História Enganando Boninho - 09

Nada como uma boa confusão para esquentar as espectativas de uma festa, e aquele sábado a casa mais vigiada do Brasil não fez feio nesse quesito. Depois do surto de Gil, que foi prontamente acalmado por Sarah e Juliette, ainda teve briga entre Karol e Camila — da qual Camila felizmente saiu como vencedora.

Sarah não sabia o que esperar da festa com os ânimos tão acirrados. Sinceramente, ela estava preocupada com o jeito explosivo de Gil, afinal ele tinha informações importantes sobre o jogo da líder e não podia sair por aí espalhando no calor da emoção. Já Juliette era muito boa em guardar o jogo de Sarah — agora que era sua aliada direta na armação estava melhor ainda nesse sentido.

O problema de Juliette era outro: a atração que ela exercia sobre Sarah. Estava cada vez mais difícil lutar contra aquela eletricidade que corria entre as duas quando estavam juntas no mesmo ambiente. Depois do quase beijo na piscina, Sarah se certificou de estar sempre rodeada de gente até a hora de se arrumar para a festa.

Assim que chegou no quarto do cordel, Sarah agradeceu mentalmente por Juliette estar ocupada fazendo a maquiagem de Thais. Como o quarto do líder ficava inacessível durante a decoração da festa, ela teria que se trocar ali mesmo, e tirar a roupa na frente de Juliette sempre parecia uma tarefa arriscada porque a morena não tirava os olhos dela.

Sarah abriu a sacola que a produção enviara com o figurino da festa e teve uma surpresa positiva: ela tinha recebido um vestido preto — sua cor favorita — com alguns brilhos e uma fenda na perna. Ela agradeceu mentalmente aos responsáveis pela seleção, até porque as roupas das outras sisters estavam especialmente horrendas aquela noite.

A loira tirou rapidamente a roupa e puxou o vestido do saco plástico. Juliette estava tagarelando sem parar com Thais até aquele momento quando, de repente, sua voz desapareceu. Sarah se sentiu observada e um calafrio passou por todo seu corpo.

— Juliette! Você borrou tudo — disse Thais, indignada.

Juliette ficou toda desconcertada e rapidamente pegou um lenço demaquilante para ajeitar o delineador nos olhos de Thais.

— Foi mal, amiga.

Sarah ignorou as batidas rápidas do seu coração ao pensar na possibilidade de ser o motivo da distração. Rapidamente, ela terminou de colocar o vestido e então percebeu que não conseguia alcançar o fecho nas costas.

Ela procurou a pessoa mais próxima (e inofensiva) para pedir ajuda.

— João, me ajuda aqui por favor?

João Luiz prontamente se levantou da cama para fechar o zíper, quando uma mão intrusa deu uma palmada na sua. Era Juliette, que num piscar de olhos apareceu ali.

— Deixe que eu faço isso, que eu tenho experiência em arrumar essa loura.

João deu uma risadinha e tentou trocar um olhar significativo com Thais, mas a sister estava furiosa ao ser abandonada por Juliette no meio da maquiagem. Juliette não parecia muito preocupada, pois agora sua atenção integral estava no vestido aberto de sua namorada de mentira.

Sarah viu a seriedade nos olhos de Juliette pelo reflexo do espelho do quarto quando a paraibana se aproximou. Ela hesitou alguns segundos antes de segurar o zíper com uma mão e as partes abertas do vestido com a outra. Juliette subiu o zíper lentamente, como se quisesse prolongar a tarefa ao máximo, e Sarah se pegou imaginando como seria se ela fizesse exatamente o contrário...

A loira virou de frente para Juliette, antes que os pensamentos pudessem alcançar aquele sonho que não saia mais de sua cabeça.

— Obrigada — disse Sarah rapidamente.

— Tu tá linda — comentou Juliette em um tom baixo, fazendo as pernas de Sarah tremerem.

— Você também.

Elas sorriram enquanto se olhavam, como se ninguém mais estivesse naquele quarto. O que, infelizmente, não era o caso.

— Ahhhh, meu ship! — disse Viih Tube, animada.

