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História Ensina-me a te amar - Capítulo 10


Escrita por: JustAFujoshi17

Notas do Autor


Heféstion e Alexandre, brigados um com o outro, sofrem . Bagoas debocha de Heféstion. Alexandre é obrigado a participar do baile em que escolherá uma noiva.

Capítulo 10 - Capítulo 10


Hephestion encontrava-se com o orgulho também ferido, além do coração. Ele mesmo não entendia como as duras palavras de Alexandre puderam magoá-lo tanto. Justo a ele, que nunca antes havia levado desaforo para casa, ele, que fora um nobre antes de ser escravo, ele, que sempre tinha uma resposta ferina na ponta da língua.

Ao passar perto de seus próprios aposentos, pois queria ficar só, deparou-se com uma pessoa desagradável. Alguém que, definitivamente, não queria encontrar naquele momento. Talvez em momento algum.

— Ao que parece o príncipe enjoou do mais novo brinquedinho, não? – Bagoas o encarava enquanto falava, os braços cruzados, arrogante, um sorriso ferino no olhar escurecido de malícia. Era óbvio. Ele queria se vingar do esquecimento a que fora condenado depois da chegada do gaulês, mesmo que suas armas fossem apenas palavras venenosas.

Hephestion não estava disposto a brigar. Mas se Bagoas fosse estúpido o bastante para provocá-lo, o gaulês não sairia de cabeça baixa. Não, mesmo.

— Deixe-me passar, saia de perto dos meus aposentos. – Para azar de Hephestion, o ex-favorito do príncipe, que compartilhara da cama do mesmo algumas vezes, percebeu que ele havia chorado, olhando-o bem nos olhos, que ainda estavam vermelhos.

— Ora vejam só... parece que a briga foi mesmo séria desta vez, não? O nobre e companheiro escravo perderá seu lugar? – Enquanto falava, Bagoas andava irritantemente em círculos ao redor de Hephéstion, olhando-o da cabeça aos pés. 

_ Só os deuses sabem... mas se eu fosse você, sabe, já ia me preparando para o pior... para o esquecimento. Antes ele lhe deu essas belas túnicas, um bom banho, mandou que cuidassem de seus cabelos e lhe oferecessem lautas refeições, com deliciosas iguarias e finas bebidas... amanhã, arruma uma noiva, filha de um grande rei estrangeiro que queira anexar seu território ao da Macedônia e você perde seu lugarzinho ao lado de Alexandre... já pensou que triste? Voltar a ser um qualquer, esfarrapado e largado a um canto...

Hephestion agarrou o braço de Bagoas com força, e encarou-o bem nos olhos escuros, falando bem junto ao seu rosto:

— Não me importo com o que venha a me acontecer. Me importo apenas com Alexandre, e com seu futuro, porque... porque... não lhe interessa o motivo. O seu problema é a inveja que sente de mim, pois ele se importa mais comigo como jamais se importou ou se importará com você!

O escravo deixou escapar uma expressão de desprezo e inconformismo enquanto ouvia as palavras de Hephestion, e lhe doeu perceber que ele tinha toda a razão. Bastava olhar para trás, fazer um retrospecto da vida do príncipe herdeiro para perceber que os outros escravos e escravas, inclusive ele próprio, que haviam partilhado da cama de Alexandre, só serviram mesmo a seu prazer; nenhum deles de fato havia tomado um lugar especial em sua estima, muito menos em seu coração. E todos viam o quanto Hephestion era estimado pelo futuro rei.

Bagoas forcejou para soltar o seu braço da mão francamente forte de Hephestion. Antes de sair, porém, aproveitou mais uma vez para destilar seu veneno: 

_ Você é tão insignificante quanto eu sou para ele. Seu tempo vai passar. Você vai ver.

Hephestion ficou olhando Bagoas afastar-se, e quando o perdeu de vista, irritado, entrou em seus aposentos, batendo a porta com fúria.

Passou a noite afundando o belo rosto nos travesseiros, chorando convulsamente, mas abafando o pranto, para que ninguém o ouvisse. Se alguém escutasse seu dolorido choro, seria mais um duro golpe para seu orgulho suportar.

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Os dias pareciam se arrastar, e Alexandre de fato rezava aos deuses para que nunca chegasse o temido dia. Mas como alguns deuses parecem gostar de contrariar quem roga por eles, a lua planejada para receber as pretendentes ao título de futura rainha da Macedônia finalmente chegou. Deveriam chegar candidatas a noivas de alguns reinos da Europa e da Pérsia, Índia, e outros lugares exóticos da Ásia, todos os já explorados por conquistadores e viajantes até então.

