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História Enigma do Tempo - Snamione. - Capítulo 24.


Escrita por: Explosiving

Notas do Autor


"Na verdade, não vou sentir falta de nada, pois tem sido realmente um personagem extraordinariamente completo de se interpretar." — (Alan Rickman sobre Severo Snape).

Capítulo 24 - Capítulo 24.


A fumaça subia em espiral, deixando a visão turva, mas Hermione não estava prestando especial atenção ao seu redor. Seus pensamentos vagavam por um passado muito recente.

Recordava-se do seu primeiro encontro com Severo, na mesa de jantar, quando os alunos chegaram à Hogwarts para o início do ano letivo. Era um pensamento um tanto quanto doloroso, uma vez que, esse pouco deu atenção às suas tentativas de iniciar uma conversa. Do modo como o protegeu no corredor quando os Marotos tentaram ataca-lo covardemente, e do quanto se aproximaram durante as aulas.

 Deixou o monstro do ciúme rugir em suas entranhas ao pensar em Maria McDonald e no modo como ela o tratava, e depois sentiu o coração inundar-se de amor quando sua retrospectiva interna atingiu o primeiro beijo. Beijo esse que aconteceu no Cabeça de Javali enquanto Severo tentava descobrir mais sobre as verdadeiras razões dela neste tempo. Sentiu o corpo todo estremecer ao perceber que foi exatamente ali, na casa dele, aonde foram um do outro pela primeira vez.

Inúmeros outros momentos importantes aconteceram na vida de ambos ao longo deste curto período em que estiveram juntos. Ela aprofundou vários conhecimentos e descobriu coisas maravilhosas sobre ele, enquanto ele se permitiu viver um amor intensamente e fazer uma nova amizade inusitada. Uma das coisas que mais se sentia satisfeita por ter participado, era o contato dele com Hagrid, e esperava que a relação de ambos só aumentasse ao longo dos anos.

Diversos outros acontecimentos foram passando por sua memória como um filme: alguns com mais detalhes, outros menos, mas cada um deles carregava um sentimento especial.

Tinha ciência de que não havia decorrido um grande período de tempo que estavam juntos, mas tudo o que sentia era absolutamente intenso, principalmente porque havia começado a ama-lo anos antes, e hoje reconhecia isso. Foi justamente esse amor que a fez abandonar todos os planos constituídos para embarcar nessa grande aventura.

Passava o polegar carinhosamente pela aliança em seu dedo e sequer percebeu que Severo havia se aproximado.

— Parece preocupada... — Disse Severo, enquanto abraçava Hermione por trás.

Hermione descansou a xícara de chá no pires que repousava no parapeito da janela do quarto de Severo, e virou para abraça-lo, sorrindo.

— Estive pensando que não gostaria de ter que partir — Disse Hermione, com a testa apoiada no peito dele.

— Eu também tenho pensado nisso — Respondeu Severo, simplesmente, mas com o tom mais grave do que o normal.

— Talvez eu possa ficar mais um pouco — Disse Hermione.

— Como assim? — Questionou Severo, afastando-se o suficiente para olha-la nos olhos. 

— Bom... — Começou Hermione — De acordo com meus cálculos, não há mal algum em permanecer com você por mais dois dias.

— Tem certeza? — Perguntou Severo, franzindo o cenho — Pensou o suficiente sobre isso?

— É a única coisa em que tenho pensado nas últimas semanas —Respondeu Hermione — Então, o que acha?

— Essa é a melhor notícia que já recebi na vida — Respondeu Severo, tomando Hermione nos braços e apertando-a tão forte que fez seu corpo estalar.

Hermione ficou na ponta dos pés para atingir altura suficiente para alcançar os lábios de Severo. Ele, notando o movimento, inclinou o rosto para facilitar o beijo.

Foi necessário muito autocontrole para que o carinho não se intensificasse, afinal, precisavam aproveitar as últimas horas da melhor forma possível. Decidiram descer para a sala para organizar como seriam os próximos dias.

— Bom, eu sei bastante sobre sua vida — Disse Hermione — E, dentro do possível, gostaria que você soubesse mais sobre mim.

