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História Ensina-me a te amar - Capítulo 4


Escrita por: JustAFujoshi17

Notas do Autor


Neste capítulo, Alexandre e Heféstion continuam brigando e implicando um com o outro, pois vivem em mundos opostos. Mas em meio ao estranhamento inicial, está nascendo um outro sentimento.

Capítulo 4 - Capítulo 4


No dia seguinte, Alexandre tomou café em seus aposentos, e perguntou ao cozinheiro, que trouxera a comida, como estava Hephestion.

— Ah, o rebelde? Ele custou a dormir. Aparentava estar um tanto quanto chateado. Aquele ali só vai tomar jeito quando levar uma boa surra, Alteza.

Alexandre não gostou da intromissão do criado:

— Eu sei cuidar dos escravos, Celsus. Meus pais também sabem. Não precisamos de seus conselhos.

O interpelado corou como um pimentão, de vergonha por ter levado um pito. Realmente, fora muito atrevimento de sua parte.

— Desculpe, senhor.

Alexandre não deu maior importância ao assunto. Seu interesse concentrava-se em outras coisas:

— Traga o rapaz que sabe falar bretão para minha presença. Preciso lhe falar.

— Sim, senhor. – Celsus retirou-se do recinto.

************

Com os primeiros raios de sol da manhã, Hephestion foi aos poucos despertando, sua bela figura combinando bem com um dia bonito e colorido, como parecia que ia ser aquele. Mas a alma de Hephestion não estava colorida. Não estava mais triste, mas certo abatimento ainda podia ser notado, em especial nas olheiras, por conta do pranto da noite passada.

Alguém apareceu perto daquele canto da cozinha onde ele estava deitado.

— Vamos, garoto, o príncipe pede sua presença.

E antes que Hephestion pudesse responder ou esboçar qualquer reação, foi agarrado pelo braço pelo cozinheiro.

Alexandre, ao vê-lo, teve um certo brilho perpassando por seu olhar. Não sabia dizer o motivo, mas a presença daquele rapaz o deixava com certo ânimo; talvez porque soubesse que aquele não era um escravo comum. Alexandre sabia com certeza, apesar de sua petulância, reconhecer certos dotes nas pessoas, onde quer que as encontrasse.

— Bom dia. – Cumprimentou, esperando ansiosamente pela resposta do outro. Mas tudo o que obteve de volta foi um ligeiro e seco cumprimento de cabeça. Prosseguiu:

— Se estiveres... apto, hoje, poderíamos começar nossas aulas. E não é um pedido.

— Sim, meu senhor. – Hephestion respondeu, e pelo seu tom, Alexandre não saberia dizer se desta vez havia ou não ironia em suas palavras. O rapaz estava ainda um pouco amuado, mas por causa de sua altivez, procurava não demonstrar.

— Deixe-nos a sós, Celsus.

— Sim, senhor.

Quando ficaram a sós, sentaram-se em uma mesa onde havia muitos pergaminhos, tinta e papel.

— O que Vossa Alteza gostaria de aprender? – O tom do escravo era ainda um pouco rude, mas Alexandre não podia esperar ser beijado e abraçado por ele depois de tanta resistência. Ignorou o tom amargo de sua voz e respondeu, com diplomacia:

— Quero que me fale de tudo. Primeiramente seus costumes, a história da Bretanha, sua economia; depois, ensine-me algumas noções da língua. Pretendemos expandir os negócios da Macedônia. E quem sabe, conquistar mais território... – Aquelas palavras tiveram um mau efeito sobre o escravo, que olhou ainda mais feio para seu senhor; afinal, conquistar significava, a seu ver, invadir, roubar e matar outros povos. Exatamente como fora com sua terra natal.

Alexandre percebeu a gafe. Limpou a garganta e se desculpou:

— Me perdoe. – Ao mesmo tempo, percebera o absurdo da situação: não deveria estar pedindo perdão a um reles escravo. Se seu pai o visse naquela situação, haveria de desprezá-lo. Mas antes de ser príncipe, Alexandre era humano. Ainda tinha uma noção de quando passava dos limites do bom senso, seu caráter não estava de todo embotado como o de Filipe.