Caravanas chegavam ao palácio do Rei Fillipe, que preparou uma recepção com toda a pompa e circunstância adequadas.

Os convidados iam chegando, e ele cumprimentava os reis, políticos e generais que traziam as filhas.

Eram muitas, e algumas, as mais exóticas e belas virgens que os deslumbrados olhos dos presentes já haviam visto. Outras, nem tanto, como o próprio rei havia anteriormente prevenido Alexandre. Mas todas eram finas, educadas, ao menos exteriormente. E todas tinham lá a sua importância política. Sem contar que muitas delas eram herdeiras de grandes latifúndios e enormes fortunas.

Fillipe recebia a todos de cara alegre, apesar da ansiedade que sentia, querendo que o filho viesse logo à sala verificar qual lhe agradava mais. Quem sabe não acabasse se apaixonando de verdade? Estava na idade. Enquanto aguardava o príncipe, mandava servir bebidas. Estava ao lado de Olímpia, mais bela que de costume, como exigia a ocasião. Cochichou para a mulher:

— Vá ver o que foi feito de Alexandre. Esta festa devia interessar a ele mais do que a ninguém, e no entanto, aquele desmiolado nem parece se importar. Vá, mulher, vá.

Olímpia suspirou fundo, e embora também quisesse que o filho se casasse, desejando ardentemente que ele demonstrasse a todos que era digno do trono, sabia que aquele evento contrariava o seu garoto. Ela sentia.

Mas resolveu-se a ir procurá-lo. Pediu licença aos presentes, e forçando sorrisos aqui e ali, foi tomando espaço em meio à multidão que cercava a sala do trono real, até que chegou ao quarto do príncipe.

Sorriu ao ver o filho. Estava belo como nunca, criando corpo, mais e mais parecido com um homem feito. Alexandre estava na frente do espelho, vestido com uma bela e rica túnica dourada. Mal parecia ter notado a presença da mãe, estava perdido em pensamentos. Usava uma coroa dourada, em forma de louros. Olímpia emocionou-se, e ao mesmo tempo sentiu uma certa apreensão. Pensou consigo, um pouco amargurada: ‘’Ele vai se casar, e vai me deixar. Meu único aliado nesta casa.’’ Enxugou algumas lágrimas intrometidas, tamanha era a emoção por ver o filho tão imponente, e afinal disse:

— As suas pretendentes estão esperando sua chegada ao salão. Seu pai lhe chama.

O príncipe virou-se para ver a mãe. Sorriu e ambos abraçaram-se carinhosamente.

— Pensei que a única mulher da minha vida seria a senhora, minha mãe.

Olímpia balançou a cabeça, sorrindo da ingenuidade e doçura das palavras do filho.

— Não diga isso. Você não pode se dar a esse luxo. Reis não podem ser solteiros. Será o rei da Macedônia, tem de casar e dar um sucessor ao seu povo. Assim como eu e seu pai tivemos você.

Alexandre sorriu e lembrou-se do boato de que ele era filho não de Fillipe, mas de Zeus.

— A senhora promete guardar segredo se eu lhe contar... uma coisa?

— Prefiro me transformar em uma estátua como a de Pigmaleão, a trair um segredo de meu filho.

— Não contará nem a papai?

Olímpia ficou preocupada com o pedido. Embora tivesse brigas homéricas e violentas com o marido de vez em quando, tinha medo de tentar lhe ocultar o que quer que fosse, pois Fillipe tinha lá seus meios nada ortodoxos de descobrir traições e conluios secretos. O rei tinha medo do quer que ameaçasse a sua soberania, e não gostava sequer de desconfiar que conspiravam contra ele. Temeu esse segredo. Mas resolveu dar um voto de confiança ao pedido do filho e disse, num sussurro:

— Nem... nem a ele.

Alexandre pareceu ficar mais confortável e então, confessou:

— Acredito que caí em uma armadilha de Cupido, ou Eros...

Olímpia não esperava ouvir aquilo. Seria uma confissão de um jovem apaixonado? Confusa, perguntou:

— O que quer dizer?

Ouviram-se então barulhos de pancadas violentas na porta:

— Olímpia! O que houve com esse garoto?

Era Fillipe. A confidência tinha de ficar para depois.

— Vamos ao salão, meu querido. Depois você me conta tudo. Prometo que ouvirei atentamente. Esses compromissos sociais são terrivelmente enfadonhos, mas infelizmente é algo pelo qual um nobre deve, inevitavelmente passar.

Mãe e filho seguiram em direção ao salão onde se apinhavam muitos convidados e convidadas ilustres. Mas a Alexandre só importava uma pessoa. Onde estaria seu Hephestion? Iria ele tomar parte no salão?



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