História Enlace (Larry Stylinson - ABO) - XVI. Duas partes de um todo

Tive um dos meus melhores finais de semana da vida ao lado de Louis. No sábado à noite, ele me levou para jantar em um ótimo restaurante e depois patinamos no gelo no centro da cidade, recebendo olhares amáveis das pessoas que viam todo o cuidado que ele tinha comigo e com o bebê. E eu juro que nunca me senti tão amado e cuidado em toda a vida. 

No domingo fomos ao cinema e ele me comprou o maior balde de pipoca que tinha, além de três tipos diferentes de chocolate, sem nem se importar com o dinheiro que gastou ou com o fato de que mal conseguiu comer, já que eu comi tudo sozinho. Eu realmente poderia me acostumar com momentos assim ao lado dele. 

Dessa vez, nós dormimos na casa dele, porque Jay tinha ficado bem chateada ao telefone quando Louis ligou para avisar que dormiria em minha casa novamente. Então decidimos que não havia problema ir pra a casa dela essa noite. 

Diferente da minha, a casa de Louis era sempre cheia e sempre barulhenta, o que me deixava estranhamente feliz, mesmo tendo todas as irmãs dele falando ao mesmo tempo e querendo acariciar minha barriga. Era acolhedor de um jeito que eu não sabia explicar. 

As manhãs em minha casa também costumavam ser calmas, principalmente agora que Gemma tinha ido para a faculdade, então era engraçado ver Lottie e Fizzy brigando pelo tempo no banheiro ou Jay colocando o café na mesa enquanto gritava para que acordassem as gêmeas. 

– Não desiste de mim. – Louis disse desesperado quando Doris começou a chorar pedindo colo a ele. – Eu prometo que eles vão se comportar. – Eu gargalhei. 

– Na verdade, é até bem legal, mas só vamos ter um filho. – Ergui as mãos em rendição.

– Espero que esteja aberto a negociações. – Ele sorriu fazendo seus olhos sumirem e eu neguei com a cabeça. Ele se movia pela cozinha com a irmã no colo, fazendo a mamadeira dela. – Só três, um agora, outro quando você terminar a faculdade e mais um para não perdermos a prática. 

– Só três? – Eu gargalhei. Nesse momento Daisy entrou na cozinha com a escova de cabelos na mão.

– Cadê a mamãe? - Ela disse olhando em volta. 

– Foi trocar o Ernest. – Louis respondeu simples.

– E quem vai pentear meus cabelos agora? – Ela fez um bico eu ri.

– Você, bobona. Cresça e faça isso sozinha. – Ele deu a língua para a irmã.

– E ainda quer ter três filhos. – Debochei e ele me olhou fingindo incredulidade. – Vem, Daisy, deixa que eu faço isso. 

– Dois, um agora e outro quando você terminar a faculdade. – Ele tentou novamente e eu gargalhei. 

– Talvez. Mas se acontecer será dois, um agora e outro quando eu decidir que dá para engravidar sem sofrer psicologicamente com isso, ok? – Eu disse com autoridade, enquanto finalizava o cabelo de Daisy.

– Você é o melhor, Hazz. – Ele passou por mim e selou meus lábios, me fazendo rir. 

Já estávamos atrasados quando saímos da casa de Louis, por isso foi ainda mais estranho quando percebemos que Niall e Liam não estavam no nosso ponto de encontro de sempre. Eu havia mandado uma mensagem para Niall ontem e também não havia recebido notícias. Ele não tinha nem visualizado, o que só me deixou mais preocupado.

– Nada de ruim ia acontecer aos dois, não é? – Eu perguntei a Louis, enquanto caminhávamos até a minha sala. – Quer dizer, se eles tiverem terminado, eles estarão péssimos e...

– O Liam jamais terminaria com o Niall por causa disso, Hazz. – Ele disse calmo e se virou para mim. – Liam o ama muito, assim como eu amo muito você. – Ele sorriu acariciando meu queixo e eu deixei um selinho em seus lábios. – Boa aula, amor.

– Boa aula, amor. – Respondi dando outro selinho antes de entrar na sala.

Niall não foi para a aula e eu mandei outras cinco mensagens para ele, sendo ignorado novamente. Ia dizer para Louis me deixar na casa dele após a aula quando, caminhando em direção ao nosso lugar de sempre, eu os vi.

