História Entre dois mundos - Howl e Sophie

-Gales, eu não gosto de vir para cá Howl- dizia Sophie com os braços cruzados.

-Eu sei, eu sei, mas Megan é minha irmã. Mesmo que nossa relação não seja a mais harmoniosa possível, não posso simplesmente sumir de Gales. Afinal de contas, cá entre nós, vou mais pelos meus sobrinhos. Adoro perturbar Neil, e sinto que Mari pode se tornar uma boa bruxa...

-Howl- interrompeu Sophie, com os braços cruzados no peito- não invente ideia. Sua irmã não tem ideia da vida dupla que você leva. E você quer ensinar magia para Mari? Nesse caso, até eu concordo com o fato dela querer esganar você.

-Hahahahahahaha, ora. Eu tenho uma reputação a zelar, sou o grande e temido Mago Howl. Preciso passar meu legado para alguém.

-Ora essa, e Michael fica aonde nessa história?- perguntou Sophie intrigada.

-Michael é meu aprendiz, é claro. Mas chegará um momento que ele irá seguir seu rumo. Preciso de um sucessor, sangue do meu sangue. Quem sabe se, fizermos um filho, não precisamos submeter Mari a esse fardo- disse Howl com um meio sorriso no maroto.

-Howllll- gritou Sophie enquanto dava tapinhas em Howl, no mesmo momento em que seu rosto corava.

-Relaxa meu amor, estou brincando, pelo menos por agora- disse enquanto se aproximava dela para lhe beijar.

Fizeram juntos o caminho de volta a porta do castelo, pelo jardim, de mãos dadas. Quando enfim entraram em casa, Calcifer estava gritando em alvoroço.

-Ora, mas o que foi Calcifer, para que esse mau humor.

- Howl seu inútil, campainha da porta principal.

-E eu com isso?- perguntou Howl rispidamente?

-Odeio o barulho de campainha, atenda logo isso- disse Calcifer, no mesmo tom de voz de Howl.

-Não vou abrir, estamos fechados, coloquei a placa lá fora.

-Mas...- Calcifer foi interrompido por Sophie.

-Howl, meu amor por que não vai atender? Pode ser uma emergência. Aliais, nosso casamento está chegando, todo dinheiro está vindo.

Howl pensou por cinco segundos.

-Está bem- bufou- eu atendo.

Calcifer sorriu para Sophie.

Howl saiu arrastando os pés pelo piso de madeira, até que abriu a porta:

-Não viu a placa de “fechado” meu senhor.

A figura que estava em sua frente ficou imobilizada e em silêncio. Ficou olhando para Howl. Estava suando bastante, e quase nem piscava. Só o olhava, sem responder a sua pergunta. Contrariado por ter sido persuadido por Sophie a abrir a porta, e indignado com a atitude do homem, falou para a figura em sua frente:

-Bom- disse Howl- se você não tem nada para fazer, eu tenho, então...

-Mago Howl?- interrompeu a figura amedrontada.

-Sim, sou eu. Mas estamos fechados hoje.

-Estou aqui a mando do Mago Suliman.

Howl arregalou os olhos.

-Ele disse que você era bom em desfazer coisas. Preciso que você quebre um contrato para mim.

-Hahahahahahaha, mas ora essa, é cada figura que me aparece. Você quer? Por acaso sabe quem eu sou.

-N-não, não exatamente- disse o rapaz com receio.

-Então como quer que eu desfaça algo? Olha, estamos fechados, e eu, ocupado. Procure outro.

Howl deu as costas para o rapaz, e quando ia fechar a porta, este a impediu.

-Suliman disse que você poderia me ajudar, por favor, eu imploro.

Howl ficou surpreso com a atitude do rapaz, virou-se novamente para ele intrigado.

-Suliman é? Engraçado, ele nunca me disse nada sobre você. Aliais- disse Howl enquanto coçava a cabeça e analisava o rapaz com cabelos preto-azulados e barba rala em sua frente- quem é você mesmo?

-Meu nome é Haku, Nigihayami Kohaku Nush.

-Pelos deuses, que tipo de nome é esse.

-De um Deus.

Howl estava confuso. Confuso e intrigado. Ao mesmo tempo que queria dar novamente as costas ao rapaz e voltar para sua casa, queria saber o que aquele cara queria. Afinal de contas, ele foi indicado por Suliman, seu conterrâneo e amigo, o qual confiaria a sua própria vida. Howl queria descobrir o que estava por trás disso, mas não queria dar o braço a torcer.

Ficou olhando para o rapaz por um tempo, analisando-o. Enquanto o mesmo retribuía a análise física, porém, com mis delicadeza. De toda aquela situação, o que mais deixou Howl perplexo foi o olhar de Haku. Ele era um mago experiente. Sabia que aquilo só poderia significar uma coisa: ele de fato estava preso a um feitiço. E se o garoto foi mesmo mandado por Suliman, não seria um feitiço qualquer. Os pensamentos de Howl foram interrompidos, quando Sophie apareceu na porta, com os braços cruzados, como era de costume.