Hephestion ignorou o pedido de desculpas e começou a contar tudo o que sabia da Bretanha, tudo o que sua mãe havia lhe ensinado sobre uma de suas pátrias:

— Nosso território tem sido muito... – e o rapaz parecia desconfortável em falar, mas prosseguiu: - ocupado, em especial por celtas, ultimamente. Na verdade, os celtas chegaram ali primeiro para ocupar... Não se sabe quanto tempo mais ainda ficarão, ou se seremos ocupado por outros povos... – E aos poucos, o rapaz foi se soltando, contando tudo o que lembrava que sua mãe havia contado:

— Quando chove, tudo fica lamacento: às vezes, fica um clima bastante cinzento, em especial em épocas de chuva... Apesar disso mamãe dizia que era tudo muito aprazível e bonito de se ver... – Hephestion tinha os olhos brilhantes quando contava sobre a terra em que a mãe nascera, e sem o saber, aquilo o tornava ainda mais belo. Sem a carranca que já se acostumara a esboçar quando estava aborrecido, sua já conhecida beleza tornava-se sublime.

‘’Um verdadeiro Apolo! Zeus trocaria seu Ganymedes* por ele, com certeza’’, pensou um emocionado Alexandre, e imediatamente o próprio filho de Filipe tomou um baita susto com tal pensamento.

— ... para muitos, a Bretanha poderia parecer apenas um imenso pântano desabitado, as pessoas até duvidavam de que aquilo poderia crescer... Mas eu creio que um dia aquelas terras virarão um império duradouro. Não sei por que, mas algo me diz que assim será. – Prosseguia Hephestion, enquanto Alexandre ia anotando tudo para mais tarde fazer algumas perguntas.

***

            Hephestion, após passar a manhã ensinando o jovem príncipe, foi levado para uma grande sala de banho, onde um senhor e dois jovens, que pareciam ser árabes, o esperavam.

            O senhor deu um passo à frente, seu sorriso educado e paterno acalmara um pouco Hephestion, que não entendia o que estava fazendo ali. Observou um pouco ao redor, e viu que uma grande banheira estava cheia e fumegante, esperando por alguém.

           — Você deve ser Hephestion? – O senhor dispensou os guardas, com um leve aceno de mão e andou calmamente até o belo escravo. – Você é um dos novos cortesãos.

— Cortesão? Desculpe-me por falar com um senhor de idade desta maneira, mas eu prefiro morrer antes de me deitar com o príncipe herdeiro. – O homem não vacilou no doce sorriso e caminhou lentamente para mais próximo de Hephestion.

— Cuidado com sua língua, ela deveria ter outras utilidades. Não deve usá-la para espalhar esse tipo de veneno. Não sobre o futuro rei.

— Não preciso que me digas isso. – O jovem voltou a olhar ao redor, confuso. – Finalmente, o que estou fazendo aqui?

— Você vai dormir no quarto ao lado do príncipe, vai conviver com ele quase diariamente, vai falar com ele, vai sentar perto dele... O mínimo que você precisa estar, é limpo. – Hephestion entendeu que aquele banho era para ele e sentiu uma leve vergonha, ele não ficaria nu na frente de pessoas desconhecidas. 

– Vamos, pode tirar sua túnica. Você vai ganhar outra roupa.

— Eu posso tomar banho sozinho.

— Eu sei que pode. Mas como eu disse, estamos falando do príncipe, então preciso ter a certeza de que você estará limpo.

            Após o longo banho, e um pouco de sofrimento na hora em que estavam penteando seus cabelos, que estavam tão sujos que criaram certos dreads, ele estava finalmente apresentável. Olhou-se ao espelho e parecia o nobre que fora há poucas semanas atrás, bonito, limpo e com óleos cheirosos por seu corpo.

