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História Entre novas linhas. - Novo lar.


Escrita por: cyberwitch666

Capítulo 10 - Novo lar.


Três da tarde.

Jaehyun se encontrava deitado em sua cama, completamente devastado. Após Taeyong o deixar em casa, não se falaram por horas e horas. Não sabia se o menino estava afim de bater papo, se estava em casa e muito menos, se estava bem. Deixou o seu leve orgulho de lado e tentou mandar diversas mensagens para o mais velho, mas foi correspondido com vácuos e mais vácuos.

Ouvia “Paranoid” do Post Malone, com seus fones no máximo. Queria evitar o contato com outros seres humanos, ou seja, seus pais. Sua mãe lhe fez perguntas sobre como havia sido a noite e o mesmo teve que fingir que tudo estava às mil maravilhas, mas na realidade, Taeyong havia tido mais um de suas inúmeras crises existenciais e surtos paranoicos. Jaehyun sabia que não era culpa do seu namorado ser daquele jeito, porém, sabia que Taeyong se deixava levar muito fácil pelas dificuldades.

- Me responde... anda logo... – Jaehyun encarava o celular, esperando a mensagem ser lida.

Uma batida em sua porta.

O desânimo de Jaehyun era tanto que nem se importou em tirar os fones para receber sua mãe. Apenas a olhou rapidamente e voltou seu olhar à tela do aparelho enquanto balançava a perna, ansioso.

- JaeJae? – Sua mãe falou docemente. – Tem alguém aqui que quer muito te ver...

Jaehyun respirou fundo e revirou lentamente os olhos, como se se sentisse incomodado por sua mãe estar ali, o atrapalhando de seu sofrimento. Olhou sua mãe abrir a porta por completo, mostrando a pessoa escondida atrás da mesma.

Lá estava ele. Hyu. O mesmo se vestia da mesma forma de horas atrás, exceto pela camisa da lanchonete, que agora era uma camisa preta básica. Sorria sem mostrar os dentes, apenas com uma expressão boba.

- Hyu? – Jaehyun arregalou os olhos e se ajeitou na cama, tirando os fones. – O-O que está fazendo aqui?

- Ele apenas quis te fazer uma visita depois de anos sem contato, Jaehyun! – Sua mãe lhe repreendeu por parecer inquieto com a presença de Hyu. – Não seja tão chato!

- Eu só... – Jaehyun tentou se explicar.

- Está tudo bem gente! – Hyu ainda mantinha suas mãos dentro dos bolsos da bermuda. – Eu só vim conversar um pouco com JaeJae.

Jaehyun fechou os olhos por alguns segundos e respirou fundo. A cada vez que Hyu citava seu apelido, lembranças vinham em sua mente. Boas e ruins, todas ao mesmo tempo.

- Bom, eu já falei bastante com você, agora é o turno de Jaehyun! – A mãe do mesmo saiu do quarto, fechando a porta.

Hyu se manteve em pé, olhando para baixo, constrangido. Já Jaehyun, tentava pensar numa boa fala para não parecer que estava – claramente – incomodado com a presença de Hyu em seu quarto.

- É... – Começou. – Senta aí.

Hyu deu de ombros e sorriu, caminhando até perto de Jaehyun e se sentando ao pé da cama.

- Como anda a vida? – Hyu questionou.

- Boa e... complicada. – Jaehyun suspirou. – E a sua?

Hyu riu anasalado.

- O mesmo que a sua. – Falou. – Eu vivo como posso, entende?

Jaehyun assentiu, desviando constantemente seu olhar de Hyu.

- Por que veio aqui? – O mais novo indagou, sem olhar para o tatuado.

Hyu engoliu seco.

- Queria rever você. – Hyu respondeu. – Eu estava pretendendo vir a muito tempo, mas eu achei que não seria uma boa ideia depois de tudo acontecer e eu ir embora...

- Ainda bem que sabe disso. – Jaehyun olhava para seu próprio colo.

- JaeJae...

- Não me chame assim... – Fechou os olhos, tentando não se descontrolar.

O cenário era agoniante.

Duas pessoas, que costumavam ser amigas, estavam uma de frente para a outra e tudo que conseguiam pensar era o quão estranho tudo aquilo era. É difícil perder um amigo e revê-lo depois de anos como se nada tivesse acontecido. Pessoas mudam, contatos se perdem, nada é a mesma coisa depois de longas datas. E era exatamente isso que aconteceu aos dois.