Liam estava encostado à árvore e Niall estava sentado em seu colo, grudado a ele como se dependesse disso para viver. O alfa tinha o rosto escondido no pescoço do namorado que sorria manhoso com os olhos fechados aproveitando o carinho.

De repente eles pareciam uma coisa só.

– Onde vocês estavam? – Foi Louis quem perguntou, despertando os dois da pequena bolha de amor que compartilhavam.

– Nós nos atrasamos hoje. – Niall respondeu com alguma dificuldade, ainda recebendo carícias de Liam e quando ele gemeu depois que o alfa lambeu seu pescoço, ficou extremamente vermelho. – Para, Li. – Ele tentou afastar o namorado.

– Quero que cicatrize logo, baby. – Liam respondeu.

– Espera, cicatrize o quê? Gente, fala comigo? – Eu disse sentando ao lado dos dois. – Eu fiquei preocupado, mandei mensagem e você nem viu, Niall.

– Desculpa, Hazz. – Niall disse um pouco culpado. – Acabamos ficando ocupados o final de semana inteiro. – Ele e Liam trocaram um sorriso malicioso e eu já imaginava o porquê do sumiço dos dois.

– Seu cheiro está diferente. – Louis comentou confuso. – Tem mais Liam em você do que o normal.

– Que bom que já podem sentir meu cheiro em você, baby. – Liam comentou abaixando parte da blusa do Niall para beijar-lhe o pescoço. E então tudo começou a fazer sentido.

A marca da mordida de Liam ainda estava vermelha e inchada, demonstrando o quão recente era.

Os dois haviam se atado.

Levei minhas mãos à boca em puro choque. Louis também não conseguiu esboçar reação alguma. Nossos melhores amigos haviam resolvido se unir para a eternidade aos dezesseis anos.

Diante de nossos olhares chocados, Niall se encolheu ainda mais no colo do namorado, parecendo culpado e envergonhado. Em compensação, Liam sorria feliz.

– Caralho! – Foi tudo que Louis conseguiu dizer.

– Ni, você... – Eu tentei, mas eu realmente não fazia ideia do que dizer. Parabenizar? Mesmo que eu achasse loucura um ômega permitir uma mordida tão jovem?

– Eu estou muito feliz por vocês. – Louis disse feliz, levantando-se para abraçar os dois. – Eu sabia que nada poderia separá-los. – Ele continuou dizendo para que eu tivesse um tempo para digerir a notícia.

– Sabe que eu não posso mesmo viver sem esse garoto. – Liam comentou e deixou mais um beijo em Niall. – Agora está tudo certo. Somos um do outro para sempre. – Os dois sorriram e Louis também.

– Não vai dizer nada, Hazz? – O ômega perguntou para mim e eu finalmente me senti apto para dizer algo.

– Vocês nasceram um para o outro, não podia ser diferente. – Abri um sorriso e também abracei Niall. – Estou feliz que tudo tenha se resolvido, até eu estava nervoso com toda essa história.

– Dá para acreditar que Niall queria me deixar sem ao menos me contar o real motivo, Harry? – Liam disse indignado. – Como se eu fosse o amar menos por algo assim.

– Liam me convenceu de que é uma mentira dizer que eu não posso ter bebês. – O loiro explicou. – Ele disse que eu posso ter quantos bebês eu quiser, posso adotar ou tentar uma barriga de aluguel.

– Nós vamos fazer tratamento também. – O alfa comentou.

– Nós vamos conversar sobre isso ainda. – Niall alertou.

– Por quê? – Louis perguntou confuso. – Eu acho uma ótima ideia.

– Liam e eu estamos planejando morar juntos em breve. – O ômega começou a explicar. – Nós já vamos ter muitos gastos trabalhando e estudando, não precisamos de outro, ainda mais um tão caro e desnecessário.

– Amor, você não sabe. – O alfa insistiu. – Eu estive pesquisando, há muitos casos de pessoas que não podiam ter bebês, mas conseguiram depois do tratamento.

– Você andou pesquisando? – Niall olhou estranho para ele.

– Claro que sim.

– Liam, eu acho incrível que você tenha me aceitado assim com todos os meus defeitos.

– Isso não é um defeito. – Eu rebati e Liam concordou. 

– De qualquer forma. – O outro ômega continuou sem me dar muito ouvido. – Eu não quero que a nossa vida passe a girar em torno disso. Nós temos tantas outras coisas para viver antes de pensar em bebês. – Ele segurou o rosto de seu alfa com as mãos. – Não vamos pensar nisso.

