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História End of the day - 2 - Right place at the wrong time


Escrita por: signof_thetimes

Notas do Autor


Boa leitura ♡

Capítulo 45 - Right place at the wrong time


Fanfic / Fanfiction End of the day - 2 - Right place at the wrong time

Pov Harry

 

A rotina sobre gravar músicas era bem curiosa as vezes. Eu entrava na cabine, fazia uma, duas, três vezes, saia da cabine, me jogava no sofá, ouvia o que havia gravado, ouvia os comentários, voltava para a cabine. 

 

As vezes, entre uma parte e outra, eu conseguia fazia uma piada ou morder um pedaço de pizza.

 

Mas naquele dia eu soube que seria diferente assim que a vi entrar pela porta. 

 

-Oi tia, porque está tão quieto hoje? 

 

Sentado no sofá, inclinei meu corpo para frente para vê-las melhor. Estavam  a uma certa distância de mim, os caras do meu lado rasparam a garganta, se silenciaram. 

 

-É porque... eu ia te ligar e... 

 

Percebi certa dificuldade na voz da Mary. Desviei o olhar e fitei o chão, não era para ela ficar sabendo assim. 

 

Mary esticou o braço esquerdo e entregou a bomba nas mãos da Bianca, onde tudo o que eu conseguia olhar era o seu rosto até então tranquilo. 

 

Tranquilidade essa que foi embora em questão de milésimos de segundos. 

 

De repente, ainda daquela distância, eu podia ver suas mãos tremendo e seu rosto cada vez mais com a coloração avermelhada. 

 

Seus olhos impiedosos haviam se encontrado com os meus, pegando fogo. Capazes queimar quem quer que fizesse contato por mais de três segundos. 

 

Desviei. Me levantei. 

 

-Eu te dei folga hoje, não queria que viesse aqui. 

 

Falei em tom normal. Suas veias enrijecidas do pescoço me diziam que ela havia escutado bem.  

 

-Para quê? Para me mandar uma mensagem sobre isso? -a vi levantar o papel ao mesmo tempo que levantou o tom de voz- Para mandar alguém me mandar mensagem sobre isso? 

-Ninguém está gritando com você então por favor... 

-Eu estou vendo que ninguém está gritando. -interrompeu me fazendo fitar o chão- Eu saio normalmente e quando volto é isso que me espera? 

 

Silêncio. 

 

-Oh agora ninguém quer falar? -gritou- Eu saio, eu faço tudo ao meu alcance, eu faço tudo o que você me pede, e é assim que sou recebida? Com uma demissão por escrito? Espontânea? 

 

Ela segurava o papel tão forte em suas mãos trêmulas que já era possível vê-lo parcialmente amassado. 

 

Seu corpo estava rígido, a pele quase arroxeada, a boca cuspindo palavras sem qualquer pudor. 

 

-Eu te odeio tanto, eu te odeio tanto! -apontava para mim em meio aos gritos- Você é tão idiota por fazer o que faz, por fazer tudo por ela, por jogar fora quem realmente quis algo. Diga alguma coisa! Me dê uma explicação!

 

Sua voz fazia eco em todo o estúdio. Não me mexi, ela sabia exatamente todos os motivos que me levaram aquilo. 

 

-Oh não vai? Não vai falar nada? Você vai sim, vai sim Harry. 

 

E foi quando nós a vimos perder o controle. Sem soltar o papel, Bianca correu de um lado e agarrou o primeiro objeto que viu pela frente do outro: um vaso de porcelana com belas margaridas que Lauren havia me dado outro dia. 

 

Sem tempo para calcular, fez força e o jogou contra mim, se despedaçando e fazendo um estrondo na parede. 

 

Me levantei ofegante olhando para o estrago e então para ela. 

 

-Você está louca? 

-Eu te odeio tanto! Eu poderia te matar! Você acabou com a minha vida de novo! 

 

Ela berrava atirando desta vez seu celular e bolsa contra mim. 

 

-Harry sai daqui! 

 

Mary gritou assustada, dei dois paços até Bianca sem desviar o olhar. Eu não tinha medo, eu sentia raiva. 

 

Todas as minhas anotações e mudanças daquele dia estavam no chão com ela berrando por cima, pulando, atirando tudo o que via pela frente. Por sorte nenhuma havia me acertado. 

