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História Entre amor e vingança - Um ato de amor


Escrita por: RobertaDragneel

Notas do Autor


Demorei um pouco para postar mas tentarei manter um capítulo por dia, já que quero postar o último capítulo da obra na mesma data que postei do primeiro.

Capítulo 67 - Um ato de amor


Fanfic / Fanfiction Entre amor e vingança - Um ato de amor

Kiran POV’S ON

A Sakura havia liberado um lado agressivo o qual nunca pensei existir. Ela simplesmente bateu a tal Misty em uma sequência poderosa de golpes, mal dando tempo para a oponente revidar. É um alívio saber que ela aprendeu a se defender, mas ainda temo que a raiva e o ódio corrompam para sempre o seu coração.

Enquanto estou preocupado com a Sakura, corro rapidamente pela floresta saltando alguns troncos caídos e se abaixando ao encontrar galhos altos. Essa é a primeira vez em que eu e ela temos o inimigo dobrado em uma missão, mas não posso alimentar esse medo de perdê-la porque tenho que me concentrar em minha oponente: Kendra. Ela roubou a espada amaldiçoada, o artefato mais poderoso do mundo. Em mãos erradas, ele pode causar a destruição em massa. Então, preciso recuperá-lo o mais rápido possível.

Repentinamente, paro de andar ao ver um rasto de chamas indicando o caminho. Ela está me convidando para a luta. Mesmo que seja arriscado, preciso enfrentá-la com toda a minha força. Ao se aproximar mais do centro da floresta, há um círculo vazio no local. As árvores ao redor foram reduzidas à cinzas, a grama no mesmo estado restando somente a areia com carvão. Toda a possível vida animal da região inexistia por causa do poder dela.

Kendra esperava-me no centro, sorrindo de canto enquanto girava a espada entre os dedos.

— Eu imagino que você a queira.

— Como pôde se rebelar contra a própria deusa?

— Ela se apaixonou por quem não deveria e eu preciso pagar por isso protegendo uma pedra? Amaterasu foi egoísta, como todos os deuses. Eu era uma mera mortal, vítima de um incêndio há séculos atrás. Por causa de uma morte tão sofrida, tudo que desejava era descansar mas eu e a Misty fomos amaldiçoadas para cuidar desse local.

— Então, você cansou de ser a “empregada” dela e usou o poder da pedra do fogo para se tornar a tirana desse local.

— Muito inteligente, garoto. Eu vou amar torrar o seu cérebro, ele deve ser mais útil ainda como churrasco.

Estalo a língua no céu da boca, preparando-se para o pior.

Girando graciosamente o corpo, Kendra lança cinco esferas de chamas em minha direção e crio um escuro de pedras, defendendo-me do seu ataque. Em seguida, eu revido criando uma enorme rocha e a jogando contra o oponente. A ruiva dá um mortal para trás desviando e cria um fio de fogo percorrendo o solo quando toca no chão.

Após jogar o corpo para o lado defendendo do ataque, crio um espada de pedras e avanço contra a mulher. Ela usava a espada amaldiçoada para revidar e, instantaneamente, a minha arma se reduz a pó. Soltando uma risada seca, Kendra aproveita a nossa aproximação para golpear o meu corpo em um corte vertical direcionado no peito. Ao se atingido, cambaleio para trás apoiando a mão no local e vendo o sangue escorrer.

Péssimo momento para deixar a dor me guiar pois sou alvo de um soco da ruiva, voando a vários metros e destruindo o tronco de uma árvore ao se colidir na superfície.

— Pensei que fosse mais forte. — dizia sarcasticamente. Seu cabelo movia-se como as chamas de uma fénix e os olhos vermelhos queimavam de agitação pela batalha. — Mas tantos anos sem machucar alguém é uma verdadeira tortura. Você será a minha distração. Não é uma honra? Claro que é, então ao menos demonstre um pouco de alegria ao ser morto pela futura deusa.

— Para o inferno!

Abaixo de Kendra, um pilar de pedras surge e a joga para cima e outro pilar criado por mim a arrasta para baixo. Mesmo rolando pelo chão, ela consegue desacelerar o movimento arrastando a mão pelo solo e logo ergue o corpo.

