Capítulo XXXV – Às cegas
O olhar dele era de quem estava com fome, mas não de comida. E mesmo que aquela mão estivesse provocando-a ali embaixo, bastava olhar para ele para se sentir arrepiar inteira. Paola já teve sua cota de amantes, mas nem todos conseguiam transformar a expectativa em algo tão absurdamente erótico.
A mão de Fogaça roçava levemente, tão levemente, contra a calcinha úmida que a deixou inquieta. Aquele homem poderia lhe sugerir qualquer coisa nesse momento, ela faria. Não era exatamente sobre o que, ou como ele a tocava, mas pela incrível habilidade de brincar com seus sentidos.
Primeiro, cozinhando. E há quem não ache isso erótico, mas Fogaça colocava, hã... empenho, nisso. A escolha de ingredientes que a estimulassem. A forma como tocava seus pés, mas sempre intencionando subir. O fato de ter pensado naquele episódio a fez pensar “será que ele pensou nisso há 2 anos?!”. A forma como se preparou, demonstrando que havia pensado nela antes.
Tudo, absolutamente tudo, era erótico.
E Deus, ela queria ser o banquete.
- Regras.
- Regras...? – perguntou ela já tonta e ofegante.
- Primeiro: cê tem que acertar tudo. Tudo, Carosella, entendeu? Não 18, não 19, as 20. Ou nada feito.
Ela se tremeu inteira.
- Segundo: se você acertar um, eu te beijo. Assim – inclinando-se sobre ela, deitou seus lábios sobre os dela, lentamente, deixando-a mais tonta ainda – Mas se você errar...
Paola teve um tremor absurdo, sorrindo com os olhos.
- ...Se eu errar...?
- Hum, não sei como você se sente sobre isso.
- O que?
DEUS, HOMEM, FALA!
- Se você errar, leva um tapinha na bunda.
Paola gargalhou tão alto que o assustou. O pior de tudo, para Fogaça, foi vê-la ficar completamente vermelha e esconder o rosto na almofada.
- Isso pode terminar com você gozando, ou com você de bunda vermelha. Honestamente, me sinto feliz com as duas opções.
Paola teve uma crise generalizada de risos. Sem conseguir parar, e sem conseguir conter o sangue que ia para seu rosto, Fogaça a observou com um sorriso.
Ah, vá se foder, ela gosta disso.
PUTA QUE O PARIU, ELA GOSTA.
Ah, meu Deus, essa mulher...
Minha mulher.
“Foda-se, na minha cabeça é minha mulher!”
- E aí?
- Hã... – “nossa, como eu me sinto queimar, Diós” - ...tenho una pergunta.
- Manda.
- Se eu errar... cê vai me deixar aqui nesse estado?
- E que estado é esse, argentina?
Paola o fitou com vergonha. Era possível ficar ainda mais vermelha?! Jesus! “Paola, se contenha mulher, pelo amor de Deus”
- CÊ SABE, HENRIQUE.
- Sei?
Fogaça gargalhou, alisando-a na coxa, enquanto ela se contorcia agoniada.
- Fica aqui. Vou preparar.
Dando um beijinho rápido na sua boca, Paola precisou abraçar seus próprios joelhos, assistindo-o ir na direção da cozinha.
Essa era a diferença de namorar um homem maduro.
ESPERA.
“Você não pensou na palavra namorar, Paola”
Apaga da memória.
Ela se sentia elétrica. Como se cada pedaço do seu corpo, cada pedaço de si, estivesse vibrando. Se fosse tocada no dedinho do pé, ela se arrepiava. Estava em chamas.
Enquanto esperava seu comando para ir até a cozinha, Paola pensou na proposta dele. “Se você perder, vai dormir na minha casa”. Se ela tinha vontade? É claro que tinha.
Dormir com Fogaça, em seus braços, compartilharem uma cama... como um casal. Sim, sendo honesta consigo mesma, queria. Mas a questão não era se queria ou não, mas se era o caminho mais seguro para si mesma naquele momento.