— Como o que, por exemplo? — Perguntou Severo, curioso.

— Não posso entrar em grandes detalhes, mas queria que conhecesse o lugar onde cresci. Tenho curiosidade de saber como são as coisas lá neste tempo. Acha interessante?

— Não consigo pensar em nada que não gostaria de fazer com você, Flor — Respondeu Severo, sorrindo abertamente.

Almoçaram juntos na pequena sala de estar e conversaram sobre tudo o que queriam fazer juntos. Severo tinha grandes ideias, mas que envolviam viagens e precisavam de muito mais tempo do que dispunham, os dias pareciam muito mais curtos agora. A única exigência que Hermione fez foi visitarem o hospital onde Elieen Prince permanecia internada, fazia questão de encontrá-la novamente antes de partir, sabia que não teria outra oportunidade de encontrá-la.

Após a conclusão dos planos, subiram novamente para o quarto de Severo. Hermione decidiu tomar um banho rápido, separou a roupa que usaria naquela tarde e se dirigiu para o banheiro.

Sentiu a água quente caindo em suas costas, proporcionando uma sensação relaxante e começou a se ensaboar, de olhos fechados. Severo entrou no banheiro e despiu-se silenciosamente, colocando-se com enorme agilidade atrás dela. No momento em que passava o sabão pelo abdômen, sentiu a mão dele por cima da sua, continuando o ato de ensaboa-la, arrancando um longo suspiro dos lábios dela.

Com a mão livre, ele subiu lentamente pela cintura dela e lhe acariciou os seios, apertando-os levemente, despertando-lhe todos os sentidos, fazendo com que ela gemesse sonoramente. Ela então virou-se para beija-lo, jogando os braços em volta do pescoço dele, fazendo com que ele a empurra-se gentilmente em direção ao azulejo, criando um enorme contraste entre a parede fria e o corpo aquecido pela água.

Severo aproveitou a posição favorável para levanta-la, e ela rapidamente prendeu as pernas em volta da cintura dele. O apoio do corpo dela na parede equilibrava o peso, tornando a posição confortável para ambos. Ele subiu a mão esquerda para a cintura dela, apertando levemente, enquanto a mão livre passeava pelo rosto, acariciando o lábio inferior. Os olhos de Hermione transbordavam luxuria ao sentir a mão dele descer por seu corpo, até alcançar suas coxas, e mudou para uma súplica silenciosa, quando ele passou dois dedos levemente por sua intimidade, percebendo o quanto ela estava quente, ansiando por mais.

Deste modo, sem conseguir se conter, o moreno penetrou-a com dois dedos, de uma vez, fazendo-a gritar de surpresa e prazer. Iniciou os movimentos de forma ritmada enquanto massageava sua parte mais sensível com o polegar. Hermione apertou mais as pernas em volta da cintura dele, como forma de melhorar o equilíbrio, e ele aproveitou para tirar a mão que mantinha em sua cintura e conduzi-la até o pescoço dela, apertando moderadamente, enquanto intensificava os movimentos. Hermione não esperava por isso, e muito menos pelo que veio a seguir, quando um dos dedos livres acariciou um local nunca antes explorado, fazendo com que ela gemesse ainda mais e atingisse o ápice do prazer.

Antes que a loira relaxasse o suficiente para correr qualquer perigo, Severo tirou os dedos de dentro dela e passou o braço por suas costas, segurando-a firme em seu colo e saindo do chuveiro, em direção a cama.

Deitou-a sobre o colchão, mantendo-a de frente para ele e beijou-a intensamente, descendo por toda a extensão de seu pescoço, até alcançar os seios. Passou levemente a língua pelos mamilos enquanto, com as mãos, apertava-os com intensidade.

Hermione jogou a cabeça para trás, totalmente entregue e enterrou os dedos nos cabelos molhados de Severo, enquanto ele continuava descendo as caricias pelo corpo dela. Passou a língua em volta de seu umbigo e mordeu com carinho sua barriga, causando-lhe arrepios, e seguiu em direção a parte interior da coxa direita, repetindo a delicada mordida. Sentiu Hermione puxando levemente seus cabelos, demonstrando o que realmente queria.

