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História Entre amor e vingança - Admiração


Escrita por: RobertaDragneel

Notas do Autor


Demorei um pouco para postar mas finalmente consegui.
O capítulo de hoje tem o desfecho da luta anterior e algumas partes que devem ser analisadas com atenção.
Não é só a Sakura que está sofrendo mudanças, os demais personagens ao seu redor também estão aprendendo muito.
Dentre eles, Kiran Yamir.
Não entrarei em detalhes pois o próximo capítulo era detalhar muito bem o que quero dizer.

Sobre as empresas, a família Yamir tem muito poder em outros países - principalmente a China - por isso tem que lidar com situações desconfortáveis como estas que serão expostas.
Espero que gostem do capítulo, o clima oscila entre agitado e tenso. Além de incluir um toque de drama, afinal nossa personagem principal não superou seu trauma. Está muito longe, por sinal...

Sem mais enrolação, boa leitura!

Capítulo 32 - Admiração


Fanfic / Fanfiction Entre amor e vingança - Admiração

Minha cabeça não parava de latejar, parecia que um mini terremoto assolava o meu cérebro. Abri lentamente os olhos, a visão turva e demorei um pouco para reconhecer as três figuras na minha frente. Eles usavam terno e óculos escuros, escondendo seus olhares maldosos sobre mim. Tinham o mesmo porte físico, mesmas expressões e até o mesmo estilo de corte de cabelo. Nada disso importava, eu apenas me via presa àquele momento novamente.

O meu corpo estava imobilizado por uma forte corda amarrada ao redor dele. Remexi de um lado para outro, tentando sair dali mas meus movimentos não tinham efeito algum. Protestei para eles sobre a dor de ter o corpo apertado mas as palavras não saíam, só então percebi que amarraram um pano na minha boca. Meus olhos percorreram o local, analisando um pequeno depósito, a higiene era precária.

É tão parecido com aquele dia. – Penso abaixando a cabeça, enquanto meu longo cabelo cobria a expressão vazia.

- Você dormiu demais. – Um homem comenta, segurando o meu queixo e me forçando a olhar o seu rosto miserável.

Minha expressão era de poucos amigos, o que o fez recuar um pouco. Precisava encontrar um jeito de sair dali o mais rápido possível, senão a história iria se repetir. Eu não fazia ideia de onde estava mas, com a ajuda do celular, talvez encontrasse uma localidade. Remexi um pouco o corpo e percebi que ele não estava em meu bolso.

- Procura por isso? – Um dos homens erguia a mão, segurando meu celular.

Arregalo os olhos surpresa e soltou alguns sons de protestos, abafados pelo pano branco. Eu não iria viver aquele trauma novamente, não suportaria tal dor. Neguei com a cabeça, afastando os pensamentos negativos e tentei pensar em um plano.

O Kiran não estava lá e a sua chance de saber onde eu estava era mínima. Não tinha nenhuma arma e minhas técnicas de jiu jitsu não seriam úteis no momento, eu mal podia me mover. A mão de um deles segurou uma mecha do meu cabelo, aproximando o rosto e eu pude sentir sua respiração quente próxima ao meu rosto. Continuei a protestar mesmo que minhas palavras não fossem entendidas. Então, o homem puxou o pano da minha boca e eu consegui cuspir no rosto dele, fazendo-o recuar e xingar algo em chinês.

- Quem são vocês?

- Ora, ora. Pensei que iria gritar mas você é corajosa. – Um deles comenta cruzando o braço. – Quem somos não importa.

- Claro que importa. Digamos que eu tenha um certo problema com homens de terno, então quero ter certeza de certas coisas. – Digo com um sorriso frio. – Serei abusada, certo?

- Adoraríamos mas acabamos de receber uma ligação do nosso superior. Não sabíamos que você trabalha para aquela maldita empresa.

- Empresa? Que empresa? – Questiono confusa.

- Não se faça de desentendida, sua maldita! – Um dos homens grita, dando um tapa em meu rosto.

