, passo um batom vermelho, borrifo um pouco de perfume, calço minhas pantufas, pego minha bolsa, ponho meus óculos escuros, que escondem com perfeição minhas olheiras e meu semblante de ressaca, e pôr fim paro em frente ao espelho.

- Preto é a minha cor. – Falo com a minha imagem. Se fosse uma pessoa de sorrisos fáceis, sorriria para ela. Até que para alguém que está quase sendo consumida pela ressaca, não estou mal. Concluo que se de fato morrer, estarei apresentável para o velório.

Se Apenas Emma, tem algum problema comigo, com Zelena ela não tem nenhum. Ouço a conversa animada delas do corredor. Gostaria de prestar atenção em tal coisa, e talvez, quem sabe, só quem sabe mesmo, pegar algumas dicas de conversa, mas não consigo prestar atenção no que falam, minha cabeça dói demais para pensar em qualquer coisa.

Só depois de engolir dois analgésicos na cozinha, é que me junto a elas, que param de tagarelar assim que apareço, nem disfarçando que estavam falando sobre a minha pessoa.

As duas olham para mim. Zelena, como se eu fosse louca. Apenas Emma, como se eu fosse um suculento pedaço de filé mignon.

— Vamos ficar aqui fazendo voto de silêncio, ou vamos almoçar? – Resmungo o questionamento, enquanto cruzo os braços.

— Onde exatamente você vai vestida assim, sua louca? – Zelena aponta para mim.

— No mesmo lugar que você. – Solta uma de suas risadas escandalosas.

— Mamãe vai no mínimo te oferecer um Rivotril, quando ver esse seu traje digamos, exótico, para um almoço de domingo. – Dou de ombros.

— Ótimo. Quem sabe desse jeito eu entre na mesma frequência de loucura do restante da família. – Ela me mostra a língua.

— Todo esse mau humor é só pela ressaca, ou sua noite foi ruim? – Ao invés de lhe responder, pego meu celular que deixei no sofá. – Não me diz que ela também era ativa e não rolou nenhuma relatividade? - Sem lhe dizer nada, lhe dou costas e caminho em direção a saída. – Fala sério! Ela tem cara de muito passiva. – Fala sozinha. – O que você acha? – Ao olhar sobre os ombros, vejo que está falando com Apenas Emma.

— Acho que não estou entendendo nada. – Seus olhos pedem uma explicação para minha irmã, que ri alto.

— Explico depois. – Puxa Emma pela mão. – Vamos almoçar. – O meu convite ela negou, mas o de Zelena, parece que aceitou sem pestanejar. Tal coisa me faz bufar, rolar os olhos, ignora-las ainda mais, e seguir rumo a casa dos loucos.

...

Alguns fatos sobre a nossa pequena, porém irritante viagem de carro: Zelena explicou a Apenas Emma sobre ser passiva, ativa e relativa. Depois disso perguntou em qual dessas opções ela se encaixava. Longo em seguida, olhou para o retrovisor e piscou para mim. Sim, fui escolhida para ir no banco de trás.

Não bastasse tais coisas, Emma lhe contou sobre a noite passada, e quando falo contou, significa tudo, completamente tudo, incluindo meu pedido de desculpas. Como sabia que tal coisa chocaria Zelena, fiz de conta nem ouvi, que nem era comigo, que nem estava ali. Passei a viagem com a cabeça deitada no encosto, fingindo que estava dormindo, graças aos óculos escuros, até que obtive sucesso.

Bom, depois de tudo isso, finalmente estacionamos em frente à casa dos nossos pais. Como Apenas Emma, foi uma menina muito malcomportada, resolvi a deixar por conta de Zelena. Todas as recomendações que lhe daria para ocasião, resolvi engolir. Também não caminhei ao seu lado, nem lhe esperei. Saltei do carro e sem olhar para trás, caminhei a passos largos para dentro de casa.

Entrei sem me anunciar mesmo, como se de repente, a casa ainda me pertencesse. Joguei minha bolsa no sofá do hall de entrada, e fui em direção a sala. 

— Olha quem resolveu aparecer. - Papai é o primeiro a me ver e graças a seu espanto exagerado, faz mamãe que está sentada ao seu lado, levantar a cabeça para também me assistir.

Bom, a atenção dos dois na minha pessoa, dura quase nada, agora olham para trás de mim, provavelmente para Apenas Emma. Como mamãe gostava muito de Glee, talvez pergunte a Emma se ela é parente de Sue Sylvester.

 - Além de trazer Regina, trouxe também Emma, ou seja, mereço uma recompensa. - É desse jeitinho que Zelena se anuncia ao passar por mim, indo até nossos pais e deixando Apenas Emma a mercê da sorte. Ela para ao meu lado e por incrível que pareça, aparente está um pouco envergonhada. Me espia pelo canto dos olhos, o que me faz revirar os meus olhos e cutucar meu cotovelo no dela.

— Vamos lá, prometo que eles são aceitáveis. - Falo a ela, que acena com a cabeça, enquanto espia Zelena, abraçar mamãe.

Ao lado dela, caminho até papai, que me espera de braços abertos e um sorriso largo no rosto, como se de repente, eu fosse o próprio filho pródigo, voltando para casa.

— Você bem que poderia aparecer mais vezes, nem que seja vestindo roupas de dormir. - Implica comigo ao me abraçar.

— Você sabe onde eu moro, também poderia aparecer às vezes. Pode ir de pijama também, podemos dar uma festa. – Ele ri.

— Só vou se for festa do cabide!

— Pai! – Finjo indignação, o que o faz rir mais. Ao desfazer-se do abraço, beija meu rosto e então olha para Emma. Me volto para ela e aponto de um para o outro. - Pai, essa é Emma, a menina que cuida de Henry. - E nas horas vagas, tenta me seduzir. E quando estou bêbada, me faz falar sobre sentimentalidade. - Apenas Emma, esse é meu pai. - Retribui o sorriso que ele lhe dá.

