História Entre a Vida e a Morte - Extraterrestre

         Justin's P.O.V.
   A fila da roda-gigante também era pequena,então logo chegou nossa vez.Sentamos no banco,colocamos o cinto de segurança,e o brinquedo começou a funcionar.A cada volta Elie tinha uma reação diferente,era até engraçado.Surpresa,medo,felicidade,tudo isso se misturava nas suas feições.Quando a roda parou ela tinha um sorriso gigante no rosto.
   — Nem preciso perguntar se você gostou né — brinquei.
   — Foi incrível Justin,muito obrigada — me surpreendeu me abraçando.Era um abraço bom porque foi algo natural,por impulso,não algo calculado.Ela estava verdadeiramente agradecida,e este foi o melhor jeito que ela encontrou para demonstrar isso.E havia funcionado,ela conseguiu transmitir toda sua gratidão para mim.Eu queria ficar naquele abraço para sempre,ele me transmitia tantas coisas boas.Se afastou um pouco constrangida.
   — Onde você quer ir agora? — perguntei.
   — Sua vez de escolher.
   — Carrinho de batida, então — respondi animado.É,eu amo carros.
   Então fomos no brinquedo.Eu fui no azul,e ela no verde.Mal comecei a andar e já senti uma batida de Elie na traseria do meu carro.
   — Ops,foi mal! — disse rindo.
   — Isso não vai ficar assim — entrei na brincadeira.
   — Então vem me pegar — desafiou,saíndo do lugar com seu carro.Então fui atrás,estava quase a apanhando quando deu ré e seu carro novamente bateu no meu.
   — Nem parece que sou eu quem nunca dirigiu,e sim você — debochou.
   — Por isso mesmo,eu dirigo muito bem, não bato nos outros carros — contra-argumentei.
     — Aham,claro.Cada um disfarça sua incopetência como quer — debochou.Aproveitei enquanto ela estava distraída rindo para chegar do lado de seu carro e lhe dar uma batida.
   — Quem é o incopetente agora? — sorri vitorioso.
   — Duas é mais que uma,Bieber — sorriu irônica. — Pelo visto os cantores não são bons com números.
   — Aí que você se engana,sempre tirei 10 em matemática — fiz uma expressão séria.
   — Sério?Uau — se espantou.
   — Não — ri de sua cara de espanto. — Minhas notas eram péssimas.
   — Isso faz mais sentido.
  — Tá me chamando de burro? — me fiz de ofendido.
   — Não,só lerdo mesmo — disse rindo enquanto aproveitava a minha distração para dar outra batida no meu carro.
   O homem que cuidava dos brinquedos informou que o tempo havia acabado,então saímos do carrinho.
   — Foi bem legal né? — tentei me certificar se o dia continuava bom para ela.
   — Claro,sempre é legal quando eu ganho — deu um sorriso divertido.
   — Você sabe que carrinho de batida não é um jogo para que tenha ganhador,certo? — sorri vitorioso — Então eu não perdi.
   — Aposto que se você tivesse ganhado seria um jogo — debochou.Pior que ela tinha razão,eu comemorava até quando ganhava par ou ímpar.Mas,obviamente,eu odiava perder,por isso neguei.
— Óbvio que não.Está com fome? Porque eu tô morrendo — mudei de assunto.
   Ela riu da mudança repentina de assunto,mas mesmo assim me respondeu.
   — Eu também tô com um pouco — não sei porquê,mas tive a sensação de que ela estava mentindo,mas deve ser só impressão minha.
   — O que você acha de algodão doce? — sugeri.
   — Ué,você não estava com muita fome? — disse desconfiada.
   — É...— tentei pensar em uma desculpa — isso é só a primeira parte da comida. — Pude ver que ela quase abriu um sorriso,mas se conteve.Acho que na verdade era ela quem estava morrendo de fome,só não entendi o porquê da mentira.Tá,eu também estava mentindo sobre estar com fome,mas era só para ela parar de falar da minha "derrota".E o motivo dela,qual seria?
   Fomos em direção ao homem que vendia algodão doce.
   — Eu quero três — disse a ele.
   — São dez reais — ele disse enquanto os entregava. O paguei e entreguei dois para Elie.
   — É para eu segurar um seu? — perguntou confusa.Ri de sua confusão,ela nem sequer havia notado que eu descobri sua mentira.
   — Não,é para você comer os dois — esclareci.
   — Mas eu disse que... — a cortei.
   — Eu sei o que você disse,mas sei que não é verdade — ela me encarou chocada,mas não negou.Simplesmente começou a comer o algodão doce,fingindo não ter escutado o que eu disse.
Eu estava prestes a lhe pedir explicações sobre a mentira,mas decidi voltar atrás.Eu tinha receio de que isso levasse a uma discussão entre nós,e que se transformasse no meu passo em falso.Com Elie eu sempre tinha que ser cauteloso,seja com as palavras,ou com as atitudes.Ela era como uma boneca de porcelana,que se quebraria com qualquer movimento errado que eu fizesse.Por isso decidi ignorar a mentira,e comecei a comer meu algodão doce também.