— Se quer o inferno, concederei o seu pedido.

A temperatura do ambiente começa a subir consideravelmente, deixando-me tonto e desconfortável. Após ficar de pé, respiro fundo esticando ambas as mãos para frente e lanço uma rajada de areia contra a ruiva, cegando-a por uma fração de segundos. Então, aproveito para criar um pilar de areia acima da sua cabeça e o jogar de uma vez contra seu corpo. Depois do ataque, uma nuvem de poeira se instaura pelo local.

Será que consegui?

Quando a nuvem abaixa, surpreendendo-me ao vê-la de pé com alguns cortes e ainda girando a espada, provavelmente a usou para cortar o pilar. Sem chances de receber outro comentário hostil, fecho o punho e um redemoinho de areia gira entorno do seu corpo. Ela tenta sair mas o meu ataque está forte demais, fazendo-a recuar. Em seguida, apoio a mão sobre o solo extraindo – com meu poder – algumas rochas de tamanho mediano e as transformo em estacas, lançando dez delas em direção à ruiva.

Por sorte, o meu golpe a atinge em cheio e a faz recua cheia de cortes. No momento em que suas costas se colidem com o redemoinho, ela grita de dor por causa da intensidade em que os grãos de areia estão circulando.

— Seu maldito!

— Aprenda a não subestimar o elemento terra.

— Golpe inteligente, mas é uma pena que está em desvantagem. — dizia tocando o dedo indicador no redemoinho e ele vira meras cinzas. — Porque eu continuo sendo a mais forte.

Nesse momento, ela me envolve em um furacão de chamas aproximando-se de mim enquanto sinto a pele arder. Ao criar uma cúpula de pedras, protejo-me do seu ataque mas a ruiva usa a espada para quebrar a minha barreira e depois atravessa a lâmina da espada em minha barriga. Em seguida, chuta meu peitoral fazendo-me rolar à vários metros dali.

Cuspo sangue apoiando a mão sobre o local, levantando-me com dificuldade. Aos poucos, o ferimento se curava por ser uma região mágica mas a regeneração ainda é lenta. Então, crio diversas paredes de pedra à minha frente, servindo como uma forma de atrasá-la. A cada corte da espada, uma parede é dividida ao meio e meu coração falha nas batidas.

Ela é muito forte!

— Se você e a aquela garotinha estão aqui é porque mataram os outros guardiões. Eu não sei como conseguiram pois, agora, posso ver como são patéticos. Vocês dois são os responsáveis por proteger o mundo? Poupe-me! — grita efetuando mais um corte, diminuindo cada vez a distância entre nós. — Eu sou a mais qualificada para isso, mas não. Eu fui a escolhida para carregar essa maldição, que sorte a minha!

Quando a última barreira é quebrada, a mão da mulher já está envolta por chamas pronta para dar um soco mas ela se surpreende ao ver que não havia ninguém. O meu plano de distraí-la deu certo!

Aparecendo ao seu lado, enfio uma estaca de pedras em seu peito atravessando-o e, depois, envolvo o braço entorno do seu pescoço a enforcando. Kendra se debate, tentando se soltar à todo custo mas eu travo o músculo a impedindo de sair. Então, o corpo dela fica em chamas e grito de dor ao sentir a pele queimar. Ainda assim, mantenho-me na mesma posição.

— Você é maluco?! Eu irei te queimar até sobrar apenas o pó de seus ossos!

— Eu não ligo! — exclamo sufocando-a mais ainda na chave de braço. — Eu sou a reencarnação do Rei Demônio, o ser das trevas mais poderoso. Não é porque você está com a pedra do fogo que eu irei recuar.

— Garoto insolente.

Eu podia sentir a minha pele queimando, a fraqueza nas pernas e o suor escorrendo por todo o corpo. Kendra girava a espada pronta para me golpear por trás e eu recuo o mais rápido possível, desviando do seu ataque fatal. Ela vira-se lentamente em minha direção, olhando o buraco no peito e ergue o olhar com a pior das expressões.

A área se regenera em um piscar de olhos.

— Você estragou a minha roupa.

— Ela já estava estragada por ter alguém como você a usando.