— Olá, Emma! Seja bem-vinda! Henry fala muito sobre você. - Estende a mão para ela, que olha para mim, aparentemente querendo minha permissão para apertar a mão dele. Lhe sorrio e aceno com a cabeça. Tira os olhos de mim e sorri para meu pai ao apertar sua mão.

— Henry também fala muito sobre vocês. - Conta.

— Espero que bem. - Como meu pai é praticamente a simpatia em pessoa e como é o menos anormal da família, concluo que Emma ficará bem na companhia dele, então os deixo e me volto para mamãe, que murmura algo com Zelena enquanto olha para Apenas Emma.

Rolo os olhos enquanto imagino as mentiras que minha irmã já deve ter fofocado.

— Até que enfim resolveu nos apresentar a babá misteriosa. - Me puxa pelo braço e me abraça. - Eu imaginava uma adolescente, ela já é uma mulher feita. - Sussurra seu comentário.

— Ela não deve ter mais de vinte e três, vinte e cinco anos, mamãe. – Isso fisicamente, porque mentalmente, tem bem menos e às vezes, bem mais. Mas Cora, não precisa saber sobre essa parte, certo? Já é bem complicado desse jeitinho.

— Tirando as roupas de Sue, ela é bem bonita. - Rolo os olhos.

— Nunca disse que não era.

— E ao contrário da sua última namorada, não parece descontrolada. - Fuzilo Zelena com o olhar, ao concluir que ela já andou falando o que não devia. Esse é o problema da nossa família, ninguém sabe o significado de segredo, por aqui.

— Emma, não é minha namorada. - Esclareço ao me desfazer do abraço. Não gosto do jeito que ela me olha, esse olhar dela me irrita, porque sempre que quer descobrir algo que não quero falar, é me olhando assim que descobre.

— Então me apresente sua pretendente. - Abro a boca para responder tal provocação, mas resolvo não. – Depois disso podemos falar sobre a sua roupa. – Rolo os olhos, a puxo pela mão e a levo até onde Emma ri de alguma coisa que papai e Zelena falam.

— Apenas Emma? - Chamo, ganhando sua atenção de imediato. - Essa é minha mãe, Cora. Nunca, em hipótese alguma, responda as perguntas dela. - Enquanto Emma, de um jeito muito sério, concorda com a cabeça, mamãe estapeia meu braço e Zelena ri junto com papai. - Essa é Emma. - Mamãe lhe sorri com simpatia, com se de repente, estivesse mesmo conhecendo uma nora, ou coisa assim.

— Não dê ouvidos para Regina, eu não faço muitas perguntas, ela é que não é de falar muito. - Emma assente.

— Eu sei. - Concorda com mamãe, que volta a sorrir e abre os braços, a convidando para um abraço. Como ela é Apenas Emma, a abraça sem problema algum.

— Pare de vigiar assim. Mamãe não vai morde-la. - Zelena cutuca o cotovelo em meu braço.

— O que você andou falando para ela? - Resmungo a pergunta enquanto ainda as observo.

— Gostei da sua namorada. - O comentário feito pelo meu querido pai, me faz bufar e voltar a fuzilar com os olhos, a minha nada agradável irmã.

— Ela não é minha namorada! - Respondo entredentes.

— Não? - Seu olhar de dúvida recai sobre Zelena, que me sorri sem graça.

- Ops! – É a onomatopeia que deixa escapar.

— Mamãe? - Chamo, ganhando sua atenção. – Zelena, beijou uma mulher na boca ontem à noite. E quando eu falo beijou, imagine uma língua descontrolada e uma boca afoita. Foi desse jeitinho. - Se é para fofocar e ser criança, posso fazer isso muito bem.

— Regina, levou essa mesma mulher para casa e aposto que foi para pôr a língua descontrolada e a boca afoita em um lugar bem menos ortodoxo. - Rebate. O que me faz lhe sorrir sarcasticamente.

— Nossa! Acabou de contar uma novidade. - Debocho. - Sabemos que não sou eu a filha hétero da família.

— Eu estava bêbada. Que atire a primeira pedra a hétero bêbada que nunca beijou uma mulher. - Se defende.

— Henry, querido, você pode por favor ir até o jardim buscar uma pedra para mim? – O pedido de mamãe, junto com o jeito como olha Zelena, visivelmente a julgando, me faz rir.

Ao olhar em direção a Emma, vejo que ela parece não estar entendendo muita coisa, mas mesmo assim, aparentemente se diverte com os malucos da minha família. Enquanto eles discutem sobre o beijo hétero, e se papai também pode atirar uma pedra, vou até meu problema.

— Está vendo porque eu não trouxe você antes? - Indago. - Minha família é maluquinha. - Apesar de me sorrir, vejo que continua magoada comigo.

— Eu gostei deles. - Loucos se gostam, então deve ter gostado mesmo.

Algo atrás de mim chama a atenção dela, o que a faz me ignorar, mais uma vez no dia, e caminhar até lá. Me volto para ela para descobrir o que chamou sua atenção e a vejo observando alguns porta-retratos. Como hoje estou muito fácil, provavelmente ainda estou bêbada, resolvo de novo ir até ela.

Me limito a observá-la admirando as fotos velhas.

— É você? - Aponta para o retrato em que Zelena e eu fizemos quando éramos crianças.

— Sim. Zelena e eu. - Confirmo. Sorri para a foto antes de me encarar.

— Você não tinha esse machucado perto da boca. - Aponta para minha cicatriz, me pedindo uma explicação para tal coisa.

— Esse machucado perto da boca chama-se cicatriz. - Explico. - E eu não nasci com ele. Aconteceu quando estavam construindo a piscina. - Aponto para fora. - Zelena e eu brigamos, ela me empurrou, desequilibrei e caí. Bati com a boca em algum pedaço de piso afiado e aconteceu. - Explico.

— Doeu muito? - Faz cara de dor, enquanto seus olhos arregalados, observam atentamente a marca.

