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História Entre livros e cafés - Capítulo Único


Escrita por: AnMoonchild

Notas do Autor


Queria agradecer a @Uaifai por betar a fic e me ajudar, a @TayMarty que me ajudou horrores na escrita, a @Jan por ler a fic antes da betagem e a @Katsunim por essa capa maravilhosa.

Eu tive inspiração pra escrever essas palavras graças ao amor da minha existência @Maju(SassyPotato) que é minha motivação diária de escrita. Muito obrigada xuxu, amo você sz.

É isto, boa leitura.

Capítulo 1 - Capítulo Único


O garoto de cabelos loiros estava sentado em um dos últimos bancos do vagão daquele trem, totalmente isolado do movimento e do barulho, com uma de suas músicas favoritas tocando alta em seus fones de ouvido branco e um livro de título “Efeito borboleta” aberto na página 138.
Aquele livro contava a história de como os segundos que o personagem principal demorou a mais na cantina da faculdade haviam mudado totalmente sua perspectiva de vida, o fazendo conhecer o amor de sua vida justamente por causa daquele pequeno imprevisto.

De longe, um homem encarava aquele pequeno menino, curioso, o loiro lia seu livro. Queria saber sua opinião, o que era ruim, o que era bom. 

Jimin percebeu o olhar sobre si, encarando o estranho de pele branca e cabelo incrivelmente preto. Nunca havia o visto. Começou a duvidar de que tinha algo de errado consigo, franziu as sobrancelhas, pegando o celular em mãos e checando seu reflexo no aparelho. Não tinha nada errado. Olhou pro homem novamente, que continuava a encará-lo. Sentiu-se estranho. 

Um pico de ansiedade lhe levou a fechar o livro, seguindo em direção à porta do vagão, pronto pra sair. Odiava ser encarado, ainda mais por estranhos, era como se pudessem ler-lhe a alma. Sentia-se exposto

O outro, distraído demais com seus devaneios, percebeu a movimentação do menor, tentando andar em sua direção e abordá-lo, porém, as portas se abriram e as pessoas atrapalharam sua passagem. Sentou-se novamente no banco, mantendo suas dúvidas. Frustrado. Seria bom ter conversado com aquele homem bonito.
Andava apressadamente, seguindo o resto de seu caminho a pé, Peach Pit tocava em seus ouvidos. O sol ameno acariciava sua pele branca, a brisa tocando suavemente e o rosto brilhoso por algumas gotículas de suor.

Carregava questionamentos em sua mente.Quem era o homem extremamente charmoso que o encarava e o que queria? Deu de ombros, seguindo seu caminho calmamente.

A vida realmente fazia planos e jogadas e, assim como o personagem do livro vivia cada uma delas, Jimin vivia as suas, duvidando muito que os planos feitos para si passassem de uma comédia romântica, escrita para lhe fazer passar vergonha. Andou mais um pouco, divagando sobre a vida e sobre o livro de seu autor favorito. 

Chegou em seu prédio, passando pela portaria, cumprimentando o senhor Misoo que estava sentado em uma cadeira giratória na guarita. Andou pelo piso de mármore, chegando nos elevadores, esperou que chegasse, entrando em seguida e apertando o número 15. Morava em um arranha-céu conceituado, moderno e chique. Era pra pessoas da classe alta, ficava no centro de Seul, em Gangnam.

Saiu do elevador que tocava música de velório, segundo o menino, chegando em sua porta e discando a senha na fechadura. Adentrou a casa, deixando seus sapatos em um pequeno quarto que ficava à direita da porta de entrada, sendo uma espécie de sapateiro, onde o loiro guardava coisas como casacos, guarda-chuvas, chaves, chapéus e bolsas masculinas.

Caminhou pelo porcelanato branco, de meias, seguindo o caminho da suíte em que dormia, se livrando das roupas sujas de suor, entrando no box e ligando o chuveiro. Vários pensamentos vinham a sua mente. As coreografias que devia criar, alguns passos que seus meninos não pegavam direito, alguns membros dos grupos que coreografava que tinham muita dificuldade com a dança e vários outros casos, inclusive sobre o cara de cabelo preto.

Quem era aquele ser? Por que se sentiu tão intimidado com apenas um olhar? Deveria ter falado com ele? Por que se sentia tão estranho? Aquele arrepio maldito que descia por sua espinha toda vez que lembrava dos detalhes alheios. Se xingava por não ter aguentado aquela situação, talvez teria conversado com ele se não fosse tão covarde.