“Pare de estragar o momento, porcaria”
[Flashback, 30 de novembro de 2003, há 17 anos]
Paola se lembra, exatamente, do momento em que deixou de enxerga-lo como um moleque. Fazia um mês que aquele menino tatuado e cheio de manias estranhas estava trabalhando com ela. No começo, achou que ele desistiria fácil. Sempre marrento, de cara fechada, inquieto e revoltado.
Mas com o tempo, aquelas palavras que lhe disse, quando afirmou ser determinado e trabalhar duro, fizeram-na despertar a admiração que seu preconceito inicial lhe impediu de ter.
Fogaça chegava cedo, saía tarde. Sem reclamar. Errava, muito, mas repetia um milhão de vezes, quantas vezes ela mandasse.
Então... ela errou.
Estava errada sobre ele, pelo menos da sua primeira impressão.
- No és asi, no – ela se aproximou, notando-o cortar a carne errado. Se antes ela havia tomado sua faca com brutalidade, dessa vez deslizou sua mão lentamente, buscando tirar dele – Si, mira estas fibras, tienes que verlas primero.
- Ah, obrigado, chef.
- Un corte único, asi – falou, deslizando a faca de uma vez, sentindo a presença dele ao seu lado – A carne debe ser cortada con um único movimento... hagas tu.
Fogaça aceitou o lugar, pegando a faca de volta. Paola o observou, mas seu olhar já era diferente. A tensão dos seus braços, o foco do seu olhar intenso, querendo aprender. A sede em aprender, absurdamente.
- Eso... muy bien. Devagar. Ten paciência.
Ele confirmou, fazendo exatamente o que ela mandava. O expediente do salão já havia terminado e os funcionários apenas limpavam a cozinha.
Mas não Fogaça.
Fogaça passou a ficar obcecado com cortes de carne. Com as facas. E ter como chef uma dama das carnes, fazia-o aprender absurdamente.
Quantas e quantas noites a viu ficar ali, treinando sozinha? E até mesmo chorando? Sim, já a viu chorar. Ele sabia que o futuro do Julia era incerto e isso a abalava.
Por isso, para ele era uma honra que aquela mulher lhe dedicasse algum tempo para lhe ensinar. Aproveitaria tudo que pudesse.
- Assim?
- Eso. Impecável.
Ele sorriu, agradecendo, timidamente. Paola engoliu seco.
- Obrigado, Chef. Muito obrigado. Vou terminar isso aqui rápido, tenho que ir para casa.
“Para ela” pensou, um pouco frustrada.
- Bueno, si. Buen trabajo.
[Fim do flashback]
Paola estremeceu quando um par de mãos cobriram seus olhos. Um sussurro no seu ouvido a deixou alerta.
- Quero fazer uma pequena modificação nas regras...
- Oh? Si?
- Vamos fazer assim: se você acertar as 20, eu te faço gozar mais de uma vez. Se você acertar até a metade, só uma vez.
- E se menos...?
- Então terá que usar seus dedinhos, argentina.
Ela riu.
Com um sorriso no rosto, Henrique a vendou com um pano de prato limpo e torcido. Ajudou-a a levantar do sofá, e tinha um prazer absurdo em vê-la entrar na brincadeira de maneira tão leve.
Céus, ele próprio estava agoniado.
Sobre a bancada da cozinha, ele havia preparado 20 pequenos cubos ou copos, não tão perfeitos como no programa, mas o suficiente para eles. Posicionou Paola diante da tábua, ficando ao seu lado. A respiração de Fogaça tocava em sua orelha, fazendo-a estremecer.
- Lembre-se. Um acerto, um beijo. Um erro...
Paola se tremeu, mordendo o lábio inferior.
“Caralho, ela é safada que nem eu, graças a Deus, senhor”
[Lista completa dos ingredientes secretos separados por Fogaça]
Kiwi
Alho
Banana Maçã
Mel
Cenoura
Morango
Queijo Brie
Pitaya
Salame
Uva Preta
Atum
Café torrado
Folhas de salsa
Castanha do Pará
Pequi
Lascas de coco
Chocolate amargo
Maxixe
Limão Siciliano
Calda de laranja
- Primeiro... abra a boca, Paola.
Ao abrir, a primeira coisa que ela fez foi sentir o aroma, como sempre faz. Tremia tanto de expectativa que, ao sentir o gosto estranho, sua reação arrepiar-se.