Sorriu satisfeito ante a impaciência dela e aceitou suas exigências, passando a língua por toda a extensão de sua intimidade, que estava impressionantemente ensopada. Demorou-se mais em seu ponto mais sensível, fazendo movimentos circulares e deixando que ela o guiasse por sinais.

Severo saiu de sua posição, ajoelhou-se e rapidamente virou-a de bruços. Passou as duas mãos pelas nádegas dela, apertando e separando-as levemente e inclinou-se para lamber-lhe. Hermione gemeu em aprovação e arqueou as costas, facilitando a passagem para a língua, que a explorava como nunca antes. Afastou levemente o corpo e passou a toca-la com a mão: Enquanto um dos dedos pedia passagem em sua vulva, o outro penetrava-lhe o ânus. Manteve a calma durante todo o processo, até ambos entrarem por completo, em seguida, iniciou movimentos de vai e vem.  Sentia cada espasmo do corpo dela e modo como o apertava com intensidade, totalmente entregue.

Enrolou a mão livre nos cabelos dela e puxou em direção ao seu corpo, deixando a nuca apoiada em seu ombro, mantendo os movimentos de vai e vem. Aproximou a boca do ouvido dela, e sussurrou:  

— É delicioso sentir o quanto você é apertadinha — Disse Severo.

Hermione sorriu satisfeita e rebolou com vontade na mão dele, apreciando cada vez mais as novas sensações.

Severo não iria conseguir resistir por muito mais tempo se continuassem a fazer as coisas dessa forma. Levantou da cama e afastou-se dela, buscando recobrar um pouco da lucidez, enquanto procurava por preservativos em sua mesa de cabeceira.

Encontrou-os e rapidamente protegeu-se, virando-se para encontra-la deitada de lado. Deitou-se por trás dela passou o nariz por sua orelha, mordiscando em seguida, enquanto levantava uma de suas pernas para encaixar-se em sua entrada, estocando de uma só vez. Era impossível manter o controle agora, enrolou novamente os longos cabelos loiros em sua mão e puxou com força, enquanto entrava e saia, várias vezes, sentindo as nádegas dela batendo em sua pélvis.

Hermione não demorou a gozar, apertando seu membro com força e se contorcendo de prazer, ele deixou que ela usufruísse ao máximo da sensação, antes de render por completo, derramando inteiro dentro dela.

Abraçou-a, com carinho, e se mantiveram nessa posição até as respirações normalizarem, enquanto ouviam a água do chuveiro batendo no azulejo.

— É isso, príncipe. Daqui a pouco vai acabar — Disse Hermione.

— Eu sei — Disse Severo.

— O que faremos? — Perguntou Hermione.

— Aproveitamos — Respondeu Severo.

 

Levantaram-se um tempo depois, retomaram o banho e se arrumaram sem seguida. Hermione sentia uma grande ansiedade, era a primeira vez que levaria Severo em uma aparatação conjunta. Se concentrou ao máximo em um ponto específico próximo de sua casa, em Heathgate, Hampstead, e rodopiou levemente, tendo o braço do moreno bem junto ao seu.

 

Abriram os olhos e admiraram o local. Hermione havia escolhido um espaço escondido entre árvores, onde era possível ter certeza de que estaria intacto apesar da diferença no tempo. Logo em frente, um pequeno parquinho totalmente feito em madeira ocupava um grande espaço no final da comprida rua, repleta de casas das mais variadas formas.  

Hermione caminhou e se sentou no balanço, levantando um pouco de areia com os pés enquanto se movimentava lentamente. Severo seguiu atrás dela, mas permaneceu em pé, segurando a corda do balanço em que ela havia sentado.

— Costumava vir muito aqui com meu avô — Disse Hermione — Eram alguns dos melhores momentos que passávamos juntos. Sempre tive medo de altura, mas quando ele empurrava o balanço, eu tinha a segurança de que poderia voar.

Severo permaneceu em silêncio, esperando que ela fizesse mais algum comentário, o que não aconteceu. Com cuidado, começou a movimentar as cordas, balançando-a.