— Muito. - Afirmo. - Olha... - Aponto para o quadro enorme com diversas fotos que está na parede e vou até o mesmo. - Minha primeira foto com a cicatriz.

— Wow! Era enorme. - Murmura. Está ao meu lado, os olhos agora fixos no retrato.

— Sim, com a ajuda de algumas plásticas e do tempo, melhorou bastante. - Tira os olhos do retrato e volta a me encarar.

— Eu gosto dela. - Seus olhos de novo estão na cicatriz.

— Nesse caso, obrigada! - Lhe sorrio e enfim, ganho um de seus sorrisos sinceros.

— Emma, você acaba de ouvir uma história que nunca ouvi Regina, contando para alguém. - Minha mãe me faz revirar os olhos. Ela deveria estar escolhendo o tamanho da pedra que vai jogar em Zelena, e não se metendo onde não foi chamada.

— Não é como se me perguntassem muito a respeito disso. - Me defendo.

— As que perguntam, você se limita a dizer que caiu quando era criança. – Mais uma vez em menos de cinco segundos, me faz rolar os olhos. - Essa cicatriz trouxe alguns problemas para Regina. - Conta a Emma, que presta atenção. - As crianças riam dela na escola por isso. – Outro fato sobre a minha família: além de louca, é também fofoqueira. – Acho que isso colaborou para que ela ficasse um pouco assim, de mal com o mundo. – Não role os olhos. Não role os olhos. Não role os olhos.

— Eu não sou de mal com o mundo. - Me defendo. - Vocês que são muito de bem com ele. – Essa é a verdade. - Isso só me ajudou a aprender a me defender das pessoas. – Dou a minha versão dos fatos.

— As pessoas são más. – Apenas Emma fala o de sempre.

— Sim. A maioria delas não vale a pena. - Concorda com a cabeça. – Inclusive eu. – Não faço ideia do porquê disse isso. A frase simplesmente escapou da minha boca.

— Você até que se esforça para não valer, mas vale. – Sua opinião me deixa sem saber o que dizer. Abro e fecho a boca algumas vezes. Então lhe sorrio e resolvo encerrar essa conversa por aqui mesmo.

— Que horas sai o almoço? - Questiono com Cora ao me voltar para ela, que me sorri e balança a cabeça negativamente. Está claramente me julgando, ou julgado o que ela acha que é, mas todos estão de prova que não é. Mamãe não gosta de me ver sozinha, “solitária”, segundo ela. Então sempre que entro em um relacionamento, ou ela sabe que beijei alguém, fica feliz e saltitante. 

— Rose está pondo a mesa. - Aponta para fora, o que me faz concluir que almoçaremos na parte externa.

— Ótimo! – Tiro a taça de espumante de sua mão, emborco a bebida e lhe devolvo a taça. – Nesse caso, vou esperar lá. – Aviso ao lhes dar as costas e seguir rumo a parte externa.

...

Como além de louca e fofoqueira, minha família inclui-se também no quesito: mortos de fome. Os primeiros quinze minutos de almoço, resumem-se apenas em barulho de talheres, e não posso dizer que não gosto disso.

 A verdade é que gostaria que eles tivessem fome infinita, assim em vez de usarem a boca para besteiras, a usariam apenas para comer, mas infelizmente para mim, fome infinita não existe aqui, então quando ouço meu pai largar os talheres, tenho certeza que a paz familiar conquistada por míseros minutos, será destruída.

— Então... – Ele coça a garganta. Como tenho medo da pergunta que virá, resolvo não pôr a comida na boca até ouvi-la. – Zelena... – Solto o ar tranquilamente, ao ouvir o nome da minha irmã e volto a me concentrar no almoço. – Como está Robert?

— Viajando. – Reponde de boca cheia. Por um minuto, penso em pegar no seu pé por tal coisa, mas resolvo que é melhor não.

— Vocês estão bem? Continua feliz com ele? – Não sei porque, mas as perguntas inocentes dele, que com certeza não tem nada a ver com o fato de eu ter comentado sobre Zelena ter beijado uma mulher, fazem com que ela me lance um olhar irritadinho.

— Estamos bem, papai. Continuo feliz com ele. Continuo o amando. Continuo querendo casar. – Responde tranquilamente, antes de lhe sorrir.

— Certo. – Ele lhe sorri de volta. – Então essa coisa de beijar mulheres é só uma fase, certo? – Acho engraçado ver minha irmã se esforçando para ser sempre simpática e paciente com nossos pais.

— Não é uma fase, papai. Eu só estava bêbada, não é como se fosse voltar a acontecer. – Responde com a calma que nesse momento não lhe pertence. Sei que devo continuar quieta, e consequentemente, não arrumar problemas para mim, mas acontece que a vontade de deixá-la irritada é maior do que a vontade de não me aborrecer.

— Eu não sei não... – Começo, e ganho a atenção de todos. – Quando estávamos vindo para cá, Zelena deu uma aula para Emma, sobre ser: ativa, passiva, relativa. Quero dizer que eu não poderia ter explicado melhor. – Ela chuta minha canela por de baixo da mesa, o que me faz praguejar.

— O que você tem a dizer em sua defesa, querida? – Cora a questiona.

— Qual o problema saber sobre isso? Qualquer um que pense a respeito, fica sabendo, e caso não saiba, pode pedir ajuda ao Google.

— Você concluiu sozinha, ou pediu ajuda ao Google? – Questiono com ela, que me lança um olhar raivoso.

— Concluí sozinha, além de ter lido um artigo em um site. – Está ficando nitidamente sem paciência.

— Que tipo de site? – Tenho vontade de ri, quando olha com a mesma irritação para Cora.

- eugostodevagina.com – Sussurro minha opinião sobre o site, e faço com que ela bata com as mãos contra a mesa.

— Um site. Não sei qual. Virou um interrogatório? Quer saber o endereço do site e mais o quê? A data, e a hora em que o artigo foi publicado? – Esbraveja as perguntas.