- Kiwi.
E recebeu um beijo, deixando-a sorrindo.
- O próximo... – ele nem precisou pedir, ela já foi abrindo a boca, e dessa vez, passando a língua, mas a viu se contorcer pelo gosto.
- Oh, alho! Alho!
Mais um beijo, fazendo rir.
- Essa é fácil...
- Hum, banana!
- Qual?
- Porra, Fogaça.
- Qual?
Ele a viu cheirar novamente, pensar com afinco. Achou muito excitante vê-la se empenhar, sem querer perder nenhuma. “Ela quer gozar mais de uma vez, que bonitinha”
- Banana Maçã – e ficou surpresa com o beijo, sorrindo, com suas barroquinhas pulando. Já abriu a boca.
“Isso, mulher obediente” riu.
- Hum.... mel.
Outro beijo.
- Cenoura!
- Cê vai acertar tudo?????
- Essa é a intenção, Fogaça!!!
Riram. Colocou mais um na sua boca.
- Morango – beijo, mas dessa vez, Fogaça limpou um pouco do suco que caiu pelo seu queixo com a língua, deixando-a arrepiada.
- Esse.
Paola tem olfato e paladar aguçados, o Brasil inteiro sabe disso. Mas outra coisa completamente diferente é estar sob “pressão” e completamente maluca de desejo.
- Queijo... – ele a olhou em expectativa - ...canastra?
Paola levou um susto ao levar o primeiro tapa na bunda, agarrando-se à bancada com um susto. Sentiu a ardência e a voz quente no seu ouvido.
- Errado, argentina. Que pena.
- Queijo brie! BRIE!
- Agora já foi... – ela ficou triste e ele riu – outro.
- Hum... pitaya!
“Merda” pensou ele. Beijou-a de novo. Era tão bom vê-la sorrindo sem parar.
- Salame. Muito bom, por sinal.
- Esse... abra a boca.
- Uva.
- Qual tipo?
Paola se estremeceu inteira. “Carajo, no to conseguindo pensar!!!”
- De qual tipo, Paola...?
Ela começou a respirar com dificuldade, imaginando que se errasse... se errasse... Deus, isso a deixava pulsando ali embaixo.
- Uva... verde?
Ao sentir o tapa, ela gemeu, agarrando a bancada com mais força. “Diós, é possível gozar assim?!”. Fogaça, vendo-a se contorcer, alisou o local das tapas, vendo-a morder o lábio inferior.
- Próximo.
- Atum.
- Hum... muito bem – beijou-a com mais carinho, vendo-a se derreter nos seus braços. Colocou o próximo em sua boca, vendo-a se concentrar.
- Café. Essa no posso errar – riram.
- Essa é impossível de cê errar...
- Salsa – e já se inclinou na direção dele para receber outro beijinho.
- Sua danada.
Ela já estava de boca aberta.
- Castanha do Pará – na mesma inclinação que estava, ficou, rindo quando ele foi obrigado a beijá-la.
Paola se tremeu inteira ao sentir a mão dele deslizar pelo seu ventre.
- Vamos ver como cê tá?
- Completamente molhada, isso é certeza – disse sem freio, surpreendendo-o.
Fogaça se posicionou atrás dela, deslizando sua mão até a barra do vestido e subindo. Ao se aproximar da calcinha, Paola já se inclinava para trás, delirando. Introduziu sua mão, ficando verdadeiramente surpreso no tanto que ela estava excitada.
- Por Diós, Henrique... – disse sem controle - ...eu tô quase...
- Ainda não.
Ao tirar, Paola choramingou. Pegou ela mesma o próximo da lista, agoniada.
- Urgh, pequi.
- Sei que cê não gosta – ele riu, beijando-a.
- Côco.
- Muito bem... – ele ria tanto, porque era engraçado como ela estava desesperada.
- CHOCOLATE AMARGO!
Caíram na risada. E aquele beijo não foi só um selinho, mas um com língua, profundo, em que os dois saborearam o gosto doce.
Paola estremeceu inteira ao comer o próximo.
Não que não soubesse... mas é que a mistura de todos aqueles gostos, com chocolate, havia poluído seu paladar. Então arriscou.