Solto um grunhido de dor, voltando meu olhar sobre as três figuras em minha frente. Chega de depender de indianos, então balancei meu corpo na cadeira e acabei caindo para trás com as pernas erguidas no ar. Ouvi alguns comentários maldosos – a maioria em chinês – sobre meu corpo exposto mas ignorei, esperando que os alvos se aproximassem. Senti um deles passar a mão por minha perna, subindo pela coxa enquanto eu fitava o teto suando frio. Era tão nojento ser tocada desse forma até que dei um chute entre as pernas dele, ouvindo suas reclamações.

O outro homem me puxa pelas pernas e volto a ficar na posição inicial: sentada com a cadeira em pé. Então, abaixo a cabeça em direção ao quadril dele dando uma mordida no cabo da faca que o mesmo carregava em sua cintura. Inclino a cabeça para o lado, fazendo a ponta da faca apontar para a costela do oponente e o golpeio com toda a força que minha mandíbula poderia ter. Depois, ao vê-lo de joelhos com a mão sobre o corte, ergo a perna e dou um chute de cima para baixo em seu pescoço. Assim, consigo fazê-lo desmaiar sem muito esforço.

- O QUE É VOCÊ? – Outro grita e parte para cima de mim.

Dou nos ombros, jogando meu corpo para trás – e voltando para o chão – e rolo para o lado, desviando de um soco. Quando o homem se aproxima de mim, espero que ele se abaixe e dou um chute em seu nariz vendo o local sangrar. Infelizmente, esqueci do último oponente e recebo um chute na barriga. Tossi um pouco e rolei para o lado novamente mas foi em vão, mais um chute em cheio na minha costela.

A dor era agonizante e eu mal podia fazer outro movimento pois me sentia fraca. Forçava minha mente para elaborar um plano enquanto erguiam minha cabeça. Seus olhares não eram nada agradáveis e tinha certeza que seria morta se não saísse dali. Recebi um soco no rosto, sentindo um fio de sangue escorrer pelo nariz. Outro soco foi dado e eu já estava tonta, eles eram fortes e deviam ter algum tipo de treinamento.

Kiran POV’s On

A reunião não foi tão chata, os nossos representantes na China fizeram um bom trabalho. Eu conversei com o dono da atual empresa de exploração de minério local. Ele falou que outra companhia havia ofertado os mesmos serviços, disse que iria pensar sobre a proposta mas não pretendia contratar. Afinal, havia indícios que a companhia fazia parte de algum tipo de facção. Algo comum naquela região e que atrapalha o comércio local.

Queria poder ajudar de alguma forma mas estava preocupado com a Sakura. Acabei de olhar o celular e vi uma chamada perdida dela, é muito raro isso acontecer.

- Eu preciso ir. – Digo, fazendo uma breve reverência para o senhor na minha frente e abro um sorriso largo. – Foi bom fazer negócios com o senhor.

- Digo o mesmo. – Ele retribui a reverência. – Eu temia sucumbir minha empresa para aqueles mafiosos. Muitas pessoas têm morrido recentemente nas mãos deles.

Instantaneamente, senti um frio na espinha e sabia que algo ruim estava acontecendo. Então, encurtei a despedida e sai correndo dali. Liguei o carro – que foi alugado em nome da empresa – enquanto tentava retornar a ligação, porém parecia que o celular estava desligado. Torci fervorosamente que ela estivesse bem, aquela região era perigosa e sei conheço o carma da Sakura em atrair problemas.

Por mais que eu queira agir sozinho, esse não é o momento certo. Não sei nada sobre o perigo eminente. – Penso ao estacionar o carro na frente da delegacia.

Contei para a polícia que a jovem havia perdido contato comigo mas ninguém quis ajudar, o que era óbvio pois até eu podia estar exagerando. Mesmo assim, fingi compreender os argumentos dele e pedi para beber um pouco de água. Aproveitei o momento para se aproximar de uma policial e conversar com ela, sorrindo para disfarçar meu nervosismo. A mulher não tirava os olhos de mim, o que me deixou um pouco tenso já que não gosto de ser o centro das atenções. Toda essa conversa serviu para que ela fosse buscar café para mim e aproveitei o momento para acessar um dos computadores da polícia.

Por mais que isso seja errado, eu não tenho opção.