— Todo mundo é seu ship, amiga — rebateu Thais, ainda irritada, brigando com o delineador.

Viih ignorou o comentário da amiga e fez um coração com as mãos para Sarah e Juliette.

— É que vocês são muito fofas juntas.

Juliette ficou um pouco sem graça com o comentário e Sarah decidiu tomar as rédeas da situação. Ela ofereceu a mão para a morena e indicou a porta do quarto.

— Vamos pra festa?

Juliette concordou e puxou Sarah pela mão em direção à ala externa da casa.

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Depois de dançar muito ao som de Daniela Mercury, os participantes do BBB se espalharam pelo jardim em busca de comidas e bebidas para recuperar as energias. Enquanto Juliette foi fazer drinks para o grupo, Sarah e Gil atacavam a mesa de comes, pegando um pouco de cada coisa disponível.

— Mulher, esse show foi em sua homenagem — disse Gil enquanto se servia de um pedaço de salmão.

— Como assim? — perguntou Sarah, confusa.

— Daniela é ícone sapatão — ele completou dando risada. Sarah acompanhou com uma gostosa gargalhada.

— Até parece!

— O povo deve estar amando você e Juliette lá fora. É tão perfeito que parece até que foi armado.

Sarah congelou com a pinça na mão e arregalou os olhos para Gil.

— Se eu não conhecesse vocês, também ia achar isso — ele continuou, sem perceber o desconforto da amiga. — Mas esse crush de Juliette em ti é antigo. E tu nunca me enganou quando falou que era hétero.

Sarah respirou aliviada e retomou suas atividades diante do buffet. Gil era muito inteligente, mas realmente tinha uma certa dificuldade em ler as pessoas.

Ou será que ele estava certo pela primeira vez?

— Ela tinha crush no Fiuk, não em mim — diz Sarah.

— Coisa besta de fã. Ela nunca olhou pra ele do jeito que olha pra você, parecendo que quer tirar sua roupa.

Sarah deu um tapinha em Gil com a pinça.

— Deixa de cachorragem, Gilberto, que nem todo mundo é igual você.

— Vai dizer que a senhora nunca pensou nisso? Em dar uns pegas embaixo do edredom?

Sarah olhou para Juliette, que estava encostada no bar enquanto fazia os drinks. Ela usava um vestido curto que mostrava suas pernas e tinha um decote baixo, valorizando seus seios firmes. Os cabelos estavam soltos, brilhantes, praticamente implorando para que Sarah passasse os dedos pelos fios...

— Não precisa nem responder, que tu já te entregou — disse Gil ao acompanhar o olhar sedento da amiga. — Pode deixar que hoje em durmo na casa e deixo o quarto do líder pra vocês.

— Não, amigo — retrucou Sarah, subitamente nervosa. — Não precisa. Eu quero que você fique confortável.

— E eu quero que você libere essa tensão, que só siririca não vai fazer milagre.

Com isso, Gil pegou seu prato e se afastou. Sarah olhou para a comida em suas mãos e percebeu que havia perdido a fome. Pensando bem, ela andava bastante tensa com todas as brigas dentro da casa e a pressão da prova do líder, além da aproximação do dia da votação. Não seria ruim ter uma forma de extravasar... Principalmente se não envolvesse mais seus dedos e a imaginação.

Ela se voltou novamente para Juliette e franziu o cenho com a cena que viu: a morena estava no bar conversando com Fiuk, rindo muito de alguma coisa que ele falou. Os dois andavam muito próximos e agora o cantor era presença diária no quarto da líder, sempre com valiosas informações de jogo... E olhares suspeitos para cima de Juliette. Apesar da conversa que as duas tiveram na piscina, Sarah não estava completamente convencida de que a relação deles era platônica. Poderia até ser para Juliette, mas ninguém sabia das verdadeiras intenções de Fiuk, que tinha dispensado Thais semanas atrás.

Quando deu por si, Sarah já estava no meio da pista de dança, o prato de comida há muito esquecido em cima da mesa do buffet. Ela terminou de atravessar o caminho até o bar, ignorando o chamado de Gil para dançar, e se posicionou entre Fiuk e Juliette.