Jaehyun não mentiu para Taeyong quanto conhecer Hyu desde que eram pequenos, contudo, ocultou o fato mais importante da história. Hyu foi o primeiro garoto que Jaehyun gostou e deu seu primeiro beijo.

Hyu era de uma escola diferente de Jaehyun, Taeil e Doyoung, mas isso não o impedia de estar sempre presente com os meninos. Eram amigos de bairro e sempre se juntavam para fazer todos os tipos de coisas possíveis... brincar, jogar videogame, assistir filme, andar de bicicleta sem rumo pela cidade e muitas outras coisas que crianças e pré-adolescentes fazem.

A expectativa de vida deles era simples: crescerem e viverem juntos pelo mundo, nada importava contanto que estivessem juntos. Eles sonhavam em serem o quarteto fantástico, Taeil, Doyoung, Jaehyun e Hyu, os quatro superamigos que seriam inseparáveis. Porém, Hyu se mudou e com o tempo as coisas mudaram. Não tinham mais aquela amizade de antes e isso machucava a todos, principalmente Jaehyun.

Jaehyun jurava que iria esquecer Hyu, mas ao vê-lo de novo, agora mais velho, depois de anos, ele não conseguiu conter seus sentimentos. Claro que ele não estava abandonando Taeyong. Nunca, jamais e em nenhuma hipótese iria trocar o amor de sua vida por uma antiga amizade..., mas aquele sentimento estranho custava a ir embora. Talvez, ele devesse ser direto e acabar com tudo aquilo, antes que prejudicasse ainda mais o seu lado.

- Aquele garoto... – Hyu olhava para Jaehyun, mesmo que o mesmo não retribuísse. – É seu namorado?

- Sim. – Jaehyun foi direto, assim como planejado. – E eu o amo, se é isso que quer saber.

Hyu olhou para o chão.

- E-Eu fico feliz que você tenha conseguido seguir em frente, isso é ótimo! – Hyu sorriu, mas seus olhos se encheram de lágrimas. – Pena que nem para todos é tão fácil assim.

Jaehyun o olhou, franzindo o cenho. Parecia desconfiado ao ouvir aquelas palavras de Hyu.

- Hyu, eu não sei o que você quer de mim. – Jaehyun o olhava por completo. – Mas não posso dar aquilo que você quer.

- Você está certo. – Hyu limpou seus olhos. – Não posso chegar aqui e achar que ainda temos toda aquela intimidade... Deus, eu fui um estupido! Eu realmente achei que você estaria com vontade de me ver e talvez até mesmo... tentar algo... já que agora estamos mais velhos.

Jaehyun se sentiu mal com tudo aquilo. Hyu estava abrindo seu coração para ele, enquanto tudo que ele pensava era Taeyong.

- Hyu... – Jaehyun se aproximou do mesmo. – O tempo passou e nós mudamos, isso não quer dizer que não podemos reunir toda a galera e nos divertimos, como amigos. Imagina só, Taeil, Doyoung, eu e você, juntos novamente!

Hyu sorriu.

- Ainda saem juntos? – Perguntou.

- Sempre e sempre. – Jaehyun sorriu. – E também nos aliamos com o time de Taeyong, ou seja, temos novos e bons amigos. Acho que você se daria bem com todos eles.

- Você acha? – Hyu ainda sorria, mas ao mesmo tempo se mantinha sério.

- Claro!  Você é um dos caras mais legais que eu já conheci! – Jaehyun tentou o animar. – Quem não curtir seu estilo, é maluco!

Depois de conversarem por mais algum tempo, Hyu decidiu que estava na hora de ir embora. Jaehyun já não se sentia tão mal, sentiu como se tivesse se livrado de um peso de suas costas. Agora o próximo peso a ser livrado era a culpa de ter feito Taeyong ter mais uma crise.

Assim que Hyu foi embora, Jaehyun voltou ao quarto e pegou o celular depois de horas sem mexer no mesmo.

Mensagens novas.

- JaeJae? Eu posso te ver?  - Taeyong.

- Cadê você???  - Taeyong.

- Eu posso te explicar tudo se puder te ver!  - Taeyong.

Jaehyun bufou, mas pareceu aliviado por Taeyong ter dado sinal de vida.

- Pista de skate, agora. – Jaehyun.