— Calma, querida. – Papai põe a mão sobre a dela e afaga. – Não precisa ficar desse jeito.

— Estou calma, só não acho justo todo esse interrogatório. – Reclama. – Sim, eu beijei uma mulher, e daí? Sou lésbica por isso?

— Ela é, Regina? – Papai me questiona. Tenho vontade de rir. Talvez o começo da conversa possa ter sido mesmo real, mas há um tempo estamos provocando Zelena, e como sempre, ela não percebe isso.

— Acho que não. – Tenho certeza que não, mas é meu dever de irmã fazer o que ela faz comigo, irrita-la.

— Você é muito mal agradecida! – Me acusa. – Eu fico lendo sobre essas coisas para ajudar você, entender melhor você, ser sua conselheira. E é isso que ganho em troca. – Acabo rindo do seu desabafo magoado.

— Bom, nunca pedi sua ajuda, nem gosto de conselhos, muito menos preciso de explicações sexuais, mas mesmo assim... hã... obrigada? – Ela dá de ombros, me olha quase magoada.

— Mal-agradecida. – Me acusa, e então o silêncio volta a nos presentear. Claro que isso não dura nem um minuto. É a vez de mamãe largar os talheres, e faço o mesmo quase imediatamente, já que sei que agora é minha vez.

— E você, querida, como vai sua vida? – Me pergunta.

— Meu ex-marido, anda mais compreensivo, meu filho idem, minha ex-namorada, parou de me ligar, mandar mensagens, e-mails, sinais de fumaça, então vai bem. Obrigada! – Resolvi detalhar um pouco, para assim evitar futuras perguntas.

— E as namoradinhas? – Não role os olhos, não se abale, não faça como sua irmã. Aja naturalmente, isso é só um teste de paciência.

— Não tenho tempo para namoradinhas, papai. – Respondo tranquilamente.

— Deveria ter. Não pode viver só de trabalho. – Dá um conselho de pai.

— Ela tem. – Zelena, resolve se meter. – Emma, é namoradinha dela. – Não basta acusar, não basta ter apenas uma Emma na minha vida, ela ainda precisa apontar para mesma, para que não haja nenhum tipo de dúvida.

— Eu? – Apenas Emma, que até então tinha feito uma espécie de voto de silêncio, enquanto limitava-se a comer, comer e comer mais um pouquinho, - aliás, um fato sobre ela: se alguém vai mesmo descobrir a formula da fome infinita, com certeza esse alguém vai ser ela - questiona com um tom de voz incerto, enquanto olha para mim, pedindo maiores explicações.

— Sim, ela está falando sobre você. – Lhe respondo. – Mas não, Emma, não é minha namoradinha. – Esclareço em alto e bom som, para que não haja mais nenhum tipo de dúvida a respeito. – Ela é a babá de Henry, só isso. – Continuo mantendo a calma.

— Não é só isso não. – A insistência de Zelena, me faz bufar. – Emma, por que você não compartilha com meus pais, a conversa que vocês duas tiveram ontem? – Minhas mãos se agarram na tolha de mesa, tentando conter a vontade de pular por cima dessa mesa, agarrar o pescoço da minha irmã, e apertar até quase matá-la.

— Cale a boca! – Ordeno, enquanto meus olhos a fuzilam.

— Acho melhor não. – Apenas Emma, me conhece o suficiente para saber o quanto estou irritada. Graças a isso se esquiva e tenta voltar a comer.

— Então deixa que eu conto. – Zelena, me sorri, me desafiando.

— Espero que seu noivo não fique bravo, nem magoado, nem triste, ou coisas assim, quando souber que você andou beijando outra boca por aí. – Seu sorriso se desfaz, ao ouvir minha ameaça.

— Você não faria isso. – Lhe balanço a cabeça negativamente, enquanto lhe sorrio sem humor.

— Eu não teria tanta certeza. E antes que você me diga que ele não vai acreditar em mim, eu lhe digo que ele pode acreditar no vídeo que tenho no celular. – Funciona. Apesar de me olhar de um jeito quase psicopata assassina, sei que ela vai recuar.

— Quantos anos elas têm mesmo? – Henry, questiona com Cora.

— Pelas minhas contas, trinta e vários. – Responde. – É deselegante falar a idade abertamente depois dos trinta, querido. – O lembra.

— Por esse tipo de briguinhas e ameaças, acho que elas não têm nem trinta. Têm no máximo uns treze. – Enquanto Cora concorda, Emma acha graça.

— Em pensar que meia cidade confia nelas. – Mamãe debocha. – Queria ver se seriam tão renomadas se as pessoas pudessem de algum jeito ver isso. – Continua.

— Não trabalhamos aos domingos. – Zelena nos defende.

— Desculpe-nos por não sermos sempre tão profissionais como o seu amado Daniel, papai. – Continuo.

— Daniel, para você entender, é o meio irmão delas. – Cora explica a Apenas Emma. – Digamos que antes de me conhecer, Henry teve suas aventuras. – Sei que Emma, não entendeu absolutamente nada, mas pela primeira vez na vida, limita-se a concordar sem questionar, até porque, está mais interessada em comer.

— Não sejam ciumentas. – Ele pede.

— Não somos. – Zelena responde.

— Não mesmo. – Concordo. – Além de sermos muito melhores do que seu preferido, não nos metemos com política e toda sujeira que isso envolve.  

— Por favor, meninas, não vamos entrar nesse assunto. – Não falamos muito sobre Daniel, apesar do mesmo ser parte da família e ter morado conosco até completar dezoito anos.

Ele sempre foi muito bemquisto pelos meus pais. Cora, sempre o tratou como um filho, mas mesmo assim, ele nunca nos deu uma verdadeira chance. Assim que pôde foi embora. Aparece raramente, e quando faz isso, é para de algum jeito, aborrecer meu pai. É por esse motivo que evitamos o assunto.