Trincando os dentes, Kendra move-se mais rápido do que meus olhos podem acompanhar e sinto um chute na barriga mas seguro a sua perna antes que possa recuar. Em seguida, eu a puxo contra o meu corpo e dou uma cotovelada em seu rosto, seguido de um soco fazendo-a atravessar algumas árvores.

Valeu por me ensinar esse golpe, Dinesh!

A mulher ficava de pé respirando fundo e abrindo os braços.

— Vejo que tenho um oponente digno.

— Por que?

— Porque me obrigará a usar uma certa habilidade. Sabe, ser imortal traz tantas vantagens e uma delas é conhecer todos os poderes do elemento. Você não dominou nem metade da pedra da terra, muito lamentável, e nem viverá para aprender.

Após falar, chamas circulam pelo nosso redor e um estranho desconforto atingi-me em cheio.

— Indução absoluta de calor.

O calor começa a me deixar tonto e caio de joelhos, vendo as gotas de suor tocarem o chão. Minha visão está falha e além de que todos os meus músculos travam. Acompanho a silhueta de Kendra se aproximar sem muita pressa, passando a ponta dos dedos pela lâmina da espada.

— Não se preocupe, eu não pretendo te matar de uma vez. Quero me divertir um pouco, isso se você resistir.

— Por que tanta crueldade...? — falo com certa dificuldade, sentindo a garganta seca. — Os outros guardiões protegiam unicamente as pedras, nada pessoal.

— Sabe o significado do fogo? Ele simboliza a paixão, a intensidade dos sentimentos, mas você consegue encontrar o amor no mundo atual? Eu não. — dizia abaixando-se na minha frente, erguendo meu queixo com a ponta dos dedos. — A humanidade não sabe o que é o amor. Eu passei longos séculos com a minha irmã buscando esse tal sentimento, mas nunca o encontramos. Qual o sentido de proteger algo que não existe? Não posso entregar a pedra para um mundo sem amor.

— O amor... Existe...

— Não, só existem desejos egoístas disfarçados de gentileza. Você nunca mentiu ou usou alguém dizendo palavras bonitas?

Ao lembrar de todo o sofrimento da Sakura, uma lágrima escorre do canto do meu olho mas logo evapora por causa do calor iminente no local.

— Viu, só? Eu não estou errada. Como a futura deusa, destruirei todos os humanos e criarei um mundo onde seja possível o amor. O fogo é o símbolo da criação e da destruição, há poder melhor para usar na reconstrução do mundo?

— Você é maluca...

Ignis natura renovatur integra, “a natureza inteira é renovada pelo fogo”. Tenha essas belas palavras em mente quando for morto por mim.

A minha cabeça latejava em uma dor desconfortante enquanto tentava pensar em uma forma de não morrer, porque a cada segundo nessa temperatura elevada era uma chance a menos de viver.

Sakura POV’S On

Misty avançava em minha direção tentando dar um soco, mas consigo jogar o corpo para o lado e chuto sua barriga. A jovem de cabelos cinzas voa vários metros, sumindo dentre a floresta e aproveito para recuperar o fôlego.

Infelizmente, a névoa já está ao meu redor e sinto uma tontura desconfortável. Misty surge diante dos meus olhos, segurando a minha cabeça e a jogando contra o solo com força.

— Você é a reencarnação da deusa Amaterasu, certo? Pensei que fosse mais forte.

Antes de responder sua pergunta, prendo temporariamente a guardiã em uma bolha d’água e a lanço para cima. Sem dar uma chance de resposta, manipulo o ar e crio uma espécie de lâminas com a ventania existente, golpeando a oponente. O corpo de Misty transforma-se em pura neblina, fazendo o meu golpe atravessar sua superfície intangível. Em seguida, ela surgia atrás de mim segurando em meu pescoço.

— A minha irmã disse que vocês viriam para cá com um grande elo, mas eu não sinto isso. Bem que ela disse que as pessoas não são capazes de amar.

— Droga!

Uma ventania criada discretamente por mim consegue jogá-la para longe e quando a guardiã tenta avançar eu a prendo em um redemoinho intenso. Misty dá o primeiro passo para fora mas toda sua pele arde e seu olhar não é dos melhores.