Meu conhecimento de informática foi útil, consegui rastrear o celular da Sakura e descobri que era em uma região abandonada. Tecnicamente, era impossível ela ter ido para essa região andando e duvido muito que foi até lá por curiosidade. Sai correndo dali, passando pela policial e saltando para dentro do carro mais rápido que os olhos humanos puderam acompanhar. Acelerei, queimando sem querer o pneu no chão e saindo pelas ruas da cidade desesperadamente.

E se for aquela empresa mafiosa? Será que eles viram a Sakura comigo e deduziram que ela trabalhava para a minha empresa? Se for esse o caso, preciso correr porque ela vai estar encrencada.

Parei o carro ao lado de um antigo galpão, eu estava sem nenhuma arma mas precisaria enfrentar o que quer que seja. Não permito que machuquem a Sakura por minha causa.

Ao chegar na entrada do galpão, arregalo os olhos surpresa ao ver dois homens dando socos na garota. Meu sangue ferve e sinto uma imensa raiva tomar conta do meu corpo. Havia outro desmaiado e não preciso nem perguntar quem foi. Ah, como ela me orgulha ao demonstrar tanta independência.

Kiran POV’s Off

Eu iria receber outro soco até que alguém puxou os dois homens para trás, fazendo-os recuarem. Era o Kiran! Fico surpresa ao vê-lo na minha frente, era perceptível a sua preocupação. Como ele descobriu que eu estava ali?

O indiano nocauteava um dos homens com apenas um soco, fazendo-o cair no chão inconsciente. O outro tentava avançar mas Kiran girava a perna, acertando em seu rosto e logo o segundo homem estava desmaiado também. Quando o moreno me desamarrou, pude ficar de pé enquanto estalava alguns ossos.

- Você demorou.

- Dá um crédito, eu nem sabia onde você estava! – Kiran faz bico e eu seguro a risada. – Você está bem?

- Estou sim mas o que foi aquilo? Eles pensaram que eu trabalhava para uma empresa.

Nesse momento, vi o indiano gelar e ele demorou muito para responder. Parecia que em sua mente mil e uma desculpas surgiam. Franzi o cenho confusa.

- Eles devem ter te confundido com outra pessoa.

- Kiran, seja sincero comigo. – Digo séria e ele recua um pouco.

- A minha empresa... Ela... Ela tem rivais aqui na China. Na verdade, há rivais no mundo inteiro. Eles devem ter te visto comigo e associado que você também trabalha na empresa. Por mais que eu tente abafar os boatos, muitos sabem que eu sou o atual presidente. Poucas pessoas tem contato com o presidente da empresa e você é uma delas.

Fico surpresa com suas palavras. Então, eu estou andando com uma pessoa importante? Agora que parei para pensar, nunca perguntei sobre a empresa do Kiran.

- Ahm... Sua empresa é voltada para...? – Questiono começando uma caminhada e o indiano me segue. Quero estar longe desse galpão. Pode parecer estranho deixar aqueles capangas ali mesmo mas não havia muito o que ser feito. Aliás, eles não fariam nenhum besteira que comprometesse o seu superior.

- Extração e comercialização de joias, entre outras coisas do mesmo ramo. Mas voltando, eu acredito que eles pensem que ameaçar seja a única forma de chegar ao topo. – Soltava um longo suspiro. – Isso me decepciona muito, sabe? Meu pai chegou tão longe com seu próprio esforço, ele nunca precisou atingir ninguém para isso. E ver esses idiotas agindo dessa forma me deixa com raiva.

 Kiran realmente estava irritado, a sua veia do pescoço poderia saltar para fora se pudesse. Ele fechava os punhos com força enquanto seu olhar estava focado no horizonte. Então, eu entendi algo importante no mundo dos negócios: Você precisa estar preparado para tudo. Um garoto de apenas 17 anos precisa carregar o peso de uma empresa sozinho, mesmo que seja por pouco tempo. Isso parece tão cruel. Kiran tem sonhos, objetivos e planos que não envolvem a administração da empresa da família.