— Faz tempo que ele partiu? — Questionou Severo.

— Como sabe que ele faleceu? — Hermione devolveu a pergunta.

— Ouço mais dor do que saudade em sua voz — Respondeu Severo.

— Faz... — Disse Hermione — A dor nunca vai embora, você só aprende a conviver com ela.

— Acho que logo vou descobrir — Disse Severo — Não imagino como minha mãe possa se recuperar da doença.

Hermione sentiu o coração apertar e não sabia o que responder, afinal, ele tinha razão. Elieen não conseguiria vencer o estágio avançado da Varíola de Dragão, e não poderia dar falsas esperanças a ele.

Levantou-se do balanço e ofereceu o lugar para ele, indicando com a mão. O moreno arqueou a sobrancelha e encarou-a nos olhos, antes de aquiescer e se sentar na tábua de madeira do balanço. Hermione se colocou atrás dele e segurou nas cordas.

— Você confia em mim? — Perguntou Hermione.

— Muito — Respondeu Severo.

— Então feche os olhos — Disse Hermione, começando a impulsionar o balanço para frente e para trás — E deixe a sensação de liberdade te invadir por completo.

Passaram um bom tempo aproveitando o parque, e Severo ouviu atentamente todas as histórias que Hermione contava sobre sua infância, que foi toda vivida nesse mesmo bairro trouxa. Era muito difícil para ela, uma vez que o excesso de detalhes poderia comprometer todo o futuro, mas teve cuidado de que ele sentisse a verdade em tudo o que ela contava.

Não sabia o quanto tinha necessidade de dividir detalhes de sua vida com ele, até começar a falar. Contou um pouco sobre cada uma das pessoas de sua família, mas principalmente da relação que tinha com os avós, de quem sempre foi mais próxima. Ambos não estavam mais vivos, mas tinham deixado ensinamentos tão profundos, que era como se nunca tivessem partido.

Quando o sol começou a se pôr, encostaram-se confortavelmente em uma arvore e admiraram o tom alaranjado que surgia por toda a rua. Severo deitou completamente na grama, e Hermione o acompanhou. Tudo o que conseguiam ver era a copa da árvore, balançando preguiçosamente os galhos no ritmo da brisa que soprava.

— Nunca senti isso antes — Disse Severo — Estou exatamente onde queria estar.

Não demorou para a noite cair como um manto e a escuridão tomar conta do lugar, sendo assim, aceitaram que já era hora de partir. Levantaram e caminharam lentamente ao longo da rua, observando as residências. Hermione parou diante da casa que seria de sua família, anos no futuro.

Tinha um tamanho razoável: grande demais para ser considerada pequena, e pequena demais para ser considerada grande. Era um sobrado, com tijolos aparentes e grandes janelas brancas. O telhado era escuro, criando um bonito contrate com o estilo rústico. A fumaça que saia da chaminé demonstrava que a casa era habitada, e por um momento, Hermione sonhou com a expectativa de ver os pais surgindo na janela, exatamente do modo como se lembrava de ter vivenciado inúmeras vezes quando passeava pela rua.

— Essa é minha casa — Disse Hermione, apontando — Ou melhor, um dia será.

— Muito bonita — Disse Severo — É um bom bairro para construir uma família.

— Sim... Foi justamente essa a razão dos meus pais terem se mudado para cá — Disse Hermione — Você pensa sobre isso?

— Família? Nunca havia me ocorrido, mas hoje sim — Respondeu Severo — Só não sei como poderíamos construir isso.

— Tenho certeza que daremos um jeito — Disse Hermione.

Severo sorriu com carinho e abraçou Hermione, ela retribuiu e descansou a cabeça em seu peito. Ele olhou para os dois lados da rua e rodopiou, desaparatando de lá.

Voltaram direto para a casa de Severo e jantaram costelas assadas com batatas, acompanhado de um delicioso suco de abóbora. De sobremesa, se deliciaram com pudim de claras. Ao terminarem a refeição, sentiram o cansaço tomando conta de ambos e decidiram subir para deitar.