– Mas pode ser que o tratamento demore e...

– Por favor. – Niall voltou a interrompê-lo e Liam apenas assentiu concordando.

Ele se aconchegou novamente no colo do namorado e Louis também me puxou para perto, mas eu já não me sentia tão confortável ali.

– Ei, Niall. – Josh se aproximou sorrindo. – Que bom que apareceu, sentimos sua falta na aula e... – O alfa parou de falar quando Niall se sentou ereto para poder conversar e sua marca apareceu. O garoto até tentou falar alguma coisa, mas não conseguiu, então simplesmente virou as costas e saiu dali, deixando Niall com uma expressão extremamente culpada e Liam tentando conter um sorriso.

– Eu vou atrás dele. – O loiro se levantou, mas Liam segurou sua mão. – Ele é meu amigo, Li. Se gosta de mim, precisa que eu vá lá e diga alguma coisa.

– Diga o quê? Que não há mais como você ser dele? – O alfa perguntou.

– Eu ainda sou meu, Liam. Eu ainda pertenço a mim. – Ele foi tão firme que eu até me assustei, mas não pude deixar de sorrir. – Nem que seja para dizer a Josh que eu gosto dele apenas como amigo e que isso não vai mudar, sou eu quem precisa dizer. – Então Liam soltou sua mão e ele se foi.

– Não precisa ser tão ciumento, ele já é seu para sempre. – Louis disse ao outro alfa.

– Não é só uma questão de ciúme. – Liam começou a explicar. – Eu não sou do tipo que fica controlando amizades nem nada do tipo, eu sei que ele nunca sentiu nada por Josh. Mas não nego que fiquei feliz por saber que Niall agora é parte de mim para sempre.  Eu só quero protegê-lo. Inclusive do quanto ele vai se sentir mal por ver Josh triste. – Ele suspirou. – Você não tem ideia de como as coisas mudam após a mordida, Lou. Eu não só amo o Niall. Eu preciso dele. E preciso dele bem, porque eu sinto todas as suas emoções. Eu e ele somos realmente uma coisa só. – De repente engolir se tornou uma tarefa difícil para mim. Tudo isso parecia tão complicado.

– Por que você fez isso, então? Por que o mordeu? – Fui eu quem perguntou. – Ainda mais fora de um cio, deve ter sido doloroso.

– Na verdade, não. – Ele sorriu involuntariamente e eu não fazia ideia do que ele queria dizer. – Foi o momento mais incrível de toda a minha vida, principalmente por provar a Niall que nada me faria desistir dele. Eu tive tanto medo de perdê-lo, Harry... – O alfa suspirou.

– Eu não entendo, Liam. Juro. – Fui sincero. – Foi tão repentino e precoce.

– Niall tinha medo que eu deixasse pelo fato de não poder ter bebês, foi uma conversa tão dolorosa, ele chorou tanto. Disse que não se importava em sofrer ao me deixar se isso significasse que eu seria feliz com outra pessoa. Você tem ideia do quanto doeu em mim ouvir isso? Então eu simplesmente pedi para mordê-lo, disse que se ele quisesse uma prova de que eu o amava acima de qualquer outra coisa e queria estar ao lado dele para sempre, eu só precisava mordê-lo. Ele negou, é claro, disse que eu estava agindo por impulso. Mas depois entendeu que eu o amava mais do que qualquer outra coisa e foi lindo. – Ele abriu um sorriso apaixonado, mas nada aquilo ainda fazia sentido para mim. – Tivemos o melhor final de semana de nossas vidas.

– Eu imagino. – Louis sorriu para o amigo e eu me senti ainda pior.

– É, eu só tenho que tomar cuidado para não sufocá-lo de agora em diante. – O outro alfa suspirou.

– Acha que é possível? – Louis perguntou confuso. – Quero dizer, ele precisa de você tanto quanto você dele.

– Não é por isso. É que agora que eu posso sentir suas emoções fica mais fácil perder o controle. Como o fato de ter filhos. Agora eu sei o quanto Niall quer um bebê e, acredite, não é pouco. Então eu estou querendo a todo custo realizar isso, tenho medo de ficar tão focado nisso que ele se sinta mal.

– Isso tudo com relação a mordida parece muito complexo. – Louis comentou.

– E é. – Liam sorriu. – Vocês vão ver quando chegar a vez de vocês.

Aí é que estava o problema. E se a nossa vez nunca chegasse? E se eu não quisesse uma mordida?