Terminou seu banho, se enxugando e colocando uma roupa confortável, indo até o quarto que tinha feito de escritório, várias e várias prateleiras cheias de livros, coleções de autores renomados, coleções de livros que o Park amava, já tinha lido cada um daqueles pelo menos duas vezes e não se arrependia. 

A prateleira de altura média guardava os livros do autor preferido deste, toda a coleção, enfileirada, separada por assunto e por ordem alfabética. Sabia muito sobre cada um deles e tinha Min Yoongi como escritor favorito e crush intelectual supremo, sempre ouvindo suas entrevistas nas rádios. Este que nunca teve curiosidade sobre a face do autor, sabendo apenas como era sua voz e se contentando com aquilo, não era como se realmente fossem esbarrar por aí na rua de qualquer forma.

Foi até sua máquina de café que ficava no canto do quarto, preparando um Mocha Latte, voltando pra sua mesa, pegando o livro em mãos e seguindo para a grande poltrona, se ajeitando nela, descansando o copo com o líquido em uma mesinha que se encontrava ao lado do móvel em que estava, apoiando os pés em um pequeno sofá feito para aquilo. Olhou para mingau, que o encarava sentado nas patinhas traseiras, se curvando e pegando o gato no colo, o deixando em suas pernas, enquanto empunha o livro na mão direita, mimando o gato com a esquerda.

Horas se passaram e Jimin continuava quase na mesma posição, tirando o fato de que o gato de pelagem amarelada já havia o abandonado há algum tempo e que seu Mocha havia acabado. Devorava o livro, já estando na página 295, chegando no clímax da história. Era isto. Estava apaixonado pela mente do autor. Que homem maravilhosamente inteligente. Que pessoa normal pensaria em tantos detalhes? Em tantas formas diferentes de mudanças sobre um tema tão corriqueiro?

No apartamento de baixo, Min Yoongi pensava em como sua vida era diferente daquilo que escrevia. Quem lia suas obras nunca saberia que era um cara totalmente fã de grupos de kpop, sabia o Rap e a coreografia de várias músicas, praticando em segredo, nunca na vida assumiria isso em voz alta. 

Precisava sempre manter a aparência de pessoa séria e todo aquele mimimi diário, era estressante ser uma pessoa até que conhecida. Não podia dizer em suas mídias sociais o quanto odiava a situação política de seu país. Nunca poderia dizer que a presidente era uma vagabunda corrupta. Deveria apenas pensar aquilo silenciosamente, assim como noventa e oito por cento da população da Coréia do Sul.

Apenas aceitava. Se irritar não mudaria muita coisa. Decidiu voltar a escrever o seu próximo lançamento. Já de banho tomado, se sentou em sua cadeira giratória, de frente para seu Notebook e começou um novo parágrafo daquela história. Tinha um prazo para entregar os capítulos prontos e revisados, mas realmente não estava com muita vontade de fazê-lo naquele momento, queria apenas reclamar de como sua existência era um fracasso por não conseguir simplesmente se focar na droga da história, sendo sempre atrapalhado por seus devaneios sobre o carinha de cabelos loiros que lia um de seus exemplares.

Poxa, era um otário por nunca nem ter trocado palavras com a criatura e estar pensando nela em todo momento. Não era como se quisesse realmente pensar nele, seu cérebro apenas o fazia lembrar dos pequenos detalhes do outro. 

Puxou os cabelos entre os dedos, suspirando, colocando o óculos que usava na mesa e passando as mãos pelo rosto. Voltou a colocar o óculos em seu rosto, lendo novamente as últimas palavras escritas.

O loiro quase dormia em sua cadeira com o livro em mãos quando percebeu uma movimentação estranha de Mingau.

— O que aconteceu, gatinho? — perguntou, se abaixando até o gato e vendo-o com o pelo eriçado.

Foi quando percebeu, por sua visão periférica, uma barata. O coração do menino se acelerou, ele deu um pulo, derrubando o sofá de costas, fazendo um barulho alto.

— PUTA QUE ME PARIU, UMA BARATA. — gritou, subindo em cima da mesa e derrubando algumas coisas no chão.

— Caralho, mano, o que esse vizinho filho da puta tá fazendo uma hora dessa? — Yoongi reclamou em seu apartamento, checando o horário, vendo que passava-se das 2 horas da madrugada. — Eu só queria escrever essa maldita história, mas esse infeliz e aquele maldito garoto não param de atormentar minha mente maldita. Eu devo ter jogado bituca de cigarro na sepultura de Jesus, não é possível.