 

O dia amanheceu claro, perfeito para o último dia de passeio que haviam planejado, mas foram surpreendidos por uma grande coruja das neves — muito parecia com Edwiges — que carregava um envelope preto no bico.

Severo abriu a janela do quarto para que a ave pudesse entrar, mas ela não o fez, se limitou a derrubar o envelope aos pés do rapaz e se afastou, voando para o horizonte. Ele recolheu a correspondência do chão e abriu-a sem muito cuidado, rasgando a lateral.

O papel onde a carta havia sido escrita era de mesma cor, e enquanto Severo lia atentamente cada uma das palavras, seu rosto atingia um tom pálido e a boca se tornava ainda mais fina conforme ele crispava os lábios.

— De quem é a carta? — Perguntou Hermione.

— Trevor — Respondeu Severo, levantando os olhos — Acabei de receber o aviso da minha iniciação.

Hermione agradeceu internamente o fato de ainda estar deitada, ou provavelmente teria desmaiado. Sempre soube que Severo precisava tornar-se um Comensal da Morte, mas jamais imaginou o quanto seria difícil vivenciar esse momento.

— Quando? — Perguntou Hermione.

— Hoje a noite — Respondeu Severo, olhando novamente para a carta.

— Você vai? — Questionou Hermione, apreensiva.

— Não é como se eu pudesse recusar — Respondeu Severo — Mas eu quero fazer parte disso, quero fazer a diferença.

— Espero que tenha cuidado — Disse Hermione — O Lorde das Trevas sabe bem como manipular a todos que o cercam.

— Não se preocupe, Flor — Disse Severo, dobrando a carta e deixando-a em cima da mesa — Eu tenho algo pelo qual vale muito a pena lutar.

Arrumar as coisas para a partida de Hermione acabou sendo muito mais demorado do que imaginavam. Resolveram conferir todos os objetos com cuidado e repassar mais uma vez todos os planos que haviam feito desde quando decidiram lutar juntos pela sobrevivência de Severo.

Só deixaram o quarto quando estava bem próximo do horário do almoço. Não precisavam se preocupar com nada, uma vez que Finny se encarregava de todas as refeições e a limpeza da casa, sendo assim, sentaram à mesa e esperam que o Elfo servisse a refeição.

— Estava pensando — Começou Severo — Acho melhor começar a dizer que terminamos e que você se mudou, muitos dos novos Comensais da Morte eram nossos colegas em Hogwarts.

— Tem razão — Disse Hermione — Vai ser difícil explicar meu sumiço de outra forma. E, principalmente, não é recomendável que você tenha um relacionamento com alguém como eu.

Severo lançou um olhar ferino na direção de Hermione, fazendo com que ela se encolhesse alguns centímetros na cadeira. Sabia que ele detestava esse tipo de comentário, mas não deixava de ser verdade, o grupo com o qual ele se envolveria a partir de agora era formado por pessoas essencialmente preconceituosas, e não existia espaço para exceções à regra.

Conversaram amenidades durante toda a refeição e ao terminarem, dirigiram-se direto para a sala para um último chá antes de partirem para o hospital. Hermione não conseguiu conter as lágrimas ao se despedir de Finny, o elfo doméstico, e o fez prometer que cuidaria bem de Severo durante sua ausência.

Finny não só prometeu, como disse que acabaria com a própria vida se não fosse capaz de cuidar do rapaz. Hermione disse em tom de urgência que nada disso era necessário, mas conhecia a devoção que essas criaturas mágicas tinham às famílias que serviam.

Deu uma última olhada em volta, sentiria muita falta de estar ali com Severo. Tinha vivido os melhores momentos com o rapaz neste local, mas carregava a certeza de que o futuro não seria gentil, afinal, longos anos passariam sem que qualquer amor existisse dentro dessas paredes.

Severo segurava o sobretudo para que ela vestisse e, assim feito, guardou a bolsinha de contas no espaço interno das vestes, para que ficasse bem seguro. Abraçou o moreno e fechou os olhos, tornando a abri-los somente quando sentiu o vento em seus cabelos, evidenciando que haviam acabado de chegar ao Hospital St. Mungus.

