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História Encontro Marcado - O seu problema é nosso problema


Escrita por: JehCalazans

Capítulo 3 - O seu problema é nosso problema


Fanfic / Fanfiction Encontro Marcado - O seu problema é nosso problema

Raul resolveu passar em casa. Tinha usado seu filho e esposa como desculpa para escapar um pouquinho do trabalho, mas na verdade, queria saber se Gema tinha conhecimento do problema de Emília. Então, depois do almoço com Bernardo, se dirigiu para a sua modesta e pequena mansão nos arredores da Barra. O cheiro de rosas era inebriante, por causa do singelo jardim que Gema cuidava com esmero. Sem fazer nenhum barulho, adentrou. A mansão Sartorini Fontana era belíssima. Por fora, pintada de uma cor clara, quase salmão. Estilo colonial americano, dando um ar de certo refinamento. Por dentro, os tons dos cômodos eram leves indo do branco ao claro amadeirado. O lugar era arejado pela enorme quantidades de janelas que se mantinham abertas pela manhã, deixando o interior da residência ser banhado pelos raios de sol.

 

No hall de entrada, tentando não fazer barulho, Raul tirava seus sapatos e os abandonava em  algum lugar por ali.

 

Na cozinha, Gema preparava ao almoço de Pedro. Tinha as bochechas coradas, seja por estar próximo ao fogo, seja pelo esforço físico já que hoje a empregada teve que se ausentar, e a loira teve que dar conta dos afazeres domésticos. Tão concentrada, mal notara Raul a fitando com tanta admiração e carinho

 

— Tudo bem, meu amor, eu aceito a missão de alimentar o nosso pestinha – Sugeriu Raul se fazendo notar, dando um leve susto em Gema

 

— Raul!! Achei que pelo horário você nem viesse mais – Ao se recuperar do susto, se aproximou do mulato, o cumprimentando com um selinho singelo, que tornaria algo mais se não fosse Pedro a interromper

 

— Papai, papai – Na cadeirinha, Pedro batia palminhas animado só em ver o genitor –

 

— Desculpa, fui almoçar com seu irmão – Raul se afastava da loira, beijando-lhe a tez macia, voltando os olhos para o filho  – E você rapaz ? Como está o meu pequeno grande homem ? – Finalmente o médico dava atenção que filho exigia, lhe dando um carinhoso beijo no topo da cabeça, enquanto bagunçava as mechas em tom castanho dourado

 

— Algum problema no trabalho? – Gema parecia preocupada enquanto deixava que Raul ocupasse seu lugar, entregando o prato com a papinha de Pedro. E logo se sentava sobre a mesa para observar seu marido e filho juntos, um passatempo que adorava.

 

— Antes fosse. Ele e Emília estão passando por alguns problemas – Raul  confidenciava, enquanto fazia caretas ao filho, que ria e abria a boca a cada colherada.

 

—  Vião, papai, vião –  

 

— Ah é? Que tipo de problema? – Gema estava cada vez mais curiosa

 

— Ele acha que Emília está escondendo algo. Disse que ela está diferente, parece triste na maior parte do tempo – Raul  respondia com um semblante um pouco preocupado, porém. sem deixar de sorrir enquanto distraía Pedro com os “aviões”

 

— Hum.. e o que você disse ? –

 

— Nada, fiquei de marcar um encontro só nosso, como antigamente. Sei lá, reacender boas lembranças – Pedro girava os olhinhos do pai à mãe, como se estivesse atento a conversa

 

— É, é realmente chato. Mas tenho certeza de que tudo vai se acertar com o tempo – Gema demonstrava seu otimismo, enquanto babava ao admirar o marido cuidar do pequeno. Era sempre uma cena tão linda… Aquecia seu coração, de tanto amor...

 

— Você está sabendo de alguma coisa, Gema? –  Raul finalmente soltou a pergunta, fitando seriamente os olhos  da loira.

 

— O que? Eu? É claro que não, Raul – Era possível notar certa tensão no tom de voz de Gema ao responder

 

— Diinda ligô, papai, diinda ligô – Pedro sem saber, dedurava a mãe, arrancando gargalhadas de Raul. Se ele não entendia o que falavam, com toda certeza sabiam que falavam da sua idolatrada  “diinda”

 

— Ta certo – Disse Gema com tom falsamente derrotado –  Já que o pivetinho me dedurou confesso que também tive uma conversa com Emília hoje, e por mais que eu queira, não posso lhe contar. É intimidade dela, ela confiou em mim, sei que irá  me entender. E assim, como você, me sinto de mãos atadas. Não podemos fazer muita coisa, meu amor, acredite – Ela forçou sorriso pequeno, apesar de seus belos traços esboçar a mesma preocupação que seu marido sentia.