— Certo. – Zelena coça a garganta. – Vamos voltar a falar de Regina. Na verdade, vamos falar de coisas que se precisa fazer para conquista-la. – A retomada do assunto “Regina” me faz bufar. – Primeiro... - Levanta o dedo indicador. - Você não pode ser fácil. - Abro um sorriso debochado e balanço a cabeça negativamente.

— Gosto de pessoas fáceis... - Começo, enquanto brinco com o garfo. - Me poupam saliva, palavras bonitas e falsas e principalmente, tempo. - Levanto a cabeça, encaro minha irmã e pisco para ela.

— Cafajeste! - Meu pai acusa.

— Eu usaria a palavra "prática", mas cafajeste também serve. - Dou de ombros, sem me importar.

— Regina, querida, todas gostamos de ser conquistadas. - Minha mãe opina.

— Não me inclua nesse todas. Prefiro que me deem sexo, e que em hipótese alguma, me liguem no outro dia. - Você sabe que tudo vai de mal a pior, quando sua vida amorosa e sexual, viram assunto do almoço de domingo.

— Isso não se encaixa nessa situação. Estamos falando sobre quando você está apaixonada. - Rolo os olhos para Zelena.

— Então você está se contradizendo. - Acuso. – Primeiro, você fala sobre como me conquistar. Depois, fala que estou apaixonada. - Faço cara de interrogação. - Se estou apaixonada, significa que já fui conquistada, não acha? - Ela pensa a respeito, e sorri de um jeito que me faz ter vontade de estapeá-la.

— Você está? - Escondo meu rosto atrás da mão, enquanto me pergunto o motivo de ainda estar participando desse almoço.

— Está? - Meu querido pai também questiona.

- Está? – É a vez de mamãe.

— Não! - Esbravejo. - Eu não estou. Por que diabos voltamos a falar de mim?

— Querida... - A mão de Cora, afaga minhas costas. – Calma. Respira, inspira, e deixe que falem. Você sabe muito bem que se você não interferir, o assunto acabará logo, e podemos seguir em frente. - Dou de ombros.

— Tanto faz. - Encho minha taça de espumante, a esvazio e miro um ponto qualquer, enquanto a conversa sobre a minha pessoa segue adiante.

— Segundo... - A irritante, resolve continuar. - Papai, o que mais Emma, quer dizer, a pessoa que deseja conquistar Regina, deve ou não deve fazer? - Meu pai dando dicas de conquista. Está aí um ótimo serviço para aposentados.

— Deve cuidar dela, ouvi-la, e às vezes, aconselha-la. - Ao ouvir tal pérola, não consigo me manter indiferente.

— Puff... - Solto com o ar.

— Mas ela não pode perceber isso. - Continua com a bobagem. - Ela acha que não precisa de ninguém. Se acha durona, insensível, sem sentimentos. Mas isso não é verdade. Existe uma menina doce e encantadora por trás dessa... coisa. - Aponta para mim.

— Obrigada pelo "coisa". - Resmungo. - Se existisse mesmo essa "menina doce e encantadora"... – Faço cara de nojo. - Aqui, estaria nesse momento me fazendo de vítima e chorando horrores por ter sido chamada de coisa pelo meu próprio pai. - Ele pisca para mim e me manda um beijo.

— Mamãe, o que mais é preciso para conquistar a Coisa? - Seria completamente conquistada pela boa alma que desse cabo na minha irmã.

— A faça rir. Regina gosta que a façam a rir, gosta de humor inteligente. Você pode também ignorar ela, ela sempre gostou de quem a ignorava. - Quanta bobagem para um almoço só. E eu que pensava que almoçar ouvindo Taylor Swift, fosse um castigo.

— Isso se aplica na parte de ser difícil. - Zelena opina. - Emma, o que mais você acha que é preciso? - Apenas Emma que bateu recorde de silêncio até o momento, larga os talheres, e coça a garganta. Acabo olhando para o lado para assisti-la, e a vejo me espiando pelo canto dos olhos, antes de encarar Zelena e dar de ombros.

— Não ouvir Taylor? - Não tem muita certeza da sua resposta.

— Está aí a primeira coisa sensata que ouvi de toda essa baboseira. -Seus olhos param em mim e ela me sorri. - Dez com estrelinhas para você, Apenas Emma. - Também lhe sorrio. — Podemos mudar de assunto agora? - Peço educadamente a todos.

— Gosto do atual. - Zelena responde.

— Sabe o que me faria feliz? – Olho de Henry, para Cora. Os dois aguardam minha conclusão. – Que vocês me falassem que isso... – Aponto para Zelena. – É só uma piada de mau gosto. Que vocês me acharam na porta de casa, ficaram com pena e resolveram me adotar. Porque por mais que eu tente, é difícil de acreditar que nós duas temos um grau de parentesco assim tão alto. Vocês podem por favor me dizer isso? – Os dois balança a cabeça negando.

— Não, não podemos. – Mamãe finge tristeza.

— Infelizmente não. Isso, é mesmo sua irmã.  – Papai continua no mesmo tom. – Mas podemos dizer que vocês eram dois bebês incrivelmente feios.

— Verdade. Demorei até aceitar que tinham saído de mim. – Nada melhor do que pais sinceros, certo?

— Pelo menos elas não nasceram feias iguais. Ia ser mais difícil saber quem era quem. – O dialogo dos dois parece divertir Apenas Emma.

— Seria muita falta de sorte, além de ser irmã dessa daí, ainda ter que dividir o mesmo óvulo. – Comento.

— Seria muita sorte. Pensa, Coisa, você poderia não ter nascido o bebê mais lindo do mundo, mas poderia ter se tornado uma mulher linda, maravilhosa, alta e ruiva. E nem vou mencionar meus olhos. – Faço vomitar.

— Mas ao invés disso, optei por ter cérebro. – Pisco para ela, que me mostra a língua.

— Vocês são irmãs gêmeas? – Apenas Emma, questiona com um pouco de espanto.

— Infelizmente. – Nós duas respondemos juntas.