Caminharam de mãos dadas até o guichê e o moreno se adiantou para a identificação. Hermione prendeu sua atenção em um casal de crianças que corria pelo saguão, e só voltou a prestar atenção quando notou que Severo se exaltava com a atendente.

— Isso não faz o menor sentido! — Esbravejava o rapaz — Hermione me acompanhou da última vez que estive aqui!

— Sim, senhor Snape — Disse o atendente — Todavia, o quadro de sua mãe é mais delicado no momento, sendo assim, somente parentes são permitidos.

— Ela é da família — Disse Severo, em tom baixo e letal.

— É mesmo? — Questionou o atendente, com um sorriso de escarnio surgindo nos lábios — E o que exatamente ela é do senhor?

Severo apertou a ponte do nariz e respirou fundo várias vezes, na tentativa de se tranquilizar. Hermione puxou-o pelo braço e ele deixou ser conduzido até o lado de fora do hospital.

— Não faz o menor sentido discutir agora — Disse Hermione — Aproveite que está aqui e veja sua mãe, diga que mandei um beijo... estarei te esperando quando sair.

— Não é justo, Flor — Disse Severo — Pode ser sua última oportunidade vê-la.

— Eu sei, Príncipe — Disse Hermione — Mas nem sempre a vida é justa. Aproveite para estar com ela.

Severo apenas acenou com a cabeça e se dirigiu aos corredores, sem dizer mais nada. Estava chateada por não poder encontrar com Elieen pela última vez e contar todos os seus planos, mas não faria sentido criar uma confusão, ainda mais neste momento, contudo, uma grande ideia surgiu, o que fez com que Hermione voltasse ao guichê.

— Me desculpe por isso tudo — Disse Hermione, educadamente — Sei que não posso vê-la, mas, você poderia entregar um recado meu para ela? Eu farei uma longa viagem e talvez nunca mais tenha outra oportunidade.

— Claro — Respondeu o rapaz, entregando gentilmente um pergaminho e uma pena — Eu realmente sinto muito por isso, mas são as regras, não posso abrir exceções.

— Eu compreendo — Disse Hermione — Muito obrigada.

Caminhou até o banco próximo a porta de entrada e apoiou o pergaminho o melhor que pôde em cima de um móvel que encontrou. Fez um pequeno ponto no canto superior, só para se certificar que a pena não precisaria de tinta.

Querida Elieen,

Estou escrevendo essa pequena carta sentada no hall do hospital, após a grande frustração de não poder encontra-la pela última vez. Não sei ao certo se Severo pretende te contar toda a verdade, mas eu não poderia partir sem dizer: Sou uma viajante no tempo.

Talvez já tenha desconfiado de algo parecido, uma vez que minha aproximação com seu filho foi rápida e intensa, contudo, gostaria de tranquiliza-la de que minhas intenções são as melhores possíveis.

Sei que no momento o seu quadro é delicado, que a doença tem evoluído de forma preocupante e que nada muito animador acontece entre essas paredes extremamente brancas. Sei também que gostaria de poder passar mais tempo com seu filho, e preciso confessar: Eu também. Estarei partindo hoje, ou as consequências no futuro serão irreparáveis.

Antes de ir, entretanto, gostaria de te contar uma coisa muito importante sobre Severo Snape no futuro: Ele é o homem mais corajoso que o mundo bruxo já conheceu.

Pode parecer loucura, mas Severo foi (e será) a única força capaz de impedir que o mundo seja totalmente dominado por Lorde Voldemort. Ele, e somente ele. Se hoje estou aqui, é somente para dar força a algo que já existe, pois ele teria grande sucesso mesmo sem minha ajuda.

Espero que a senhora tenha orgulho do grande homem que criou, e especialmente do quanto ele é dedicado a fazer tudo da melhor forma possível, sem nunca desistir.

Somente por uma questão de segurança, vou encantar esse pergaminho para que o conteúdo se revele apenas em suas mãos, e se desfaça logo em seguida, mas espero que minhas palavras nunca se apaguem de sua memória.