- Quiabo...?
- Não – ele sussurrou, vendo-a se tremer e arrepiar – Maxixe.
E o sonoro tapa a fez pular, gemendo e se curvando sobre a bancada, sem ar.
Antes que ela se recuperasse, levou o próximo até sua boca.
- Limão siciliano...
Beijou seu gosto azedo, brincando com seu nariz.
- O último, argentina.
Ela abriu a boca, mas ao invés de ser um pedaço ou um cubo, sentiu escorrer algo de cima, lambuzando-a. Aquilo vibrou em todo seu corpo, deixando-a em êxtase.
- Calda de laranja.
Então Fogaça a puxou pela nuca, misturando suas bocas com a calda, numa guerra de desejo que o arranhava nas costas, mas devolvia com mordidas. Céus, a mulher estava a ponto de chorar de desejo.
- Por favor, Fogaça... por favor... por favor...
- Agora escolhe um.
- Escolher...?
“EU QUERO QUE VOCÊ ME FAÇA GOZARRRRR HOMEMMMMMMMM”
- Sim, escolhe um para eu usar em você...
- Dios mio...
Paola estava enlouquecida. Fogaça não deixou que ela tirasse a venda, de jeito nenhum, o que a fez quase rosnar.
- A calda! A calda!!!
Vendo-a quase implorar, não ia mais prolongar seu martírio. Pegou a calda, puxando-a, subindo as escadas. Mesmo vendada, ela sabia para onde estavam indo, afinal era sua casa.
Fogaça a posicionou na frente da cama.
- Levanta os braços – ela obedeceu imediatamente.
Ele levantou seu vestido, usando os dedos para roçar na sua pele, até retirá-lo pela cabeça. Vendo o corpo dela completamente arrepiado, os mamilos eriçados, sabia que Paola estava incontrolável.
Vendada, viu o momento em que ela mordeu o lábio.
- Deita, Paola.
Estava trêmula. Num ponto em que, se ele a tocasse, iria vergonhosamente gozar. Ela não aguentava mais aquela loucura, aquela insanidade.
Deitando suas costas contra o colchão, agarrou os lençóis sem nem perceber. Não podia olhá-lo, ele não estava deixando, o que tornava sua audição infinitamente mais importante.
A primeira coisa que ouviu foi o som da porcelana onde estava a calda de laranja, sendo colocada no criado mudo. Depois, sentiu os dedos de Fogaça puxando a calcinha encharcada, deixando-a completamente nua.
Havia algo de extremamente reconfortante em não ver nada. Tremeu-se quando sentiu seus dedos ali, quase fechando as pernas. Gemeu, cobrindo a boca.
Seu coração quase explodiu quando sentiu a calda cair sobre seu pescoço, descendo num fio pelos mamilos, pelo ventre, até cair sobre seu sexo. “Puta que pariu...!”
Seu corpo inteiro se moldou a ele, quando o sentiu sobre si. A língua de Fogaça começou por seu pescoço, fazendo-a arfar. Mal conseguia controlar sua respiração, e precisava o tempo inteiro se lembrar de que ele não podia fazer esforço.
MAS DEUS..........................
Esse homem, ele acaba de ganhar um ticket vale-tudo para usar como quiser. DEUS DO CÉU............
A língua de Henrique desceu, para o colo, fazendo-a se contorcer. Levou um susto quando ele pegou seus pulsos e colocou sobre sua cabeça.
- Não, senhora. Não.
- Fogaça...
- Quietinha.
Ela rosnou, inquieta, mas seguindo seu comando. Sentir ele abocanhar seu mamilo cheio de calda, a fez torcer a coluna, agoniada.
- Fogaça... – já estava chorando - ...oh, Diós...
Fogaça segurou seu seio com a mão cheia, chupando e sugando toda a calda. Repetiu o mesmo no outro, deixando-a mais impaciente ainda. Era extremamente erótico não poder tocá-lo, ou se tocar, o que a deixava torcendo o lençol e gemendo com a garganta rouca.
A língua dele desceu, trilhando a calda, passando pelo umbigo e descendo mais. E então, com toda a maestria de quem sabe usar uma língua muito bem, chupou-a no sexo, ouvindo-a soltar gemidos descontrolados.