-Algum problema?- perguntou encarando Howl e a figura desconhecida ao seu lado.

-Nenhum- disse Howl, meio que debochando do motivo da visita de Haku.

Haku teve um impulso, e resolveu expor situação àquela mulher. De algum modo, sentia que ela poderia ajudar-lhe.

-Vim aqui a mando do Mago Suliman, ele disse que o Mago Howl poderia me ajudar a quebrar meu contrato.

-Oh- disse Sophie pensativa- entendo. Mas de onde você conhece Suliman, pois tenho certeza de que nunca te vi por aqui.

Howl ficou aliviado, Sophie realizou a pergunta que seu ego não permitiu. “Ela é a melhor”, pensou, e riu discretamente.

-É-é uma longa história- disse Haku, tentando não olhar diretamente para a mulher em sua frente.

-Bom, nada que um café e um pedaço de bolo não possam resolver. Entrem, acabei decoar o café.

-Mas...- tentou retrucar Howl.

-Howl, deixe de ser metido. Ele diz que está aqui a mando de Suliman, deve ser algo de importante. Vamos escutar a história dele. Depois, se você não se convencer com os fatos, faça o que quiser com ele.

Howl fingiu estar contrariado, somente assentiu com a cabeça. A verdade era que, ele estava louco para saber a história por trás desse tal Deus Nigihayami Kohaku Nush.

Todos os três entraram na sala. Haku observou cuidadosamente o lugar que se encontrava. Era uma sala ampla, com um sofá verde envelhecido, vária prateleiras abarrotadas de livros, com diversos tipos de capas. No chão, um tapete multicolorido dava vida ao cômodo acinzentado. Ao fundo, uma grande lareira, que estava ocupada por um tipo de chama laranja falante.

Howl observou atentamente aa análise que Haku fazia do lugar. Sophie não ficou atrás de Howl, porém, diferente dele, tomou a palavra.

-E então, vejo que está achando tudo isso bastante interessante e intrigante, suponho.

-Na verdade não- responde Haku indiferente.

-Como assim?- exclama Howl indignado- você não se sete intrigado vendo Calcifer.

-Calcifer?- pergunta Haku confuso.

-Eu sou o Calcifer- responde a chama de sua lareira- eu sou o responsável pela manutenção desse castelo.

-E eu, o que sou?- pergunta Howl aborrecido.

-Ora- interrompe Sophie bruscamente- isso não é hora para discutir que é ou não responsável pela manutenção do castelo. Estamos aqui para entender o motivo da visita do, é-é, qual é o seu nome mesmo?- perguntou Sophie confusa.

-Oh, me desculpe. Meu nome é Nigihayami Kohaku Nush, mas pode me chamar de Haku.

Sophie olhou intrigada.

-Que nome- disse Calcifer.

-Ele disse que é o nome de um Deus- disse Howl zombeteiro.

-Bom, pouco importa a origem do nome- disse Sophie tomando o controle da conversa- o que todos queremos saber é o motivo de sua vinda aqui. Vamos nos sentar.

Sophie se sentou no sofá. Howl rapidamente se prontificou para sentar-se ao lado da amada. Haku sentou-se em uma cadeira. Calcifer se debruçou para ter uma melhor visão de todos.

-Bom, como eu disse ao Mago Howl, vim aqui a mando do Mago Suliman. Ele me disse que você seria o único que pode quebrar o meu contrato.

-E do que se trata, especificamente, esse contrato?- perguntou Howl, tentando não transparecer a sua extrema curiosidade sobre o caso.

Então Haku contou. Contou tudo. Desde sua vida no rio Kohaku, onde teve o primeiro encontro com Chihiro, passando pela passagem desta no mundo dos espíritos, até o seu encontro com o Mago Suliman, que permitiu o encontro com Howl.

-Nossa- disse Sophie no final- não tenho nem o que falar.

-Nem eu- disse Howl, confiante de que Sophie concordava com ele, deveriam tirar aquele cara dali o mais rápido possível.

-É simplesmente... Lindo- disse Sophie, enquanto seus olhos brilhavam.

-Lindo? Perguntou Howl intrigado, enquanto se levantava- não vejo nada de lindo nessa história.

-Deixe de ser insensível Howl, ele está fazendo de tudo para recuperar seu amor, para ir ao encontro dela. Ele é do seu mundo.

-Do meu mundo?- pergunta Howl.

-Do mundo dele?- pergunta Haku confuso e intrigado.

Sophie explica toda a origem de Howl. Obre sua origem Galesa, até a descoberta de sua magia, e, posteriormente, de Ingary.

-Entendo, as portas estão enfeitiçadas. São como passagens para o outro mundo... o meu mundo.

-Achei que seu mundo era aquele dos tais espíritos- disse Howl, secamente.

-Não, não é, fui para lá porque...

Calcifer interrompeu Haku.

-Bom, isso não é interessante, não é mesmo. Gostei do rapaz.

