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História Entre ElaEles: Um segredo - Capítulo 37 - Beijo e Mal-Humor.


Escrita por: BeaFonseca

Capítulo 37 - Capítulo 37 - Beijo e Mal-Humor.


Já era de manhã quando resolvi descer para tomar o café da manhã. A muletas ainda eram um empecilho pra normalidade, mas eu estava cada dia mais confiante com a possibilidade de ter meus movimentos nas pernas livres.

- Jiwoo... – Ouvi alguém chamar ainda no alto da escada. Eu nem mesmo havia começado a descer.

         Taehyung olhava-me com certa apreensão. Esperei o que quer que ele tenha a dizer. Ainda não me sentia completamente à vontade morando com tantos desconhecidos, principalmente garotos, mas durante essas três semanas, eles não haviam invadido meu espaço. Até mesmo vê-los era uma raridade, o que me levava a imaginar se não estariam me evitando.

         Para ser sincera, a princípio eu não estava certa sobre querer manter algo que não existia na minha cabeça, mas logo depois daquela pergunta martelar a minha cabeça a noite toda, sentia que eu deveria ao menos me esforçar para recordar.

- Você realmente não lembra de mim? – Seus olhos pareciam tristes. E eu não pude decifrar a sensação desconfortável que eu me encontrava.

         Naquele momento, queria muito dizer que sim, para saber como seria vê-lo sorrir, o que era um pensamento um tanto quanto confuso. Porque era tão importante vê-lo sorrir?

- Me desculpa. – Lamentei, esperando que ele pudesse compreender que era tão ruim para mim, quanto estava sendo para ele.

- ok... – Sua voz era falha, mas ele não parecia disposto a desviar os olhos. – Eu poderia fazer algo para que a ajudasse a lembrar...

         Por um segundo eu vacilei em esperança. Ele teria alguma técnica útil? Talvez eu devesse conversar mais com ele, afinal, ajudando ou não, eu precisava de qualquer jeito conhece-lo. Ele, agora, era um filho para meu pai, legalmente falando.

- Acho que não faria mal algum uma ajuda. – Respondi, simples. Ele parecia aliviado, mas até do que eu achei que deveria.

- Eu te ajudo a descer. – Sugeriu, empolgado. Não recusei, estava mesmo pensando que poderia ter uma ajuda naquele momento.

- Eu ouvi que você voltará amanhã para o colégio. – Disse ele.

- Sim. – Concordei. – Já fiquei tempo demais longe.

         Notei que Taehyung parecia querer dizer algo, mas não conseguia. Eu conseguia imaginar o quão difícil deve estar sendo para ele toda essa situação.

- Não precisa engolir palavras. – Soltei, fitando-o, já no térreo. – Se quer dizer algo, diga. – Pedi, certa de que não ia parecer exigente ou rude.

- Não acho que eu tenha algo para dizer, mas... – Não terminou. Parecia incerto sobre falar.

- mas... – Incentivei. Talvez esse tenha sido um erro.

- Mas fazer... – Foi o que disse, antes de avançar não mais que meio passo para me beijar.

         Surpresa, eu não conseguia se quer me mexer. Pensar estava além das minhas capacidades naquele momento. Eu só conseguia olhar para frente e sentir lábios quentes colados aos meus, que aos poucos ficaram um tanto quanto acolhedores. Eu estava cedendo, mesmo acreditando que não era certo, e quando finalmente estava raciocinando, ele nos separou.

- Me desculpa!

         Bastou essas duas simples palavras para me trazer uma nova sensação de deja vu. O que Taehyung significava para mim?

         E então pensei em todas as histórias que meu pai me contou durante essas semanas. Eu fui o motivo pelo qual Taehyung e seus irmãos hoje tinham uma família, e tornaram-se felizes. Para que algo assim pudesse ser possível, isso significava que eu era muito, muito próxima dele... mas depois desse beijo inesperado, eu só conseguia pensar em uma explicação plausível.

- Taehyung... – Fitei-o com certa curiosidade e apreensão. – Nós éramos namorados ou algo do tipo?