Levantou de sua mesa, ouvindo coisas caírem do seu teto, parecia que o morador de cima estava quebrando a casa toda, alguns gritos também passavam pelas janelas, coisas como “Essa desgraça voa, puta que pariu, mano.” Colocou pantufas, abriu a porta de seu apartamento e chamou o elevador, adentrando-o e apertando o botão do décimo quinto andar. Saiu do elevador, indo até a porta de número 152 e batendo na porta.

— Porra, para de fazer barulho, capeta, são duas da manhã. — disse, enquanto batia na porta, esperando que a criatura do outro lado ouvisse.

A porta foi aberta de supetão e seu pulso foi agarrado, Yoongi foi puxado pra dentro. 

— Mano do céu, ainda bem que tu apareceu! Mata essa barata, pelo amor de satanás. Tem inseticida alí, mas eu sou muito cagão pra matar essa maldita, ela voa e eu tenho medo dessa merda vir pra cima de mim e a porra do meu gato é outro cagão. Por favor, fala pra mim que tu não tem medo de barata e vai matar essa miséria. — Jimin dizia de forma rápida e sem respirar, pouco se importando com quem quer que fosse que estava puxando, pra falar a verdade não tinha nem olhado pra pessoa, só queria a barata morta.

— Pera. Você é o cara do trem, né? — o de cabelos pretos disse chocado, o mundo era realmente pequeno. O menor estancou no lugar, já conhecendo aquela voz, não era possível que seu crush intelectual estaria na sua casa, após um escândalo seu por conta de uma barata, esta que ainda estava vagando por sua casa.

— Olha, mata a barata primeiro, a gente conversa depois, eu juro que te pago um café. — Park disse pro mais velho, com o rosto suando. Tinha real pânico de baratas.

— Okay. Onde tá? — perguntou, sendo direcionado ao quarto/biblioteca. Quando entrou no cômodo, seu queixo caiu, o menor tinha toda a sua coleção de livros, inclusive os mais antigos, todos enfileirados na prateleira do centro. — O quê? Legal, cadê as câmeras de reality show? Não é possível. Será que eu entrei em um romance meu? Eu hein.

Parou de reclamar e matou a barata, indo até o banheiro que tinha naquele quarto — sua casa era exatamente igual, exceto os móveis — e jogando a barata morta na privada, dando descarga. Voltou para a livraria e abriu a porta. Vendo o outro agachado com o gato caramelo no colo.

— Matei, tá tudo sob controle agora. — disse em tom baixo.

O menor se levantou com o gato no colo, encarando Yoongi. O mais velho era bem mais bonito do que tinha guardado naquele alvorecer. 

— Então quer dizer que tu gosta dos meus livros? — perguntou com uma sobrancelha levantada.

— É, pois é. Coincidência, né? Tu mora aqui no prédio também, Yoongi-Ssi? — Deixou Mingau no chão e andou em direção à cozinha, sendo seguido pelo outro.

— Eu sou seu vizinho de baixo. — explicou, enquanto via o outro pegar duas canecas e arrumar a cafeteira.

— Nossa. Legal. — Jimin refletia sobre a coincidência, enquanto passava café pros dois.

— E qual é o seu nome? Parece que você sabe muito sobre mim, mas eu não sei nada sobre você. – disse simples, se sentando em uma cadeira que ficava do outro lado do balcão.

— Meu nome é Park Jimin. — Sorriu pro outro.

— Ah, mentira! Park Jimin o coreógrafo? Do Exo? Mentira. — disse desacreditado. Era um dos coreógrafos que mais gostava dentro dos grupos de kpop que ouvia. Todas as coreografias eram ótimas.

— É, ué. Sou eu. — Deu de ombros, esperando a máquina passar o café.

— Mentira. Menino, a coreografia de The Eve é maravilhosa. — Colocou todo o entusiasmo que podia no final da frase.

— Pera. — Deu uma pequena risadinha. — O meu crush intelectual gosta das minhas coreografias? Tu deve tá de brincadeira com a minha cara, cadê as câmeras? — disse olhando envolta.

— Incrível que tive a mesma sensação quando entrei na sua biblioteca. — Riu baixo 

— Mas, ei, por que tu ficou me encarando no trem? — perguntou, colocando o líquido nas duas xícaras, direcionando o homem para a sala, onde se sentaram um de frente pro outro no sofá.

— Porque tu tava lendo meu livro. Eu nunca vi uma pessoa aleatória assim lendo meus livros. Queria saber sua opinião, mas daí tu saiu correndo, poxa.

— Ah, entendi, desculpa. — disse de cabeça baixa.