- Eso, si, si, si, si... oh, SI!
Fogaça colocou suas coxas sobre seu ombro, dedicando-se completamente a lamber toda aquela calda. Sentir a carne dela trêmula, desesperada, era um prazer também para ele. Quando Paola o tentou tocar, ele parou.
- Quieta.
- Porra, Fogaça...!
Paola se segurou na cabeceira, e sem conseguir ver, todo seu corpo se concentrou nos movimentos circulares ali, no seu clítoris, na forma como ele a chupava, de cima a baixo, introduzindo um pouco da sua língua dura.
E sem conseguir mais se aguentar, explodiu em um orgasmo poderoso, intenso, que a varreu completamente. Ela gritou, coisas em espanhol, assim como nome dele, em espasmos e contorcimentos que podiam sufoca-lo. E mesmo assim, só depois de a sentir lânguida, sem ar e completamente cansada, foi que ele beijou a parte interna da sua coxa.
- Cê é perfeito, meo... – disse Paola, quase sem ar - ...puta que pariu...
Ele sorriu, satisfeito. Paola então tirou a venda, olhando para o lado e completamente hipnotizada por esse homem.
- Mas... y você? Eu posso...
- Não – ele a puxou para que deitasse sobre seu peito – Não precisa.
- Que injusto...
Fogaça, então, beijou sua testa com carinho.
- Acredite, argentina, tô satisfeito.
Paola escondeu seu rosto nele, corando profundamente.
- Mira. Cê tem um ticket. Para usar. Quando quiser...
- Um ticket?
- É – disse com vergonha, sorrindo – Uma carta. Um...
- Oh! Entendi. Gostei, gostei. Vou guarda-lo muito bem, para uma ocasião especial.
Ela riu, enroscando-se contra ele. Sua mão passou por cima da camisa, indo até o curativo no seu abdômen.
- No tá doendo, tá?
- Não. Tô bem.
- Mesmo?
Ele a fitou com carinho, puxando seu queixo para mais um beijo. Perdeu as contas de quantas vezes a beijou naquela noite e, sinceramente? Beijaria mais, bem mais. Paola era viciante assim.
Era bom, tão bom, vê-la se preocupar com ele dessa forma. Ficou feliz.
“Aos poucos, Fogaça, aos poucos”
Ele queria ficar ali. O resto inteiro da noite. Mesmo que não fosse possível que ele se satisfizesse – pelo menos por alguns dias – mas só queria ficar ali, com ela coladinha nele. Vê-la adormecer nos seus braços, como no hospital. Queria até mesmo terminar de ver a série, veja só.
Mas Fogaça, pela primeira vez, só queria fazer tudo certo. Tudo. Ele sabia que estava na casa dela. Na casa que ela divide com Francesca. Na casa em que ela foi casada com Jason.
Meu Deus, estava na cama que eles dividiam...
Sentiu vergonha ao lembrar disso.
E por mais que quisesse, não DESEJASSE profundamente ficar ali, queria dar a Paola o espaço, o tempo, e tudo o mais para que o aceitasse completamente.
Por mais que lhe doesse na alma, beijou sua testa e se levantou da cama.
- Eu vou indo, tá?
Paola se enrolou no lençol, fitando-o com surpresa.
- Amanhã eu tenho uma consulta logo cedo e depois vou para o Sal.
- Ah.
Ele a beijou rapidamente na boca, indo embora.
Paola se encolheu na cama, abraçando os joelhos, ainda sentindo todo seu corpo marcado por ele. Ela quase – quase! – pediu para que ele ficasse. Não saiu. Não atravessou sua garganta naquele momento. Talvez porque ele demonstrou tanta frieza, talvez porque saiu tão rápido...
Mas, agora sozinha, olhou o furacão que tinha acontecido naquela casa. A começar pelo lençol da cama, o que a fez corar intensamente com a quantidade de calda que se espalhou. Cobriu o rosto, rindo.
Vamos lá, primeiro um banho, né, garota?
Banhou-se, retirando de si o rastro deixado. Mas ainda que a calda de laranja fosse muito forte, parecia que o caminho deixado pela língua de Fogaça era mais. Sob a água, sentia-se maravilhosa. Estupenda.