Jaehyun se arrumou para ir até o local marcado. Colocou uma camisa preta com uma frase nada motivacional estampada na frente. “Eles sempre irão te decepcionar.”. Sempre que pensava naquela frase, associava ela a sua vida. Botou um all-star surrado e partiu sem dar muitas explicações aos seus pais.

O tempo estava nublado, do jeito que Jaehyun gostava.

O vento gelado soprava seus cabelos enquanto ia de bicicleta até a pista. Estava com fones de ouvidos, tentando ignorar os poucos barulhos de uma cidade, praticamente, abandonada. “Lonely” do Idealism era a trilha sonora de seu passeio. Viu algumas crianças colocando enfeites de halloween com seus pais no quintal de casa. Dava sorrisos fracos para todas as famílias que trabalhavam juntas para o feriado, porém, sempre voltava para seu semblante triste ao se lembrar que sua própria família quase não se comunicava do mesmo jeito que as famílias “normais”.

Tentou não pensar nas coisas ruins, se não, chegaria na pista com o humor mais acabado do que já estava. Avistou de longe alguns adolescentes na pista. Abandonou a bicicleta em um canto e se sentou na pista afastada dos postes e das outras crianças por ali.

Taeyong se aproximou depois de alguns minutos. Seus olhos estavam levemente avermelhados, mas continua impecável. Usava uma calça rasgada – evidentemente rasgos que o mesmo fez – e uma blusa de moletom vermelho vinho. Estava com coturnos pretos e o seu cheiro de frutas vermelhas aumentava a cada passo.

- Oi... – Taeyong parecia tímido. – Posso me sentar?

- Deve. – Jaehyun balançava as pernas enquanto olhava para o fundo da pista.

Taeyong percebeu que o mais novo estava infeliz.

- Como está? – Perguntou o olhando.

- Nada bem. – Jaehyun ainda não olhava para o mais velho. – Você sumiu o dia inteiro e sequer me respondeu.

- Jaehyun, eu... – Começou a falar, porém foi interrompido.

- Você não tem justificativa para isso! – Jaehyun o olhou, com raiva. – Sabe o quão nervoso eu fiquei o dia inteiro desejando que você não estivesse morto?

Taeyong engoliu seco.

- Me desculpe, eu desliguei o celular, eu precisava pensar. – Foi sincero.

- Poderia pensar e me responder ao mesmo tempo. – Jaehyun estava furioso. – Está vendo isso aqui? Fiz isso por ansiedade!

Jaehyun mostrou as palmas de suas mãos, as mesmas estavam com marcas de unha. O mais novo cerrou os punhos com tanta força durante o dia que se machucou, fazendo escorrer sangue de suas mãos.

- Eu não tinha o direito de sumir, mas eu precisava, você não entenderia... – Taeyong respirou fundo.

- Eu “não entenderia”? – Jaehyun ainda parecia nervoso. – Eu tento te entender todos os dias! E é assim que você me retribui?

- Eu precisava respirar sozinho se não faria merda, Jaehyun! – Gritou. – Uma merda colossal e sem volta! Eu provavelmente estaria enforcado em alguma árvore por aí, igual pensei em fazer diversas vezes durante minha vida.

Jaehyun se acalmou, estava horrorizado.

- Eu saí da cidade, andei com a caminhonete durante horas. – Continuou. – Pensei em acabar com tudo de uma vez por todas, mas lembrei de você.

- Tae... – Jaehyun segurou nas mãos do mais velho.

- Eu lembrei do seu sorriso, dos seus beijos... da sua alma. – Olhou para o moreno, indiferente. – Lembrei da única pessoa que me ama e me entende por completo... com isso, me senti estupido e voltei para casa. Me arrumei e vim até aqui. Eu precisava te ver, para te dizer que eu te amo.

Jaehyun não pensou duas vezes antes de abraçar Taeyong. Sentiu que estava sendo duro com o mais velho, até porque sabia de todas as coisas que se passavam dentro da cabeça do mesmo. Ele sabia que Taeyong não desejava nada daquilo, sabia que o mesmo se esforçava para lidar com tudo.

- Eu te amo, muito. – Jaehyun afundou seu rosto no pescoço de Taeyong. – Nunca mais pense em fazer uma coisa dessas!

Sentiu Taeyong rir anasalado.

- Eu também te amo. – Falou passando os dedos pela bochecha de seu namorado.

Jaehyun voltou a seu lugar, porém, sem deixar de segurar a mão de Taeyong.