— Um bom jogador sempre guarda suas cartas na manga para o final. — sorrio de canto, vendo o furacão ficar em uma tonalidade dourada emitindo um sutil brilho. — Não deveria me subestimar.

— O poder de purificação da Amaterasu! — exclama com brilho no olhar. — É tão lindo!

Eu tento aumentar o brilho do golpe mas, lentamente, ele começa a enfraquecer até sumir por completo. Misty surgia na minha frente, abrindo a boca e uma fumaça sai do local entrando em minhas narinas. Logo após, sou atingida por uma forte crise de tosse e caio de joelhos, tentando a respirar à todo custo.

— Por que... O meu poder... Ele...

— Ele não funcionou? Simples, a capacidade de manipular a luz está ligada diretamente com a pureza no coração do usuário. Pelo visto, você está perdendo a sua pureza. — dizia abaixando para ver a minha expressão de medo. — Por que? Você estava tão perto de concluir sua jornada, o que houve?

Em todas as vezes em que usei o poder da luz, concedido por Amaterasu, estava em um momento – seja duradouro ou temporário – de paz interior. E, após ouvir a explicação da guardiã, muita coisa havia sido esclarecida. Da mesma forma que a espada ficava corrompida de acordo com meus sentimentos, a minha luz interior enfraquecia-se.

Usando a manipular do ar, fecho os olhos com força e tento descobrir uma técnica nova desse elemento. Eu sei que o momento não é propício mas me restava poucas opções. Então, manipulo o ar em meus pulmões e expulso toda a fumaça existente dentro do meu corpo. Após tossir um pouco mais forte, consigo respirar normalmente e um grande alívio me atinge.

— A vingança. — digo apertando o pescoço de Misty, aproveitando a aproximação dela, com toda a força que possuo. — Eu escolhi me vingar de pessoas que me causaram tanta dor, por isso meu coração está corrompido.

— E valeu à pena?

No começo dessa jornada, eu não pensaria em dizer duas vezes o quão prazerosa é a sensação de ver os desgraçados mortos. Porém, eu estava vazia mesmo com quase todos pagando por seus pecados. A verdade é que a vingança não me completava mais, pois eu tive muito a perder: meu namorado, a Miku e o Kiran. Uma parte de mim não queria se afastar do indiano, mas outra resistia com bastante teimosia. Afinal, nós sempre dizemos que o perdão é a cura para todos os problemas, mas ninguém está disposto realmente a perdoar.

Sem perceber, relaxo minha mão do pescoço da Misty e ela dá um soco em meu rosto, fazendo-me recuar. Cuspindo um pouco de sangue, abaixo o olhar com um gosto horrível na boca por causa do golpe.

— Não, não valeu.

— A minha irmã está certa em não entregar a pedra do fogo para vocês. A essência do elemento são os sentimentos e o elo que une duas almas. Ela foi escolhida para ser o último elemento criado por Amaterasu como uma prova de amor para o seu amado. — a guardiã dizia transformando metade do corpo em fumaça e circulando ao meu redor. — Eu e a Kendra juramos entregá-la somente quando encontrássemos esse belo sentimento que tanto falam, mas provavelmente ele morreu há muito tempo junto com a bondade da humanidade.

— Por um tempo eu deixei de acreditar no amor, mas eu sei que ele existe.

— Prove-me.

— Como?

— Com um ato de amor.

Pego-me surpresa com suas palavras, tentando entender como era possível fazer uma prova de amor sendo que eu não amava ninguém – exceto o meu pai e a minha mãe. E, infelizmente ou felizmente, nenhum dos dois estavam em uma ilha vulcânica com duas guardiãs tiranas. Eu olho no fundo dos olhos verdes da mulher, negando com a cabeça e ela compreende que esse ato é impossível para mim.

— Então, eu preciso te matar e garantir que humanos imundos não ponham as mãos em algo tão puro.

— Você já amou para ter o direito de julgar se há ou não amor no mundo?

