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História Entre estantes - Frank


Escrita por: semideusa_apolo

Capítulo 2 - Frank


Ele, no primeiro dia, passou pela garota em direção à seção ao lado dos romances. Selecionou alguns livros sobre a Primeira Guerra Mundial e em seu caminho à mesa da bibliotecária, parou na estante de frente para Hazel e analisou por vários minutos a coleção sobre a Guerra de Secessão. A menina se viu tentada a observá-lo, seu rosto bonito e seu jeito nem um pouco expansivo, apesar de toda sua altura, mas não se permitiu mais do que isso por causa de sua timidez.

Nos dias que se seguiram, ele quase se tornou uma presença diária, sentando-se, assim como ela, no chão, apoiado nas estantes, porém bem a sua frente. Ele também revezava entre a leitura e resolução de exercícios, mas a garota podia apostar que ele já era um universitário.

Apesar de todas essas horas próximos, eles nunca haviam trocado mais do que olhares quando se esbarravam na saída da biblioteca ou quando o garoto a pegava observando-o e vice-versa. Hazel ficava tentada, entretanto, a iniciar uma conversa ou ao menos dizer bom-dia, só que, nas vezes que tentou, ficava tão nervosa que as palavras entalavam em sua garganta e o máximo que exteriorizava era um pequeno sorriso. Que era respondido com outro e bochechas coradas.

Ela definitivamente o achava um fofo. E gato, mas de um jeito bem nerd e tímido, o que talvez fosse um empecilho tendo em vista que Hazel também era nerd e tímida.

Mas quem a garota estava tentando enganar?

Em que mundo um menino, não, um adulto corresponderia a seu crush?

Então, os dias seguiam como o esperado. Ambos conviviam naquele silencio quase confortável, na angústia de iniciar um diálogo.

Até que o garoto fofinho, Hazel decidira apelidá-lo assim, desastrado do jeito que era, derrubou os livros que trazia da seção de filosofia. O barulho foi alto e metade dos que ali passavam, pararam para observá-lo, deixando o menino com as bochechas e orelhas vermelhas, provavelmente de vergonha.

A menina não podia deixá-lo sozinho nessa situação e prontamente se levantou para ajudar.

Os instantes seguintes em que os dois capturavam os livros do chão seguiram em silêncio até o garoto se pronunciar:

- Muito obrigada - seu timbre era grave, mas ele falava baixo - Meu nome é Frank.

Hazel já não conseguia conter as borboletas que embrulhavam seu estômago e o respondeu com a voz falha e tremida. Ele, então, pediu a ajuda da garota para levar os livros a outro lugar e ela, buscando prolongar a conversa, perguntou o porquê de ele estar com tantos exemplares sobre o mesmo assunto.

- Pesquisa acadêmica pra um trabalho do meu curso - disse ele, abaixando para deixar seus materiais próximos dos de Hazel.

Ok. Surtando. Era a forma como a garota se encontrava. Um cara bonito continuava a puxar assunto sentado ao seu lado. Ele perguntava sobre o que ela lia e sobre o que eram todos aqueles cadernos.

Ela definitivamente não queria admitir que era mais nova sob a probabilidade dele perder o interesse, mas não foi o que aconteceu, Frank somente perguntou qual vestibular ela prestaria e se desculpava pois aquela era provavelmente o questionamento que ela mais ouvia.

- na verdade, as pessoas acham que sou mais nova e no máximo supõem o que quero - Hazel, no entanto, não queria dizer a verdade. As pessoas presumiam sempre que ela seguiria os passos da mãe e trabalharia como doméstica nas casas da cidade.

O garoto continuava corado, ela percebeu. E ele, por sua vez, torcia muito para não parecer tão nervoso quanto se sentia, sua mente era um turbilhão de pensamentos e seu coração batia muito rápido por conta do nervosismo (que combinado com a ansiedade do rapaz não ajudava em nada). Para Frank, aquele era um avanço enorme, ele vinha há semanas tentando ultrapassar a barreira do contato visual e finalmente conversar com a razão pela qual deixara de estudar nas mesas próximas à lanchonete.

Aquela menina com a pele da cor de café e de cabelos cacheados e rebeldes o observando na primeira vez em que ele visitara o local, fizera o garoto, ao menos, tentar deixar de lado sua timidez.

Porém, a dificuldade era tanta que Frank somente conseguira trocar palavras com ela quando ela foi ajudá-lo com o que tinha derrubado. Em sua mente, ele xingava a si mesmo por ser tão desastrado, mas pelo visto, todo seu jeito desajeitado tinha valido de algo. Buscou engatar em uma conversa com ela sem pensar muito sobre o que estava acontecendo, pois caso o fizesse, começaria a gaguejar e suar de nervoso seguiu, dessa forma, tentando conhecer aquela menina, a qual ele finalmente sabia o nome.

Para sua infelicidade, foram poucas horas até que a biblioteca fechasse. Ele se despediu da garota na esperança de não ter parecido um louco e de vê-la no dia seguinte.

 


Notas Finais




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