Vestiu algo leve, suave.
Começou retirando o lençol, com vergonha. Então foi até a cozinha, notando a BAGUNÇA que ficou ali. Cobriu o rosto novamente, completamente vermelha.
“Meo Deos...”
Limpar tudo, revisando na sua mente o que aconteceu, deixou-a ainda mais intensa. “O que porra esse homem tem? Eu não consigo parar de pensar nele!”
[Flashback, novembro de 2019 – há 11 meses]
- Você vai sim!!!!!!!!
- Ana, no, estoy cansada y...
- Mulher, você agora é BRASILEIRA. Entendeu? Brasileiríssima!! E a gente quer te dar um banho de BRASIL. Você VAI.
- Jason está en casa me esperando con Francesca.
- Ele pode esperar mais! Vem, Paola, vem!
Não conseguindo vencer Ana Paula numa discussão, Paola aceitou ser arrastada para uma confraternização feita por toda a equipe do MasterChef.
Ao ver a festa “surpresa” (Ana precisou contar porque a mulher estava quase indo embora) toda produzida com TODO MUNDO ali, Paola caiu em prantos.
Até Jason e Francesca, que ela jurava estarem em casa, estavam ali, assoprando línguas de sogra. Havia a bandeira do Brasil, entrelaçada na da Argentina. Um bolo meio-a-meio e inúmeras montagens dela no Brasil.
O cardápio que os garçons serviam incluíam: caipirinha, coxinhas, dadinhos de tapioca, caldo de sururu, escondidinho de carne seca, feijoada e brigadeiros.
Paola nunca tinha se sentido tão feliz em toda sua vida. Aquele dia a marcou, por que parecia que havia encontrado, finalmente, seu lugar naquele planeta. A forma como foi recebida, a forma como foi incorporada ao país, a fazia chorar com cada pessoa que a abraçava e lhe dava palavras de carinho.
- Agooooora você que você é brasileira, vai tomar caipirinha sim, argentina! Vai virarrrrr!!!!!
E quando a festa já passava da hora, em que tocava pagode, funk e até mesmo um techno brega, Paola se permitiu beber, virar o copo. Só Fogaça mesmo para fazer isso com ela.
- UHRRRR!!! PUTA QUE PARIU, que gelado!
Ele riu.
- Vai, agora morde essa porra aqui com açúcar – ele entregou uma rodela de limão com açúcar em cima – e toma isso.
- Qué es eso, Fogaça? Quer me ver loca aqui?!
- Toma, porra!
Ela mordeu o limão com açúcar e virou o copo de uma vez.
- DE LA OSTIA!
- Acabou de tomar cachaça, argentina. Tá batizada!!!
Riram. Paola não gostava de perder o controle de si mesma, e já estava bem tonta, o que a fez se segurar em Henrique.
- Ei, tá bem?
- Muito tonta, Henrique...
- É a brasilidade entrando.
Riram sem conseguir parar. Ana se aproximou, colocando a bandeira do Brasil em torno dos seus ombros, dançando o funk que era tocado. Paola ria, ria, ria, como se estivesse leve como uma pena.
- Cês son dos locos!
- A gente te ama, argentina! – gritou Ana no meio da música.
E sorrindo, do seu jeitinho doce, recebeu um beijo na bochecha de um tatuado amante por cerveja.
[Fim do flashback]
Paola se lembrou daquele dia, automaticamente, porque a sensação de leveza era igual. A sensação de se sentir flutuando, como uma pena. Dormir foi fácil, quase uma entrega.
No dia seguinte, sua mão se esticou rapidamente para o celular, como se pressentisse que haveria uma mensagem dele.
H: Dormiu bem?
P: Hum... muito. Tô tão relaxada...
H: Por muito pouco você não vai me buscar na emergência hoje.
P: [Emojis envergonhados]
Nossa, foi bom demais, Henrique...
H: Estou às ordens.
Paola gargalhou.
P: Tenho que ir buscar a Fran. Beijo [emoji com beijo]
H: Beijo.
Henrique encarou a tela do celular, vendo aquelas mensagens tão lindas. Gostou de vê-la assim, suave e satisfeita.