Isso significa que esse não é o sonho dele. O Kiran não deseja continuar os negócios do pai mas faz isso pelo bem do legado que ele deixou.

Admiração. Esse é o sentimento que surgiu em meu peito. Eu sentia admiração pelo meu pai que passava dias sem me ver em reuniões exaustivas ou passava noites sem dormir trabalhando. O indiano havia conquistado a minha admiração nesse exato momento, ele está se tornando adulto de forma precoce e não está reclamando. Continua sorrindo e aceitando todas essas responsabilidades. Eu não sei se seria capaz de fazer o mesmo, ser obrigada a carregar um fardo que não desejo por um bem maior.

Nessas horas, eu percebo o quão egoísta eu sou.

- Vamos, Sakura. Você não parece nada bem. – Ele abre a porta do carro e sorri fraco para mim, pude ver que era um sorriso de pura preocupação. Apenas entro no carro em silêncio e espero que ele comece a dirigir para falar.

- Isso não te incomoda? Digo, ter que cuidar dos negócios da empresa e me ajudar ao mesmo tempo?

- Eu não me importo com isso. – Ele responde concentrado na estrada. – Eu causei muitos problemas à você, Sakura. Não sei como posso recompensar tudo isso e também... Eu sinto que não consigo sair do seu lado. Amigos sempre ficam ao lado dos outros, certo? Então, nada disso é um incômodo. Eu diria que é mais uma... Como posso dizer... Uma honra! – Disse animado com um de seus largos sorrisos.

Eu estava completamente surpresa quando o indiano virou o rosto em minha direção. Com certeza, minhas bochechas ficaram coradas. Meu cabelo estava bagunçado por causa da mini luta que tive minutos atrás e a roupa amassada. Apoiei a mão sobre o coração, abaixando o olhar sem jeito.

Droga! Suas palavras sempre causam essa reação.

Quando ergui o olhar, Kiran estava paralisado e corado também. Eu não entendi sua reação, então apenas engoli seco nervosa. Logo, ele volta sua atenção para a estrada e fica em silêncio durante todo o caminho, o que me surpreende já que o indiano é uma matraca ambulante.

Ao chegar no hotel, abro a porta do quarto com um pouco de dificuldade. Estava tremendo e sentia um mal estar tomar conta do meu corpo.

Ah, é porque o incidente de hoje me lembrou do passado... Daquele maldito dia.

Eu estava com medo, como estou agora e a única diferença é que não consigo admitir. As lágrimas formaram-se em meus olhos, caindo lentamente no chão. Continuei de cabeça baixa segurando firmemente a maçaneta da porta até que senti um abraço por trás. Seus braços eram quentes e o cheiro de camélia invadiu minhas narinas. Olhei de canto para Kiran que me apertava como se eu fosse um tesouro importante, o mais importante de todos. Ele abriu os olhos e ficou extremamente vermelho ao perceber que eu também o encarava.

Então, ele se afastou rapidamente e desviou o olhar ainda ruborizado. Era a primeira vez que o via tão envergonhado assim. O que está acontecendo?

- N-Não chore. – Ele diz com a voz falha, voltando a me encarar. – Senão, eu não vou conseguir sorrir como antes.

Arregalei os olhos surpresa, sem acreditar na imensa gentileza de suas palavras. Ele também estava surpreso com o que disse, tentando se explicar depois mas eu não prestei atenção. Estava feliz por poder contar com alguém nesses momentos. Pensei que me sentiria solitária sem a Miku por perto mas não é verdade, talvez a solidão esteja distante de mim.

Não sei como consegui tamanha coragem mas dei um impulso, abraçando-o com força e escondendo meu rosto em seu peito. Ele pareceu hesitar mas retribuiu o abraço, apertando meu corpo contra o seu.

Por que eu fiz isso? Não sei mas quero aproveitar...

Quando parei de chorar, ele secou minhas lágrimas com os polegares. Fechei os olhos, sorrindo corada em resposta.

- Obrigada por tudo, Kiran! – Sorria como ele, um sorriso alegre. – Graças à você, eu estou colecionando bons momentos.