— Wow! Mas vocês não se parecem. – Olha de Zelena para mim, com certeza está tentando achar alguma semelhança.

— Deus foi generoso nessa parte. – Resmungo.

— Preciso concordar. – Assim que Zelena, para os olhos em Emma, sei que vai falar besteira. – Quem você acha mais bonita, sexy, sensual, Regina ou eu? – Põe a língua para fora e umedece os lábios, em uma tentativa frustrada de parecer sexy, tal coisa acaba me fazendo rir.

— As duas? – Ela tenta se esquivar.

— Não existe essa opção, querida. – Cora lhe fala. – Você pode escolher apenas uma. – Ela suspirar, me espia pelo canto dos olhos, então olha de relance para Zelena e concentra os olhos no prato.

— Vamos votar! – Meu pai sugere. – Eu voto em Regina. – Pisco para ele e lhe jogo um beijo.

— Sempre sábio nas escolhas. – Volto a lhe piscar.

— Puxa saco! – Zelena reclama.

— Você sabe que também é linda. – Tenta se redimir. – Mas Regina além de linda, tem um ar enigmático. Isso atrai as pessoas. – Por debaixo na mesa, chuto a canela da minha querida irmã, que me lança um olhar de dor e incredulidade.

— Aprenda com a melhor. – Deixo a dica.

— Mamãe? – Ela me ignora, e chama por sua defensora.

— Meu voto é em Zelena. – Mesmo o voto sendo óbvio, acabo rolando os olhos.

— Rá! – Zelena me olha com deboche. – Chupa! – Provoca.

— Se você não fosse minha irmã, eu pensaria a respeito. – Minha resposta a faz fazer cara de nojo.

— Você é nojenta!

— Regina, mais respeito! – Cora exige. Me limito a dar de ombros.

— Emma, por favor, desempate a votação. – Papai pede. – Regina, ou Zelena?  

— As duas. – Responde novamente.

— Sei que é difícil, assim como sei que você tem uma preferida. – Cora insiste. – Regina, Zelena, as duas de pé. Vamos deixar a menina analisar melhor. - Enquanto Zelena obedece, eu lanço um olhar zangado para Cora.

— O quê? Parem com isso. – Exijo.

— Anda logo, de pé. – Ordena.

— Me recuso.

— Regina, não me faça levantar e levar você até lá pela orelha. – Sua ameaça me faz rolar os olhos, bufar, e muito, muito contrariada, obedecer.

Tiro o robe, o jogo sobre a cadeira, e me junto a Zelena na beira da piscina. Nesse momento ela está fazendo caras e bocas, em uma tentativa de seduzir Apenas Emma. Já eu, estou de cara fechada, as mãos na cintura, e com a atenção de Apenas Emma, nas minhas coxas, que a camisola curta que uso, deixa bastante expostas.

— Vamos logo com isso. – Peço sem paciência.

— Agora você pode vê-las melhor. – Meu pai comenta com Emma, como se ela nunca tivesse me visto. Como se ela não perdesse os olhos em mim diariamente. Como se já não tivesse me visto no banho. Acho que ela já me viu de todos os jeitos possíveis, quer dizer, não todos, mas enfim, viu.

Como está bravinha comigo, provavelmente vai votar em Zelena, como se eu fosse me importar com essa brincadeirinha estúpida. Tenho espelho em casa, sei que além de mais inteligente, sou também mais bonita, e não é Apenas Emma, quem vai me fazer sentir o contrário.

— Zelena... – Papai aponta para a exibida, que volta a fazer caras e bocas, me fazendo rolar os olhos. – Ou Regina? – Baixo os óculos escuros e pisco para Apenas Emma.

Ela faz silêncio por um tempo, juro que quase posso ver fumaça saindo por seus ouvidos. Se der algum tipo de pane nela, vou fazer meus pais pagarem a estadia no hospital, e caso ela fique pior do que já é, vou com certeza processar os dois.

— Vamos logo, Apenas Emma, não temos o dia todo. – Resmungo.

— Temos sim, demore o tempo que quiser. – Zelena nasceu para me contrariar, tenho certeza disso.

— Então? – Mamãe é a mais ansiosa de todas.

— As duas são muito bonitas... – Começa com a voz baixa, um tanto insegura.

— Mas sabemos que você não pode escolher as duas. – Ela balança a cabeça, concordando com Cora.

— Regina. – Vai direto ao ponto.

Penso um pouco a respeito, a decisão para mim, inesperada, acaba me fazendo sorrir para ela, que me sorri de volta. Se toda minha família não estivesse aqui presente, iria até ela e agradeceria, mas como isso não é possível no momento, resolvo provocar Zelena.

— Rá! – Levanto os braços em comemoração. – Você poderia ter passado o dia sem essa, irmãzinha. – Debocho. – Além de mais inteligente, sou também a mais linda, mesmo trajando camisola, calçando pantufas, e com maquiagem ressaca. – Como Zelena nunca gostou de perder, ela me lança um olhar nada amigável. Seu rosto vermelho entrega sua raiva, o que me faz rir mais.

— Além de mais inteligente e mais linda, é também a mais molhada. – E antes que eu consiga pensar a respeito, já estou dentro da piscina.     

...

Depois do meu forçado banho de piscina, papai me acompanhou, ou melhor, escoltou. até meu ex quarto, como se de repente, a errada da história fosse eu, como se de repente, jurar vingança e fazer ameaças fosse algum tipo de pecado, como se de repente, eu fosse a filha desequilibrada da família, que empurra os outros para a piscina.

É difícil tentar se normal, adulta, em uma família de loucos. Não faz nem meio dia que estou aqui, e nesse tempo já fiz fofoca, provoquei minha irmã, caí nas suas provocaçõezinhas baratas, participei de uma votação idiota, fiquei feliz por vencer a mesma e fui parar na piscina. Com isso concluo que caso fique aqui um dia inteiro, provavelmente vencerei Apenas Emma, em todos os quesitos “criança crescida”.  