A senhora trouxe ao mundo uma pessoa extraordinária, e um grande presente para minha vida. Serei eternamente grata. Farei o melhor possível para sempre cuidar dele, e garantir que tenha uma vida longa e feliz.

 

Com amor,

Hermione.

 

Não se tratava de um texto muito elaborado, mas havia demorado um bom tempo para conseguir escrever. Teve de escolher as palavras certas e evitar dar mais informações do que seria pertinente, e é claro, lutar com as lágrimas que insistiam em cair.

— Flor?

Hermione levantou a cabeça com agilidade e encontrou Severo de pé ao lado dela, encarando-a com uma expressão de curiosidade no rosto. Lançou o feitiço no pergaminho, que se dobrou graciosamente, sem que nenhuma palavra pudesse ser lida.

— Foi rápido, Príncipe — Disse Hermione — Como ela está?

— Bem... na medida do possível — Respondeu Severo — Pretendo voltar aqui todos os dias dessa semana, então achei melhor não demorar muito, sei que você precisa partir.

O relógio na parede denunciava o quanto o dia tinha corrido a passos largos, e agora já passava das cinco horas da tarde. Nesse momento, como nunca antes, gostariam de não ter que ir a lugar algum.

— Tem razão — Disse Hermione — Vou só entregar esse pergaminho para o recepcionista e podemos ir.

Severo não fez qualquer pergunta, somente esperou que Hermione retornasse ao seu encontro, e sem dizer qualquer palavra, segurou-a pela cintura, desaparatando novamente.

 

 

O fim de tarde era magnifico em Regent’s Park. A visão dos últimos raios de sol atingindo as árvores transmitia um brilho único, que somente aquele lugar poderia ter. Muito mais do que uma simples atração da natureza, era a verdadeira imagem da magia.

Compraram sorvetes de casquinha — Hermione escolheu o de morango, enquanto Severo optou por um de limão siciliano — e caminharam observando as rosas, até sentarem no exato local onde Severo a pediu em namoro, na noite de natal.

Os bancos eram posicionados em frente um lago, onde lindos cisnes brancos nadavam graciosamente. Próximo a beirada, uma pequena trilha de grama levava a uma ilhota, localizada na lateral direita. Sentaram exatamente no mesmo banco, como da primeira vez, e Hermione deitou a cabeça no ombro de Severo.

— Gostaria que ficasse — Disse Severo.

— Eu gostaria de poder ficar também — Respondeu Hermione — Eu gostaria de ter feito um monte de coisas.

— Tudo bem, Flor, foi perfeito o que vivemos até aqui — Disse Severo.

— Tem algo que preciso te contar — Disse Hermione, procurando pelos olhos dele, mas ele não se virou para encara-la — Já deveria ter dito há muito tempo.

— Eu não quero saber, Flor — Disse Severo, sorrindo e olhando para baixo — Você só precisa ir, e eu preciso aceitar.

— É importante... — Devolveu Hermione.

— Imagino que sim — Interrompeu-a Severo — Como tudo sempre é. Mas só vamos deixar que aconteça, tudo bem?

— Faça uma despedida pelo menos — Disse Hermione, tristemente — Vamos fingir que tivemos uma.

Severo levantou e puxou Hermione junto de si, colando os lábios nos dela, em um beijo calmo e cheio de sentimentos. Não existia palavras que descrevessem o que os dois sentiam naquele momento, e nem seriam o suficiente. O beijo terminou em um forte abraço que durou por longos minutos, nunca parecia o momento certo para se separarem.

Hermione tomou a iniciativa, sentindo o calor das lágrimas em suas bochechas rosadas. Severo olhava para baixo, mas não fazia a menor questão de esconder o quanto estava emocionado.

— Sinto muito por isso, Flor — Disse Severo, colocando a mão nas vestes e tirando a varinha — Mas infelizmente será necessário.

Sem conseguir encara-la, retirou a aliança da mão direita com todo cuidado e apontou a varinha diretamente para ela, fazendo com que um cordão prateado surgisse. Em seguida, abaixou levemente a cabeça para atravessa-lo no pescoço.