— E porque tu é bem bonitinho também. — falou, achando adorável o modo como as bochechas do menino ganhavam tons de vermelho gradualmente.

Aish, não fala assim. — Abaixou a cabeça, brincando com a caneca.

— Enfim, o que tu tá achando do livro? — perguntou Yoongi, tomando um gole do café.

— Eu estou na página 295, não acabei ainda. Mas estou gostando muito. Um minuto que o Jungsoo demorou a mais na lanchonete definiu o encontro dele com sua alma gêmea. Incrível. — disse, se lembrando dos detalhes do livro.

— Woah, tu gosta mesmo do meu livro. — Sorriu pro outro, deixando sua gengiva a mostra. 

— Gosto sim. Mas de onde tu tira inspiração? — perguntou tímido, bebericando um gole do líquido quente.

— Meus amigos todos já encontraram suas almas gêmeas. Às vezes penso que minha tampa da panela quebrou na fabricação, sei lá. — disse pensativo. 

O coração do outro se sentiu aliviado de uma certa forma, imaginava que o autor era casado, daí tirava suas inspirações. 

— Entendi. — Sorriu de canto, olhando pra xícara em mãos.

— Sua namorada não vai ligar se um homem ficar conversando contigo uma hora dessas, alto? — Yoongi disse, querendo extrair informações sobre o estado do outro.

— Eu não sou hétero e eu não namoro. — disse se levantando. Foi até a cozinha, deixando o outro pensativo, pegando um pacote de bolacha em um dos armários e voltando pra sala.

— Entendi. — disse, pegando uma bolacha que havia sido oferecida a si.

Park comia a bolacha, olhando o outro atentamente. Cada palavra da boca dele era sagrada, cada movimento que fazia, por mais simples que fosse, era notado.

Conversaram durante horas, falavam um pouco de tudo. Coreografias, livros, vida, animais de estimação, debatiam sobre os assuntos e se conheciam cada vez mais.

Agora o mais velho sabia que as cores favoritas de Jimin eram amarelo e azul. Se sentiam cada vez mais soltos um com o outro. Yoongi reparava como o menino era divertido e fofo, suas reações lhe enchiam o coração de um sentimento bom. O jeito com que o outro ria se curvando e dando leves tapinhas no sofá o encantava. 

O loiro reparava em tudo, no cabelo preto que contrastava tão bem com a pele, com a gengiva vermelhinha que aparecia assim que ele sorria, na inteligência, na forma como o outro enxergava o mundo, tudo o que tinha visto e ouvido do outro até agora o enchia de bons sentimentos. O jeito em como a boca do outro se movia e ditava cada palavra, Jimin passou algum tempo encarando aquela parte do rosto do mais velho.

— Sua boca é bonita. — disse sem perceber e quando o fez seus olhos saltaram em suas orbes, as duas mãozinhas foram para a frente de sua boca. — Merda, não foi isso que eu quis dizer. Eu pensei alto. Apaga. — O outro ria do desespero do mais novo pra arranjar uma explicação.

— Eu acho que ela ficaria muito mais bonita junto com a sua, quer testar? — falou provocando o outro, chegando mais perto.

— Que? — O menino recuou se sentindo confuso, mas não negava que estava até que animado com a idéia. Era seu autor preferido. O cara que o ajudou a sair do inferno.

— Tudo bem se não quiser. — Yoongi voltou pro seu lugar, segurando a xícara.

— Eu não disse que não queria. — Jimin falou, estranhando a sua própria reação, nunca na vida teria coragem de falar daquela forma com alguma pessoa que havia conhecido há pouco tempo.

— Então, vem aqui. — Min disse, puxando o braço do outro e selando os lábios.
O mundo parou. O leve tocar de lábios foi o suficiente para que os dois entendessem que tinham achado a paixão, as borboletas descrita pelo autor em seus livros, os sentimentos explodindo. A certeza de que eram as pessoas certas, no momento certo. Almas gêmeas finalmente juntas.

Yoongi entendeu que sua tampa não havia quebrado em sua fabricação. Entendia a partir daquele momento que nunca mais se sentiria deslocado, insuficiente e sozinho. Estava completo.

O beijo foi findado, sorrisos estampados na cara e uma certeza: aquela não seria, nem de longe, a última vez que se encontrariam; nem de longe, a última vez que praticariam aquela simples ação de juntar os lábios novamente.


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
Obrigada mesmo a galera que me ajudou, sem vocês eu não seria nada.

Seu comentário é muito importante pra mim, séria ótimo saber sua opinião c:

Obrigada por ler. É isto. Até a próxima.


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