Enfim, como já fui contagiada, jurei a Zelena que me vingaria, mas com ela sob proteção, não me restou fazer outra coisa além de tomar um banho quente, deitar na minha velha cama e descansar um pouco.

Estava arquitetando alguns planos, quando o sono me venceu e me levou para as suas profundezas. Como tudo que é bom dura quase nada, a bunda que sentou sobre a cama, foi a responsável por me trazer de volta.

Mesmo sendo uma das pessoas mais sem sorte do mundo, mantenho os olhos fechados, tenho uma pequena esperança de que quem quer que seja, vá embora, mas é óbvio que não acontece.

Apenas Emma, tenho certeza que é ela quando sinto seus dedos enrolarem nos meus cabelos. De repente já não quero mais ficar sozinha, mas também não quero abrir os olhos, então torço para ter algo que até hoje só ouvi falar, sorte.

Ela suspira, seus dedos ficam imóveis, e eu sinto algo como, ansiedade. Não faço ideia do que pode estar passando pela cabeça dela. Talvez esteja pensando no quão difícil eu sou. Ou talvez esteja pensando no quão difícil uma relação comigo pode ser. Ou está pensando em Taylor Swift. Ou talvez nos livros sobre vampiros que anda lendo.

Enfim, existe um jeito bem simples de saber sobre isso, só preciso abrir os olhos, em seguida abrir a boca e perguntar. Cogito muito essa hipótese, mas como seus dedos voltam a alisar meus cabelos, decido “continuar dormindo”. Gosto do carinho que ela me faz, quase tenho vontade de ronronar.

— Você nem parece Zangada, quando está dormindo assim. – Solta com o ar. Tal comentário me deixa com vontade de rir, mas consigo me conter. Torço para que ela continue falando, porém não acontece.

Infelizmente para mim, ela tira a mão do meu cabelo. Com medo que ela vá embora, abro um olho para espia-la. A vejo ajeitado um travesseiro na cabeceira da cama, encosta as costas ali, joga os pés para cima do colchão, e abre seu livro adolescente.

Frustrada por um vampiro brilhante ter roubado de mim sua atenção, e o carinho que ela fazia em meus cabelos, resolvo parar de fingir.     

— Sabe, eu gostava mais quando você preferia conto de fadas. – Tira os olhos do livro e me olha. – Não que Edward Cullen, não seja uma, mas enfim... – Dou de ombros.

— Ele não é uma fada, é um vampiro. – O defende.

Me espreguiço, bocejo, volto a me espreguiçar e só então resolvo responde-la.  

— Que brilha como uma fada. – Vejo uma coisa que não estou acostumada a ver, Apenas Emma rolando os olhos.

— Você não deveria ficar falando mal das coisas que você não gosta. – Reclama, enquanto me olha emburrada. Tal coisa me faz rir.

— Não estou falando mal, estou falando sobre um fato.

— Eu não me importo que ele brilhe, e a Bella também não. – Volta a defender o seu mocinho.

— Certo, eu poderia lhe falar muitas coisas sobre a tal Bella, mas vou deixar você viver o momento. – Me olha sem entender. – Em que parte está? – Me mostra o livro.

— Já acabei esse. Só iria ler o final de novo. – Conta, e então suspira. – Eu não entendi algumas coisas. – Resmunga. Como aparentemente desistiu do livro, pego sua mão, e a levo até meus cabelos novamente. Ela entende meu pedido mudo e volta a afaga-los.

— Algumas palavras? – Nega.

— Palavras também, mas mais coisas. – Junto as sobrancelhas.

— Que tipo de coisas? – Volta a suspirar.

— Se ela gosta dele, e ele gosta dela, então por que ele não morde ela? Assim os dois podem ser vampiros felizes. – Meio que pergunta, meio que reclama, meio que conclui.

— Bom, para que possamos ter algum tipo de conversa sobre o assunto, eu não vou entrar no quesito: vampiros felizes. – Fico indignada só de pensar nessas duas palavras convivendo em uma mesma frase. – Por que ele não morde ela? – Coço a garganta enquanto organizo os pensamentos. - Porque se ele mordesse ela nesse primeiro livro, a autora seria menos rica. Já que não teria história para contar por mais três livros. – Essa é a explicação mais verdadeira, mas pelo jeito que me olha, ela quer a explicação emocional. Tal coisa me faz suspirar. – Ele não acha que seja bom para ela. – Apenas Emma balança a cabeça negativamente.

— Mas ele é. – O defende.

— Você não teria toda essa certeza se de repente, vampiros envelhecessem. Okay, não é exatamente por esse motivo que ele acha não ser bom para ela, mas vamos falar sobre. – E cá estou eu, em um domingo à tarde, falando sobre vampiros que brilham e se apaixonam. - Você consegue imaginar uma garota de dezessete anos, com um senhor de cento e poucos? – Questiono. - Imagina, ele lá, todo enrugado, sem dentes, todo tremendo, meio cego, meio surdo, declarando seu amor por uma menina. – Balanço a cabeça negativamente. - As pessoas não achariam isso certo. Na verdade, fariam um escândalo sobre. Tudo bem você ter mais de cem anos, e se apaixonar por alguém de dezessete, sendo que, seu rosto seja de alguém jovem, caso contrário, todos passam a achar errado e consequentemente, começam a julgar. – Ela parece pensar a respeito.  

— Talvez faça um pouco de sentido. – Murmura um pouco sem vontade. – Mas amor é amor. – Sua frase filosófica me faz sorrir.

— O que você sabe sobre amor, Apenas Emma? – Dá de ombros, e fixa os olhos na TV apagada.