— A partir de agora o mundo deve achar que você deixou de fazer parte da minha vida — Disse Severo, olhando profundamente nos olhos de Hermione — Mas vou fazer tudo o que puder pra te manter por perto.

Seria mentira se dissesse que não havia ficado chateada ao vê-lo retirar o anel do dedo. Por mais que se tratasse de um objeto simples e os sentimentos dele fossem muito mais importantes, o significado era muito forte.

— Tudo bem, Príncipe — Respondeu Hermione, com a voz embargada — Sua segurança deve vir sempre em primeiro lugar.

Inclinou-se para abraça-lo pela cintura e se permitiu chorar, colocando para fora tudo aquilo que sentia no momento. Tinha certeza que estava preparada para a situação, mas estava enganada. Não é possível estar totalmente pronto para uma sensação como essa. Severo a abraçou com força e aguardou pacientemente, até que a onda de tristeza passasse.

— Nos veremos em breve, Flor — Disse Severo, com a voz falhando — Você tem que ser forte agora, por nós dois.

Hermione afastou-se dele secando os olhos e acenou com a cabeça, concordando com o que ele acabara de dizer. Beijou-o nos lábios, pela última vez e caminhou pela grama, em direção a pequena ilha localizada na lateral do lago. Olhou para trás uma última vez, para encontra-lo com a mão nos bolsos, sorrindo tristemente para ela, e a aliança brilhando em seu peito.

Posicionou-se entre duas grandes árvores, atrás de alguns arbustos, onde teve certeza de que não era possível ser detectada por ninguém que estivesse passeando pelo parque e tirou o vira tempo das vestes. Suas mãos tremiam tanto que teve que respirar fundo algumas vezes, com medo de cometer algum erro.

Ajustou a data e o horário de maneira correta e soltou a engrenagem do relógio, partindo novamente, mas dessa vez para o futuro. Sentiu a conhecida sensação de ter o corpo sendo comprimido dentro de um espaço muito pequeno, e apertou bem os olhos, quando sentiu que não conseguiria mais respirar e desmaiaria, tudo voltou ao normal.

 Abriu os olhos e não conseguiu perceber grandes mudanças ao redor, mas não se surpreendeu, afinal, estava no meio de uma vegetação e a iluminação era escassa. Seu coração batia fortemente no peito e ainda sentia o rosto molhado pelas lágrimas.

Respirou fundo e se ajeitou o melhor que pôde. Alcançou a bolsinha de contas dentro do paletó e deu uma rápida conferida para ter certeza de que todas as coisas continuavam em seus devidos lugares. Assim que se tranquilizou, caminhou na direção contraria, de volta ao local de onde partira momentos antes, tomando o maior cuidado para não tropeçar em nada, pois estava na beirada do lado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

— O que você faz aqui?

Hermione levantou a cabeça com rapidez, apavorada com o fato de ter sido descoberta, a mão procurou instintivamente a varinha, mas talvez não fosse rápido o suficiente.


Notas Finais


Ei, como vocês estão?

Demorei muito mais do que o previsto, mas a verdade é que ainda não consegui me recuperar totalmente dos problemas de saúde que tive e acabei tendo dias bem ruins outra vez.

Alguns dos diálogos são baseados no filme "Brilho eterno de uma mente sem lembranças", é o filme que eu mais gosto no MUNDO! Recomendo muito que todos assistam. Fiquei muito feliz por conseguir por um pouco dele aqui, ainda mais nesse capítulo tão importante.

Masssss, estamos aqui! Confesso que esse capítulo foi um dos mais difíceis de escrever. Eu sofro junto com o casal, ta? Sou toda emocionada KKKKK.

Gostaria de dedicar esse capítulo especialmente para a @viviana_alves e @mrenata19, que fizeram aniversário esse mês. Vivi, você é a mulher mais doce e romântica que eu já conheci, e espero que esse amor todo nunca desapareça. Marcelita, você é uma guerreira! Tenho muito orgulho de você!

Espero que tenham gostado de tudo até aqui, é uma honra ter tantas pessoas incríveis acompanhando essa história que tanto amo.
Obrigada por tudo, sempre!

Nos vemos nos comentários.


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