- Como foi seu dia? – Taeyong fazia carinho nas mãos machucadas do mais novo.

- Eu... – Pensou muito em falar de Hyu, afinal, ele que talvez tenha causado tanto rebuliço nessa história..., mas não queria mentir mais. – Hyu foi até minha casa.

Taeyong pareceu afetado com a resposta, mas não se alterou, nem se mexeu, nem parou de fazer carinho em Jaehyun. Bem... aquilo deveria ser um bom sinal.

- E? – Falou tentando não parecer nervoso.

- Ele basicamente abriu o jogo, dizendo que esperava que eu quisesse algo com ele. – Respondeu sincero. – Mas eu também falei a verdade, que eu amava você e que nunca te deixaria.

Taeyong escutava, até mesmo esboçou um mini sorriso com a última frase de Jaehyun.

- Ele foi super compreensível, Taeyong. – Disse sorrindo. – Até mesmo falei para ele que poderíamos sair juntos um dia. Eu, você, ele e nossos amigos.

- Me parece uma boa ideia. – Taeyong sorriu.

Jaehyun estava sorridente.

Foi tão bom falar com Taeyong sem aquelas discussões ou olhares estranhos. Ele sabia que a verdade era melhor que a mentira, então, seria totalmente sincero com o mesmo. Não queria ficar longe do mais velho por mais tempo, por medo de perde-lo.

Ficaram aquele final de tarde juntos, decidindo o que poderiam fazer depois. Já era uma quarta e sabiam que na quinta e sexta começariam a comemorar o tão esperado halloween, então, não teriam aula. Eles apenas não queriam se separar.

[...]

- Vai querer que sabor? – Jaehyun perguntou olhando Taeyong jogar videogame. – Fala logo, a mulher está esperando!

- Ok, ok... – Taeyong deu pause. – Pode ser frango!

Oito da noite.

Taeyong foi passar algum tempo na casa de Jaehyun e como era obvio, tudo acabou em pizza.

- Metade calabresa e metade frango...  – Jaehyun sorria ao falar com a atendente, ele era realmente muito cuidadoso com todos.

- E UMA COCA COLA! – Taeyong berrou.

Revirou os olhos.

- E uma coca cola, por favor... – Continuou. – Obrigado!

Jaehyun voltou para ao pufe ao lado de Taeyong, suspirando.

- Daqui a quarenta minutos a pizza chega. – Jaehyun falou colocando os braços atrás da nuca, apoiando sua cabeça e observando Taeyong jogar Fortnite.

- Quarenta?! – Reclamou. – Nesse tempo todo eu faço três pizzas e como tudo antes do pedido chegar.

Jaehyun riu.

O celular de Taeyong apitou, indicando uma nova mensagem.

- Merda. – Taeyong falou.

- O que foi? – Jaehyun tirou um dos braços de trás da cabeça e fez carinho nas costas do mais velho.

- Meu padrasto. – Taeyong falou com a voz trêmula. – Ele está vindo até aqui.

- O que?! – Jaehyun levantou. – O que ele quer?

- Eu. – Mostrou o celular para Jaehyun.

- Seu merdinha, sei aonde aquele garoto mora, não pense que por que de um tapa acidental, irei parar de te pôr no lugar! Estou indo até aí, é bom que venha embora!  - Chung.

- Não... – Jaehyun jogou o celular no pufe. – Não vou deixar que ele te obrigue a ir embora.

- Eu não quero ir, mas ele vai me ameaçar, de novo! – Taeyong levantou, começando a se desesperar.

- Não mesmo. – O mais novo saiu do quarto, as pressas.

Desceu as escadas, indo até a sala. Procurava seus pais, precisava falar a verdade para os dois, não importa o que diabos iria acontecer depois.

- Mãe? Pai? – Gritou, desesperado.

- JaeJae? – Sua mãe levantou do sofá, indo até o mesmo. – O que foi? Por que está gritando?

- Mãe, não atenda qualquer pessoa que bater na nossa porta! – Jaehyun falou nervoso. – Não atenda!

- Senhora Jung... – Taeyong desceu as escadas, indo até todos na sala. – Não se preocupe, eu...

-  Não, Taeyong! – O mais novo virou para trás, segurando nos ombros de Taeyong. – Não deixarei aquele monstro encostar em você!

O pai de Jaehyun se viu obrigado a se intrometer na conversa.

- O que está acontecendo aqui? – Senhor Jung se aproximou. – Monstro? O que estão falando?