— Não, mas fiquei sabendo que é um calor estranho em nosso coração. Quando é amor verdadeiro, nós sentimos. Bem, eu gostei muito da nossa conversa. Eu nunca tive o prazer de falar com a verdadeira Amaterasu, mas consegui conversar com a sua reencarnação. — comenta sorrindo gentilmente. — Obrigada!

O braço direito de Misty era envolto por uma densa névoa, quase tornando-se sólida e ela se aproxima para dar um soco enquanto minhas pernas travam no momento de desviar. Então, esse é o meu fim.

O grito estrondoso do Kiran ecoa pela floresta, fazendo os pássaros voarem inquietamente pelo céu e alguns animais passarem correndo para o lado oposto. A guardiã paralisa seu ataque há poucos centímetros do meu rosto.

— Parece que a minha irmã irá matá-lo, eu quero muito ver.

Então, sem mais nem menos, ela sumia dentre a floresta voando entre as árvores. Levantando-me com certa dificuldade, apoio a mão sobre a região dolorida e sinto um desconforto inexplicável no peito. Eu sabia que o Kiran corria perigo e podia aproveitar a distração das duas guardiãs para fugir dali, mas minhas pernas movem-se como se possuíssem vida própria. Ao final, acabo indo em direção ao local do som encontrando o indiano.

Kendra sorria friamente vendo o corpo do Kiran cheio de cortes e queimaduras, tentando se levantar mas recebia um chute na barriga. Quando o rapaz ergue o olhar em minha direção, sua expressão muda para completo desespero e grita:

— Corre, Sakura!

— Hã? Mas... Mas... Você irá...

— Tudo bem. — dizia arrancando-me uma exclamação surpresa. Aos poucos, ficava de pé apoiando a mão sobre a barriga que sangrava demais e lançava uma esfera de pedra contra Kendra. A ruiva apenas cortava o ataque usando a espada amaldiçoada. — Eu irei distrair ambas.

Misty estava tão concentrada na luta que não notou a minha presença. De fato, esse era o momento perfeito para fugir mas eu não queria.

— Como pode aceitar a morte de forma tão fácil, Kiran? E a presidência da empresa? E a sua família? E a faculdade de história?

— Eu tive vários sonhos ao longo da vida. — dizia ainda de costas para mim, onde só posso ver a sua silhueta cheia de machucados. — Mas também tive vários erros. Eu errei com a empresa, minha família e com todos aqueles que amo, até mesmo a minha existência é um erro. De tudo o que aconteceu em minha vida, a única coisa da qual não me arrependo é de ter te conhecido.

Kiran olha-me por cima dos ombros, abrindo um sorriso fraco com um filete de sangue escorrendo pelo canto da boca. Eu continuo estática, boquiaberta e sem reação ao saber que ele está disposto a se sacrificar por mim, mesmo quando toda a verdade entre nós foi revelada. Então, só pode significar que todos os seus gestos foram verdadeiros.

O Kiran era como uma criança que faz de tudo para obter o brinquedo desejado, sem fazer distinção do bem e o mal; mas agora eu vejo em seus olhos como amadureceu.

Kendra interrompe nosso momento, aparecendo atrás do indiano e chutando suas costas. Ele rola pelo chão e, desta vez, não faz o movimento sequer. O meu peito dói ao pensar que está morto mas suspiro aliviada ao ver o seu corpo se movimentar, mesmo que seja minimamente.

— Está na hora de acabar com isso.

Ignoro o comentário da ruiva, manipulando o ar e fazendo uma rajada de vento tirar a espada da sua mão e a lançar em minha direção. Logo após, eu começo a correr com o braço estirado para cima, porém Misty aparece flutuando no ar pegando o objeto. Ela pousa no chão entre mim e Kendra, sorrindo calmamente.

— Você queria isso? Perdão, mas agora ela é nossa.

Permaneço em silêncio, vendo a água surgir onde estamos e molhar nossos pés.

— O que...?

— Eu e a reencarnação do Rei Demônio brigamos feio e acabamos obstruindo uma parte da floresta. — aponta para a região onde havia um grande buraco longo, servindo como um córrego o qual era preenchido pela água. — Meio que trouxemos o lago para cá.

Eu aproveito a sua explicação para avançar o corpo, mas Misty chuta o meu corpo e caio sentada no meio da água.