 

-Eu poderia matar você e Lauren! David merecia ser honrado! Eu te odeio tanto! Você só me diminui!

 

Bianca se virou para pegar qualquer coisa que estivesse em cima da mesma deixando brecha para que eu agisse mais rápido. A peguei por trás e a segurei com toda a minha força. Força que até então nem eu sabia que tinha. Mary gritava. 

 

Como primeiro reflexo ela me segurou forte pelos braços, se debatendo, balançando o cabelo no meu rosto, berrando. Tudo acontecia muito rápido.

 

-É isto que eu faço com esta merda!

 

Pude ver de relance ela picotar o papel que tinha em mãos. Picotando em um milhão de pedacinhos. 

 

-Para! Bianca, para!  

 

Era tudo o que Mary conseguia dizer. A apertei mais forte a medida que comecei a cambalear para trás devido à força que ela colocava contra mim. 

 

-Me solta! Eu vou te denunciar! Me solta! 

 

De repente seus dentes vieram até o meu braço esquerdo, arrancando um pedaço. 

 

A soltei sem qualquer cuidado, gritando de dor. Imediatamente coloquei minha mão sobre o local mordido, tentando amenizar a dor ou o sangue apesar de saber que não resolveria. Eu podia sentir o suor frio escorrer pela minha testa. 

 

-É isto que eu faço com você também! 

 

Ela pegou, se distanciou, mirou e por um segundo de diferença não havia me acertado. Bill entrou no estúdio quase que derrubando a porta, a pegou pelo braço que estava prestes a me acertar, a pendurou contra o seus ombros e costas e saiu em completo silêncio. 

 

Esfreguei o braço na minha própria camiseta, deixando uma mancha de sangue e corri atrás. Ouvi Mary dizer algo sobre eu não ir, sobre eu ficar quieto, mas eu sabia que não poderia confiar. 

 

Desci correndo pelas escadas, com a mão sobre a mordida que sangrava ardendo, e Bill literalmente a deixou na porta da rua. 

 

Bill era maduro, sério, nada maleável, tinha um porte físico robusto e era calado. Uma muralha. 

 

-Essa garota está proibida de entrar neste prédio, entendido? -apontou-

-Entendido. Sim senhor.

 

Os porteiros responderam quase que de imediato, apavorados. Pelo olhar deles, nada nem parecido havia acontecido antes. 

 

Seu rosto estava preto por conta de toda a maquiagem que havia escorrido com suas lágrimas de ódio. Estava fora de si, medonha e irreconhecível.

 

Andei até a porta, a vi sorrir largamente para mim e correr até uma câmera que estava de prontidão. 

 

Sempre havia pelo menos uma câmera em baixo do estúdio, já não era nenhuma surpresa. Geralmente eles vinham em três ou em quatro; mas naquele dia e por sorte, só havia um. 

 

Ela parou de frente para ele, passou as mãos no cabelo, limpou a maquiagem escorrida e com a manga do casaco limpou a boca. Sorrindo. 

 

-Grave! Grave! 

 

Disse olhando para mim e voltando para a câmera. Bianca jogou todo o cabelo para frente e raspou a garganta, se certificando que sua voz não falharia.

 

-Rua dez, conjunto A, casa duzentos e sete. Casa de dois andares, branca, com varanda, alto padrão. Harry Styles mora lá, podem ir. Já estive lá, sei do que estou falando.

 

Ela fez sinal com as mãos e a primeira coisa que o cara fez foi pegar o telefone. 

 

Só havia uma coisa em minha cabeça agora: Lauren. 

 

Voltei para o interior do prédio correndo e subi as escadas mais rápido do que desci. Aquilo não era justo. Passei pela porta do estúdio já escancarada e senti Mary me parar no meio do caminho. 

 

-Deixe eu te ajudar, está sangrando um pouco!

-Espera! 

 

Gritei por impulso. Meus olhos só procuravam pelo meu celular. O peguei de qualquer jeito, o desbloqueei de qualquer jeito e digitei o número dela impacientemente. Desesperado. Eu podia ouvir as batidas do meu coração acelerado em algum lugar do meu cérebro. 

 

... 

 

Pov Lauren 

 

Meu celular começou a vibrar frenético na bancada, me fazendo bufar pelo momento inoportuno. 