- Não é nada... – Taeyong tentou amenizar o clima, mas Jaehyun não estava para brincadeiras.

- Não minta! – Gritou. – O padrasto completamente psicopata de Taeyong está vindo buscar ele a força! O cara maltrata Taeyong e com certeza vai maltrata-lo ainda mais hoje!

- Filho, calma! – Sua mãe tentava fazer o menino parar de gritar. – Nada de ruim irá acontecer a Taeyong!

Taeyong colocou as duas mãos na cabeça, andando de um lado ao outro na sala. O clima estava pesado. Muitas pessoas nervosas juntas no mesmo lugar, situação desesperadora... tudo isso mexia com Jaehyun, o fazendo se alterar rapidamente.

Duas batidas pesadas na porta.

Apenas duas batidas foram o bastante para fazer o coração dos meninos irem até a boca. Eles sabiam, ah se sabiam, como Chung poderia machucar Taeyong.

- Eu cuido disso. – O pai de Jaehyun, afastou todos para longe.

Jaehyun até que confiava em seu pai para bater de frente com Chung. O padrasto de Taeyong podia ser alto e forte, mas o pai e Jaehyun também não era de se brincar, até porque, da onde acham que Jaehyun tirou toda aquela altura?

A porta foi aberta.

- Olá. – Senhor Jung forçou um sorriso. – Como posso te ajudar?

- Taeyong. – A voz grossa fez Jaehyun estremecer. – Lee Taeyong, sei que ele está aqui.

- Oh, Taeyong! Grande menino... – Tentou ganhar tempo.

- Não me enrole! Mande o menino vir até aqui, agora! – Chung estava irritado.

- O garoto está apenas comendo pizza junto ao amigo, qual o problema disso? – Senhor Jung franziu o cenho.

Chung suspirou, furioso.

- Se você aceita o seu filho viado, isso é problema seu. O meu irá se curar disso, por bem ou por mal. – Chung respondeu, debochado.

O pai de Jaehyun apertou com força a maçaneta, evitando de socar a cara do otário do Chung.

- Subam... – A mãe de Jaehyun sussurrou para os meninos. – Nós enrolamos ele.

Os garotos assentiram, dando passos rápidos e leves até a escada.

Mas não foram rápidos o suficiente para Chung não os ver.

- Você! – Chung gritou, apontando para Taeyong. – Não tente se esconder!

Ao falar isso, empurrou o pai de Jaehyun para a parede e adentrou a casa dos Jung sem ser convidado. Jaehyun colocou Taeyong por trás de si. Se Chung quisesse Taeyong, teria que passar por cima do mais novo primeiro.

- Não toque nos meninos! – Senhora Chung gritou, assustada.

Chung parou no meio do caminho, percebendo que estava indo longe demais ao entrar na casa.

- Eu vou embora, mas Taeyong também virá. – Apontou para o mesmo.

- Eu não vou a lugar nenhum com você. – Taeyong fechou a cara e saiu de trás de Jaehyun. – Eu prefiro apanhar até morrer do que ter que viver no mesmo lugar que você.

- Seu desgraçado! – Chung gritou. – Se não vier comigo agora, não precisa voltar para casa, nunca mais!

Taeyong pareceu travar, mesmo estando disposto a bater de frente com o padrasto.

- Trato feito. – Taeyong respondeu após segundos pensando na proposta.

Chung bufou.

- Quero ver como irá sobreviver sem sua mãe e eu! Irá morrer em um canto qualquer da cidade em questão de dias. – Riu debochado em meio a palavras de ódio.

- Ele ficará com nós. – Jaehyun segurou na mão do mais velho. – E ao contrário de você, irá ser feliz.

- Ora, seu insolente... – Chung deu um passo, mas foi detido pelo pai do mais novo.

- Não, você já ultrapassou os limites. – O mesmo falou tentando ser o mais pacifico possível. – Vá embora, antes que eu chame a polícia e complique ainda mais a sua vida.

Chung olhou para todos ali na sala, soltando fumaça pelo nariz.

- Todos vocês... irão queimar no inferno! – Profanou e saiu da casa, batendo a porta.

Assim que saiu, Taeyong se sentou na escada, chorando. Jaehyun estava em choque, não fazia ideia em como tudo aquilo aconteceu. Tudo passou muito rápido, mas agora estavam salvos da ira daquele homem.