— Boa tentativa. — a guardiã de cabelos cinzas dizia fazendo um corte horizontal em minha barriga com a espada, apenas por um simples movimento do braço. — Mas é o fim da linha, garota.

— Não faça nada agora, Misty.

— Por que, irmã?

— Eu quero acabar com ele primeiro. — Kendra dizia enquanto sua mão fica em chamas e ela a aponta para o indiano. Ele permanece no chão, respirando com certa dificuldade. — Eu nunca pensei que um mero mortal pudesse causar tantos problemas.

— Tudo bem, irmã.

Meus olhos vão de encontro às orbes douradas do indiano e sou atingida por um desespero interior. Eu estou sem forças para lutar, mas ainda possuo voz e com isso digo:

— Poupe o Kiran.

— Hã? — as duas focam em mim.

— Ele possui sonhos e objetivos, uma vida inteira a ser vivida.

— Está pedindo um favor para mim? — Kendra questiona ironicamente com ambas as mãos na cintura. — Então, como deveria pedir?

Com as poucas forças em meu corpo, ponho-me de joelhos abaixando a cabeça. Misty já está com a espada erguida para cima, pronta para me golpear.

— Por favor... Eu falhei tanto com o Kiran e o mínimo que posso fazer é pedir que o poupe.

— Mas eu faria isso de graça?

— Não, eu dou o que você quiser... — as lágrimas surgem em meus olhos, caindo na água. — Pelo Kiran, eu dou a minha vida!

Ele arregalava os olhos surpreso, ainda imóvel por causa dos diversos machucados.

— Uma boa ideia, Sakurinha! Eu aceito. — Kendra dizia animada. — Misty, mate-a.

Então, fecho os olhos com força encolhendo-me naquela posição e esperando pelo golpe fatal. Porém, os segundos se passam e nada acontece. Ao erguer a cabeça, vejo a Misty petrificada na mesma posição: a espada erguia em minha direção. Em seus olhos, há uma expressão de tristeza e algumas lágrimas surgem nas orbes verdes, fazendo-as brilharem como safiras.

— Misty? — a ruiva questiona confusa. — O que houve?

— A voz dela, irmã... Possui verdade e ecoou do coração.

Misty olhava no fundo dos meus olhos como se pudesse ver o arrependimento em ter maltratado o Kiran por todo esse tempo, principalmente por tê-lo culpado do que houve comigo naquela noite quando, na verdade, ele havia me salvado de um abismo profundo. Por uma fração de segundos, todos os meus momentos ao lado do indiano passaram em minha mente e o meu coração acelera involuntariamente.

— Eu não posso fazer isso... — a guardiã diz abaixando a espada, virando o rosto para a ruiva chorando. — É esse sentimento que procuramos por tantos anos, irmã! Essa é a maior prova de amor existente! Ela o ama do fundo do seu coração!

Eu e Kiran estamos sem palavras enquanto Kendra parece descontente com a atitude da outra.

— Como pôde, Misty?

A jovem larga a espada na minha frente, caminhando em direção à ruiva.

— Irmã, nós finalmente encontramos. Há salvação na humanidade, isso não é maravilh-...

A fala dela é interrompida por uma mão atravessando o seu coração, a mão de Kendra. Ela encarava a irmã com desprezo, puxando com força o braço de volta e vendo o coração da garota pulsar em seus dedos. Logo em seguida, apertava com força o órgão e volta a atenção para a outra.

— Por... Que...?

E essas são as últimas palavras de Misty antes de cair morta no chão e seu corpo virar meras cinzas depois de Kendra usar a combustão nela. Após estalar a língua no céu da boca em sinal de descontentamento, erguia o olhar em minha direção.

— Eu não sou idiota como a Misty, não cairei em palavras bonitinhas. Elas são irritantes.

Enquanto falava, o seu corpo era envolto por um forte fogo vermelho e o calor ao redor da floresta torna-se mais intenso. Seu cabelo realmente virou chamas e seus olhos tornaram-se brancos, como duas lâmpadas intensas.

— Está na hora de liberar cem por cento do meu poder e recriar o mundo! 



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