Um dos rapazes lhe deu uma simples túnica azul, o corte não era diferente da acinzentada que usava antes, mas era muito mais bonita e de um tecido muito melhor. Caiu perfeitamente em seu corpo. Recebeu uma gargantilha de prata, e quando questionou lhe responderam com um “É para marcar a propriedade do príncipe.” Fez uma nota mental, que assim que saísse daquele banheiro, iria jogar aquela porcaria bem longe. E por fim, fizeram uma bela trança raiz, para manter seu cabelo arrumado.

Se não estivesse com vestes de escravo, ele diria que estava lindo.

— Os guardas lhe esperam na porta, para levá-lo aos seus aposentos. – O senhor, que havia descoberto que se chamava Amarios, lhe avisou. 

– Seja um bom menino e você verá que irá ter um mundo dentro desse castelo. – Hephestion apenas ignorou aquele conselho e seguiu os guardas para um quarto exatamente ao lado do de Alexandre.

O quarto era grande e bem iluminado por candelabros pendurados ao teto, envolto em fumaças de incenso, e havia várias grandes almofadas em cima de um tapete de pele. Em um canto do quarto existia um lavatório, onde havia um sanitário e uma bacia de água para se lavar. Era aconchegante.

As três pessoas que estavam paradas olharam para ele, olhares curiosos e invejosos. Duas belas jovens e um rapaz bastante exótico o encarava de cima a baixo.

— Você é um nobre? – Perguntou uma loira, que parecia mais velha que ele.

— Já fui.

— Quem é você? – Perguntou a bela morena, com seus cabelos revoltos e cacheados. Ela não parecia ter mais de quinze anos.

— Hephestion.

— Não perguntei seu nome, mas quem você é aqui dentro. – Rebateu a mesma. Hephestion fez uma careta de compreensão e sentou-se em um banquinho perto da janela.

— Um escravo qualquer, não se preocupe. – Disse, desanimado, olhando a vista da janela e apreciando os longos campos verdes a sua frente.

— Bagoas, não fique com inveja, Alexandre ainda vai olhar para você. – Disse a loira, irritadamente, para o jovem ali presente. Era um belo rapaz, de cabelos longos e pele um pouco escura, seus traços eram realmente exóticos.

— Eu não sou esse tipo de escravo, não irei nunca para a cama do príncipe...

— É mesmo? – Uma quarta voz se fez presente, e pela porta que dava passagem ao quarto do príncipe, estava ninguém menos que o próprio, ouvindo a conversa com um sorriso de escárnio.

— Eu estou aqui para lhe ensinar, porque você pediu. Se você espera algo a mais de mim, me mande de volta para aquele buraco da cozinha. – Agora os dois se encaravam, de pé, olhar castanho no azul, como uma batalha. 

– Ah, e tome essa porcaria, não sou um boi para você me marcar. – E jogou aos pés de Alexandre a gargantilha, sob os olhares espantados e curiosos das duas moças e do exótico rapaz.

— Por que tem que fazer tudo ficar mais difícil para você? – O loiro apanhou a gargantilha e observou-a encantado. Voltou seus olhos para o jovem de olhos azuis e lhe encarou de cima a baixo, brilhando seu rosto em malícia mal contida.

 – Você é mais bonito do que eu imaginei. E Cassandro estava certo, suas coxas são uma perdição. – Hephestion corou e desviou o olhar para longe, perdendo um pouco a pose. – Se eu pedir, você tem que ir para minha cama, por bem ou por mal. Negar-me é uma condenação à morte. – O loiro caminhou até o moreno e devolveu a gargantilha. Disse puxando o rosto de Hephestion para encará-lo:

 – Agora ponha essa porcaria de gargantilha no pescoço ou eu te mando para um buraco pior do que a cozinha. Quem sabe Cassandro não dê uma passada por esse lugar e acabe com a tara dele por suas coxas. – Alexandre sorriu arrogantemente ao ver a cara de nojo e derrota no outro, e aproximou mais seu rosto e soprou um fio de cabelo que saíra rebeldemente da trança, e depois foi embora, deixando todos chocados.



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