- Tae... – Jaehyun se abaixou na frente do menino. – Olhe para mim!

Taeyong levantou o olhar, deixando à mostra seus olhos brilhantes por conta das lágrimas e seu nariz, juntamente com suas bochechas vermelhas. Jaehyun jurava que aquele menino era lindo até mesmo chorando.

- Você está salvo agora! – Jaehyun deu um mini sorriso, que fez Taeyong chorar ainda mais, de alivio.

- TaeTae... – A mãe de Jaehyun se aproximou do garoto, fazendo carinho em seu cabelo. – Você poderá ficar aqui o tempo que quiser, está tudo bem?

Taeyong assentiu, em meio ao choro e aos soluços.

- O-Obrigado... – Falou passando as mãos pelo rosto. – Eu p-prometo n-não incomodar...

- Incomodar? – O pai se aproximou. – Sua presença vai deixar nossos dias ainda mais alegres garoto!

Taeyong sorriu e segurou nas mãos de Jaehyun.

Após alguns minutos a pizza chegou e os meninos assistiram a um filme na sala, junto aos pais de Jaehyun. Taeyong já estava mais calmo, agora, rindo do filme. Jaehyun olhava para Taeyong e via que a tristeza ainda se mantinha presente, mas o alivio e a felicidade por estar seguro também estavam ali.

Depois de tudo isso, os garotos tomaram um banho e seguiram para o quarto. Jaehyun foi o último a tomar banho. Chegou ao quarto secando o cabelo com a toalha e viu Taeyong sentado ao centro da cama, lendo um livro que achou na cabeceira de Jaehyun.

O menino estava usando todas as roupas de Jaehyun. Uma bermuda preta e larga e uma camisa branca. Já nos pés usava uma meia branca, para afastar o frio. Ele estava com os cabelos molhados e jogados para trás, bagunçados, do jeito que Jaehyun adorava. Taeyong estava super distraído, fazendo as mesmas expressões que os personagens do livro faziam. O mais novo poderia olhar aquela cena milhares e milhares de vezes, que mesmo assim, sorriria em todas elas.

- Toc, toc. – Jaehyun falou fechando a porta. – Posso entrar?

Taeyong percebeu o mais novo ali e sorriu grande.

- Claro... – Disse voltando a olhar o livro.

- Qual livro pegou? – Jaehyun jogou a toalha no pufe.

- It, a coisa. – Respondeu.

- Stephen King. – Jaehyun riu. – Bela escolha.

Se deitou na cama, soltando um gemido de prazer por estar em sua cama confortável e quentinha. Taeyong fechou o livro e o colocou em cima da escrivaninha e apagou a luz, deixando apenas o abajur aceso. Logo, voltou a cama, deitando ao lado de Jaehyun e encostando sua cabeça no peitoral do mesmo.

- JaeJae... – Sussurrou. – Me desculpe por atrapalhar você e sua família.

- Por que está pedindo desculpas? – Jaehyun começou a fazer carinho nos cabelos e na orelha do mais velho. – Você não fez absolutamente nada de errado!

- Mas meu padrasto fez. – Respondeu, enquanto fazia carinho na barriga do moreno. – E eu sou o motivo dele ter feito o que fez.

- Não pense nisso agora... o dia foi longo demais para nós, não devemos pensar no que já passou.

Taeyong se aconchegou no corpo de Jaehyun.

- É, acho que você está certo. – Sorriu.

Jaehyun estava cansado, mas fez carinho em Taeyong até perceber que o mesmo havia dormido. Após ver que o garoto já tinha pegado no sono, o ajeitou na cama, o cobrindo e colocando um travesseiro embaixo de sua cabeça.

Depois, se deitou, olhando para Taeyong. Viu aquele rostinho em sua forma mais graciosa possível. O mesmo era lindo de todas as formas, feliz, chorando e até mesmo dormindo. Jaehyun pensava em mil coisas ao mesmo tempo. Pensava no que faria quando Taeyong decidisse que era hora de partir e o que faria se tivesse que o proteger novamente. Sem demora, sentiu seus olhos pesarem e sua visão escurecer. Estava em outro plano, estava seguro, estava livre de seus maiores problemas.

Mas ele sabia, com toda certeza, de apenas uma coisa.

O mundo não merecia Lee Taeyong, ele era demais para tudo aquilo.


Notas Finais


Obrigada por lerem até aqui!
Até o próximo capítulo!
XOXO


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