— Não muita coisa. Só o que eu vejo na TV, e o que as minhas amigas falam. – Me conta. – De verdade mesmo, só o que eu sei é que dói. Em algum lugar aqui. – Põe a mão sobre o peito. – E deixa você triste. – Lamenta. – Não é culpa da Bella, o Edward, ter mais de cem anos. Também não é culpa dela, ele não ficar velho. Ela conheceu ele assim, e ela gosta dele assim. E isso é triste porque às vezes, ele não trata ela muito bem. E é triste quando você gosta de alguém, e esse alguém trata você assim. – Reclama. O silêncio se faz presente por algum tempo. Tento não pensar na mensagem sublimar que tem por trás de tudo que acabou de me falar. Me convenço de que está falando apenas sobre o livro. É mais fácil assim, é mais seguro assim.

— Não fique triste. – Tiro sua mão dos meus cabelos e me sento. Recosto as costas na cabeceira, e por impulso ou idiotice, ou ambos, a puxo para mim, fazendo com que deitei a cabeça em meu ombro. – No final, dá tudo certo para a sofrida Bella. – Lhe garanto.

— No final, dá tudo certo para as pessoas que amam e não são tratadas muito bem? – Sua nova pergunta traz mais silêncio. Penso em algumas respostas, mas todas muito complexas, que exigem várias explicações, e uma conversa que não estou disposta a ter.

— Depende do ponto de vista. – Me esquivo.

— O que isso significa? – Levanta a cabeça e fixa os olhos no meu rosto. Sem muita certeza, resolvo lhe encarar. Por um tempo ficamos apenas nos olhando, até que resolvo responder.

— Eu não sei. – É tudo que posso dizer.

— Você sempre sabe de tudo. – Insiste, os olhos presos nos meus.

— Quem me dera. – Esboço um sorriso. – Sei sobre coisas escritas, leis, sobre o que posso provar, sobre o que posso questionar. Infelizmente o futuro não se encaixa em uma dessas coisas. – Explico.

— Quem sabe sobre isso então? – Dou de ombros.

— O tempo. Só o tempo pode responder algumas perguntas, Apenas Emma. – Solto com o ar. – Talvez toda a situação, seja difícil para o Edward, também. Talvez ele não saiba a melhor maneira de lidar com tudo. Talvez ele também não entenda muito sobre o amor. – Sim, nesse momento também não estou falando só sobre o Edward, estou a imitando, e deixando nas entrelinhas.

Ela solta um suspiro frustrado. Vendo que não tenho sua resposta, ou pelo menos, não tenho a resposta que ela quer ouvir, decide parar de me encarar e volta a deitar a cabeça em meu ombro. Dessa vez vai além, e passa os braços em volta da minha cintura, abraçando-se a mim.

– Já estamos de bem? – Resolvo mudar de assunto.

— Já. – É tudo que me responde.

— Não está mais magoada comigo?

— Não, mas será que você pode ser sempre assim, como foi hoje? – Pede.

— Não posso lhe prometer isso. – Meu indicador cutuca seu nariz. – Mas prometo tentar. – Dou minha palavra.

— Okay, tentar já é alguma coisa. – Sorrio e concordo.

— Acho que é. – Um silêncio bom toma conta do quarto, enquanto a parte irritante do meu eu, tenta entender o que está acontecendo aqui. Quer dizer, o jeito como ela está abraçada a mim, o jeito como as costas da minha mão acariciam seu braço. A conversa um pouco subliminar que tivemos. O que o meu eu bêbado, falou para ela na noite de ontem. Como me sinto à vontade, estando aqui com ela desse jeito. Nada disso deveria ter acontecido, ou estar acontecendo, certo? Tanto faz, não estou disposta a pensar sobre isso agora, e ainda menos disposta a sair do lugar em que estou. O tempo, Regina, deixe ele, não queira se adiantar a ele, apenas, viva esse momento, sem pensar no que deveria ou não.

Demi Lovato - Give Your Heart A Break

— Regina? – Volta a levantar a cabeça, e seus olhos volta a procurar pelos meus. Não sei exatamente como aconteceu, mas ao fazer tal coisa, seu rosto acabou ficando muito próximo ao meu. Tão próximo que meus olhos são imediatamente atraídos por seus lábios. E que lábios! Eles parecem tão, tão... tão beijáveis, tão mordíveis, tão macios, tão... disponíveis.

— Hum? – É o som que consigo emitir, enquanto continuo admirando, e pensando se devo beijá-los, ou não. Quer dizer, nós brigamos ontem. Eu meio que a mandei embora. Depois pedi para ficar. Depois concordamos que nada deve acontecer. Aí teve o dia de hoje, e ele foi tão leve. E agora nós estamos aqui nessa situação, e existe essa vontade, esse magnetismo, então no momento, sim, eu quero esquecer o que concordamos e beijá-la, e pelo jeito como me olha, tenho certeza que é o que ela também quer.

Pela primeira vez, é diferente de como costuma ser. Não quero beija-la porque fui provocada, porque ela me excitou, ou provocou, quero beija-la porque sim. Porque existe esse sentimento, essa vontade, o desejo. Quero beijá-la porque nesse momento, ela não é nem a menina, nem a mulher, é um meio termo. É alguém com medos, e traumas, e decepções, assim como eu. Alguém que não sabe que caminho seguir, também assim como eu.

Ela poderia me dizer tantas coisas. Por exemplo: “me beija”. “Me beija muito”. “Me beija com vontade”. “Me faça sua”. Poderia até repetir meu nome, só isso já seria suficiente, mas como ela é muito ela, é claro que não segue o meu script.

— Podemos assistir Crepúsculo, quando chegarmos em casa? – E do mesmo jeito que em um piscar de olhos fez o feitiço, o desfez com esse pedido.


Notas Finais


Não é fácil ser a Regina, é? Quando não tem ninguém para atrapalhar, Apenas Emma não colabora. Assim não dá pra defender, Emma!!! Coitada da Regina, ainda tem que chegar em casa e assistir Crepúsculo, hahahah...
Então, no próximo capítulo, o famigerado beijo, sai, em nome de Jesus, aleluia. E enquanto ele não vem, conto com os comentários de vocês. Me digam, o que acharam? O que esperam? E o que espera pela Regina? Conto com vocês!

Beijos!!!


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