Percebi o quão embaraçosas minhas palavras foram e tapei a boca, muito corada. Ele engoliu seco e coçou a cabeça, rindo sem jeito com um sorriso fraco.

- Eu que agradeço por... Me aturar.

Talvez “aturar” não fosse a palavra que definisse a nossa relação. Porém, decidi não falar nada pois já havia dito coisas embaraçosas demais no momento. Soltei uma risada forçada, dei boa noite e entrei no quarto. Apoiei as costas na porta, respirando pesadamente e voltando ao normal.

Ele é um grande idiota.

O outro dia foi uma correria total para Kiran, ele não parava de atender telefonemas de outras empresas. Seus sócios os elogiavam pela reunião de ontem, outros faziam mais propostas. O rapaz buscava à todo custo encontrar desculpas para se livrar dos negócios. Depois, ele me convidou para ir ao restaurante – afinal, foi para isso que eu vim.

Usei meia calça preta, short jeans claro, longa camisa branca com um laço marrom e um sobretudo branco. Optei por deixar o cabelo solto e coloquei uma bolsa marrom em meu ombro. Kiran ainda vestia seu terno, havia saído de uma reunião improvisada com uma nova empresa. Parece que eles gostaram do indiano e queriam fazer negócios com a empresa dele.

Agora sei porque meu pai é tão ausente em casa.

As pessoas não paravam de nos encarar na rua, o que era óbvio já que representávamos um contraste significativo. Uma garota comum junto com um executivo bem sucedido e bonito. Mesmo assim, eu conservava normalmente ignorando os olhares sobre nós dois.

O restaurante era chique, pouca iluminação e algumas lâmpadas vermelhas espalhadas pelos cantos. As mesas eram redondas e os enfeites orientais sondavam o local. Então, sentei na mesa reservada para a gente e, após escolher os pratos do cardápio, desviei minha atenção para o indiano que acabara de escolher sua comida também.

- Você é bem decidido sobre o que quer comer. – Comento.

- Um pouco. – Dá nos ombros e sorri. – Sobre o que houve naquele galpão, quero saber mais detalhes.

Não queria contar sobre meu plano de ajudar Lian mas também não vi motivos para esconder tal detalhe.

- Eu ajudei uma garota, alvo das facções daqui, a fugir do país. – Começo a falar, percebendo que toda a atenção do indiano estava focada em mim. – Conseguimos chegar no aeroporto mas fomos seguidas, empurrei a Lian para o portão de embargue e saí correndo para longe ali, a fim de despistar aqueles homens.

Vi a expressão de descontentamento do Kiran, aposto que ele queria socar a cara deles. Então, ignorei e continuei a falar.

- Corri até o estacionamento, tentando entrar em contato contigo mas não consegui.

- Desculpa...

- Tudo bem. – Solto um longo suspiro, apoiando os cotovelos na mesa. – Avistei um táxi não muito longe dali e fui em sua direção, porém eles me pagaram primeiro. Infelizmente, não tive tempo para me defender. Acordei no galpão, dei uma surra neles e o resto você já sabe.

- Eu me sinto um inútil agora! – Exclama dando um leve soco na mesa, apoiando as mãos na cabeça e respirando pesadamente. – Sinto que por mais que eu tente, não poderei estar ao seu lado para te proteger sempre. Isso me ajuda!

- Acalme-se. – Sorri fraco e o vejo apoiar as mãos na mesa. – Não quero depender de você, nunca quis. Temos que evoluir juntos nessa jornada. – Apoio minha mão sobre a dele e o rapaz me olha surpreso. – Certo?

- Certo! – Kiran sorri largamente, pude ver que consegui o animar.

Os nossos pedidos chegaram, então tivemos que encerrar temporariamente a conversa. Essa convivência com o Kiran, apesar do tempo, tem um sentimento de novidade. Afinal, ele apareceu na minha vida em um momento difícil e ainda é difícil se acostumar com sua presença. Mesmo assim, estou me esforçando para aceita-lo como amigo.

(...)

Finalmente voltaria para casa, longe de máfias chinesas e torturas. Kiran também estava animado para voltar, já que retornaria como um estudante normal. Ele afirmou que o dono da empresa retomaria sua posição hoje. Por dentro, fiquei aliviada pelo indiano porque não aguentava vê-lo sempre estão exausto.