— Dá licença — disse rispidamente para o cantor antes de atacar a boca de Juliette.

Como da primeira vez que se beijaram, Sarah tomou a iniciativa e deu o ritmo da carícia: urgente, quente, intensa. Juliette tomou um susto que durou alguns segundos para se dissipar e prontamente se entregou ao beijo que tanto desejara nos últimos dias.

Sarah manobrou Juliette até o balcão do bar e a pressionou contra o móvel enquanto invadia sua boca com a língua. As pernas de Juliette abriram levemente para receber uma das coxas de Sarah, que atingiu de forma certeira seu centro. A morena soltou um gemido que fez o corpo de Sarah queimar e o beijo só ganhou mais força.

Se as pessoas ao redor estavam emitindo qualquer tipo de opinião sobre a cena, elas não perceberam. Aquele momento era das duas e ninguém poderia tirar o foco do desejo intenso que sentiam. Sarah colocou as mãos na cintura de Juliette e apertou com força, enquanto Juliette deslizava pela coxa da outra mulher, estimulando seu clitóris contra os músculos de Sarah.

Apesar de excitada e envolvida pelas ações de Sarah, Juliette tentou recuperar o controle da situação dando leves mordidas no pescoço da loira, que se segurou para não gemer muito alto. Sarah conectou novamente as bocas das duas em um beijo forte, e aproveitou para subir as mãos até os seios da morena. As pernas de Juliette cederam e ela precisou se escorar no balcão para não cair — apesar das mãos precisas de Sarah estarem ali para segurar seu corpo a qualquer momento.

Infelizmente outras pessoas não podiam contar com o mesmo apoio, e o som da queda de Caio fez com que todos corressem para ajuda-lo. Sarah e Juliette se separaram para ver o que estava acontecendo e tomaram um susto quando perceberam que o amigo estava no chão.

— De novo, não — murmurou Sarah, cansada de ser interrompida nos momentos mais inconvenientes.

— Bora lá ajudar — disse Juliette, já puxando Sarah pela mão. Mas não sem antes deixar mais um beijo cheio de promessas em sua boca. — Depois a gente retoma de onde parou.

As duas correram para dentro da casa para ajudar com o que pudessem, porém a situação estava quase resolvida. Rodolffo tinha colocado Caio no sofá e um paramédico mascarado fazia um exame geral no fazendeiro, que não teve novos ferimentos.

— Estranho deixarem uma pessoa aleatória entrar aqui — comentou Juliette. — A coisa foi feia mesmo.

Sarah então reparou na câmera que ficava no alto do telão da sala de estar. O objeto estava virado para o teto, ao invés de focar no sofá, como de costume.

Ela estranhou a posição da câmera e decidiu checar a do corredor onde ficava a porta do confessionário. Mesma coisa: a lente não acompanhou seus movimentos, como fazia sempre que alguém passava por ali.

— Vem comigo — disse Sarah puxando Juliette de volta para a ala externa da casa.

Elas atravessaram o gramado quase correndo, até que chegaram no quarto do líder. Sarah abriu a porta e percebeu que as luzes estavam apagadas e as cortinas cobriam as janelas que davam para o jardim.

— Que foi, Sarah? — perguntou Juliette sem entender nada.

Sarah checou a câmera do quarto, que também parecia desativada. Em seguida, ela viu os monitores que mostravam ao vivo a cozinha e o jardim: ambos estavam apagados.

Sarah tirou o microfone do pescoço e jogou sobre a mesa de canto. Juliette correu para tentar impedir a ação.

— Tu tá maluca! Vai ser punida.

— A transmissão caiu — disse Sarah segurando as mãos de Juliette — As câmeras estão desligadas na casa inteira.

Juliette estranhou. Ela olhou para o microfone de Sarah sobre o móvel e esperou por uma bronca da produção, mas esta jamais veio.

— Ninguém tá vendo nem ouvindo a gente agora.

Sarah se aproximou lentamente e tirou o microfone do pescoço de Juliette, colocando-o junto com o seu na mesa. As duas se encararam com intensidade, uma esperando a outra tomar a iniciativa do que estava por vir...