 

Raul apenas assentiu, compreendendo, mesmo a contragosto. O assunto se tornou outro, que não os compadres. Ora conversavam, ora riam pelas pérolas de Pedro.  Antes de voltar ao trabalho, Raul ainda aproveitou para ninar o filho, colocando-o para tirar uma pequena seresta.

 

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Depois do almoço, Bernardo voltava para o Hospital, tinha conversado com Raul e se sentia um pouco mais leve. Todo casal tinha sua crise, era natural, mas com o tempo, as coisas iam se resolver, hoje mesmo chegaria em casa mais cedo. Perguntou a Dorotéia se alguém tinha procurado por ele, deixado recado ou algo do tipo. Mas a secretária somente informou sobre o telefonema do sócio majoritário do hospital, deliciando-se com expressão frustrada do Sartorini por não ser a resposta que ele esperava.

 

Ao entrar na sala, Bernardo eliminou as papeladas sobre a sua mesa  e resolveu retornar a ligação do Senhor Luis Carmosino, que apesar de ser filho de um dos fundadores do hospital, fez sua própria fama e renome  sendo um dos melhores neurocirurgiões da cidade, seu nome ainda corria pelo hospital, mesmo aposentado. Hospital onde conheceu,  sua falecida esposa, Matilde

 

—  Doutor Carmosino? Aqui é Bernardo Sartorini. Minha assistente me informou sobre sua ligação –

 

— Bernardo, meu jovem, deixe disso! Luis para você –  Por mais que o chefe tentasse tirar essa formalidade entre eles, Bernado sabia que no local de trabalho, essa formalidade era devida. Ao ouvir a risada do diretor no outro lado da linha, Luis acabou sendo contagiado, rindo também  –  Mas eu liguei sim. Sabe aquela operadora internacional de saúde que queríamos fazer negócio? Pois bem, finalmente consegui! –  

— Nossa, estou sem palavras! O Senhor sempre tentava negociar com o Doutor Ventura, mas o homem era inflexível –  

 

—  Pois é, meu caro!  Mas como sabe, ele morreu há algum tempo, e quem assumiu as rédeas foi o filho Bento que é bem mais razoável. Ele e a madrasta Vitória estão resolvendo algumas pendencias no exterior e devem chegar hoje a noite no Brasil. –

 

— Isso é muito bom, eles pretendem mesmo fechar o negócio? –

 

—  Sim, sim!  É o principal motivo da minha ligação. Amanha mesmo farei um pequeno jantar, uma reuniãozinha íntima onde vamos decidir sobre algumas cláusulas e cálculos, e quero você presente, quero resolver tudo antes da sua viagem para a Espanha -

 

—  Claro que sim, pode contar comigo. E foi bom mesmo o Senhor ligar. Viu o memorando que lhe enviei do Doutor Queiroz? São acusações graves, só espero sua decisão para dispensá-lo. Posso ir na sua casa hoje a noite para tratarmos disso se quiser  –

 

— Meu caro, você adivinhou meus pensamentos. A demissão até vem até a calhar. Doutora Vitória é excelente obstetra, quer trabalhar por mais alguns meses, mais ou menos um ano antes de se aposentar. Estou pensando nessa possibilidade. Se bem que a conheço, e suponho que ela não aceite para não achar que está sendo beneficiada pelo convênio –

 

—  Sim, se essa é sua vontade. Vou esperar para ver como vai ficar resolvido esse convênio. Se a Senhora Vitória concordar, excelente! Qualquer coisa abro vaga. Só não o dispenso agora porque não quero sobrecarregar o setor, ainda amais agora com a Doutora Salomé de licença –

 

—  Perfeitamente, meu jovem, perfeitamente!  Bom, não vou mais alugá-lo. Conto com você, Bernardo! Traga Emíla se puder, as noções que ela tem sobre as leis serão primordiais –

 

— Certamente, conte conosco. Passar bem, Doutor Carmosino – Encerrara, dando fim a ligação.


 

Mais animado, o humor de Bernado melhorara consideravelmente, até se esqueceu do “pouco caso” de Emília, que costumava ao menos ligar quando não almoçavam juntos. Mesmo assim, Bernardo até resolveu chegar em casa mais cedo para comunicar a esposa do jantar, antes que a dama de ferro marcasse outro compromisso na sua agenda já cheia. E é claro, um dia todo sem sequer ouvir sua voz, estaria morto se saudasse matasse. A pena é que ele nem desconfiava das armações de sua secretária e motorista. Ele nem sequer suspeitava que Dorotéia e Alfredo tinham traçado outros planos para o ele esta noite.



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