Durante o voo, Kiran não disse uma palavra sequer e não parava que encarar o horizonte com uma expressão distante. Nunca o vi tão sério assim, como se sua reflexão fosse mais do que sua mente pudesse suportar. Então, peguei o celular e troquei algumas mensagens com a Miku.

Miku: Você sumiu. Por onde esteve?

Sakura: Eu direi depois. Pode dormir na minha casa amanhã à noite?

Miku: Woah! Por essa eu não esperava, está doente?

Sakura: Cala a boca.

Miku: Hahaha. Tudo bem, eu vou.

Mudei de assunto, falando sobre as aulas e outras coisas bobas de colegial. Conversar com Miku era bom, eu esquecia do meu lado ruim e apenas me comportava como uma garota comum. Ela me fazia se sentir bem, como uma verdadeira amiga deve ser.

Fechei os olhos, ouvindo alguns resmungos do rapaz angustiado ao meu lado. Soltei um “tsc” e ele parou de resmungar, então me encolhi na poltrona confortável e acabei adormecendo.

Quando acordei, o jatinho tinha acabado de pousar e o indiano pegava as malas. Cocei os olhos falando algo sobre mal ter dormido e sai do avião. Ao entrar no carro, ajeitei-me no banco e observei a paisagem. Já estava ficando tarde, eu usarei o tempo para estudar um pouco.

Kiran estava concentrado no caminho, seu semblante era sério e distante. Estiquei a minha mão em sua direção até ter uma lembrança. Nós estávamos no avião em direção ao Egito para conseguir a pedra do elemento terra.

Flash Back On

Ao entrar no avião, busquei um assento perto da janela e fiquei encarando o aeroporto. Kiran buscou sentar-se ao meu lado, parecia querer falar comigo mas agi como se não quisesse ser incomodada. Peguei um livro na minha mochila comecei a lê-lo. Enquanto o avião voava, eu buscava me concentrar em cada detalhe do livro, mas aquele cheiro de camélia sempre fluía ao meu redor. Eu desisti de ler e me virei para a janela vendo o céu. O voo estava tranquilo mas mesmo assim sentia um frio na barriga, não só pela altura mas por tudo que estava acontecendo em minha vida. Então, em algum momento, dei uma leve olhada por trás do meu ombro e vi uma cena estranha. Kiran estava me encarando com um olhar triste e vazio, sua mão lentamente se aproximou do meu ombro, estava a poucos centímetros. Contudo, do nada sua mão congela no ar, seu olhar passou um semblante mais triste ainda e então ele recuou a mão e baixou a cabeça pensativo. Fiquei confusa com aquele gesto mas ignorei e voltei a ver o céu ao meu lado.

Flash Back Off

O Kiran também sentia receio, ele tinha medo de me fazer sofrer. Fico surpresa com sua paciência naquela época.

Minha mão ainda estava estática no ar enquanto eu estava perdida em pensamentos. Lembro que também tentei tocá-lo mas sempre recuava pois aquela sensação ruim tomava conta do meu peito. Então, toquei levemente seu ombro e consegui prender a atenção do moreno em meus olhos. Sorri fraco um pouco corada e ele também corou, fitando-me surpreso.

- Você está bem, Kiran? – Pergunto ainda com a mão em seu ombro.

- S-Sim. – Responde colocando sua mão por cima da minha e eu coro mais. – Sakura.

Afastei a mão, cruzando os braços e desviando o olhar para a janela. Havia algo estranho com o Kiran, seu tom de voz estava mais gentil e suas atitudes... Bem, elas pareciam mais carinhosas do que o normal. Algo estava mudando no interior do indiano e eu queria descobrir o que era. 


Notas Finais


Então, o que acharam?
O próximo capítulo será na visão de Kiran, mostrando algumas informações importantes e seu ponto de vista sobre determinadas situações.
Infelizmente, tive que deixar o final do capítulo mais parado.
Porém, quem gosta de ação vai ter muitos momentos de seu agrado.

Obrigada pela leitura!


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