   Ela comia o seu com verocidade,como se não comesse um há muito tempo.Ou melhor dizendo,como se não comesse nada a muito tempo.Eu estava ainda no começo do meu quando ela acabou o primeiro,e no meio quando acabou o segundo.Será que...ela passava fome? Não seja tão precipitado Justin,meu subconsciente me alertou.Ela pode ter saído de casa sem comer hoje,não viaja.Além do mais já estávamos a um tempo aqui,era normal ela estar com fome.As vezes eu penso cada coisa...ri comigo mesmo desses pensamentos.Se ela passasse fome ela me falaria,certo? Até porquê amigos confiam um no outro,porém eu sentia que ainda ia demorar um pouco para eu ter sua inteira confiaça.Pelo menos eu esperava conseguir conquistá-la.Fiquei pensando no que mais eu poderia fazer para o dia de hoje ficar melhor ainda,até que percebi que o dia já parecia ter sido bom o suficiente para Elie,pois ela estava olhando para o nada e sorrindo.O que eu precisava fazer era garantir que ela lembrasse desse dia,então tive uma ideia.Lembrei que tinha uma lojinha de acessórios ali perto,então a levei até lá.
   — Por que você me puxou todo animado para cá? — perguntou confusa.Ela olhou melhor para a loja e pensou entender. — Ah,sério que você ama tanto assim comprar? — perguntou rindo.
   — Não,claro que não — neguei,incrédulo por ela ter concluído isso,embora,tenho que confessar,fizesse bastante sentido. — Vem,vamos ali tirar uma foto de nós dois.
   — Mas isso não é uma loja de fotos — disse o óbvio.
   — Sério?Nem tinha reparado.Devo ter entrado na loja errada então — disse irônico,ela ficou calada e não retrucou.
    Fomos para o lugar onde tirava as fotos,porém Elie estava com uma cara emburrada,por isso fiz chifrinho nela.
    — O que acha dessa foto? — perguntei rindo,quando a foto saiu.
    — Justin! — ela disse brava,mas não se conteve e começou a rir também.
    — Se você sorrisse eu não faria isso — sorri vitorioso.
   — Ok,você venceu — se rendeu.
   — Mas tem que ser um sorriso verdadeiro — a lembrei.Pois quando ela olhasse para aquela foto tinha que perceber como havia sido feliz naquele dia,e como seria bom ter mais dias assim.
   — Claro — sorriu maliciosa.O que será que elá estava aprontando?
   Então tiramos outra foto,e dessa vez ela sorriu.E quando peguei a foto,foi a minha vez de ficar bravo.
   — Elie! — disse bravo,com um sorriso querendo surgir nos meus lábios.
   — O que foi?Só estou revidando — sorriu divertida ao olhar para a foto e ver o chifre que ela tinha feito em cima da minha cabeça.
   — Ok,está bem — concordei,rindo de sua justificativa. — Agora vamos tirar uma sem nenhum chifrinho,certo? — sorri inocente.Óbvio que eu iria trapacear,aquela era a última foto,então não teria como ela revidar.
   — Claro — concordou.
   Ambos sorrimos,e eu coloquei chifrinho na sua cabeça,como ela era ingênua.Porém ao pegar a foto tive uma surpresa,e pude ver que ela também.Ambos estávamos com chifrinhos,não aguentamos e caímos na gargalhada.
   — Até que eu gostei dessa foto — confessei.
   — É,acho que ela expressa bem o dia de hoje — concordou.Parabéns,ótima ideia Justin,disse a mim mesmo.
   Fomos na vendedora,e eu lhe disse que havíamos escolhido aquela foto.
   — Para quê? — Elie perguntei confusa.
   — Daqui a pouco você vai saber — respondi misterioso.
   — Em que você vai colocar? — a vendedora voltou com cópias da foto que havíamos escolhido.
   — Nesse colar aqui — disse apontando para um colar que estava na vitrine. — Quer dizer,nesse e em um igual — disse o óbvio.
   Depois de alguns minutos ela me entregou os dois cordões,com as fotos dentro de seus respectivos pingentes.A paguei,e me virei para Elie.
   — Esse,como você já deve ter percebido,é o seu. — Ergui um dos colares em sua direção. — Posso? — perguntei.
   — Claro — ela anuiu.
   Então coloquei a joia em volta de seu pescoço.Percebi que ela se arrepiou com meu toque,sorri com isso.
   — É para você se lembrar do dia de hoje — me expliquei.
   — Eu jamais iria esquecer — sorriu feliz.Ela deveria fazer isso sempre,seu rosto se iluminava com tal ato.Ela ficava ainda mais linda fazendo isso,se é que isso era posível. — Obrigada por esse dia,Justin.Obrigada por estar sendo tão incrível comigo.Nem sei como te agradecer.
   — O seu sorriso é o suficiente — sorri ao ver como ela tinha ficado envergonhada. — Então,qual nota você dá para o dia? — perguntei ansioso.
   — Você ainda pergunta? 10,claro. — Ela disse como se fosse óbvio.Eu não saberia expressar o quão feliz eu estava com aquela nota,ou o quão feliz eu estava em vê-la sorrindo.Eu sentia que o alcance da minha meta estava mais próximo,eu sentia que conseguiria fazê-la desistir da morte.Eu sentia que conseguiria fazê-la feliz.Porém eu tinha conciência que aquilo era só o começo,não era de um dia para o outro que eu a faria desisistir da morte.Eu sabia que aquele havia sido só um passo,porém eu estava feliz dele ter sido bem sucedido.Se ele não fosse,eu não teria a chance de realizar os outros.Eu sabia que era essencial que eu acertasse em todos os passos,o problema é que sou famoso por errar.Os meus fãs até costumam me defender dizendo:"Errar é humano".Porém com ela eu não teria margem para erro,acho que terei que virar um extraterrestre então.