Isso lhe daria mais forças para aguentar aqueles 9 dias.
Ana Paula olhou para sua amiga, perdida nos pensamentos, e já se aproximou sorrindo. Estavam no camarim da jornalista, conversando e rindo como sempre, mas dessa vez ela notava a enigmática chef com o olhar perdido. Percebeu-a se remexendo no sofá, como se estivesse incomodada ao sentar.
- Ihhh... que carinha é essa, amada?
- Cara?
- É. Tá até enrolando o cabelo no dedo – Ana a fitou com malícia – Isso só pode significar um pensamento.
Paola cobriu o rosto, corada.
- É tão óbvio asi?
- Muito, querida. Muito – respirou fundo – É bom te ver assim. Não com aquela expressão de pânico e desespero.
- Me sinto leve – sorriu – Na verdade, me sinto uma boba!
Ana não quis comentar nada. Ela já havia se intrometido demais e causado muito sofrimento, e desde esse dia, preferia apenas escutar. Era muito bom, profundamente bom, ver que Paola se sentia bem. Vê-la sorrindo, assim, como uma adolescente. Ela merecia isso.
- Que história é essa de Clara?
- Ah.
O sorriso morreu na hora.
- Eu não sei se tem algo a ver com isso, mas... olha.
Ana lhe entregou o celular, com uma reportagem aberta.
PAOLA CAROSELLA E HENRIQUE FOGAÇA ESTARIAM TENDO UM CASO NOS BASTIDORES DO MASTERCHEF
Quem não conhece o programa de maior sucesso da história da Band? Desde 2014 que o MasterChef faz parte da telinha das noites brasileiras, revolucionando a forma como a culinária é vista no país. Liderado pelo time de jurados Érick Jacquin, Paola Carosella e Henrique Fogaça, o programa tem trazido muitos debates nas redes sociais desde que estreou.
E não, não estamos falando apenas de gastronomia.
Mais uma vez a web vai à loucura com a possibilidade de um romance acontecendo entre os jurados Paola Carosella e Henrique Fogaça. Os dois já negaram, diversas vezes, mas parece que as coisas mudaram, de acordo com fontes internas do programa.
Henrique Fogaça, que se separou recentemente da sua ex-esposa, Carine Ludvic, tem sido visto na companhia da argentina e o clima parece ter esquentado. Já Paola Carosella, ainda estaria casada com o fotógrafo irlandês Jason Lowe desde 2015, que não é visto ao seu lado há alguns dias. Estariam os dois chefs enlaçando um romance? E se estão juntos, porque a Paola Carosella ainda não se pronunciou pelo fim do seu casamento? Ou era segredo? E Henrique Fogaça, que estava postando fotos com a ex-esposa? O que Carine Ludvic tem a dizer sobre isso? Qualquer que sejam as respostas, com certeza, a internet está de olho!
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Paola respirou fundo, tremendo-se.
- Pelo que tô vendo, você não sabia...
- No sabia. Mas imaginava.
- Imaginava?
Paola retirou seus óculos, apertando o alto do seu nariz, completamente irritada. O que deveria fazer? Se negasse, poderia magoar Henrique. Se confirmasse, seria uma falta de respeito por Jason, já que eles mal acabaram e toda a traição poderia se tornar pública. Meu Deus...
E se não falasse nada? As especulações só iriam aumentar.
- O que que você vai fazer, amiga?
- No momento, nada.
- Nada...?
- Eu no vou parar o que eu tenho com Fogaça. No vou. Mas... eu no posso expor Jason asi, no posso...
Ana confirmou, sentindo-a ficar triste, mais uma vez.
- Vem, vamos tomar um café, levanta daí.
Paola aceitou, a contragosto. Mas, enquanto saíam do corredor do camarim em direção ao refeitório dos estúdios Band, deram de cara com Clara, Manuela e Raíssa, passando por elas e trocando risos.
E a argentina não sabe o que deu nela, mas seu sangue ferveu, mas ferveu de uma maneira tal que Ana segurou-a pelo pulso.
- Paola, não...
- OYE, NIÑA!
Clara se virou, inocentemente.
Mas tudo que viu foi uma mão na sua cara.
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