 

Fechei a torneira, sequei as mãos de qualquer jeito no paninho branco e atendi sem olhar o nome na tela.

 

-Lauren você está em casa? Você está em casa? 

-Harry oi, estou mas o que... 

 

Notei sua voz ofegante, balancei a cabeça negativamente.

 

-Sai daí agora. Agora Lauren. Não pegue nada, não dá tempo, apenas saia e vá para a casa de alguém ou para um lugar seguro. 

 

De repente eu também estava ofegante. 

 

-Harry, o que está acontecendo? Você está bem? 

 

Falei já correndo pela casa procurando por um sapato. Haviam lágrimas em meus olhos.

 

-Eu estou bem, mas agora você precisa sair daí. Eu te ligo. 

 

O tipo de coisa que te deixaria apavorada. Literalmente enfiei meu pé num tênis branco, puxei um casaco do armário, coloquei meu celular no bolso da calça jeans e corri até a porta, trancando-a e fazendo o mesmo com o grande portão. 

 

Quando você namora uma pessoa famosa, uma pessoa amada, uma pessoa importante, você precisa entender que nada é impossível. Que não existe uma linha entre o seguro e o não seguro. Que se alguém diz “vai”, você apenas vai. 

 

Coloquei as chaves no mesmo bolso que o celular e atravessei a rua correndo, sem olhar para os lados. 

 

Eu não sabia do que estava fugindo. Eu sequer sabia se estava fugindo de alguma pessoa. Eu não sabia se eu estava fugindo de um terremoto, de um tiroteio, de fãs, de assaltantes, eu não sabia. 

 

Eu não sabia se queriam meu corpo, minhas coisas, meu dinheiro, minha família, minha casa. Minha quase casa. Eu apenas corri entre os carros e entre as pessoas.

 

Corri sem qualquer força nas pernas, com a garganta seca e o coração pesado. Diminuí um pouco o passo poucos metros à frente e entrei no lugar mais seguro que pensei naquele momento. Momento em que eu não pensava em nada a não ser me esconder de alguma coisa.

 

Entrei num mercado para casas, onde vendiam tudo para a construção ou reforma da sua casa. Lugar já conhecido por Harry e eu. Vesti o casaco maior do que meu corpo, passei meu cabelo para o lado esquerdo e me alojei atrás da grande porta abre-fecha de vidro. 

 

Eu via lá fora, mas ninguém me via. 

 

Com o peito subindo e descendo por conta da respiração falhada, puxei meu celular de volta para minhas mãos. 

 

Selecionei o aplicativo de carros várias vezes, clicando tantas vezes até que travasse completamente. Naqueles momentos, tudo sempre daria errado. 

 

Quando finalmente abriu, depois de eu selecionar freneticamente, apareceu na tela sem brilho que eu precisaria ligar a internet móvel primeiro.  

 

-Droga! Droga! 

 

Deixei escapar. Minimizei tudo, liguei a internet móvel e voltei para o aplicativo. Meus dedos tremiam em vida.

 

-Para onde vou? -olhei a minha volta- Um lugar seguro que ele me encontre?

 

Pensei. 

 

-Linz! 

 

Foi o momento de pensar nela e olhar para frente para que eu descobrisse do que estaria fugindo. 

 

Como um passo de mágica, como um tropeço irreversível do destino, eu vi a casa do Harry ser descoberta. 

 

Eu vi a casa dele ser descoberta da maneira mais assustadora, diante dos meus olhos. 

Da maneira mais invasiva. 

Da maneira mais egoísta. 

Da maneira mais fria. 

 

Eu me vi chorar em agonia. 

 

O lugar que chamávamos de “nosso”, o lugar onde ríamos, onde fazíamos café da manhã repleto de guloseimas, onde tínhamos uma cama quentinha, onde nos escondíamos, estaria deixando de existir. 

 

Naquele momento, vendo todas aquelas pessoas no nosso único lugar, a ideia de fato de ter um lugar parecia soar tão bem.. Eu percebi que gostava do pensamento de estar fechada, até que não pudesse entrar mais ar. Eu percebi que gostava de ter aquela certeza todos os dias pela manhã, até que não houvessem mais saídas.

 

De repente, nós não dançávamos mais. 

Tudo o que queríamos era que desse certo. 

 

Alguma vez.


Notas Finais


Como você reagiria?
Até a próxima ❤️


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