         A reação do loiro era de surpresa e confusão. Certamente eu não parecia alguém que havia lembrado de algo, aos seus olhos. Acompanhei sua mão ser levada para a nuca, bagunçando os fios ondulado do cabelo. Ele parecia envergonhado.

- Vocês não, mas nós éramos. – Surpreendentemente, ouvi uma segunda voz masculina e descobri ser do Yoongi.

         Sua revelação não parecia ter me abalado em nada. Mas eu sentia que nada disso era pra ter acontecido. Olhando para o moreno agora, notei que me encarava inexpressivo. Por alguma razão, aquela expressão trazia uma leve sensação de que eu já estava acostumada com isso.

- Eu e você? – Apontei para nos dois, recebendo uma confirmação. Em seguida, olhei para Taehyung, incerta. – Então porque você me beijou?

- Eu pensei que se eu fizesse isso de novo, você poderia lembrar... – O interrompi rapidamente.

- De novo...? – Nada fazia muito sentido. – Eu tinha um namorado, mas ficava com você? Isso faz de mim uma pessoa horrível e certamente eu não gostaria de lembrar dessa pessoa.

- As coisas não aconteceram bem assim. – O Yoongi novamente soltou. Olhei para ambos. – Você, na verdade, nunca esteve realmente com nenhum de nós.

- Isso não faz o menor sentido. – Retruquei, confusa.

- Não preciso fazer sentido, já que esqueceu. – Ele parecia mal-humorado. – Acho melhor esquecer esse assunto também. – Nisso, passou rente a minha esquerda, como quem estava prestes a subir a escada.

- Eu não tenho culpa de ter esquecido... – Rebati, recebendo a sua atenção novamente. - ...se esse for o motivo do seu mal-humor. – O moreno olhava-me pensativo. – Muito me surpreende eu ter tido algum tipo de relacionamento com você. Não parece ser o tipo de pessoa que possa ter me dado bem nessa vida.

         Talvez eu tenha pegado pesado com ele naquele momento, mas a sua arrogância havia passado do limite. Se algum dia cheguei a gostar dele, com toda certeza desejaria, hoje, que esse dia nunca fosse lembrado.

- Pelo menos parece lembrar da sua sinceridade.

- Hyung! – Taehyung tentou intervir, mas Yoongi, simplesmente, deixou-o no vácuo. – Peço desculpa por isso... – Suspirou. – Yoongi tem agido de modo estranho desde o incidente. Todos nós...

- Imagino que todos tenham motivos para isso. – Suspirei igualmente. – Se quer me ajudar, mantenham essa boca longe da minha. Já chega de revelações por hoje, independente do que... tivemos ou não.

- Não namorávamos. Na verdade, só nos beijamos uma vez e... – Taehyung me encarou, engolindo em seco ao perceber que minha expressão não era das melhores. – Ok. Chega de informações por hoje.

         Embora a cena anterior tenha sido estranha, eu não conseguia ter raiva do loiro. Ele parecia ser só mais uma vítima das minhas falhas. Falhas essas que eu descobriria mais tarde. Taehyung, de um modo geral, se mostrou uma ótima pessoa, no fim das contas. Já o Yoongi, eu preferia não esbarrar com ele por, pelo menos, um bom tempo, mesmo sabendo que seria uma tarefa difícil.

         Ainda assim, naquele mesmo dia, me peguei relembrando e relembrando aquela mesma cena da escadaria. Ter, de alguma forma, discutido com ele, só me trouxa a certeza de um sentimento de normalidade, quase como se brigar com ele, não fosse uma surpresa, mas algo que ocorria com frequência, antes.

         À noite, pude notar que a Sra. Yanna era, de fato, uma boa pessoa, e que não me trazia nenhum tipo de desconforto, muito pelo contrário. Tornara-se o tipo de mãe que jamais tive.

         E por falar em mãe, pensar que em nenhum momento tive se quer o desejo de visitar seu túmulo, era completamente estranho. Embora compreensivo, segundo meu pai. Até o presente momento, eu não me sentia preparada para encarar tal desafio, e não sabia se algum dia estaria.

         “O que eu tinha a perder? ”- E novamente, a voz da consciência.



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