-O que? Você só pode estar brincando- berrou Howl.

-Deixe de ser histérico Howl, eu também- disse Sophie, enquanto sorria para Haku.

-Pois eu não admito isso.

-Não admite o quê?- perguntou Sophie, fazendo seu tradicional gesto de cruzar os braços.

-Não irei permitir que ele fique aqui e...

-Hahahahaha- interrompeu Calcifer- acho que o ego de alguém aqui está endo ferido.

-O quê?- gritou Howl.

- É isso mesmo que você ouviu. Aconteceu a mesma coisa com o príncipe Justin, você se lembra, Sophie?

-Sim, exat...

-CALADOS !!!- interrompeu Howl- não é nada disso, é só que, que, que...

-Que?- perguntou Sophie, sorrindo ironicamente.

-Que está tarde. Estou cansado. Sophie, você sabe o quanto ir a Gales me deixa exausto. Não consigo pensar em nada hoje, é por isso que estávamos com a placa “fechado”- disse, quanto soltava um olhar sugestivo para Haku- tudo o que quero é um bom banho quente, e dormir.

-Hahahaha- berrou Calcifer.

-Você não vai expulsar ele não é mesmo? Ele não tem onde ficar. Veio, literalmente, de outro mundo- perguntou, Sophie preocupada.

Howl lançou um olhar de desprezo para Haku e disse, enquanto subia as escadas:

-Ele pode fazer o que quiser. Calcifer, água bem quente para o banheiro. Sophie, te espero na cama.

Haku ficou sem reação, observando enquanto Howl sumia através da escada.

-Não se preocupe- disse Sophie calmamente. Ele vai te ajudar.

-M-mas, pelo jeito que ele agiu, parece que ele não acreditou na história- disse Haku preocupado.

-Esse é o jeito dele. Aconteceu a mesma coisa comigo, e com Michael.

-Michael?

-Sim, o aprendiz de Howl. Você irá conhece-lo quando ele voltar.

-Você tem certeza, que ele me ajudará?

-Sim, do contrário, todos nós saberíamos.

Haku ficou um pouco mis aliviado. Sophie arrumou uma cama de improviso para Haku no Sofá. Deu-lhe boa noite, e subiu de encontro a Howl. Calcifer terminou de fazer suas tarefas, sumiu na noite, deixando a sala escura. Haku adormeceu rapidamente, tendo Chihiro em sua mente, no sonho que lhe era tão comum.

O dia amanheceu. Todos estavam sentados á mesa, tomando o café da manhã. Haku conversava animadamente com Sophie, Calcifer ainda não tinha voltado, e Howl estava extremamente emburrado.

-Rumnmrunmn- fez Howl, de modo a chamar atenção de Sophie para si.

-Sim Howl.

-Michael volta hoje.

-Eu sei.

-Tenho umas coisas para resolver em Gales, mas não posso. Você irá no meu lugar.

-Mas e Haku?- perguntou Sophie.

-Oras, ele não é criança. Ficará aqui. De qualquer modo, ele não pode sair mesmo- disse lançando um olhar zombeteiro para Haku, que permaneceu em silencio.

-Mas e se ele precisar de algo?

-E por que você está tão interessada nisso?

-Ora Howl, não seja...

-Não precisam brigar por minha causa- interrompe Haku, com sua voz quase silenciosa. Eu ficarei bem, não desejo causar nenhum incomodo.

-Ótimo- disse Howl, vencedor- tudo certo então. Sophie, por favor- disse amorosamente- vá até Gales e traga aquela caixa que está no meu quarto.

-E para que você precisa dela?

-São livros raros, acho que posso encontrar o que preciso.

-E o que seria?

-Como liberar o campeão aí desse feitiço.

-Então você vai me ajudar?- disse Haku, num sobressalto, devido a empolgação.

-Não, eu vou pegar os livros, não disse que ia fazer nada.

Sophie soltou uma gargalhada.

-Viu Haku, eu disse para você.

-Disse o que?- perguntou Howl curioso.

-Nada. Irei até Gales agora mesmo. Você poderia levar Haku com você para buscar Michael, deixe ele ver a cidade.

-Não.

-Howl...- disse Sophie em um tom suplicante.

-Pensando bem, é melhor levar do que o deixar aqui sozinho. Vamos logo- disse dirigindo-se a Haku.

-Sim- respondeu o mesmo.

Howl e Haku saíram pela porta principal, que dava em Market Chipping. Enquanto isso, Sophie colocou as roupas que usava quando ia para Gales. Verificou se tudo estava certo. Virou a maçaneta para o lado preto, abriu a porta e disse:

-Nunca foi tão prazeroso ir à Gales.

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-Chi- cutucou Taki, chamando a atenção da namorada, que estava distraída, ouvindo músicas.

-Sim- disse a mesma, enquanto tirava os fones de ouvido.

-Olhe, lá embaixo- disse Taki a pontando para a janela- finalmente, Gales.

E foi nesse momento que Chihiro sentiu um forte aperto em seu peito.